terça-feira, junho 24, 2008

A PROPÓSITO DA SANTA INDIGNAÇÃO


Aline Alexandrino

Para meu caro Carlos Cordeiro (que estória é essa de Mello, mermão?! Aqui nas bandas recifenses voce sempre será Cordeiro...)

Adorei o que voce escreveu sobre as nossas tradições e como fui citada estou exercendo meu direito de resposta, segundo o artigo 14, como diriam os senadores desta república (?!). Tanto concordo em gênero, número e grau com o que voce diz que há um certo tempo atrás escrevi, neste blog, sobre a questão, se bem que o tema era o Carnaval, que também se vacilar está perigando.

Em relação ao São João, que na nossa época eram Sto. Antônio, S. João e S. Pedro, atualmente só me apetece a culinária, que graças a Deus ainda não desandou. Ontem mesmo comi um milho cozido de chorar, além do pé-de-moleque daqueles molhadinhos e de uma canjica e uma pamonha tipo ambrosia, como diria Emília do Monteiro Lobato. Quando vejo as quadrilhas tenho vontade de vomitar, virou uma aeróbica desqualificada. Que roupas são aquelas, pelamordedeus?!!! E aqui em Recife ainda tem um concurso de melhor (?!) quadrilha, patrocinado pela Globo. Ah! Me economize!...

Ando muito preocupada, depois do encantamento de Enéas, com o Galo. Enquanto ele estava aqui, não se permitia aos trios cantar músicas que não fossem de frevo. Agora não sei se Gustavo, o herdeiro, vai segurar a barra da pressão. Só vou saber no ano que vem.

Uma outra coisa que a gente perdeu foi o pastoril das crianças. O profano ainda se segura com alguns "velhos" bem maneiros mas o das crianças só existe num CD ma-ra-vi-lho-so, onde uma professora de música da UFPE fez o resgate de todas as canções e colocou crianças cantando. Reclamo também porque fui pastora (do encarnado) e borboleta de pastoril, com o devido vestido e fantasia de papel crepom, feitos no maior esmero pela minha mãe. O que não me impediu de protagonizar o primeiro (de muitos...) vexame da minha vida, quando fui cantar a música da borboleta e estava tão nervosa que cantei "braboleta", e o público caiu na risada logo no primeiro verso. O pior é que aplaudiram muito no final e eu saí crente que estava agradando...

Enfim, a vida pregressa da gente tem dessas coisas. Mas foi bom ver a sua indignação sobre o tema e saber que voce está vivo, bulindo e furioso, como deviam ser todos os brasileiros e nordestinos que tiveram o gostinho do que é bom e são forçados a testemunhar essa pasmaceira generalizada ou, como diria o Stanislau Ponte Preta, um FEBEAPÁ globalizado.

"COMO MANTER AS NOSSAS MAIS CARAS...etc.


Elpídio Navarro

Carlos,
Concordo inteiramente com você. Entretanto, vivemos uma época de acentuado choque de gerações. Uma questão de educação. Os novos pais "curtem" essas modernidades e levam os filhos nessa direção. Alguns velhos, como eu, conseguem o milagre de ter um filho de 18 anos que gosta de Chico Buarque, Gonzaguinha e Gonzagão, ler Machado de Assis e Ariano, entre outras coisas, sem qualquer imposição da minha parte. Namora uma jovem e não apenas "fica". E para que isso acontecesse, usei de argumentos e incentivei sua livre escolha. A única coisa que tentei lhe impor foi não ser vascaíno, para que não sofresse tanto. Mas ele não atendeu. E hoje é mais sofredor do que eu.

Por outro lado, os menos favorecidos também têm televisores. A influência é grande e a mídia procura sempre mostrar o que é moda, o que está na "crista da onda". Com os mais favorecidos acontece o mesmo e com mais facilidade por conta da condições financeiras. Vi numa reportagem que o grande incentivador do São João de Campina Grande é o Estado de São Paulo: a fábrica de tecido quadriculado (camisa americanizada dos marmanjos) e florados (vestidos das marmanjas) fica lá. Sempre será uma luta contra o capitalismo e a mídia, muito dificil de vencer.

Em meio a tudo isso, ainda existem, mesmo em Campina Grande, algumas manifestações que preservam nossas tradições e não se transformam nos balés caipiras americanos de "Sete Noivas Para Sete Irmãos" (eu gosto do filme como cinema).

Gostaria de transcrever para o El Theatro o teu artigo publicado no blog de Hugo, mas só posso fazê-lo com tua autorização (também não sei se Hugo aceitará). Em todo caso estou enviando cópia para ele. Aguardo as suas ordens.

segunda-feira, junho 23, 2008

COMO MANTER NOSSAS MAIS CARAS TRADIÇÕES


Carlos Mello

Eu sei que vocês vão dizer que é tudo ranzinzice, que não se pode ser assim tão conservador e mal-humorado, sempre fazendo pouco das pessoas e eventos. E que esse assunto já está cansando. Como tenho poucos leitores e estou nesse "brogue" apenas porque o dono me deve uma grana, vou dizer pela última vez o que acho desse afã de tantos colunistas pela manutenção das nossas mais caras tradições – y compris “o maior S. João do Mundo”, fanfarronice tola, que lembra aquela outra, já gozada em prosa e verso, “Pernambuco falando para o mundo!” Sabem os amigos qual é a nossa mais cara tradição? Aquela que caracteriza o brasileiro de norte a sul e de leste a oeste, do Oiapoque ao Chuí e de Cabedelo a Cajazeiras? Imitar o que os americanos têm de pior. Já esqueceram que o sonho de consumo da maioria dos brasileiros, depois de pasmar para os brinquedos da Disney, é morar em Miami, a cidade mais sórdida dos EUA?

O tal S. João campinense demonstrou tudo isso por a + b. Vocês foram lá? Então escutem: não tem fogueira nenhuma (felizmente) mas uma contrafação imensa, iluminada de forma a simular chamas. Não há mais traje caipira – para que, se não há mais caipiras, ou por outra, se todos assumimos definitivamente a nossa caipirice? Um amigo, o agitador cultural – não encontro definição melhor para esse grande artista, que enojado com tanta pulhice, refugiou-se em seu tugúrio de Bananeiras – Guy Joseph, falou-nos certa vez de uma outra “tradição”, realizada no mês de julho, em Cabaceiras, a Festa do Bode Rei. Ali todo mundo (os ricaços do pedaço) vai de jeans, camiseta quadriculada e botas, em carrões (são jegues montados em bestas) com um som de estourar os tímpanos, exibindo sem pudor toda a sua música debilóide e toda sua empáfia sub-texana.

Estou bem longe da minha queridíssima Recife, cidade onde vivi alguns dos melhores anos de minha vida, e onde tenho alguns dos meus amigos mais queridos. Ainda sou do tempo do Carnaval de rua, da semana pré-carnavalesca, da Evocações, do Maracatu da Dona Santa e dos bonecos de barro do Vitalino. Façam você mesmo esse teste: perguntem às gerações mais novas, de 1980 para cá, o que são essas coisas. Duvido que saibam. E no entanto, são alguns dos momentos mais elevados de nossa expressão cultural autêntica. Mas que passará, num país desmemoriado, abestalhado, hipnotizado pela publicidade alienada, que tenta empurrar por nossa goela abaixo seus padrões globalizados.

É claro, nem todo mundo é assim. O país ainda não suicidou-se, felizmente. Tem muita gente fazendo coisas maravilhosas. Gente que não se envergonha de seu país, de seu povo e de sua cultura. Um pequeno exemplo, aqui do Rio: está agora em cartaz um espetáculo do Nós do Morro – grupo de moradores da favela do Vidigal –o “Machado a 3x4”, escrito, interpretado e dirigido por eles mesmos, com base no conto “O alienista”, de Machado de Assis. Até mesmo a super-exigente Bárbara Heliodora elogiou o trabalho, em que alguns jovens de classe média baixa usam a música, os gestos e falas, e sua refinada inteligência e sensibilidade, para abordar, com o bisturi machadiano, a estreita margem entre a razão e a sandice.

Um obra dessas nos redime de muita coisa ruim, desde aquele horrendo pastiche da Estátua da Liberdade, na horrenda Barra da Tijuca, bairro de novos ricos e eternos burros, até aquele indigente parque de menos de duzentos metros quadrados – já na mira do nosso “prefeito” para ser derrubado e dar lugar ao último espigão de Copacabana – e que, na inauguração (já lá vão 40 anos, meu Deus!) foi apresentado como “uma réplica da Disneylândia”. Alguém já viu um desfile das escolas de samba do Rio? É um belo espetáculo, não tem dúvida. Mas é tão brasileiro quanto o Mardi Gras de Nova Orleães, ou o carnaval de Veneza. O mais trágico de tudo isso é que a cultura popular brasileira é pujante, bela, emocionante e da mais absoluta autenticidade. O povo brasileiro sabe incorporar muito bem as contribuições que lhe chegam de fora, sabe mediá-las, aculturá-las e reinventá-las, sem perder nada de sua maravilhosa brasilidade. O problema é que, como já dizia há meio século Álvaro Lins, muita gente tem vergonha de ser brasileiro.

