quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Jornal da Aliança


Apropriação indébita

Denis Lerrer Rosenfield
 

A esquerda, sobretudo a de orientação marxista, em suas várias vertentes, ficou completamente desorientada após a queda do Muro de Berlim e a derrocada da União Soviética. Suas bandeiras e seus princípios foram lançados por terra, mostrando uma discrepância aterradora entre a realidade totalitária e os princípios supostamente humanistas.
 

Um caso interessante dessa desorientação foi a apropriação operada pela esquerda da doutrina dos direitos humanos, como se fosse coisa sua. Isso é particularmente visível no Brasil. Ora, a doutrina dos direitos humanos, no século 20, foi um instrumento dos dissidentes soviéticos e dos países do Leste Europeu para reclamar do controle totalitário e autoritário seguido por seus respectivos governos.
 

Clamavam eles por liberdade de expressão, de imprensa, de publicação. Lutavam pelo direito de ir e vir, que lhes era proibido. Andrei Sakharov, na extinta URSS, e Vaclav Havel, depois presidente da República Checa, foram símbolos importantes dessa época. Ou seja, os direitos humanos foram elaborados e usados contra os governos de esquerda, de modo a que viessem a aceitar uma liberdade necessária, de valor universal.
 

Nessa perspectiva, Yoani Sánchez, dissidente cubana e colunista do Estadão, nada mais faz do que se colocar como herdeira dessa tradição dos direitos humanos. Cuba, governo de esquerda tão prezado por alguns setores do nosso país, é um esbirro caribenho dos governos comunistas. Por via de consequência, os defensores da ditadura dos irmãos Castro são liberticidas que desprezam profundamente os direitos humanos.
 

A vergonha, usando um termo brando, das manifestações esquerdistas, com seus apoios partidários, contra a dissidente cubana mostra o quanto certos setores da esquerda em nosso país continuam presos aos dogmas totalitários do século passado. Uma visitante impedida fisicamente de falar é um exemplo de como essa doutrina, que deveria ter um valor universal, é pervertida ideologicamente.
 

O governo brasileiro tem uma Secretaria de Direitos Humanos. O curioso é a seleção que opera dos valores ditos universais. Se um policial morre no cumprimento do dever, o mutismo é a regra, como se não fosse algo universal. Se um invasor do MST é preso, lá vão os companheiros conclamando o respeito aos direitos humanos. Eloquente também é a omissão do governo na questão dos direitos humanos em Cuba. 

A contradição é flagrante.
 

No caso de Yoani Sánchez, o silêncio da Secretaria de Direitos Humanos é de furar os tímpanos. Será que não há nada a ser dito? Nem indignação a ser externada acerca de grupos que usam da violência para impedir a liberdade de expressão do pensamento de uma digna representante dos direitos humanos?
 

O outro lado da apropriação manifesta-se no uso que se tornou corrente do politicamente correto, como se fosse a outra face dos direitos humanos. O mais interessante aqui consiste nas restrições que operam na liberdade de escolha, como se fosse um valor que deveria ser relativizado em função de "bens" supostamente maiores.
 

Há setores da esquerda brasileira, do PT aos tucanos, passando pelo novo partido de Marina Silva, que importam o purismo religioso comportamental dos EUA enquanto símbolo da nova esquerda. Os liberals americanos, cuja tradução correta deveria ser trabalhistas ou social-democratas, para distingui-los dos verdadeiros liberals, os liberais no sentido inglês do termo, estariam fornecendo os novos parâmetros da esquerda. Não deixa de ser interessante constatar que os discursos antiamericanos vêm acompanhados da importação da ideologia esquerdizante norte-americana.
 

O politicamente correto brasileiro está importando as cotas raciais americanas, apelando para posições morais, como se a solução da miséria no Brasil passasse pela introdução de uma nova forma de racialismo, discriminando, em sentido inverso, as pessoas pela cor. Pior ainda, pela autodeclaração da cor, o que aumenta ainda mais o componente ideológico dessa diferenciação/discriminação. O valor universal da igualdade entre as pessoas perde-se no ralo.
 

Outra importação é a das restrições à liberdade de fumar e mesmo, por extensão, as tentativas de interferência na própria produção de tabaco, produto, aliás, importante da pauta de exportação brasileira. Não se trata, evidentemente, de defender o direito de alguém dar uma baforada na cara de outro, mas tão simplesmente de guardar o respeito à liberdade de escolha de cada um em lugares adequados e separados. Marina Silva chegou a considerar a indústria do tabaco como "algo sujo", quando se trata de um setor que se caracteriza pelo desenvolvimento sustentável em sua área agrícola, cultivada por agricultores familiares.
 

Exemplo ainda é a campanha crescente, e que só tende a aumentar, contra o consumo de álcool, alcançando proibições draconianas na direção de veículos. Beber está se tornando um ato que vem a ser identificado com dano irremediável à saúde, podendo se traduzir até pela morte do próximo. Estamos voltando ideologicamente à doutrina da lei seca americana, revigorada de outra maneira pelo purismo comportamental religioso.
 

Mais uma questão que se encaixa nessa "cruzada" do politicamente correto é o controle quase total da liberdade de escolha dos cidadãos, no exercício legítimo - e universal - do direito à autodefesa. As campanhas em curso pelo desarmamento, deixando as pessoas de bem completamente à mercê de criminosos, num Estado incapaz de assegurar a segurança física de seus cidadãos, mostram o quanto a liberdade se está tornando um valor relativo em função de supostos bens maiores.
 

Os direitos humanos, tais como foram elaborados e defendidos no século 20, inclusive pelos críticos dos governos de esquerda, apresentam posições de defesa irrestrita da liberdade de escolha em todos os seus níveis, contra as ideologias coletivistas e totalitárias.
 
