sexta-feira, dezembro 27, 2013

O corpo na arte

Plínio Palhano

A arte rupestre tinha o aspecto mágico: o artista acreditava que, representando o lançamento do dardo sobre o animal, este seria morto e a caça se consolidaria. O espírito prático predominava porque era a conquista do alimento. Quando digo o corpo na arte, entendo que a arte do artista acompanha a sua constituição física e espiritual. Quando ele cria o fetiche da morte do animal, ele está utilizando o instinto, seus músculos, membros superiores e inferiores para realizar a obra. Todo o seu cérebro e sua emoção estão voltados para o lado da sobrevivência imediata. O artista utilizava-se da força física principalmente para reunir os materiais de sua arte encontrados na natureza e colocá-los em formas no suporte, em pedras, nos lugares mais inusitados, o que exigia um sacrifício físico de dimensão extraordinária. As questões complexas e espirituais ainda não predominavam. Apesar de serem obras de uma estonteante beleza instintiva que fizeram artistas contemporâneos se voltarem para essa arte primitiva como algo de mais puro e verdadeiro.


Com o tempo, o artista procurou a imitação da natureza, as medidas, as expressões do mundo exterior como a forma mais perfeita para a representação. Foi quando ele começou a unir o cérebro e o coração. A razão e a emoção. Os aspectos apolíneos e dionisíacos. Que fazem a parte superior do corpo na concepção da obra de arte. O artista começa a pensar a arte como veículo do espírito.  Movimenta-se nas formas, fala uma linguagem com os signos próprios. Mas, até muito tempo, a atividade nas artes plásticas era considerada inferior; o artista, então, não estava no mesmo patamar dos poetas, filósofos, cientistas... Após o mergulho na Idade Média, surge, no Renascimento, como um ser múltiplo e pensador. A sua assinatura nas obras começou daí. Antes, não as assinava ou não se preocupava com isso, talvez por ser visto como simples artesão, embora realizasse trabalhos de arquitetura, pintura, escultura, e todos os tipos de obra de forma genial, que se integravam à vida. 


Após as revoluções a partir do Impressionismo — no início do século XX e alcançando os nossos dias —, que mudaram totalmente o olhar do artista sobre a natureza e sobre ele mesmo, com que parte do corpo nós estamos lidando quando se trata de arte.

Plínio Palhano é artista plástico

terça-feira, dezembro 24, 2013

Feliz Natal



Hugo Caldas

 A partir do mês de novembro é impossível, amigos leitores  esquecer que o Natal está chegando. Luzes coloridas decoram o centro das cidades, casas, lojas, escritórios, repartições do governo, juntamente com miríades de outras decorações brilhantes, e a indelével neve artificial, perpetrada nas vitrines dos Shopping Centers, em flagrante contraste com o nosso momento mais infernal, nossos maiores calores nessa época do ano. Uma canícula de 40 graus.

Nas ruas e logradouros Árvores de Natal gigantescas, nas lojas árvores menores, geralmente de plástico, também decoradas com mais luzes e outros enfeites natalinos. Tudo é um apelo desenfreado às compras, cujo resultado será fatalmente cobrado na fatura do mês de janeiro. Nos bares e lanchonetes o vil expediente da "caixinha, obrigado", "cadê as minhas festas", sem falar na proliferação ridícula de vários papais-noéis, pobres criaturas submetidas em suadas e malcheirosas roupas vermelhas, para a aflição extrema das crianças, nada tendo a ver conosco e as nossas tradições.

Mas há outras pessoas, eu incluso, que esperam e sonham com algo mais do que a obrigação pétrea de comprar presentes. Dos comes e bebes e do som irritante das harpas paraguaias. E muito principalmente do supremo desprendimento ao tirarmos por menos àqueles que ao longo do ano tentaram puxar o nosso tapete e então com a cara mais lisa desse mundo chegam para nos desejar "Feliz Natal, Boas Festas" ...

De alguma forma, acho eu, para vivermos um bom natal, deveríamos todos voltar a um tempo indefinido da nossa infância ou algum outro bom momento do passado, porque o Natal é isso, infância. Quando a vida era mais simples e fazia mais sentido, muito antes que os problemas da vida adulta dessem o ar da sua graça. Sinto que por trás de toda essa parafernália, dessa comemoração desregrada, rega-bofes, perus, presentes, decorações, deve e tem que haver algo mais. Uma mensagem. Por pequena que seja. Algum sentido para a vida, uma nova esperança, um novo entendimento, um sonho de felicidade. Você, que me leu até aqui, está querendo este ano, passar o melhor Natal da sua vida? Muito bem, para se ter um Natal inesquecível a primeira coisa a fazer é se questionar sobre o que você está celebrando. Vamos, pergunte a si mesmo. Lembre-se, o Natal é acima de tudo uma Festa de Aniversário. E todos nos esquecemos do Aniversariante.