O que vai aqui, como fecho, não é uma queixa, nem é uma cobrança, mas um lamento. Por que essa gente tão culta, tão experiente e tão consciente que escreve nesse "brogue" – como Elpídio Navarro, Aline, Antônio Serafim, Grisi, Germano Romero, Valdez – e outros mais recentes, não parece tão preocupada com essa curra cultural que estamos sofrendo? Elpídio e Valdez, com quem tive a honra de conviver e muito aprender, nos tempos do teatro amador, na Paraíba – deram uma bela contribuição, montando textos brasileiros e estrangeiros com uma autêntica “paraibanidade”, se me permitem o termo. Muitas décadas depois, veria eu, com lágrimas nos olhos, o que para mim representou o maior espetáculo teatral de minha vida – o “Macunaíma”, do Antunes Filho – e as lágrimas vinham em parte do espetáculo, em parte da lembrança daquele aguerrido punhado de jovens que teimou em fazer teatro de primeira qualidade numa João Pessoa provinciana e acanhada. Muitos desses jovens continuam jovens, como os dois aqui citados e o dono deste "brogue." Outros se foram – Paulinho Pontes, Genildon Gomes... Que tal honrarmos esse belo passado?

São João de Campina Grande (PB)

Atenção piromaníacos de plantão. O texto abaixo nos foi recomendado pelo Carlos Mello. Leiam e façam bom proveito.
H.C.

Ana Luisa Bartholomeu

Enviada especial do UOL
Em Campina Grande (PB)

O "maior São João do Mundo", como ficou conhecida a tradicional festa junina de Campina Grande, na Paraíba, ganha ares de modernidade a cada edição. No 26º ano de sua realização, o grande número de outdoors, camarotes e shows que fogem do "menu" regional acabam descaracterizando um evento que vende-se como manifestação cultural e religiosa, mas que caiu nas garras da indústria do entretenimento.

Campina Grande é a segunda maior cidade do Estado da Paraíba

Localização: 130 km da capital do Estado, João Pessoa

População: 371.060 habitantes

São João: Segundo a Embratur, 1,5 milhão de pessoas devem visitar a cidade neste mês de junho

O forró eletrônico é o estilo que mais toca nos alto-falantes. Pelas vielas do Parque do Povo (o coração da festa), espalham-se estandes de vendas de equipamentos eletrônicos e barracas promocionais de patrocinadores. No figurino dos freqüentadores, a ordem é esquecer o vestido xadrez e o chapéu de palha em casa. Meninas usam salto alto e fino, enquanto os garotos calçam tênis, jeans, camiseta e boné. A fogueira, símbolo maior das comemorações juninas, é grandiosa: tem 20 metros de altura. E seria mais se não fosse por um "detalhe": é iluminada artificialmente

domingo, junho 22, 2008

DAS COISAS MENOS IMPORTANTES DA VIDA, O FUTEBOL É A MAIS IMPORTANTE. VIVA O SPORT CLUBE DO RECIFE!


A conquista da Copa do Brasil, pelo Sport Club do Recife e a cretina reação de certa parte da imprensa do sul maravilha bem que fizeram aguçar os meus pruridos separatistas. Pois é, tomei uma decisão: de agora em diante o meu time preferido é, foi e sempre será o Glorioso Tricolor do Arruda, o velho e cansado de guerra, agora na terceira, o Santa Cruz Futebol Clube. Conclamo aos que tenham pelo menos a menor simpatia por times de lá de baixo, corínthians, vasco, flamengo e por aí vai, a fazer o mesmo. Pergunta se a rafameia do Brasil do Sul torçe por algum time nordestino! Cansei do corinthians. Encheram o time de hermanitos argentinos. E ainda abriga a figura deletéria do presidente da república no seio da sua torcida. Vasco, nem pensar mais! Flamengo, bleargh! Mas isso tudo é para dar as boas-vindas ao amigo Geneton Moraes Neto com seu texto genial. Curto porém incisivo. Obrigado caro amigo, sinta-se em casa. Geneton tem um sensacional blog, "Sopa de Tamanco," que está disponível na lista de LINKS à sua direita. É só clicar. H.C.

Geneton Moraes Neto

Sou tentado a concordar com os que dizem que há qualquer coisa de infância-não-superada na paixão pelo futebol. Concordo. Idem com quem disse que, das coisas menos importantes da vida, o futebol é a mais importante.

Feitas estas declarações de princípios, lanço aos céus um pequeno apelo: calai-vos, flamenguistas, corinthianos, vascaínos, palmeirenses, santistas, sampaulinos, botafoguenses, tricolores, atleticanos, cruzeirenses, colorados, gremistas e demais devotos de religiões nascidas fora dos limites da Ilha do Retiro. Nem que seja por um dia, calai-vos em silêncio reverente, porque o Sport Club do Recife será, para sempre, campeão do Brasil de 2008.

Preço do sonho


MARCUS ARANHA

Num país como o nosso, onde impera a lei de Gerson, é de se esperar que os comerciantes queiram ter sempre um lucro exorbitante em seus negócios.

E é o que se vê... Basta que se anuncie um aumento mixuruca do salário mínimo, todo o comércio começa aumentar os preços do que vende. Observo isso há anos... E mais: em ano eleitoral, quatro meses antes das eleições, quando na “política” começa a rolar dinheiro, os preços também sobem, atingindo um auge em outubro.

Este ano a coisa está bem pior. O dragão da inflação que dormia a sono solto, já abriu o olho. A corrida de preços da alimentação atinge o mundo e, evidentemente, também o Brasil. Desde maio a coisa vem se complicando cada vez mais: basta entrar no supermercado para ver que chuchu, arroz, tomate, peixe, cenoura e carne verde, já estão pela hora da morte. E só o que tem é economista, cada um mais sabido que o outro, pra explicar as causas do começo da inflação.

Debilidade do dólar americano, alta do petróleo, aumento do preço de fretes e de fertilizantes, especulação nos mercados futuros e redução dos estoques existentes no mundo são apontados como responsáveis por essa crise. Além disso, esses especialistas citam uma coisa que é impossível frear: o aumento do consumo de alimentos em países gigantes como são a China, a Índia e o Brasil.

Ora, se no mundo, seus habitantes estão comendo mais, não é possível que os governantes deles queiram que o povo coma menos! É preciso produzir mais comida!

Será que a essa altura dos séculos a teoria de Thomas Malthus volta à tona e se mostra verdadeira. Serão tantos os moradores do planeta que a humanidade vai se acabar pela fome?

Pondo os princípios malthusianos a parte, a verdade é que as megaempresas de processamento de alimentos estão tendo lucros estratosféricos, enquanto há gente no mundo que não tem o dinheiro pra comprar um pão.

De uma coisa eu sei. Nessa crise mundial de preços, com o brasileiro comerciante viciado em aumentar preços, nós estamos ferrados.

Subiu o salário mínimo e eles subiram os preços; veio a crise mundial e novamente nossos preços foram para cima; agora, em primeiro de julho, os políticos começam a soltar dinheiro para seus cabos eleitorais e os preços continuarão subindo gradativamente; também em julho ou agosto, o Bolsa-Família vai ter reajuste e é quando aqui no Nordeste, onde o benefício dado pelo governo é muito forte, vamos ver subir o custo de arroz, feijão, farinha, macarrão e até carne de charque.

A coisa é tão evidente que o aumento dos preços das “coisas” está ficando banalizado.

Imagine que até a Caixa Econômica Federal, uma entidade bancária dita de fins sociais, resolveu aumentar o preço da aposta na Mega-Sena. A partir de 29 de junho, dia de São Pedro, se você quiser fazer uma fezinha na Mega, vai pagar R$ 1,75 por um só joguinho. Um aumento de 16,7% sobre o preço atual. A Mega não tem nada a ver com petróleo, fertilizantes, mercados financeiros, bolsas de valores, commodities ou royalties. Mas...

Pois é... Brasileiro é assim. No momento em que os preços dos alimentos sobem no mundo inteiro, ele aumenta o preço da comida e também da Mega Sena.

Ou seja, em nosso país subiu até o preço do sonho.

sexta-feira, junho 20, 2008

...E TOME-LHE LENHA NA FOGUEIRA!!!


Alô Hugo:
Fiquei impressionado com sua rede de contatos via seu blog. Veja em ANEXO mais uma contribuição à discussão, para fomentar um equilíbrio às preocupações sobre as fogueiras: tradição E meio ambiente (e não um VERSUS o outro).

Abraço e bom São João com "fogo moderado".


Breno Grisi

...na fogueira das discussões, é óbvio!
Tenho observado que grande parte das pessoas que defendem a perpetuidade da queima livre e desmedida de lenha, nas celebrações juninas, utilizam-se muito do argumento da manutenção das nossas tradições culturais e pouquíssimo dos fatos ambientais. Eu não sou contra tal tradição cultural, contanto que nela seja inserida uma limitação consciente, com preocupações para não alimentar a tão disseminada “cultura do desperdício”, que viceja no nosso país. Já nos basta a barbárie da perda de um terço do alimento produzido no Brasil, do local de sua produção até a mesa do consumidor.

Numa análise muito resumida, dois aspectos vêm se sobressaindo entre aqueles que, incontinente, defendem a manutenção dessa tradição, sem nenhum reparo: 1) A manutenção das fogueiras por tratar-se de uma tradição cultural (a comida típica, a dança e as brincadeiras em torno da fogueira...), manifestação religiosa (relembrando o ato de Isabel avisando à N.Sra. que tinha dado à luz, o devoto pisando em brasa...); tudo isso sob a óptica dos cristãos católicos, até há pouco tempo uma massa cristã dominante! 2) A contribuição ínfima desse ato de queima, ao aquecimento global ou efeito estufa.