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS. 
E-mail: denisrosenfield@terra.com.br.

A Frase do Dia


"Era bom ter uma porta que a gente abrisse e ia pra França. Abria de novo e vinha pro Brasil".

Gabrielzinho, 5 anos, meu neto, esparrramado no chão da sala, desenhando, entrando em conversa de gente grande, palpitando sobre saudades e distâncias.

A Foto do Dia

Ame, mas não esquente a cabeça...

Adios Muchachos...


 Como eu não temo o fogo eterno aqui vão umas poucas coisas sobre o Papa Retzinger que hoje sai de campo. Vi muita gente, desde Cardeais à ralé, a beijar-lhe a mão como se santo ele fosse. Imagina se ele tivesse saído há pouco de uma visitinha ao toalete! É de uma ignorância comovente. Gente, ele é gente como a gente. Faz cocô, xixi, e solta pum! Talvez até tenha mau hálito. Palita os dentes e dá arroto. Não é santo coisa nenhuma. Se bem que ele é "assim" com os homens lá de cima e até se auto-intitula, Sucessor de São Pedro e representante de Cristo na Terra. Presunção e água benta... Vade retro Herr Bento, Castel Gandolfo te espera.
 

Em tempo: a sargentona, finalmente se manifestou!

Clipe do Dia


Maravilha da engenharia. Mas, cadê o fogo?...

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

A Frase do Dia


Duas coisas há que exigem cama imediata: gripe e amor” Abgar Renault, 1901-1995.

O último bolero

Palmarí de Lucena


            Imperceptíveis na balbúrdia do salão de festas, os primeiros acordes de um antigo bolero. Explorando a cadência do ritmo, casal idoso ensaiando seus primeiros passos. Movimentos simples, em perfeita sincronia com o som. Força do hábito, alguém comentou, eram companheiros de vida e de dança. Chegaram ao centro do dancing subitamente, os demais convidados permaneceram nas suas mesas ou nas bordas do quadrilátero. Plateia observando, mesmerizada com a beleza sútil dos movimentos, um pas-de-deux, sem as pegadas ou piruetas clássicas.

Corpo arqueado, olhos semicerrados, toque de sensualidade espremido na sua pequena boca, a bailarina se movia,  etérea, espelhando os passos do seu par. Ares de  bon vivant, sorriso apaixonado, quase tímido, o homem comandava. Empurrando, puxando, girando ou travando sua parceira, com o cuidado,  a beleza e a ternura de um acalanto. Dançaram por toda a noite.

            Evento inusitado. Palestra sobre câncer de próstata, seguida por uma degustação de vinho do Rio São Francisco e um jantar dançante. Perdidos no ecletismo da ocasião, muitos optaram pela conversa leve e socialização nas suas mesas. Festa começando repentinamente, música maestro!  Distraídos ou engajados, poucos notaram a presença dos nossos Fred e Ginger. Outro bolero, tomaram o salão imediatamente. Como movidos pela força centrífuga dos seus giros, outros pares surgiram.

            Corredor do hospital, pessoas movendo silenciosamente, rostos preocupados, outros rezavam discretamente. Reconhecemos imediatamente o casal de mãos dadas, chorando  baixinho, os bailarinos das festas do clube do vinho.  Envelhecidos. Dor, tristeza e fadiga, os olhos vermelhos diziam tudo. Sofrendo de um mal incurável, sua única filha parecia viver em tempo emprestado. Morte esperando acontecer, estava tudo nas mãos de Deus.

            Morte da nossa bailarina anunciada no jornal. Elegância, leveza e paixão a seguiram pela eternidade, enfrentando as alegrias e os pesares de um salão distante. Dança bailarina, dance sempre seu último bolero...  

Palmarí de Lucena é membro da União Brasileira de Escritores 
http://palmarinaestrada.blogspot.com.br/

Do you speak English?


Lourival Sant’Anna, de O Estado de S.Paulo

Baixa proficiência de inglês no Brasil expõe deficiências no sistema de ensino. Mesmo com uma grade curricular que contempla ao menos oito anos de aulas do idioma, o País ficou em 46º lugar em um ranking de desempenho que levou em conta 54 países onde a língua não é nativa

Disfarçado de turista estrangeiro, o repórter do Estado fez essa pergunta a 110 pessoas que passavam pela esquina da Avenida Paulista com a Rua Haddock Lobo. Dessas, 22 responderam que sim, e conseguiram explicar em inglês, com diversos graus de fluência, como chegar ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), a 500 metros dali. Uma em cada cinco.

Isso, num dos pontos do País por onde transita mais riqueza e, com ela, a maior proporção de profissionais liberais e empregados de grandes empresas.

Todos os 88 que responderam “não” aparentavam ter concluído ao menos o ensino médio e, portanto, ter passado no mínimo oito anos tendo duas aulas de inglês por semana. “No, sorry”, desculparam-se alguns, antes de emudecer.

Dois policiais militares - cuja corporação exige o ensino médio - ficaram olhando, até que um deles balbuciou: “no stand”, querendo talvez dizer “we don’t understand” (não entendemos). Os que falavam fizeram cursos particulares de inglês e até mesmo intercâmbio nos Estados Unidos e na Inglaterra, e em geral usam o idioma no dia a dia.

A Paulista é um oásis cosmopolita em um deserto monoglota. A Education First (EF), rede mundial de intercâmbio, aplicou, entre 2009 e 2011, exames em 1,67 milhão de adultos interessados em aperfeiçoar seu inglês, em 54 países onde o idioma não é nativo. O Brasil ficou em 46.º lugar, atrás de países como Argentina, Uruguai, Irã, Peru, China, Venezuela e Síria. A nota média obtida pelos brasileiros, 46,86, colocou o País no pior nível, o de “proficiência muito baixa”.