O 25 de dezembro foi o dia escolhido para lembrar o nascimento de Jesus Cristo. O Filho de Deus. Um pequeno bebê que nasceu cerca de 2000 e tantos anos atrás para ser o Salvador do Mundo. Tenha isso em mente. Feliz Natal, amigos e leitores.

domingo, dezembro 22, 2013

EUREKA...


Eleições: nada de novo no front

 Ipojuca Pontes

 Conforme dito e sabido, 2014 é o ano das eleições presidenciais. Em que pese o escândalo do mensalão, ou justamente por causa dele, Lula da Silva, agora portando bigodinho de fazer inveja ao Valete de Paus do baralho Copag, reapareceu em cena para  garantir ao distinto público que o PT irá permanecer no poder, no mínimo, até 2020, ou 2024, quem sabe com ele próprio, já em idade provecta, aboletado na macia cadeira do Planalto –  quebrando, assim, o recorde da ditadura dos milicos, que durou 21 anos.
     
A corriola do PT é escolada. Para se manter no suntuoso trono de Brasília seus asseclas fazem de um, tudo (como se diz nas feiras populares nordestinas). Por exemplo: no final do ano, o Palácio do Planalto, para evitar surpresas e situar melhor a candidata Rousseff, contratou a peso de ouro os serviços de alguns institutos de pesquisas   para saber, em caráter sigiloso, como anda a cabeça do eleitor até as vésperas das eleições, em especial depois das manifestações que tomaram conta do país a partir de junho passado.
    
Diante do fato, a oposição protestou:   além do dinheiro do contrato ser público, a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação impede o caráter sigiloso das pesquisas. Para a oposição, a partir de dispositivos legais, no momento mesmo em que os institutos repassam as informações aos órgãos públicos, essas informações se tornam automaticamente públicas.
    
Claro, como esperado o governo tirou de letra a chiadeira. E a tola oposição descobriu mais uma vez que, entre nós, em matéria de leis eleitorais, a expressão Dura Lex Sed Lex só funciona na base do Gumex!
    
Contudo, nos bastidores do poder, apesar do pleno funcionamento da máquina petista e do apontado favoritismo nas pesquisas, há quem garanta que a presidenta Rousseff anda intranqüila. De fato, o ano é fatídico.

O economista Delfim Neto, seu ex-guru, vaticinou para 2014 o desabar de uma “tempestade perfeita”, fenômeno que incorpora, de uma só vez, a disparada do dólar, o aumento da taxa da inflação, a fuga de capitais e a redução das notas de classificação do Brasil nos mapas dos organismos financeiros internacionais. Ou seja, ausência de desenvolvimento e mais desajuste social.
  
(Por sua vez, não há como negar que o país se encharca na desenfreada corrupção pública e privada, na incúria administrativa e nos estratosféricos índices de violência,  traduzidos, segundo o Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no elevado tráfico (e consumo) de todo tipo de droga e na formidável ocorrência de mais de 50 mil homicídios anuais, excluídos os casos de roubos, estupros, pedofilia, etc.)
    
Num país com uma oposição atuante, a simples menção da expressão “tempestade perfeita”, com toda carga negativa que ela carrega, já faria o governo tremer nas bases. Mas não no Brasil. Como inexiste oposição no pedaço, não há por que temer a derrota de Dilma Rousseff, preposto de Lula, nas  próximas eleições presidências.
    
Com efeito, o que temer, por exemplo, de Aécio Neves, candidato que, flagrado em contravenção, deixa de lado o veiculo que dirige e foge às pressas, como um rato, do teste do bafômetro? Ou de um César Maia, cria de Brizola e da Cepal comunista, cujo objetivo político é privilegiar o funcionalismo público caboclo e ampliar o controle do Estado sobre a população? Ou mesmo da conflituosa dupla Marina Silva-Eduardo Campos (segundo se diz, filho de Chico Buarque), em essência seguidora dos mesmos postulados ideológicos que regem Lula, Dilma, PT e as práticas totalizantes do Foro de São Paulo? Resposta irrecorrível: mais do mesmo.
    