Como ecólogo, não me atrevo a comentar sobre tradições religiosas, nem sobre a importância das manifestações de fé, ou mesmo diversão, uma das pouquíssimas de que dispõe o residente no sertão nessa curta época do ano, argumentam alguns. Atenho-me a comentar um pouco sobre o segundo aspecto dessa questão: a problemática ambiental.

Àqueles que priorizam a defesa das tradições, lembro-lhes que muitas outras tiveram que ser abandonadas por serem reconhecidamente “fora dos tempos atuais” ou impossíveis de serem praticadas, algumas em termos puramente ambientais, outras por princípios humanitários e outras por tudo isso e mais por terem sido adotadas práticas de maior avanço tecnológico e conseqüentemente, maior rendimento, conforto etc. Vejamos algumas: (1) tenho amigos que relatam com saudade os tempos em que saíam para o mar e traziam dezenas de quilos de lagosta, camarão e peixe (observação quase inútil: lembro-me que a última vez que comi lagosta, foi comprada pela minha mãe na porta de casa, nos anos 1967-69); (2) conheço senhores que relembram quando “se divertiam” nos fins de semana, saindo para caçar e seus filhos também praticavam matança similar com suas atiradeiras abatendo passarinhos, lagartixas e outros pobres animais; (3) quando em 1949 morei em Patos, bravio sertão paraibano, tinhamos energia elétrica até o começo da noite, gerada por queima de lenha (em João Pessoa e muitas outras cidades também foi assim, antes de mudar para queima de óleo e a partir da década de 1950 para geração hidrelétrica); (4) donde concluímos que a madeira era abundante (outra observação quase inútil: nos anos 1973-76 morei em Ilhéus, na Bahia, numa casa com o assoalho de quartos e salas taqueado com jacarandá, e hoje relembrando, acho que vou rir, porque se chorar, os móveis de minha casa, todos em aglomerado, se esfacelarão aos pingos de lágrima!).

E a contribuição das fogueiras ao efeito estufa? Grande parte dos processos na Natureza, mormente os deletérios, se somam. Se pudermos evitar a redução de gases do carbono emanados de atividades passíveis de contrôle, que o façamos. Não poderemos evitar que gás metano (do efeito estufa) seja emanado dos arrozais e da ruminação de bovinos, pois a população humana em breve chegará aos 10 bilhões e a expansão desse cultivo e de pastagens é inevitável. Os manguezais nos estuários também emanam tais gases, mas são responsáveis por uma das maiores produções de alimento do mundo.

Mas podemos reduzir emanação de gases do efeito estufa, optando por carros econômicos (enquanto um “SUV-Sport Utility Vehicle”, essas caminhonetonas, percorrem uma média de 5 km com 1 litro de gasolina, o meu carrinho percorre 14 km); podemos abolir a queima de florestas; e está ao nosso alcance atos simples, mas que contribuem positivamente, como a fogueira comunitária.

Um lembrete importante: o São João é, antes de tudo, uma festa comunitária, bem lembrado pelo amigo agrônomo, pedólogo, Luiz Ferreira.

A minha primeira vez...


Elpídio Navarro

Estou falando de dançar quadrilha junina. Foi assim e já se vão quase 60 anos. Meu amigo Geraldo Oliveira (Geraldo Padre como era conhecido por ter estudado no Seminário Arquidiocesano) hoje artista plástico e morando na Cidade de Santa Rita, residia no Bairro de São Miguel, numa rua que era chamada de Cordão Encarnado. No quintal da casa uma vacaria e num terreno ao lado um curral. Lá, todo ano, era organizada uma quadrilha com a participação dos amigos de Geraldo e das amigas das suas irmãs. E eu no meio.
Na primeira vez que participei quase que fui expulso. A cocheira, onde o gado era alimentado, lavada a capricho ainda cheirando a creolina, era o salão de dança todo ornamentado. Duas fogueiras: uma pequena no fundo do quintal era para assar milho e soltar fogos; uma bem maior dentro do cercado (o gado havia sido transferido para outro local) era para louvar aos santos, fazer promessas para eles e as tradicionais adivinhas, prática indispensável às mocinhas casadoiras.

Eu fazia par com Waldenice Nunes, amiga de infância. Aos meus 14 anos, já com um metro e setenta, fui escolhido para conduzir o "caminho da roça", que consistia, ao comando do "marcador", em guiar todo o grupo em torno da fogueira menor e voltar para o salão de dança. Na hora, eu quis inventar e rumei para dentro do cercado, em torno da fogueira grande. Foi um desastre! O cercado estava cheio de merda das vacas e as sandálias e sapatos dos participantes assim também ficaram. Fui removido da minha função. E nos anos seguintes só fui convidado por ser muito amigo do filho do dona da casa.

A quadrilha junina (no Brasil e joanina em Portugal) é de origem européia. "De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal). Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas."

O Nordeste Brasileiro foi a região que mais assumiu como tradição festejar o período que começa em maio e termina em Julho, denominado de junino. Quadrilhas, fogos de artifícios, adivinhações, culinária à base do milho verde na maior parte, "inocentes" balões (que antes subiam ao céu e o tornava lindo sem causar a notícia de ter prejudicado alguma coisa ou alguém) e as tradicionais fogueiras.

Hoje cria-se uma polêmica sobre ser correta ou não a prática de queimar fogueiras em homenagem aos santos do período, sob a alegação que contribui ainda mais para o aquecimento do planeta. É possível que contribua sim, mas de uma forma tão ínfima que é até ridículo defender essa tese. As fogueiras de São João são uma agulha no palheiro e duram apenas uma noite. Aquecer o planeta é propriedade das grandes queimadas dos plantadores de soja principalmente no Brasil Central e na Amazônia, que duram dias e até meses e contra elas nenhum governo toma providências de verdade para não perder seus aliados ruralistas no Congresso; aquece o planeta a combustão dos veículos automotores em profusão que podem ser adquiridos para pagar em sessenta meses, com a primeira prestação três meses após a compra; aquece o planeta as explosões diárias de bombas nas guerras acobertadas pelo país mais poluidor do planeta, a América do Norte, onde os constantes incêndios em florestas chegam a matar pessoas e que de quebra ainda oferece as muitas chaminés poluidoras das suas fábricas.

Então, querer apagar as fogueiras do São João como um ato em defesa do planeta é o mesmo que matar uma formiga sem destruir o formigueiro. Um amigo meu apregoava: "faça sua boa ação de hoje - mate um americano" (do Norte). Mas o que ia adiantar? Nasciam mil todos os dias. Por isso nunca matei nenhum!

quinta-feira, junho 19, 2008

Abaixo as fogueiras!


Germano Romero

O Ministério Público fez a sua parte. Aliás, o MP tem feito a "boa parte", como diz o Evangelho. Mandou sustar a queima de madeira nas noites juninas campinenses, o que desagradou a muitos, que ainda não pararam para refletir melhor sobre o significado da recomendação.

O Ministério Público fez como aquele catador de conchas da história sufi. Aquele que atirava as estrelas do mar de volta ao seu habitat porque sabia que elas estavam vivas e o sol iria queimá-las. Intrigado, um transeunte ao se aproximar pensou: "mas, que bobagem!... ele está jogando as estrelas de volta ao mar, mas, quando a maré encher, as trará novamente para a areia da praia"...

"Moço, não adianta o que estás a fazer! As ondas jogarão essas estrelas de volta na próxima preamar. O rapaz olhou-o, e continuou a atirá-las ao mar, dizendo-lhe: "estou fazendo a minha parte!"

Uma boa ação não se mede pela quantidade de bem que produz. Salvar uma vida é tão nobre como salvar mil. Assim como tanto faz roubar um real ou um milhão. Comprar um voto inocente de um pobre eleitor, ou de duzentos deles.

A advertência do Ministério Público, ao proibir que se queime madeira nas noites juninas, que se polua o ar já tão comprometido com outros tipos de "gazes do progresso", que se turve o céu por onde trafegam estrelas e aeronaves, ecoou quase como um grito no deserto.

Mas, é sempre assim quando se faz um novo alerta. Muitos dizem a princípio que é "uma grande bobagem". Que as tradições precisam ser preservadas, e que "as noites de São João não terão graça nenhuma sem fogueiras". Será? Há tantas outras alegrias nas noites de São João... pamonhas, canjicas, festas, música, namoro, bolo de milho, forró pé-de-serra, a confraternização familiar, e entre amigos...

Por que não se aproveita o clima festivo e alegre para reverenciar a natureza e poupar as árvores de serem cortadas e virar lenha? De poupar o oxigênio puro, já não tão farto, que é destruído inconseqüentemente? De aproveitar o momento para mudar, refletir, e concluir que as tradições devem se moldar à evolução, aos novos tempos, à realidade das coisas?

"Mas, uma noite só não faz mal ao meio ambiente", dizem os esquecidos de quão irrespirável fica o ar na noite de São João. Também esquecidos que há outras noites... São Pedro, Santo Antônio, Sant'Ana, tudo com fogueiras ardendo. Será que esses anjos gostam mesmo dessa homenagem tão atrasada? Do tempo bíblico em que Isabel acendeu um foguinho para avisar à Nossa Senhora que tinha dado seu rebento à luz? Do tempo em que se crucificava gente viva com pregos enormes? Do tempo em que, aos domingos, ia-se ao Coliseu romano para ver leões comendo seres humanos?...

Pena que todas essas tradições tenham se acabado...