De acordo com o relatório da pesquisa, quanto melhor a posição do país no ranking, maior a renda e o valor de suas exportações per capita, maiores os gastos com pesquisa e desenvolvimento, mais usuários de internet por 100 habitantes, mais alto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), maiores o gasto público com educação e o nível de escolaridade da população. O estudo indica que o conhecimento de inglês está para a economia assim como a infraestrutura.

Luciano Timm, diretor de Marketing da EF no Brasil, observa que grande parte dos trabalhos que resultam no Prêmio Nobel é feita em colaboração. “O cientista só pode colaborar se falar inglês.” Esse é também o idioma dos negócios e das relações internacionais, adotado, por exemplo, na União Europeia, apesar de o francês ser a língua nativa do maior número de países membros, a começar pela sua sede, a Bélgica. Timm cita o filósofo austríaco naturalizado britânico Ludwig Wittgenstein: “Os limites da linguagem significam os limites do meu mundo.”

O repórter esteve em 35 dos 54 países. Neles, escolas de idiomas não são tão comuns como no Brasil. Quem fala inglês em geral aprendeu no ensino regular.

Ensino. Para o sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), a baixa colocação do Brasil no ranking é compatível com outras comparações internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que testa a compreensão de leitura, matemática e ciências. No último exame, divulgado em 2009, o Brasil ficou em 57.º, de um total de 74 países. Há um problema geral de qualidade de ensino.

Dos cerca de 2 milhões de professores do nível fundamental e médio do Brasil, 182 mil ensinam inglês (134 mil na rede pública e 48 mil na particular), segundo o Ministério da Educação. Com duas aulas por semana ao longo de oito anos, “daria para ensinar muita coisa”, atesta Vinícius Nobre, presidente do Braz-Tesol, que reúne 2 mil professores da língua. Inglês parece ser uma disciplina de segunda classe. “O inglês entrou no currículo como algo obrigatório, cuja necessidade não era comprovada”, analisa Nobre. “É sempre a aula de inglês que é cancelada quando tem reunião de pais ou festa junina.”

Kelvin Oliveira, de 17 anos, conta que só começou a estudar inglês na 7.ª série, embora o ensino da língua seja obrigatório a partir da 5ª. “Na 6.ª série, a professora entrou de licença e não tive nenhuma aula”, diz o jovem, que na época estudava em uma escola municipal no Jardim Rodolfo Pirani, no extremo leste de São Paulo. “Na 5ª, não lembro de ter tido inglês.”

Hoje aluno do 3.º ano em uma escola estadual, Kelvin é aficionado pela língua: “Eu sempre quis ver a neve.” No ano passado, prestou a seleção para o programa Jovens Embaixadores, do governo americano, que envia estudantes para os Estados Unidos, mas não passou. Em dezembro, graças a sua intimidade com computadores, conseguiu estágio na rede Acessa São Paulo e, com o salário de R$ 390, passou a pagar escola de inglês. Além disso, ingressou no Curso de Inglês Online da Secretaria Estadual de Educação. Resultado: passou em nova seleção dos Jovens Embaixadores e vai ficar três semanas nos EUA em janeiro, começando por Washington. Onde verá muita neve.

Para analisar e pensar...

 Recebi de um amigo esta impactante reflexão, que se aplica a todos os países do mundo.

O ladrão comum te rouba: O dinheiro, o relógio, a carteira, o carro e o celular.
 
O político te rouba: A felicidade, a saúde, a tua casa, a tua educação e até o teu trabalho.



O primeiro ladrão te escolhe... 
O segundo ladrão: Tu escolheste pelo voto!
 

Fotopotoca

A minha renuúúúncia
Enche-me a alma e o coração de téééédio

Cadê Anco?

  
 Uma fatia de pizza repousa suavemente ao lado de um chopp..

Anco Márcio de Miranda Tavares

No bar todo mundo é igual diz a música. Uma fatia de pizza, uma prosaica e simples fatia de pizza, repousa suavemente ao lado de um copo de cerveja tirado com muita espuma, pra ser mais exato, um copo de chopp com delicadas manchas de batom na borda, delicadas marcas de batom vernelho carmin.

O ambiente esfumaçado não tira o romantismo do lugar e a perna da morena semi aparecendo na nesga da saia excita a todos. Seu cantar murmurado excita a todos os homens presentes que pensam estar vendo a derradeira mulher que eles vão ter em seus braços sequiosos de amor e paixão.

O cantor de cabaré se esgoela com as notas mais altas e o garçom passa com uma bandeja carregada com mais uma rodada. E o ambiente se torna pura fantasia escondendo os muitos amores existentes naqueles pobres corações apaixonados pela cantante do cabaré numa última tentativa de se reconciliar com o mundo.

Uma briga violenta estoura num canto do bar e quase ninguém presta atenção, quase ninguém olha ou se comove. São apenas dois bêbados que medem força para ver quem fica com o lugar mais perto da garrafa. A meretriz acabou de soltar os últimos gemidos e espera a paga pelo gozo.

O anão argentino subiu numa das mesas e canta um tango com voz dolente, como se aquela fosse a última música de sua vida. Sua companheira, uma loira oxigenada se preocupa em se curvar e mostrar a curva dos seios fartos que escapam do vestido rubro carmin de muitas noitadas.

O dono avisa que o bar vai se fechar e pede que saiam os últimos boemios do lugar, pede que todos se retirem pois vai haver um solene strip tease que vai chocar a todos. Os homens se recolhem à sua insignificancia e as mulheres dão as últimas cruzadas de pernas mostrando as brancas calcinhas.

www.ancomarcio.com

Clipe do Dia


TPM ? Sei!

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Ponderar é preciso


 


  Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
 
Quem conta um conto aumenta ou diminui os pontos como melhor lhe convém. Assim faz o PT em seu relato sobre os dez anos do partido no poder, "gloriosos" notadamente se comparados ao período "desastroso" do PSDB.