Não há, portanto, com que o governo se preocupar. Se a oposição se preparar com afinco e atuar de forma vigorosa nos próximos dez anos, talvez depois de 2024, como quer o Dr. Lula, chegue ao poder. Até lá terá de suportar as distintas “tempestades perfeitas” que na certa virão por ai.

sábado, dezembro 21, 2013

Nelson Rodriguenas


“A constante do ser humano é a burrice. Para um gênio há dez milhões de imbecis”...


sexta-feira, dezembro 20, 2013

Pobre Venezuela... cada povo tem o ignorante que merece...



Durante uma coletiva de imprensa, Maduro decretou três días de luto nacional pela morte daquele a quem chamou seu "Camarada" Nelson Mandela, e mostrou uma foto do ator Morgan Freeman, enquanto dizia: "Este é outro que cuida por nós lá em cima junto com Chavez". Será que avisaram ao Mr. Freeman que ele morreu???

quinta-feira, dezembro 12, 2013

O Clipe do Dia



E eu que ficava horas arrumando o cobertor à noite....agora aprendi!!!! Prático e inteligente. Boa noite!

sexta-feira, dezembro 06, 2013

A Casa da Mãe-Joana...

Isabel Braga, O Globo
 

Com uma galeria repleta de crianças de uma escola que assistiam à esvaziada sessão desta quinta-feira no plenário da Câmara, o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o deputado Sebastião Bala Rocha (Solidariedade-AP) protagonizaram um bate-boca acirrado, que incluiu até mesmo palavrões proferidos nos microfones, em alto e bom som.

A briga entre os dois começou porque, irritado com a atitude de Bala Rocha, que derrubou a sessão e evitou a votação de um projeto, Chinaglia provocou-o, dizendo que não tinha sido algemado em sua vida, referindo-se a Bala Rocha, que já foi preso, em 2004, na Operação Pororoca.
- Só tenho a dizer uma coisa: graças à minha formação, nunca fui algemado na minha vida! Sem titubear, Bala Rocha, no microfone, disparou:

- Eu fui injustiçado, seu porra, seu filho da puta!

(Pano Rápido)

Clicar no link para assistir ao vídeo. Bate-boca e palavrão nos microfones do Congresso

quinta-feira, dezembro 05, 2013

A LUZ QUE SE APAGA E A ESCURIDÃO QUE SE APROXIMA


Carlos Chagas

Confirmam amigos chegados ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa: ele pedirá aposentadoria antes de ser sucedido, em abril do próximo ano, pelo ministro Ricardo Lewandowski, na direção maior do Poder Judiciário. Motivo: o desmonte do  mensalão,  que começará logo depois da mudança na presidência da mais alta corte nacional de Justiça.
Como? Através de manobra já engendrada pelo PT e pelos advogados dos mensaleiros, com a aquiescência de Lewadowski, que permitirá a REVISÃO dos processos onde foram condenados 25 implicados num dos maiores escândalos da história da República. Estaria tudo coordenado, apenas aguardando a mudança da guarda.  Apesar de a revisão de processos constituir-se em exceção na vida dos tribunais, pois acontece apenas com o surgimento de fatos novos no histórico das condenações, já estariam em fase de elaboração os recursos de quase todos  os hoje condenados, a cargo de advogados regiamente remunerados, junto com outros ideologicamente afinados com o poder reinante.
Nada aconteceria à margem de discussões e entreveros jurídicos, mas a conspiração atinge a composição atual do Supremo Tribunal Federal. E a futura, também. O término do mandato de Joaquim Barbosa na presidência da Corte Suprema marcaria a abertura das comportas para a libertação dos criminosos  postos atrás das grades e daqueles que se encaminham para lá.
Joaquim Barbosa não estaria disposto  a assistir tamanha reviravolta, muito menos a ser voto vencido diante dela. Assim,  prepara seu desembarque. Pelo que se ouve, não haverá hipótese de mudar a decisão já tomada, mesmo ignorando-se se aceitará ou não transmudar-se para a política e aceitar algum convite para candidatar-se às eleições de outubro. Tem até abril para decidir, apesar das múltiplas sondagens recebidas  de diversos partidos para disputar a presidência da República.
A informação mostra como são efêmeros os caminhos da vida pública. Até  agora vencedor inconteste na luta contra a corrupção, reconhecido nacionalmente, Joaquim Barbosa pressente a curva no caminho, não propriamente dele, mas dos mesmos de sempre, aqueles que conseguem fazer prevalecer a impunidade sempre que não se trata de punir ladrões de galinha.
Afinal, alguns meses de  cadeia podem machucar, mas se logo depois forem revogados através de revisões patrocinadas pelas estruturas jurídicas postas a serviço das elites, terão passado como simples pesadelos desfeitos ao amanhecer.  Não faltarão vozes para transformar bandidos em heróisA reação do ainda presidente do Supremo de  aposentar-se ficará como mais  um protesto da luz   que se apaga contra a escuridão que se aproxima.
O IMPERATIVO CATEGÓRICO
Enquanto esse horror não se configura, seria bom meditar sobre o sentimento ético. Pode-se ceder diante do império das circunstâncias, Mas existe entre nós, indivíduos e nações, o imperativo categórico de que falava Kant, o incondicional comando de nossa consciência para agir como se a máxima de nossa ação fosse tornar-se uma lei universal da natureza.  Há que evitar  o comportamento que, se adotado por todos, tornaria a vida social impossível. Embora possamos adotar a mentira, não  poderemos aceitá-la como alternativa.
Uma decisão da Justiça não é boa porque trás bons resultados, nem mesmo porque é sábia, mas porque é feita em obediência ao senso do dever e em consonância com o imperativo categórico. Ética não é a doutrina de nos fazer felizes, mas de tornar-nos dignos da felicidade. Qualquer ladrão poderá triunfar se conseguir roubar o bastante?