Caríssimos.
A polêmica das fogueiras continua. Recebo do Marcus Aranha dois testemunhos que acho devem ser aqui postados. Tirem suas próprias conclusões. Ou mandem um protesto. Alguém se habilita a botar mais lenha? (epa) H.C.



Taí...
Não sou somente eu que sou contra proibir as foguiras de São João.

Marcus Aranha

Reacendendo a Fogueira

GONZAGA RODRIGUES

Testemunho 1.

Antes que a força-tarefa saísse constrangida apagando as fogueiras da sua própria devoção, veio um puxão de orelha e apagou o fogo da medida proibitiva. Era o que se esperava do bom senso. Não será proibindo a queima de lenha e dessas fogueiras que iremos respirar mais folgado. Como Agnaldo Almeida lembrou, não será por conta da poluição desses gravetos que vai depender o buraco do ozônio.

Mesmo sendo assunto encerrado fora da jurisdição de Campina Grande, o que não deixa de ser um contra-senso, cabe um comentário: a fogueira, por mais que venha arder em nossos olhos, não é um poluente comum. Não é somente uma tradição. É um fogo religioso. Veio com os portugueses que não sabem quando nem onde o apanharam. E era aceso, como devoção, no calendário imemorial dos povos de Europa, Ásia e África.

No tempo em que o Ministério Público era menos abrangente, quem se incomodava com as fogueiras eram os prefeitos. Muitos tentaram disciplinar a queima, não por que a mata sofresse devastação, mas principalmente, porque ardia nos olhos deles. Sem baixar nenhuma portaria, Oliveira Lima saía pedindo que não se armasse fogueira com lenha verde. Embora durasse mais, provocava menos lágrimas e menos espirros. Mas para proibir a fogueira ele achava, como homem de religião e cultor do Direito, que lhe faltava autoridade.

Há também a questão do ritual, a mistura da fé religiosa, fé que leva o devoto a pisar em brasa, com o prazer ritualístico da comida, do milho assado, à roda da família.

A Torre era a campeã de tudo isso, principalmente do fumaceiro. Difícil a casa da Bento da Gama até a descida do morro, que não fizesse o foguinho de sua devoção. Uma devoção sem penitência, alegre, festiva, secular, incluída no livro de Fernando Cardim como forte elemento de ligação entre portugueses e indígenas. Foi um elo entre as duas culturas, num tempo em que do português o índio só conhecia o massacre.

Como se vê, vem queimando lenha a séculos e nem por isso a lenha se acaba. Acabou-a, em parte, a indústria do açúcar, cedendo à cana as terras de mata.

O promotor e a Sudema vão levar tempo para apagar essa devoção. Quando todos estiverem pensando como eles, aí sim ela apaga. Mas dêem um tempo...

Testemunho 2.

Olha aí!
Até o padre Djacy Brasileiro, sertanejo do Vale do Piancó, é contra proibir as fogueiras.

ACABAR COM A FOGUEIRA? ESSA NÃO!

É inadmissível, inconcebível, querer erradicar uma cultura cristã católica, que é a fogueira na noite de São João. A fogueira, como é notório, faz parte inerente da cultura do nordestino, que mora, sobretudo, no sertão. Portanto, querer extirpar, acabar com essa cultura é acabar com o espírito festivo junino do homem do sertão, que, afinal, não tem outra diversão, a não ser acender sua fogueirinha, na noite de São João.

Acho uma decisão precipitada e tomada sem levar em consideração, o lado cultural da região. Jamais uma fogueira vai prejudicar o meio ambiente, até por que é uma vez ao ano. Agora sim, o que polui o planeta são os carrões dos poderosos ,dos ricos,das grandes autoridades, que circulam todos os dias pelas ruas das cidades.Deveria proibir desses carrões circularem,pelo menos uma vez ao mês.Pergunto, então:quem polui mais ,uma fogueira,uma vez ao ano,ou os carrões da elite ,soltando a todo vapor gás carbônico?

Infelizmente, o pau só quebra no pinhaços dos pobres. Se o Estado proíbe dos pobres fazerem suas fogueiras, então pergunto: onde está a mão do Estado, quando a violência assola nosso sertão? Onde está a mão do Estado, quando centenas de pobres morrem nas filas dos hospitais? Onde está a mão do Estado, quando milhares de pobres não dispõem de educação de qualidade? Onde está a mão do Estado ,quando tantos pobres vivem assolados na miséria,na doença, na fome, no desemprego...?

Penso que, em vez de proibir os pobres fazerem sua fogueira, o Estado deveria era garantir-lhes segurança, saúde, educação de qualidade, políticas públicas...

Se estamos sob a égide de um Estado Democrático de Direito, então todas as decisões por parte das autoridades constituídas deveriam,penso eu, passar por consulta popular, como no caso da proibição de fazer fogueira. Penso que a Igreja Católica deveria reagir.

Enquanto os pobres não podem fazer sua fogueirinha, os grandes do dinheiro estão acabando com a Amazônia. Gente grande é gente grande. Pobre é pobre e tem que obedecer.

Estou revoltado e constrangido com essa decisão. Uma coisa é certa: vou fazer minha fogueira, aqui no sertão, e ao lado dela, com meus irmãos sertanejos, celebrar a noite de São João assando milho e ouvindo nosso puro forró.

PADRE DJACY BRASILEIRO

Tel.83-3536-1119

quarta-feira, junho 18, 2008

Sem fogueira nem balão!


Germano Romero

No ano passaso a Curadoria do Meio Ambiente da cidade paraibana Campina Grande lançou a campannha: "Brinque o São João sem fogueira nem balão". Este ano, engrossando as fileiras dos que são conscientes e de bem com a vida, o Ministério Público entrou em ação, cumprindo o seu papel de protetor da sociedade e de seu patrimônio. Que grande lição! Já bastam os maus tratos à Natureza. Já bastam queimadas, fumaça, bombas e desgraça. Ainda são muitos os danos causados ao meio ambiente por estes resquícios de tradição, mais do que suficientes para justificar o movimento campinense.

E quem diria, logo em Campina, hein? Por isso que dizem que a capital da Borborema é pioneira em tudo. Apesar de promover o maior São João, eis que Campina grita alertando que já é hora de se parar com isso. "Brinque o São João sem fogueira nem balão" – que ótima idéia! A curadoria do de Campina Grande dá uma lição de consciência ecológica com uma campanha que já ecoa nos sentimentos de respeito à Natureza.

É hora de rever conceitos. Novos tempos exigem reflexão. Existe algo mais estúpido em pleno terceiro milênio do que queimar madeira? A princípio o leitor pode pensar: "estúpido é você que está escrevendo isso, ora bolas! São tão poéticas as fogueirinhas nas noites juninas..." Paciência! O oxigênio já não é tão abundante, o "efeito estufa" causado pelo acúmulo de fumaça no nosso céu tem provocado sérios danos ao clima e à saúde, e a poluição... basta lembrar de como irrespirável se torna o ar das noites de São João.

Mas, a maioria está se lixando para isso. Quem diabo quer saber como fica o ar ou qual é o prejuízo ecológico dos milhares de fogueiras que são queimadas anualmente em nome dos santos do mês de junho? É Santo Antônio, São João, São Pedro e ainda tem um tal de mês de Sant'Ana... Será que esses espíritos, considerados evoluídos e iluminados, ficam mesmo satisfeitos ou lisonjeados com a esdrúxula e inoportuna homenagem? Será que, "aos seus olhos", degradar a natureza, derrubar árvores, destruir o "santo" oxigênio, queimar madeira, poluir o ar em nome de um folclore que já não tem mais sentido é ainda uma maneira saudável de homenageá-los?

Claro que não! É inadmissível nos dias de hoje continuar a agir como se tudo fosse como antes. Vocês lembram da Mata Atlântica que foi vista com toda a sua exuberância original pelos portugueses quando aqui se aboletaram? Pois bem, dela só nos restam míseros 4 %! Ninguém pensa nisso. Já repararam nas montanhas de toros de madeira, cortada para lenha, que são exibidas à venda, na época de São João, em todos os nossos bairros? Uma pena... Como dói imaginar quantas árvores foram cortadas única e exclusivamente para o deleite pueril e inconseqüente dos nossos "matutos", sem falar nos incêndios provocados por balão.

Reflitamos, pessoal! Cultivemos as belezas das festas juninas, a riqueza de seu folclore, de sua música, as delícias de sua cozinha, enfim, a confraternização humana e saudável da festa em si. Mas, não esqueçamos de que não se pode mais continuar a agir da mesma maneira de anos atrás. Parabéns, Campina!

A POLÊMICA DAS FOGUEIRAS


Breno Grisi

Conta-se que certo indivíduo tentou convencer outros, de diversas nacionalidades, a pularem num precipício. Ao inglês, convenceu-o dizendo que era um “pedido da rainha”; ao italiano, dizendo que lá embaixo “lhe esperava a Sophia Loren”; ao francês, “que era pela glória da França” e este despencou aos gritos de “Vive la France”!; ao americano dissuadiu-o dizendo que ele iria lá encontrar “1 milhão de dólares”; e ao brasileiro ... colocando uma placa É PROIBIDO PULAR.