Obviamente nem tudo é glória, mas também nem tudo é desastre.

Um governo que renegociou a dívida externa de modo a recuperar a confiabilidade internacional do Brasil, que conferiu sentido concreto aos conceitos de estabilidade monetária, de responsabilidade fiscal, essenciais para a organização do País, profissionalizou a direção da Petrobrás, extinguiu feudos políticos dos mais tradicionais ao mesmo tempo em que abria as portas da telefonia à população, não pode ser considerado exatamente catastrófico.

Tampouco pode ser visto apenas sob o prisma do puro esplendor um governo que desmoralizou o conceito de ética, escarneceu das normas de conduta, ignorou as regras do jogo eleitoral, passou a mão na cabeça dos piores tipos, achou que poderia comprar impunemente apoio de partidos no Congresso, desconstruiu as agências reguladoras, pôs em risco a Petrobrás, maquiou dados públicos como naquele passado de descrédito mundial e, na véspera de completar 10 anos no poder e 33 de fundação, teve a antiga cúpula condenada à prisão.

A cartilha comemorativa é um elogio à mistificação: da capa com desenho que remete às velhas imagens do realismo socialista a distorções grosseiras conforme demonstrado em trabalho de Gustavo Patu na edição de ontem da Folha de S. Paulo.

No "mentirômetro" há versões falsas sobre vários assuntos: posição do Brasil no ranking das economias do mundo, o crescimento do PIB por habitante nos últimos anos, a desigualdade social, a redução da taxa de pobreza e a inflação.

Ninguém espera que o PT vá esconder seus bem feitos e exaltar os malfeitos, bem como não seria de se imaginar que o partido enaltecesse o adversário.

Um pouco de comedimento e maturidade, contudo, daria ao PT um ganho no campo da honestidade, onde anda precisando se recuperar. Mas à ponderação que confere credibilidade aos discursos, o partido preferiu apresentar-se infalível.

Como um herói de faz de conta. 

O Corinthians faz escola seguindo o exemplo do seu torcedor-mor.

Cinismo

Primeiro, no melhor estilo PT, negam tudo. Nada viram, nada ouviram e nada vão falar.

Segundo, arranjaram um otário "dimenor" prá assumir a culpa aqui, na segurança da pátria-mãe tão desiludida, onde nada pega, muito menos  em "menor". Bem cômodo não?

Terceiro, ainda têm o topete de desfraldar essa faixa cínica que quer dizer em bom corinthiês "F.....  Kevin".

A questão é: combinaram também com o juiz boliviano? A Bolívia é chegada a certos arroubos, lembram das instalações da Petrobrás? Vamos ver até onde vai essa novela. O índio cocaleiro é o ator principal.

Rejeitados

Hóspedes rejeitam Renan e esposa em hotel de luxo

O senador Renan Calheiros até hoje está arrependido da decisão de passar o feriado de Carnaval em um hotel cinco estrelas na serra gaúcha. Ao trocar sua mansão na Barra de São Miguel pelo Spa de luxo, Renan e sua mulher Verônica pretendiam perder alguns quilos de gordura para enfrentar a difícil campanha pela reeleição ao Senado. Mas foram barrados pelos hóspedes do hotel, que vetaram a presença do casal nas atividades conjuntas. “O Judiciário e o Executivo podem absolver Renan, mas a gente, não”, bradou um dos indignados hóspedes.
Renan e a esposa Verônica foram barrados nas atividades do Spa em Gramado-RS
Renan e esposa Veronica arrados nas atividades do Spa em Gramado - RS
O fato ocorreu no Spa Shop – Kurotel, em Gramado, e o vexame só não foi maior porque 
o hotel ofereceu atividades individuais para o indesejado casal. O Kurotel é um dos locais 
mais procuradores por brasileiros milionários como o finado Roberto Marinho, que era 
hóspede freqüente do Spa cinco estrelas. Poucos mortais têm condições de bancar uma 
semana no paraíso gaúcho, que custa mais de 20 mil reais, sem os gastos extras.

Renan Calheiros e Verônica sentiram na pele a mesma humilhação sofrida pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello e sua ex-mulher Rosane, que também foram xingados e até ameaçados pelos hóspedes de um hotel de luxo de Minas Gerais. O fato ocorreu no Grande Hotel de Araxá, vários anos depois do impeachment de Collor, o que mostra que o povo jamais esquece os políticos que traem seus compromissos. O Grande Hotel é o hotel mais tradicional de Araxá, que oferece o requinte de um palácio e a diversão de um resort cinco estrelas.

Fonte:http://achix.achanoticias.com.br/noticia.kmf?cod=9619740&indice=0
Matéria de: Redação
(Extra Alagoas – AL)

UMA TRIBO COMO NUNCA SE VIU NA HISTÓRIA DESTE PAÍS - Parte 2


O que admiro no meu amigo David Hulak é a sua capacidade em desaparecer por uns tantos séculos, um belo dia reaparece e com a cara mais limpa desse mundo vai dizendo: "Vamos escrever uns troços aí?" Com o insólito convite aludia o meu caro amigo à nossa experiência com a "Tribo - Empreendimentos e Participações Ltda". Concordei, contanto que ele ficasse com a responsabilidade de escrever a primeira parte, ou seja, relatar o fato histórico e eu tentaria mostrar a convivência com a constelação de astros de primeira grandeza que viraram nossos sócios. Até porque estava o locutor que vos fala com uma cirurgia de catarata marcada. Agora, depois do vendaval e já enxergando direito vamos ao resto da história.

Tudo o que o David expôs na primeira parte dessas aventuras está certinho como dois e dois são cinco. Li e reli. O referido é verdade e dou fé... Veja a primeira parte clicando aqui.

