
Celso Japiassu
Deita o dia e a escuridão
define a silhueta de um retangulo.
Meninos assombrados investigam
as bordas do sono.
Tecido na vertigem,
o espaço dos bordados aparece
enquanto insetos se movem
e o quarto absorve os movimentos.
O relógio estende o próprio tempo
e revela seu segredo,
mastiga os minutos em silêncio
e acompanha o ressonar da noite.
O afogado respira, move-se no ar,
os gestos aproximam-se de um rosto
e a escuridão marca o rítmo da fala,
cerra seus olhos e toca sua boca.
Os meninos andam sobre as cores
que tingem o caminho das águas
e lambem as gotas de orvalho
represadas nas pétalas de um lírio.
Relêem confissões, a tempestade
os adormece, eles percorrem labirintos
enquanto assistem ao despertar do dia
num traço desenhado pelo vento.
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