Como professor de ecologia e pesquisador, nunca fui muito simpatizante do “proibir” e talvez por isso, nunca me atraiu a advocacia. Optei pela educação. Esta me parece ter bases mais construtivas e duradouras. Gostamos de dizer que muitos povos respeitam a lei, enquanto nós a tememos! É fato conhecido que nós aqui no Brasil dispomos das mais completas leis de proteção ambiental do mundo. E é também fato conhecido que nós estamos entre os maiores destruidores da Natureza, no mundo. Donde concluo que sensibilizar nosso povo para a necessidade de nos adaptarmos à mudança dos tempos e conscientizá-lo para a urgência em agir, em benefício das gerações futuras, é um imperativo incontestável. Enxergar muito mais adiante do que somente algumas poucas gerações à frente, como costumamos fazer ao dizermos “isto é para os meus filhos e netos”, faz-se necessário e urgente. Nossa responsabilidade é deixarmos a Natureza para as gerações futuras (sem limite), no mínimo, com os recursos que encontramos. Muitos ecólogos e outros profissionais que lidam com as questões ambientais, acham que temos o dever de deixar o nosso planeta em condições melhores até! Um dos fortes motivos para isso: a cada dia que se passa dispomos de mais conhecimento e melhores condições tecnológicas para assim fazê-lo.

Conservar a Natureza envolve muitas atitudes e procedimentos. Um deles, que sempre vem à tona nesta época do ano por suas conseqüências negativas é a queima desenfreada de lenha. Em alguns locais de nossa maravilhosa região nordeste existe até concurso para ver quem monta a maior fogueira! Oh meu Deus! Só me vem à mente esta expressão. Não gosto de sair de casa na véspera do São João para não ter que ver e sentir tamanho desperdício, principalmente porque tenho certeza que tal recurso natural renovável, não será renovado. Se assim o fosse, respeitando-se o uso adequado do solo, este lado negativo de nossas tradições se reduziria.

Reconheço e respeito as nossas tradições culturais da nossa festa do milho e de manifestação religiosa. Assar o milho numa fogueirinha e brincar em torno dela não é nenhuma tragédia ambiental. Mas soltar balão pode ser uma tragédia! O aquecimento global, a poluição atmosférica com gases do efeito estufa e partículas sólidas não sofrerão grandes acréscimos por causa disso. Mas, ainda sonho com o dia em que nesse momento de celebração, possamos reduzir o gasto com este recurso natural que ainda é de ampla utilidade para nós. A lenha ainda é o combustível para cozer alimento de muitas pessoas pobres; alimenta fornalhas de padarias, olarias e outros processos de produção. Quando estou em sala de aula, trabalhando com futuros pedagogos, insisto em que eles tentem convencer as pessoas das ruas em que moram, ou seus familiares, para fazerem apenas uma fogueirinha ou uma fogueira comunitária. Ao invés de 10 fogueiras por rua, 1 só fogueira já reduziria em 90% o gasto de lenha.

A consciência ecológica do agir localmente é um trabalho de formiguinha que só aparecerá globalmente se a prática dos 3 Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) tornar-se rotina no dia-a-dia nas escolas e na nossa vida. Por isso, só acredito na EDUCAÇÃO.

www.ecologiaemfoco.blogspot.com

segunda-feira, junho 16, 2008

Maior Besteira


Mais um paraibano dos bons nos chega. Bem-vindo sejas, grande Marcus, ao Blog.
H.C.

MARCUS ARANHA

Qual a influencia que terá no aquecimento global as fogueirinhas de Campina Grande?

A tradição cristã conta que Isabel estava grávida do primeiro filho, que nascido seria no futuro, São João Batista. Sem ter uma parteira que lhe assistisse na hora do parto, combinou como Maria, esposa de São José, que ao sentir os primeiros sinais que iria ter o bebê, avisaria a ela para que viesse em seu auxílio.

Como àquela época não havia telefone, fax, nem e mail, Isabel acertou com Maria que esse "aviso" seria feito através de uma fogueira feita pelo marido dela no cume de um monte, passível de ser avistado da casa de São José. E assim foi...

Em tempos medievais, na Europa, iniciou-se a tradição de acender fogueiras no dia correspondente ao início do solstício de verão, coincidentemente correspondente ao dia consagrado a São João Batista.

Taí... Esse negócio de fogueira no São João é coisa secular, festa e devoção do povo ao santo. Aliás, é exatamente e somente o povo que ainda acredita em santo.

Em Campina Grande, onde se realiza "O Maior São João do Mundo", reuniram-se em audiência no Ministério Público, representantes da Igreja Católica, Associação Paraibana dos Amigos da Natureza (APAN), Associação dos Protetores da Mata Branca do Semi Árido, Agência de Notícias do Direito da Infância, Anjos Socorristas e médicos da região, evento que culminou com o Promotor do Meio Ambiente daquela cidade, proibindo a venda de lenha e queima de fogueiras durante o São João.

Esses luminares da ciência apresentaram forte argumentos científicos e legais para proibir que as fogueiras fossem acesas. Os legalistas citam a Lei dos Crimes Ambientais estabelecendo que qualquer objeto poluidor que agrida a atmosfera ou que cause dano direto a população é caracterizado como crime ambiental. Os médicos argumentaram que a fumaça traz prejuízos à saúde humana. A Diretora Técnica do Meio Ambiente frisa que o órgão abraça a causa da redução do aquecimento global e é obrigado a proteger as florestas.

E acho uma graça...

Porque o Ministério Público não proíbe vender cigarros, cigarrilhas e charutos? Eles produzem fumaça que agride a atmosfera e traz imensos prejuízos à saúde humana, notadamente o câncer de pulmão.

Uma força tarefa já começou apreender a lenha que estava estocada para as fogueiras em homenagem a São João. Alguém do grupo, sentindo-se mais inteligente que os demais, resolveu que toda a madeira apreendida será doada às padarias de Campina Grande. Em troca da lenha essas panificadoras irão doar pães a instituições de caridade.

Aí eu pergunto: é possível as padarias queimar a lenha sem fazer fumaça? E saída das chaminés das padarias, a fumaça não vai poluir a atmosfera? Um graça...

È preciso revisar os superpoderes dessas instâncias. Acabar com uma tradição religiosa secular assim sem mais nem menos, com frágeis argumentos, é despotismo.

Porque os protetores da Mata não cuidam dos desmatamentos feitos para implantação de pecuária? E a Agência do Direito da Infância, por que não pensa que está subtraindo das crianças o direito de brincar o São João vendo uma fogueira acesa?

O argumento da Diretora Técnica da Superintendência do Meio Ambiente é risível; com os Estados Unidos, Japão, China e outros despejando diariamente milhares de toneladas de gás carbônico na atmosfera, qual a influencia que terá no aquecimento global as fogueirinhas de Campina Grande, acesas somente na noite do dia de São João?

E com relação à proteção das florestas que o órgão está realizando, eu pergunto: na Paraíba, aonde é que há floresta?

Todos sabem que o pum do boi libera metano na atmosfera, fazendo crescer o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global; já vejo a hora em que a promotoria de Meio Ambiente de Campina Grande, zelosa na proteção da Natureza, baixa norma proibindo boi peidar.

Campina Grande, agora, além do Maior São João, tem a "Maior Besteira do Mundo".

domingo, junho 15, 2008

Excentricidades


Hugo Caldas

Amigos. Ando muito desencantado com Pindorama. Envergonhado talvez seja a palavra certa. Tudo acontece para nos fazer de bobos. Me dá ansias de vômito ver o noticiário da televisão. Como mentem despudoradamente esses espiroquetas. Essa canalha passa 20 anos dizendo que... Deixa pra lá. Vocês já sabem. Não quero chover no molhado. Tomei a decisão de me isolar, pelo menos por enquanto, do que acontece. Seguirei o conselho de um bom amigo que sugeriu comprássemos creolina que é o que resolve "neste país". De vez em quando é sempre bom umas excentricidades para nos manter em pé. Me lembrei que o Estadão, o JB e outros jornais, à época da ditadura, publicavam receitas de bolo na primeira página. Sigo o exemplo. Espero que gostem do texto abaixo.

Você sabe, por acaso como se diz "Natal", na Indonésia? Não sabe? Pois bem, é "Natal", mesmo. E "Sapato" hein, mas dessa vez no Sri Lanka? Quase que acerta: "Sapattu". Mas se vosmicê estiver a fim de um limão para uma caipirinha, lá no Quênia ou na Tanzânia, não precisa dançar numa perna só: É só pedir um "Limau". E se estiver em um restaurante na Índia e alguém lhe oferecer um suco de "Brinjal", pode tomar sem susto o seu suquinho de "Berinjela".

Coisa muito boa quando se visita certos lugares estranhos é descobrir que os nossos avozinhos portugueses estiveram por lá antes e deixaram alguma coisa como lembrança, geralmente uma palavra ou outra. Antes deles, as palavras não costumavam ir tão longe. As navegações portuguesas realmente marcaram o início do turismo etimológico.

Porém nem todas as palavras, se dão bem em viagens.

Algumas delas mudam completamente de significação. Por exemplo, na Itália, você liga a TV e aparece um comercial de amaciante de roupas. Beleza, que eles são bons em comerciais. Tudo bem. A questão se apresenta quando o comercial italiano de amaciante de roupas é entrecortado pela palavra "Mórbido". Um bebê aparece lindão no meio de roupas e toalhas fofinhas, e uma voz em background: "Mórbido”. Um ursinho de pelúcia aparece no maior abraço com uma garotinha e a voz lá: "Mórbido". Só depois de muito matutar é que você finalmente se dá conta de que "Mórbido" em italiano significa "Macio".