No entanto, a fim de me situar adequadamente nos acontecidos, devo levá-los em viagem no tempo até os idos de 1967, ano em que produzimos o show "O Samba, a Prontidão e Outras Bossas", (título de um samba do Noel Rosa) nossa primeira empreitada de grande porte. O acima citado espetáculo foi escrito em um fim de semana pelo David juntamente com nosso amigo Paulo César Batista de Faria, vulgo Paulinho da Viola, sentados ambos na calçada lateral do Teatro Popular do Nordeste (TPN de saudosa memória) enquanto miríades de pessoas e muitas criaturas subversivas passavam para o bar que havia no quintal do teatro.

Vamos pois ao elenco: Paulinho da Viola, Zélia Barbosa, Paulo Guimarães, (do Grupo Construção), Naná Vasconcelos e, fazendo às vezes de apresentador, fio condutor do roteiro alinhavando diversas histórias, com as diversas músicas, estava um negão simpático de nome Ademir que havia dado com os costados por essas bandas desembarcando do espetáculo "Édipo Rei" com Paulo Autran, Isabel Ribeiro e grande elenco, se não me falha a memória, e por aqui ficou.

Vejam vocês como as coisas acontecem:

Tudo corria às mil maravilhas, ensaios, texto sendo aprimorado, a expectativa da estréia na segunda-feira, quando no sábado Naná Vasconcelos, fala displicente: "agüenta aí pessoal, que eu vou ali no Teatro do Parque pegar umas baquetas novas e já volto". E desapareceu no oco do mundo. Até hoje! Conseguimos resolver o problema com a providencial entrada de um jovem baterista chamado Luciano Pimentel que mais tarde faria parte da formação do Quinteto Violado.

Noite da estréia, o habitual nervosismo...

Blackout. Spot em cima do Ademir que inicia apresentando o elenco, fulano, sicrano, beltrano e ... Paulinho da Viola. Luz em Paulinho que dá um forte acorde inicial com a sua "viola". E pum! O bordão partiu, quebrou. A cara do Paulinho nessa hora foi um desconcertante susto em plena cena aberta. Teve que trocar de violão com Paulo Guimarães e conseguimos levar o espetáculo à um final feliz. O show transformou-se no sucesso da temporada. Estávamos com a pauta de quatro segundas-feiras o que equivalia a um mês e ficamos em cartaz por cinco meses.

Tudo devidamente relatado passo a descarregar o que veio após isso tudo.

Uma série de shows do Paulinho e conjunto do qual faziam parte gente como Cesar Faria, Copinha, Cristóvão Bastos, o baterista Hercules, o baixista Dininho e Chaplin o percussionista. Já sentiram que à essas alturas precisaríamos de um espaço maior, como o Teatro do Parque, auditório da TV Jornal do Commércio, Teatro Santa Roza na Paraíba. O responsável pelo som era eu e quando do aparecimento da Radio Transamérica FM cujos estúdios se encontravam em um prédio a menos de um quarteirão do teatro, era um Deus-nos-acuda. A força da transmissão era tal que invadia o equipamento de som. Tentávamos blindar com papel laminado, mas era em vão. Certa vez Paulinho interrompeu a canção dizendo, "deixa a colega fazer o trabalho dela". Era a Maria Bethânia cantando Três Apitos, de Noel. Em uma das viagens para apresentações em João Pessoa ao chegarmos nas redondezas de Goiana, alí pelo que resta da Mata Atlântica, o Paulinho juntamente com o pianista Cristóvão Bastos pediram para pararmos um pouco e se embrenharam mata adentro. Após mais de uma hora, eu já estava desesperado para chegar em João Pessoa e montar o som, eles finalmente voltaram com um belo choro composto, ainda quentinho. À noite no Santa Roza "Choro Negro" estreava.

Tudo isso entremeado por inúmeras reuniões com o pessoal da Tribo e a Diretoria da Rozenblit. Passamos a freqüentar com mais constância a sede da Fábrica na Estrada dos Remédios a fim de nos inteirarmos da real situação. As coisas não andavam nada fáceis. Zé Rozenblit era uma pessoa magnífica, mas muito centralizador e acima de tudo muito desorganizado. Certa vez, na tarefa inglória de separar algumas dívidas mais prementes dei de cara com um papel de embrulho, já bastante gasto pelo manuseio, onde se lia a seguinte inscrição: Paulo da carne - devo CR$ 10,00! Quem salvava realmente a situação era o compositor e grande músico, amigo da fábrica e de José Rozenblit, Lourenço Barbosa, o Capiba. Contava inúmeras histórias com a sua língua meio travada, uma simpatia.

A verdade é que a fábrica dispunha de um grande acervo de fonogramas do selo Capitol, já em domínio público, verdadeiro patrimônio, que se devidamente reeditados tirariam tranqüilamente a empresa do buraco em que se encontrava. Consta que quando a Rede Globo colocou no ar uma novela chamada "Estúpido Cupido", teve que pagar à fábrica uma fábula para ter o direito de usar a musiqueta, tema da história, na voz de Cely Campêlo.

Às vezes nos deslocávamos até o Sul Maravilha o que nos dava a oportunidade de além das reuniões conviver mais de perto com os nossos sócios e agregados como o músico Mauricio Tapajós. Aliás sobre o falecido Mauricio será preciso contar um pileque homérico que nós dois tomamos em um hotel da orla de Boa Viagem. Lá pras tantas ele cismou que havia se apaixonado pela mulher do gerente e queria porque queria dar uns cacetes no pobre homem. Foi um custo acalmá-lo. Passei a noite segurando o valentão. Só o liberei quando se comprometeu em compor o hino oficial do "Eu Acho é Pouco" clube carnavalesco do qual eu à época fazia parte. Efetivamente o Maurício me envia tempos depois uma fita cassete com a gravação do hino. Passei de imediato à diretoria do clube. Não sei o que fizeram da música. Acho que não gravaram. Uma pena.