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Ladeira abaixo

Carlos Mello

O leitor que se aventurar até a quarta ou quinta linha, mudará imediatamente de leitura, pois pensará “lá vem outro velho a falar mal da Internet e a querer parar a marcha do progresso”. Pois bem, não estará totalmente equivocado, pois embora não queira perder tempo falando mal da técnica, tenho de dizer – para quem quiser ouvir – que o computador veio, sim, em prejuízo da leitura das obras clássicas, empobrecendo ainda mais a inteligência e a cultura contemporâneas. Mas, dirão apressadamente, já existe o e-book, não há mais necessidade desse objeto obsoleto e incômodo chamado livro. Será verdade?

A leitura de obras clássicas – ou de qualquer obra que ultrapasse o ramerrão comum da subliteratura – requer um certo nível de concentração. Ora, hoje quase todo mundo gasta um tempo enorme em frente à tela do computador. Não é por acaso que há tantos jovens com necessidade de óculos, devido à radiação que emana da tela. Mas há outro fato alarmante: as pessoas ora estão no Facebook, ora no blog, ora no Google, ora escrevendo para um amigo, ou lendo o noticiário de algum provedor – e essas mudanças de uma tela a outra se dão em questão de minutos, já que tudo é sucinto, superficial e rápido.

Ao saltar freneticamente de uma tela a outra, cria-se o chamado “cérebro de pipoca” – desatento às coisas mais importantes e permanentes.  Esta estimulação constante torna-se com o tempo uma segunda natureza, da qual será difícil desarraigar-se para processar a vida que está longe das telas – e que antigamente se chamava “realidade”. Quanto mais Facebook – ou qualquer outro similar – menos concentração. Efeito, aliás, recebido com palmas pelos que preferem o público absorto e alienado de seus problemas reais.

Outro problema é a ilusão em que caem muitos internautas de que se acham super bem informados e em dia com os últimos acontecimentos. Mas quais acontecimentos? Basta entrar na página inicial de qualquer provedor para avaliar do teor das notícias. A grande maioria refere-se ao que “os famosos” andaram fazendo nas últimas horas – se foram à praia, se estão malhando em alguma academia, quem está comendo quem...  E também a catadupa de faits divers – cachorro que foi encontrado abandonado, assaltos, acidentes, inaugurações – entrando em tudo isso a antiga e permanente prática de incluir “notícias” que vêm em benefício de alguém ou de algum produto ou marca – o velho e bom “jabaculê”.

Não é de estranhar que cada vez as pessoas se expressem de forma mais confusa e pobre. Se alguém se der ao trabalho de ler os comentários às notícias veiculadas pelos sites, constatará que além da dificuldade em usar corretamente a língua – desprezo pela gramática (sem a qual é impossível falar correta e claramente), abundam os erros crassos de ortografia e sintaxe, os lugares comuns e as platitudes abomináveis – tudo isso condicionado por uma luxuriante ignorância. Quando, no século passado, Napoleão Mendes de Almeida afirmou que, devido à péssima condição do ensino da língua, estávamos adotando “uma linguagem de babás e trombadinhas”, foi crucificado e arrastado pelas ruas como elitista e fascista (é fácil empregar esses termos, servem pra tudo e evitam o trabalho de pensar com honestidade). “Babás e trombadinhas” – deveria ter ele explicado - não são pessoas desprezíveis, mas sim compatriotas nossos, desprezados por um sistema educacional iníquo e incompetente, que trata a língua materna como uma lata de lixo. Como comentava sabiamente Machado, em um de seus romances: “Valha-me Deus! É preciso explicar tudo”.