Mas, voltando um pouco à Indonésia:

Há uma historieta que diz muito bem sobre casos afins. Certa vez nos cafundós da Indonésia, recém chegado a um hotel, Pablo Neruda o poeta chileno e diplomata precisou de tinta para recarregar sua caneta tinteiro. Passou por maus bocados porque ninguém entendia, ele muito menos, que usava todas a palavras que pudessem dar a conotação desejada: Ink, Paint, Encre, etc. Em meio àquele caos, um dos atendentes da recepção teve a feliz idéia de dizer: "É tinta" o que o senhor precisa?

Em 1972 o Brasil comemorou o Sesquicentenário da Independência. Para coroar as festividades os homens inventaram uma Minicopa de futebol com vários convidados. Recife foi sede de jogos. Para aqui foram designadas as seleções da Irlanda e da Romênia.

Tarde de domingo Arrudão lotado, jogo definitivo entre as duas equipes. Eis que entram em campo os dois times. Mas, com a mesma cor de uniforme. Não pode. Fora de cogitação. Decidiram então no cara ou coroa quem deveria usar outro padrão. A Romênia perdeu e teve que jogar com um padrão emprestado pelo Santa. Perdeu na escolha, mas ganhou na simpatia da torcida cem por cento descarada de todo o público. Para o estádio, era a Irlanda contra o Santa Cruz. Todas as vezes em que a Romênia pegava na bola o estádio vinha abaixo. Venceram por 3 x 1. À noite, na televisão muita gente, inclusive eu, conseguia entender o que os craques romenos diziam. Pouca gente se dá conta que o romeno é uma língua latina, parecidíssima com o português.

Certa vez, no aeroporto dos Guararapes, estava eu despachando um vôo da Panair do Brasil para a Europa, quando me surge do nada, uma senhora cinqüentona, muito bonita, vestindo um belo "Sari" com passaporte das Nações Unidas. Pensei alto: "Ah, meu Deus, esta senhora é hindú. Deve falar inglês, ou não sei o que fazer". De imediato ela me diz: "Por que você não tenta o português"?! Era natural de Goa, antiga colônia lusitana.

Mas nada é tão esquisito quanto o fato de que, "Push" queira dizer "Empurre" em inglês. Desse jeito o Brasil nunca que vai se inserir no mundo globalizado. Vê se pode dizer "Push" quando quer dizer "Empurre"! Fim da picada. E ninguém toma uma providência?

Mas, relato-vos pequeno e singelo incidente que me aconteceu na Venezuela (pré-Chavez, por supuesto) quando num restaurante pedi como sobremesa, uma porção de abacate com açúcar. Queriam me repatriar, linchar, enfim aplicar o castigo supremo porque lá, abacate se come é na salada misturado com tomates cebolas alfaces, beterrabas e coisas e loisas. E sem um pingo de açúcar. Pode?

hucaldas@gmail.com

sábado, junho 14, 2008

João Pessoa – Metrópole Adolescente


José Virgolino de Alencar

Espraiada languidamente entre o Oceano Atlântico e o Rio Sanhauá, João Pessoa é um conjunto verde com casas e edifícios construídos dentro de seu arvoredo que se destaca no skyline descortinado de onde quer que se olhe. Há um mito de que a antiga Frederica, Filipéia de Nossa Senhora das Neves, Parahyba e hoje João Pessoa é a segunda cidade mais verde do mundo e para os menos exagerados é a segunda mais verde do país.

Como é possível que não passe de mito ufanista, consola-me que ela seja a mais arborizada do Nordeste, porque seu verde, no patamar que meus olhos vêem, já me basta para sentir e curtir essa beleza natural plantada por Deus, aspirar o puro oxigênio soprado de sua vegetação e jogado no ar para usufruto de sua gente, que ainda pode respirar o ar trazido pelos ventos que vêm do Atlântico.

Com esse clima sadio, para o corpo e para a mente, querendo ser metrópole, mas tendo a inocência virginal da adolescência, flor desabrochando num jardim bucólico, tranqüilo, que dá à vida mansidão e doce preguiça, onde o tempo parece passar em descansado vagar, João Pessoa proporciona paz, tem cenário de éden, de terra prometida.

As festas populares tradicionais não perderam a vez naquela que alguém batizou de “capital das acácias”, sendo bem movimentados, entre outros, o São João, o São Pedro e a Festa das Neves, com suas comidas regionais, vestes típicas, o passeio na calçada, o namoro de uma estação.

Nas caminhadas diárias de quem quer se preservar e dar longevidade a seu viver, seja na orla ou qualquer outro ponto, destaca-se o fato de as pessoas se conhecerem, todos são como vizinhos, dão-se bem, como podem ter desavenças naturais de comunidades familiares. Mas ninguém é indiferente a ninguém.

Vindos das mais diversas e longínquas localidades do Estado e do país, os habitantes desta cidade são todos pessoenses, tanto quanto os nela nascidos. Todos vestem seu verde, cada um tem sua árvore sombreira, sob a qual joga conversa fora com o irmão, o compadre, o companheiro, enfim, o concidadão.

Eis João Pessoa. Uma cidade para se viver de amor, para se ver de perto, para se descrever de longe quando longe dela possa estar, porque a ligação com ela é selada na alma com a força espiritual, transcendental.

A ela nos uniu Deus. Dela não nos separe o homem.

sexta-feira, junho 13, 2008

Os verdadeiros predadores.


Germano Romero

Num programa do canal Discovery, o repórter referia-se a um grupo de animais chamando-lhes de predadores. Predação é a qualidade de quem destrói. Assim sendo, os homens seriam os predadores campeões, pensei.

Caminhando hoje cedo pela beira-mar da praia de Carapibus, vi uma "maria-farinha" correndo da areia e se esbaldando nas espumas de uma onda que acabara de se espalhar. Um grupo de bem-te-vis fazia uma alegre algazarra em cima de um coqueiro. Como estava bonita a manhã, com aquele sol dourando tudo! Então lembrei do programa da Discovery.

A diferença do predador irracional para o predador-homem é que o animal mata p'ra comer, sobreviver, de forma equilibrada e de acordo com a cadeia alimentar. Já o animal dito racional – um conceito bastante discutível – mata por matar, por ambição, por diversão, por vingança, por ciúme e por maldade também. Mata até si próprio. E ainda destrói a natureza, que lhe dá de comer...

Mais à frente me deparo com vários peixinhos mortos por cima dos sargaços. Os pescadores de rede escolheram os peixes que lhes interessavam, e deixaram os miúdos morrerem à míngua. Custava nada reconduzi-los ao habitat, para continuarem a viver e, um dia, ficarem interessantes? Que falta de visão, que burrice, que maldade!...

Adiante, nova e ainda mais desagradável surpresa. Pois não é que alguns pescadores que usam molinete e praticam a pesca muito mais por prazer do que necessidade, têm a mania de sacudir fora os baiacus que fisgam sem querer... Como o peixe não serve de alimento, pois dizem que eles têm uma glândula com um veneno perigoso, e só quem é expert sabe retirá-la, jogam-no na areia ao invés de devolvê-lo ao mar. Uma estupidez. Decerto os insensíveis e malvados egoístas suspeitam que pondo-os de volta ao mar, eles tornarão a morder as suas iscas frustrando-os novamente.

Aí está a diferença. O bicho predador só come o outro quando está com fome. Satisfeito, não faz mal a ninguém. Vive em harmonia com a natureza, não procura acumular riquezas, nem polui o ambiente. O homem maltrata os animais que lhes servem, prendem-nos em zoológicos, circos e gaiolas, judiam deles por simples sadismo, como nas vaquejadas e rodeios.

Continuei a caminhada. O sol subia, ainda morno. Adiante comecei a ver, entre os sargaços, os bagulhos que os predadores racionais costumam jogar na praia. Depósitos de margarina, sacos de Pippo's, garrafas plásticas, latas de cerveja, piolas.

Os bem-te-vis não sujam a praia. As marias-farinhas e os espia-marés também não. Muito menos os peixes. Por que a gaivota que bica uma sardinha, num belo vôo rasante, simplesmente para se alimentar, estaria sendo predadora? Nenhum animal está em extinção por causa de seus irmãos irracionais, e sim por culpa de seus irmãos racionais. Estes sim, são os verdadeiros predadores.

quinta-feira, junho 12, 2008

A MISÉRIA É NOSSA


Riobaldo Tatarana

Ontem, 11 de junho, a Câmara dos Deputados deu mais uma demonstração de quanto é nociva sua existência, não só para as finanças do país e do nosso pobre bolso, como para os últimos resquícios de moral que ainda existem no Brasil. Os senhores deputados, habituados ao seu poleiro de pato, e devidamente agraciados, votaram em peso a favor da ressurreição da nefanda CPMF.
Houve exceções, mesmo nos partidos majoritariamente favoráveis à farra do boi, como PDT e PMDB. Outros votaram fechado contra esse absurdo – DEM, PSDB, PV. Sugiro a todos que consultem na Internet quem é quem nessa brincadeira. Tratem de divulgar a lista desses que votaram a favor, assim como faço agora. E nas próximas eleições, rejeitem esses nomes que nos envergonham. Já que os deputados não se mancam, está na hora de o eleitor tomar vergonha na cara!