De repente, não mais que de repente, começou a tal corrida de obstáculos que não teria ganhadores. Desapareceu tudo. Nosso trabalho, nosso empenho. Era difícil acreditar. Acreditar por exemplo que quando a notícia se espalhou Paulinho e Cia tiveram que se asilar em minha casa porque a reportagem da Veja e outros jornais de circulação nacional queriam uma coletiva esclarecedora. Logo após, A Tribo teve que ser desfeita. Eu e o finado Nogueira nos negamos a assinar o distrato, sentença de morte da Empresa. Imaginávamos que a estrutura criada por mais elementar, poderia se adequar a outros empreendimentos. Qual o que!

Foi como no carnaval: Um sonho que durou três dias!

Saudades do Brasil



Precisa dizer alguma coisa...?

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

A Foto do Dia

Perdão, palhaços!

Clipe do Dia



Vamos dar uma força... Vem, Sean Penn!

Nazi-Comunismo


Em verdade vos digo: Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Para mim, na minha mais modesta opinião, esquerda e direita são as duas faces de uma mesma moeda. Entre nazismo e comunismo, "mon coeur balance". Tudo farinha do mesmo saco. Refiro-me ao comunismo da extinta União Soviética (existem vários), esse que a comunistada do velho Partidão se recusa a aceitar como morto e enterrado. O dos livros, o da teoria, esse realmente jamais existiu. Venho de receber de um aluno "O Livro Negro do Comunismo, Crimes, Terror e Repressão”.

Belo presente, um livro muito bem documentado com expressivas fotos, propiciado pela queda do muro de Berlim. Historiadores franceses se debruçaram na história recente do mundo. Bastou uma folheada sem maiores conseqüências para constatar que ninguém se parece mais com um nazista do que um comunista. Bebé e Tomé no dizer de meu Tio Olívio.

Publicado inicialmente na França no 80° aniversário da célebre Revolução Bolchevique em outubro de 1917, o livro logo se transformou no maior sucesso de vendas, teve muita repercussão e detonou as maiores polêmicas. Pudera, a turma do cordão encarnado, logo protestou. Como sempre não se conforma em ver a sua roupa suja lavada em público. Que é isso, gente boa? Mais pé no chão! É compreensível. Afinal de contas foram 80 anos carregando um santo com os pés de barro.

"Os regimes comunistas tornaram o crime em massa numa forma de governo", na palavra do editor Stéphane Courtois. Usando estimativas não oficiais, ele apresenta um total de mortes que chega aos 94 milhões. Veja-se a estatística seguinte:

* 20 milhões na União Soviética
* 65 milhões na República Popular da China
* 1 milhão no Vietnan
* 2 milhões na Coreia do norte
* 2 milhões no Camboja
* 1 milhão nos Estados Comunistas da Europa do Leste
* 150 mil na América Latina
* 1,7 milhões na África
* 1,5 milhões no Afeganistão

É muita gente morta, pois não? Todas acontecidas por ordem expressa e felicidade geral "do povo."

... corta para...

No documentário "O Velho", Luís Carlos Prestes confessa que ordenou de dentro da cadeia, o "justiçamento" de uma garota de 16 anos de idade acusada de traição. Consta que ela se apaixonou perdidamente por Harry Berger, alemão, um dos ajudantes de Prestes, também preso.

Elza, era o seu nome, foi executada sumariamente, pelo método do estrangulamento. Mais uma vez as semelhanças: O "Garrote Vil" era a maneira preferida de Francisco Franco, Caudillo de España por la Gracia de Dios, estrangular e mandar seus desafetos dessa para uma melhor. Esse caso da garota sempre foi tabu, na vergonhosa história do PCB. Já que iniciamos falando sobre um livro vamos aproveitar o ensejo para falarmos de um outro. O livro "ELZA, A GAROTA" de Sérgio Rodrigues, lançado pela Editora Nova Fronteira, conta tudo em detalhes. Simplesmente revelador.

Querem mais? Aqui, neste mesmo espaço há poucos dias o Celso Japiassu postou um texto sobre o massacre de 22 mil poloneses na floresta de Katyn, perpetrado pelos soldados soviéticos, na primavera de 1940. Os mortos em sua maioria eram parte da intelectualidade polonesa, mais um sem número de jovens oficiais das Forças Armadas, das universidades e profissões liberais. Queriam e conseguiram o seu intento que era deixar a Polônia sem líderes.

O governo títere polonês, trataria de convencer ao povo de que o crime em massa fora conduzido pelos alemães nazistas. Mas a verdade terminou por prevalecer. O hediondo acontecimento foi creditado na conta de Iossif Vissarionovitch Dzhugashvili, dito Stalin, o grande herói salteador de estradas e sua camarilha encabeçada pelo seu cão de fila, o chefe da NKVD, polícia política, igual à GESTAPO nazista, Lavrentiy Pavlovitch Beria. No início da década de 90 a Russia reconheceu o crime, sessenta e dois anos após o final da Segunda Guerra Mundial.

E tem mais, meus amigos, muito mais. Mas não fiquem tomando o pulso, nem subindo pelas paredes por uma continuação como nas matinés do Cine Metrópole nas jovens tardes de domingo. Pretendo fazer uma série dessas "catilinárias" para alertá-los sobre a valorização dos bandidos que estão a tomar o poder nesse desditoso país.

domingo, fevereiro 24, 2013

Clipe do Dia


Policial chinesa sabe das coisas...