VOTARAM A FAVOR DO SAQUE



PCdoB
Aldo Rebelo SP Sim
Alice Portugal BA Sim
Daniel Almeida BA Sim
Edmilson Valentim RJ Sim
Evandro Milhomen AP Sim
Flávio Dino MA Sim
Jô Moraes MG Sim
Manuela DÁvila RS Sim
Osmar Júnior PI Sim
Perpétua Almeida AC Sim
Renildo Calheiros PE Sim
Vanessa Grazziotin AM Sim

Total PCdoB: 12

PDT
Ademir Camilo MG Sim

Brizola Neto RJ Sim
Dagoberto MS Sim
Damião Feliciano PB Sim
Davi Alves Silva Júnior MA Sim
Giovanni Queiroz PA Sim
João Dado SP Sim
Marcos Medrado BA Sim
Mário Heringer MG Sim
Paulo Pereira da Silva SP Sim
Pompeo de Mattos RS Sim
Sérgio Brito BA Sim
Vieira da Cunha RS Sim
Wolney Queiroz PE Sim
Total PDT: 20

PHS
Felipe Bornier RJ Sim
Miguel Martini MG Sim

PMDB
Alexandre Santos RJ Sim
Aníbal Gomes CE Sim
Antônio Andrade MG Sim
Antonio Bulhões SP Sim
Átila Lins AM Sim
Carlos Alberto Canuto AL Sim
Carlos Bezerra MT Sim
Celso Maldaner SC Sim
Cezar Schirmer RS Sim
Cristiano Matheus AL Sim
Darcísio Perondi RS Sim
Edio Lopes RR Sim
Edson Ezequiel RJ Sim
Eduardo Cunha RJ Sim
Elcione Barbalho PA Sim
Eliseu Padilha RS Sim
Eunício Oliveira CE Sim
Fátima Pelaes AP Sim
Fernando Diniz MG Sim
Fernando Lopes RJ Sim
Flávio Bezerra CE Sim
Gastão Vieira MA Sim
Geraldo Pudim RJ Sim
Geraldo Resende MS Sim
Henrique Eduardo AlveRN Sim
Hermes Parcianello PR Sim
Ibsen Pinheiro RS Sim
Íris de Araújo GO Sim
João Magalhães MG Sim
João Matos SC Sim
Joaquim Beltrão AL Sim
Jurandil Juarez AP Sim
Leandro Vilela GO Sim
Luiz Bittencourt GO Sim
Marcelo Almeida PR Sim
Marcelo Castro PI Sim
Marcelo Melo GO Sim
Maria Lúcia Cardoso MG Sim
Marinha Raupp RO Sim
Mauro Benevides CE Sim
Mauro Lopes MG Sim
Mendes Ribeiro Filho RS Sim
Moacir Micheletto PR Sim
Natan Donadon RO Sim
Nelson Bornier RJ Sim
Nelson Trad MS Sim
Odílio Balbinotti PR Sim
Olavo Calheiros AL Sim
Osmar Serraglio PR Sim
Osvaldo Reis TO Sim
Paulo Henrique LustosaCE Sim
Paulo Piau MG Sim
Pedro Chaves GO Sim
Pedro Novais MA Sim
Professor Setimo MA Sim
Rita Camata ES Sim
Saraiva Felipe MG Sim
Solange Almeida RJ Sim
Tadeu Filippelli DF Sim
Valdir Colatto SC Sim
Veloso BA Sim
Vital do Rêgo Filho PB Sim
Waldemir Moka MS Sim
Wilson Braga PB Sim
Wilson Santiago PB Sim
Wladimir Costa PA Sim
Zé Gerardo CE Sim
Zequinha Marinho PA Sim
Total PMDB: 78

PMN
Silvio Costa PE Sim

PP
Benedito de Lira AL Sim
Ciro Nogueira PI Sim
Eduardo da Fonte PE Sim
Eliene Lima MT Sim
Eugênio Rabelo CE Sim
George Hilton MG Sim
Gladson Cameli AC Sim
João Leão BA Sim
João Pizzolatti SC Sim
José Otávio Germano RS Sim
Lázaro Botelho TO Sim
Luiz Fernando Faria MG Sim
Márcio Rein. Moreira MG Sim
Mário Negromonte BA Sim
Nelson Meurer PR Sim
Neudo Campos RR Sim
Pedro Henry MT Sim
Ricardo Barros PR Sim
Roberto Britto BA Sim
Simão Sessim RJ Sim
Vilson Covatti RS Sim
Waldir Maranhão MA Sim
Total PP: 34

PR
Airton Roveda PR Sim
Aracely de Paula MG Sim
Chico Abreu GO Sim
Chico da Princesa PR Sim
Dr. Adilson Soares RJ Sim
Giacobo PR Sim
Inocêncio Oliveira PE Sim
Jaime Martins MG Sim
José Santana de V. MG Sim
Leo Alcântara CE Sim
Lincoln Portela MG Sim
Lucenira Pimentel AP Sim
Luciano Castro RR Sim
Lúcio Vale PA Sim
Marcelo Teixeira CE Sim
Marcio Marinho BA Sim
Maurício Quint.Lessa AL Sim
Maurício Trindade BA Sim
Milton Monti SP Sim
Neilton Mulim RJ Sim
Nelson Goetten SC Sim
Valdemar Costa Neto SP Sim
Vicente Arruda CE Sim
Vicentinho Alves TO Sim
Wellington Fagundes MT Sim
Total PR: 32

PRB
Cleber Verde MA Sim
Léo Vivas RJ Sim
Marcos Antonio PE Sim
Walter Br. Neto PB Sim
Total PRB: 4

PSB
Ana Arraes PE Sim
Ariosto Holanda CE Sim
Átila Lira PI Sim
B. Sá PI Sim
Beto Albuquerque RS Sim
Ciro Gomes CE Sim
Dr. Ubiali SP Sim
Eduardo Lopes RJ Sim
Fernando Coelho Filho PE Sim
Givaldo Carimbão AL Sim
Laurez Moreira TO Sim
Lídice da Mata BA Sim
Manoel Junior PB Sim
Marcelo Serafim AM Sim
Márcio França SP Sim
Maria Helena RR Sim
Ribamar Alves MA Sim
Rodrigo Rollemberg DF Sim
Sandra Rosado RN Sim
Valadares Filho SE Sim
Valtenir Pereira MT Sim
Total PSB: 24

PSC
Costa Ferreira MA Sim
Deley RJ Sim
Eduardo Amorim SE Sim
Filipe Pereira RJ Sim
Hugo Leal RJ Sim
Takayama PR Sim
Total PSC: 6

PTB
Alex Canziani PR Sim
Armando Abílio PB Sim
Arnon Bezerra CE Sim
Augusto Farias AL Sim
Jovair Arantes GO Sim
Luiz Carlos Busato RS Sim
Nelson Marquezelli SP Sim
Paes Landim PI Sim
Pastor Manoel Ferreira RJ Sim
Paulo Roberto RS Sim
Pedro Fernandes MA Sim
Sérgio Moraes RS Sim
Tatico GO Sim

Total PTB: 15

PTC
Carlos Willian MG Sim

Total PTC: 1

PTdoB
Vinicius Carvalho RJ Sim

Total PTdoB: 1

domingo, junho 08, 2008

O EVANGELHO, SEGUNDO OS APÓSTOLOS PETISTAS


Na Paraíba quem não é parente é compadre. Quando não é compadre torna-se amigo como se tornou este intrépido Virgulino. O cabra é bom de escrita e costuma perpetrar belas e certeiras crônicas que nem tiro de fuzil. Paraibano por derradeiro...! Nossas boas-vindas meu caro Alencar. H.C.

José Virgulino de Alencar

Nestes tempos do início da terceira centúria DC, governa a Brasiléia o líder messiânico, popularesco, iletrado, barba fechada, de nome Lula da Silva, falando, como juram seus seguidores, a língua do povo, distribuindo esmolas à pobreza, protestando contra as elites, embora, na realidade, tenha dado pouco pão para dividir com muitos pobres e tenha deixado muito trigo nas mãos de poucos ricos. Apesar disso, conseguiu juntar em torno dele uma grande massa de excluídos, sem instrução, sem informação, que acredita nele e nos prometidos milagres, que nunca ocorrem, em favor dos necessitados.

Do mesmo modo, vem polarizando em torno de si as elites dominantes, donas de todas as riquezas, proprietárias de todas as terras, donas, enfim, da nova terra prometida, a Brasiléia. Com essas elites ele participa de faustosos banquetes, onde, aí sim, ele faz o milagre de multiplicar os peixes, os vinhos, os caviares, em ceias festivas, constantes e duradouras.

Os vendilhões do templo com certeza não serão expulsos por ele, justificando que essas elites contribuem para a manutenção de sua nova idéia político-religiosa, aceitando a cartilha do neoliberalismo, concordando com os que desejam tomar a imensa e cobiçada floresta da Brasiléia, a Hiléia Amazônica, em cujo solo e sub-solo há um rico potencial em água, madeira e minério.

Hordas de sem-terra e sem-teto desfilam, tendo à frente um bando de líderes vigaristas, pelas ruas e fazendas da Brasiléia, muito mais seguindo as palavras do pretenso salvador do que lutando efetivamente por terras e por tetos. Tendo garantidos os recursos para os agrupamentos que se dizem carismáticos, são alojados em barracas para se abrigarem, recebem treinamentos para as estratégias das lutas pelo poder, onde gritam palavras de ordem e ameaçam os ímpios proprietários de terras. E assim os sem-terra e sem-teto dão sustentabilidade ao seu mestre e guia.

Entretanto, o guia, para não contrariar os latifundiários que têm força para defenestrá-lo do poder, oferece benefícios, créditos privilegiados e até perdão das dívidas dos agronegociantes, assegurando um ambiente de paz aparente, onde a ameaça de violência solta fumaça mas, até agora, não queimou ninguém.

Nesse contexto, vai o guia neo-messiânico vivendo e mantendo a longevidade do poder e da liderança dentro do novo conceito de espiritualidade, tendo como templo toda a vastidão da Brasiléia, prescindindo ele de igrejas, catedrais, capelas e santuários. Sua oração é só bla-bla-blá, uma algaravia ininteligível, um sermão que, por não ser entendido, leva algumas pessoas, para não se confessarem incultas e desinformadas, a entrarem na onda da nova surfosa idéia espiritual/política, sem lógica de fundo e sem conteúdo, além de destrambelhada na forma.

Passando já um longo tempo de domínio da farsa messiânica, uma pergunta que não quer calar está soprando no ar: Por que esse messias, falso guia, pregador do vazio, não será pregado na cruz, imolado e crucificado na madeira?

Cristo, o verdadeiro messias, por muito menos, foi torturado, lacerado e crucificado.

Segundo o evangelho dos sectários petistas, o messias daqueles tempos e seus seguidores não tiveram a habilidade e o jogo de cintura dos messiânicos desta era da terceira centúria DC.

Vinte e um séculos foram o bastante para adquirirem malandragem e esperteza.

Ah, ta explicado!

virgulinoalencar@hotmail.com

sábado, junho 07, 2008

42 PERGUNTAS IMPERTINENTES & UMA SENTENÇA DETERMINANTE!


Hugo Caldas

Por vezes, no cansaço das noites maldormidas, me descubro inquiridor, procurando a todo custo saber o que as pessoas fariam, tivessem elas o discernimento e a imparcialidade para ver e julgar os maus fados, as desgraças e os infortúnios que este Pindorama pobre de Cristo atravessa. Carece, efetivamente indagar que, se Deus é brasileiro, Ele deve mesmo é estar de férias ou então nos abandonou de vez. Isto posto, passo às mãos de VV.SS. o que abaixo se demanda. Ponham o bestunto pra funcionar. Raciocinem:

Alguém aí da Geral, já imaginou a zorra que as vestais do PT fariam se no governo anterior...


AS 42 PERGUNTAS IMPERTINENTES


1 - Se, dos 81 senadores, sem falar dos 300 picaretas, 21 estivessem sendo processados acusados de crimes contra a administração pública, peculato, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e corrupção ativa. Todos negando evidentemente as acusações, atribuindo-as à rivalidade política. Todos, trabalhando (sic), normalmente e até participando de Comissões Parlamentares de Inquérito?

2 - E se o Vice-Presidente do governo anterior não desse bolas para exames de DNA em processo de reconhecimento de paternidade no qual é réu?.

3 - E se no governo anterior se descortinasse uma palhaçada igual à essa briguinha de comadres da "cumpanhêra" Solange incompetência Abreu, ex ANAC, (ela adora um bom charuto, alguém aí já avisou pro Bill Clinton?) com a assaltante de cofres-fortes, Dilma Roussef, da Casa Civil?

4 - E se no governo anterior tivéssemos um ministro envergando os coletes mal-amanhados do cumpanhêro assaltante Minc? O cabra fala pouco e ruim!

5 - E se, no governo anterior existisse a eterna sombra maléfica de um Zé Dirceu?

6 - E essa sensação de eterno mal-estar, de ser governado por um bando de facínoras, ladrões de banco, que tomaram Brasília de assalto, hein?

7 - E se a dengue tivesse voltado, de maneira incontrolável como agora?

8 - E a febre aftosa? Ninguém sabe!

9 - E a falta de gás? Ninguém viu!

10 - E o "não estou nem aí" para a violência, como agora? Vai ver, o coitado nem sabe mesmo!

11 - E se o presidente anterior desmatasse uma área do tamanho do Rio de Janeiro por mês?

12 - E o que dizer, se no governo anterior existisse a figura ridícula do ministro da SEALOPRA que não sabe falar o português! Ou será que ele está fazendo tipo?

13 - E se o lucro dos bancos atingissem o outro lado da estratosfera como agora?

14 - E, se tivesse ocorrido Congonhas, e os 199 mortos no acidente da TAM?

15 - E, o caos aéreo?

16 - E o mistério nunca explicado da desintegração do Boeing da Gol?

17 - E a volta da inflação que agora eles teimam em negar?

18 - E se o presidente anterior abaixasse as calças para o bufão Chavez?

19 - E se o presidente anterior abaixasse as calças para o Cocaleiro Morales? "A cara piorada do Zacarias, porém sem a grandeza do inesquecível comediante."

20 - E se o cocaleiro Zacarias, digo Morales, tivesse invadido próprios da Petrobrás na Bolívia para confiscar/roubar nossas refinarias e ficasse tudo como antes no Quartel do Abrantes, hein?

21 - E se o presidente anterior tivesse comprado um avião tão luxuoso?

22 - E se o presidente anterior já tivesse encomendado mais dois aviões tão luxuosos?

23 - E se os parlapatões do congresso anterior tivessem que aprovar a volta da CPMF (CSS) para pagar essa megalomania?

24 - E se todos os amigos do presidente anterior fossem, "tutti buona gente?”

25 - E o que dizer dos aloprados, espiroquetas, mafiosi, dólares na cueca, Genoinos, Delúbios, etc e tal, e tal, e tal?

26 - Se o presidente anterior "perdoasse" a dívida de tantos amigos?

27 - E se o filhinho do presidente anterior, fosse tão espertinho quanto o filhinho "empresário" do presidente atual?

28 - Se, por medida de segurança, as despesas do Planalto tivessem aumentado tanto?

29 - Se alguma ministra mal-amada (por onde anda o incompetente argentino/francês que não resolve o problema dela?) do presidente anterior nos mandasse relaxar e gozar?

30 - Se a primeira dama anterior não fizesse porra nenhuma mas lhe fosse outorgado cartão de crédito ilimitado?

31 - Se o presidente anterior arrumasse milhares de empregos para os "cumpanhêro" a fim de melhor repartir o butim?

32 - Se algum "aspone" do presidente anterior nos mandasse tomar no ... top, top, top, todas as vezes que caísse algum avião?

33 - Se o presidente anterior vivesse eternamente encarrapitado num palanque (bons tempos dos comícios em porta de fábrica) a desancar as "zelite" e declarar sempre que não sabia de nada?

34 - E por falar nisso, se a frase símbolo do governo anterior fosse “EU NÃO SABIA"?

35 - Se o presidente anterior fosse amiguinho do presidente mais corrupto que o senado já teve?

36 - E se o presidente anterior, de uma hora para outra, fosse buscar dentre os 300 picaretas, pelo menos 299, para a maior confraternização e todos virassem seus amigos de infância?

37 - E se o presidente anterior, à falta de quadros competentes no seu partido, fosse buscar entre os que antes combatia, o presidente do Banco Central...?

38 - E se no governo anterior, o leite contivesse soda cáustica?

39 - E se algum ministro do presidente anterior declarasse alto e em bom som que soda cáustica no leite não faz mal?

40 - E se a gente mandasse o tal ministro dar um copinho desse leite à mãe dele?

41 - E se o presidente anterior arumasse um empreguinho no Ministério da Pesca para a mulher daquele padre assassino das Farc? Será que é legítimo ter em cargo de confiança alguém ligado a um criminoso internacional preso por integrar um grupo que pratica o seqüestro, o terrorismo e o tráfico de drogas? Querem o salário e o nome dela? Angela Maria Slongo, Oficial de gabinete II, com salário de DAS 102.2. Não tenho idéia do que significa esse código cabalístico mas deve ser coisa muito boa. Sabem quem exigiu a contratação da meliante? A "cumpanhêra" Dilma.

42 - Em vista disso tudo, o que hoje, a malta do PT estaria fazendo, hein? No mínimo, dançando numa perna só ou subindo pelas paredes. Sinceramente...! Porventura, alguém sabe em qual inferno anda o PT? Deve ser o 5º!

Cartas à Redação.

A SENTENÇA DETERMINANTE:

Tendo em vista os sucessos acima descritos, cuido que esta frase do Eça de Queiroz, publicada ontem na coluna de Hélio Fernandes, no jornal Tribuna da Imprensa, disse pouco mas disse-o bem:

"Os políticos e as fraldas devem ser mudados freqüentemente e pela mesma razão".

hucaldas@gmail.com

sexta-feira, junho 06, 2008

UM TRAÇO DESENHADO PELO VENTO


Celso Japiassu

Deita o dia e a escuridão
define a silhueta de um retangulo.
Meninos assombrados investigam
as bordas do sono.

Tecido na vertigem,
o espaço dos bordados aparece
enquanto insetos se movem
e o quarto absorve os movimentos.

O relógio estende o próprio tempo
e revela seu segredo,
mastiga os minutos em silêncio
e acompanha o ressonar da noite.

O afogado respira, move-se no ar,
os gestos aproximam-se de um rosto
e a escuridão marca o rítmo da fala,
cerra seus olhos e toca sua boca.

Os meninos andam sobre as cores
que tingem o caminho das águas
e lambem as gotas de orvalho
represadas nas pétalas de um lírio.

Relêem confissões, a tempestade
os adormece, eles percorrem labirintos
enquanto assistem ao despertar do dia
num traço desenhado pelo vento.