Recuerdo 12 - O CAVALHEIRO DA ESPERANÇA E A ORGANIZAÇÃO DO PCB

Tempos da Coluna Prestes
 Crescí ouvindo as pessoas falarem que o PCB era muito organizado. Havia até quem se ariscasse a dizer que tal coisa ou, fulano e sicrano, "eram tão organizados quanto o Partido Comunista".

Em duas ocasiões distintas constatei essa tal organização. Ambas, trabalhando no aeroporto da Panair do Brasil em Recife. Na primeira vez, atendia ao vôo 256 proveniente de Fortaleza, que saía do de Recife às 11.50 da manhã com destino ao Rio. Balcão lotado de passageiros querendo embarcar. Não havia então, o pesadelo criminoso, o cáos que existe hoje. O 256 era muito disputado devido ao horário e ao lauto almoço servido à bordo logo após a decolagem. Eis que diviso em meio aos passageiros a serem embarcados ninguém menos que O Cavalheiro da Esperança, Luís Carlos Prestes. O ícone das esquerdas brasileiras. O heroi de várias moçoilas desavisadas deste meu Brasil varonil.

O que tem a ver o bolso com as calças...? Tem tudo. E muito, senão vejamos.

Na realidade o equipamento (avião) iniciava a viagem no Rio às 23:50 com o registro 254, indo para Fortaleza, com escala às 04:40 no Recife. Voltava de Fortaleza chegando ao Recife às 11:50 com novo registro, 256. O que significa isso tudo?

Vamos nos situar no tempo. Fins da década de 50, começo dos anos 60, imaginem então que Prestes veio ao Recife para subir no palanque do Dr. Cid Sampaio que queria eleger prefeito do Recife o seu cunhado, um sujeito que trabalhava no IAA e que mais tarde se tornaria famoso "neste país". Esse camarada atendia pelo nome de Miguel Arrais.

Pois bem. A comunistada, ao que se sabe, não dorme em serviço. Alguém do setor de revervas de lugares e tráfego de aeronaves da Panair no Rio de Janeiro, sabia que o "homem" estaria embarcando naquela manhã no Recife, e simplesmente, como uma espécie de homenagem, deu um jeito de escalar o equipamento com o seguinte prefixo: PP-PCB.

Pode até parecer coisa de somenos importância mas era assim mesmo que tudo funcionava. Tudo acontecia ou parecia acontecer como num fervor místico, esotérico. Àquela história de "cristão das catacumbas", meio ôba-ôba. Mas era a glória!

Pausa para um pequeno detalhe: Na década de setenta, período mais negro da revolução, o Gilberto Gil, ele mesmo, o ex Ministro da Cultura, o mesmo da "Afinação da Interioridade", conseguiu colocar um grunhido parecido com o nome de "Marighela" no meio de uma das faixas de um disco que recém gravara. Mal se ouvia, mas era como chegar ao Nirvana. Uma babaquice generalizada. Ví muita gente boa, revirando os olhinhos. Mas voltemos:

De onde me encontrava, no balcão de despachos, dava perfeitamente para ver o Constellation L-49 ostentando o prefixo imponente, PP-PCB. Já havia tomado conhecimento do aparelho, já o conhecia de outros carnavais mas desta vez foi como num jogo de cartas marcadas. Um quebra-cabeças onde tudo se encaixava.

Fiz um ar de riso e Prestes simpático, no seu indefectível terno branco perguntou qual a razão do meu sorriso. Pedi então para que ele se dispusesse a entrar no escritório a fim de poder também verificar o avião estacionado no pátio.

- "Então, o que acha, disse-lhe num sussurro?"

Impassível, sereno, sem mexer um só músculo da face, disse apenas:

- "Não resta a menor dúvida, bem interessante, mesmo".

Impertubável, como quem conhecia perfeitamente os escaninhos e os subterrâneos da organização. Ao final dos procedimentos de praxe, terminamos o despacho do avião, todo mundo embarcado, e o 256 subiu aos céus mais parecendo uma enorme garça prateada. Chegou, como sempre, pontualmente ao seu destino. São e salvo. Naquela época não havia a irresponsabilidade criminosa de hoje. Os aviões voavam em diferentes "aerovias", recebiam e trocavam comunicações em português e inglês com as torres de contrôle. Não existiam nem mesmo esses tais "transponders" que muitos reclamam estarem desligados.

De outra feita aconteceu em um fim de tarde de uma Sexta-Feira. Estranhei o movimento incomum do aeroporto, mais parecendo dia de Domingo. Muita gente num vai-e-vem frenético. Não tínhamos conhecimento de alguma autoridade ou figurão ilustre chegando ou embarcando. Dentro em pouco descobrimos a razão de toda aquela atividade. Estava por chegar, já sobrevoando a cidade de Salvador, um Tupolev da Aeroflot, companhia aérea da então União Soviética, trazendo uma delegação russa de volta das comemorações pela data nacional da Argentina. Soménte tomamos conhecimento da chegada do avião por um rádio do Itamaratí minutos antes da chegada. Alegavam medidas de segurança já que o Brasil e a União Soviética não mantinham relações diplomáticas. Seria apenas um pouso técnico para reabastecimento. Ninguém sabia de nada. Exceto, é claro, os comunistas do Recife que sabiam de tudo, e o que é melhor, não faziam segredo do fato. Depois do pouso foi a maior festa. Brindes, revistas de propaganda do socialismo - em português - foram distribuidos. Bandeirinhas brasileiras e soviéticas. Um sucesso.

Tive com o Cavalheiro da Esperança um derradeiro encontro. No aeroporto do Galeão quando da volta dos anistiados. Mencionei o desejo de ir até onde o fato iria acontecer e uma pessoa muito ligada a mim à época trabalhando na TVE Carioca me forneceu graciosamente colete, crachá e um lugar na sua equipe de jornalistas, bem como uma possante Pentax com flash eletrônico. Saí documentando o que me aparecia pela frente. Prestes, a figura ímpar de Gregório Bezerra, Miguel Arrais e mais uma penca de exilados. Mais uma vez a organização do PCB funcionou. De repente, como num passe de mágica todos se deram as mãos e à medida em que alguém recitava em voz alta o nome de algum companheiro morto ou desaparecido todos respondiam, como numa ladainha devidamente puxada pelo Padre Zé Coutinho, na igreja das Merces, "PRESENTE."

Confesso que foi um momento tocante. Presente também, estavam as moçoilas desavisadas lá do início, já nem tão moçoilas assim nem desavisadas, mas sempre alí, junto à Prestes, o ídolo.

As fotos tiradas desse evento ficaram guardadas por anos em meus arquivos quando um belo dia achei de presentear os meus amigos comunistas do Recife. Espero tenham feito bom uso delas.

sábado, fevereiro 23, 2013

Frase do Dia



É necessária uma imensa falta de espírito para ser político profissional.” (Abgar Renault, 1901-1995)

O Apelo Papal...


Temor à palavra





 
 

Ruy Fabiano

Digamos, por mero exercício de raciocínio, que tudo o que tem sido assacado, sem provas, contra a blogueira cubana Yoani Sánchez é verdade: é agente da CIA, conspira contra o socialismo em Cuba, é antipatriota, financiada por grupos empresariais etc.
Nada disso justifica a vergonhosa recepção que está tendo. Cercear o direito à palavra a alguém cujo destaque se deve exclusivamente ao uso que dela faz – e a nada mais - é uma truculência inominável, intolerável num regime democrático.

Se os adversário de Yoani têm alguma razão para hostilizá-la, a perderam ao tentar silenciá-la mediante métodos bárbaros, piquetes de militantes que remetem às manifestações da juventude nazista. Se ela precisa ser combatida – digamos que precise -, é no campo em que ela atua que isso deve ocorrer.
Afinal, se o seu hipotético delito estaria no que diz (e escreve), é aí que deve ser questionada. A liberação de seu visto para deixar seu país foi apresentada como sinal de que Cuba, no fim das contas, não seria uma ditadura tão intolerável.

Só que a concessão do visto não foi exatamente uma concessão. Estava sendo constrangedor ao regime insistir em negá-lo, graças à projeção que Yoani conquistou internacionalmente.

O governo cubano decidiu então transformar a concessão numa cilada. Articulou-se com o governo brasileiro para que a recepção saísse pela culatra. O meio de que se serviu não poderia ser mais burro.

Confirma o que de pior já se disse sobre aquele regime.

É um governo que teme mais a palavra do que a pólvora. O espantoso é que o governo brasileiro, que preside uma democracia, fincada na liberdade de expressão, se associe a tal prática.

Ruy Fabiano é jornalista.

Do Blog do Noblat

Clipe do Dia


Detestei! Alguém achou engraçado?

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

A Novela Cubana

Retardados mentais insultam a cubana Yaoni. Bela amostra de mal-amadas

Nelson Motta

Se os eficientíssimos serviços de repressão cubanos, que há anos espionam Yoani Sánchez dia e noite, tivessem descoberto a menor prova de suborno, a “agente milionária da CIA” já estaria presa. É sintomático que, para eles, alguém só discorde do governo se levar dinheiro. Freud diria que estão falando deles mesmos.

Antigamente eles queriam ser mais realistas que o rei, hoje tentam ser mais tirânicos que os tiranos, como mostraram os protestos contra Yoani em Recife, Salvador e Feira de Santana, não só com gritos e faixas, mas esfregando dólares falsos no seu rosto e puxando os seus cabelos.

Mas Yoani até gostou dos protestos, como um sopro de democracia para quem vive numa ditadura sufocante, e se divertiu ouvindo velhas palavras de ordem “que nem em Cuba se ouvem mais”. O resultado foi uma repercussão muito maior — maciçamente a favor da blogueira — do que teria a sua viagem ao Brasil.

No sertão baiano, uma milícia de talibãs tropicais impediu a exibição do filme “Conexão Cuba-Honduras”, porque não queriam discutir nada, mas calar o opositor no grito. Quando conseguiu falar, Yoani disse que vive numa sociedade “onde opinião é traição” e eles vaiaram.

Mas deveriam aplaudir, porque no Brasil que eles sonham também será assim. A maior fragilidade da democracia é poder ser usada livremente pelos que querem destruí-la, a começar pela liberdade de expressão.

Yoani escreve, descreve e analisa muito bem o cotidiano de Cuba, mas suas críticas não são violentas, debochadas ou incendiárias. Muitas vezes são crônicas sobre as dificuldades para comprar um ovo, o elevador quebrado há oito anos, a escassez de quase tudo, os roubos e malandragens sistêmicos, a internet lenta e censurada, os privilégios da elite.

Como quase todos num país ainda na idade do byte lascado, Yoani não tem conexão em casa. É obrigada a postar em hotéis a preços absurdos porque as poucas lan houses são só para estrangeiros e seu blog não pode ser acessado na ilha.

Agora Yoani quer usar o dinheiro dos seus prêmios culturais ganhos no exterior para fundar um jornal independente. Ley de Medios em Cuba já!

Nelson Motta é jornalista.

Desordem e Retrocesso

Maria Helena RR de Souza

Ô, Brasil, por quem foi que te trocaram? Não és mais o meu país. Esse clima de ódio, de hostilidade, de raiva, de desamor, isso não é nosso. Quem foi o infeliz que te injetou esses sentimentos negativos? Quem fez questão de imitar quem não devia?

Por que essa covardia com uma mulher de 37 anos que tem como única arma a palavra? Que vem de outro país e que luta pelo que acha bom e correto? Que não se mete conosco, que não veio trazer algo que fosse pernicioso para nosso Brasil?

Olhem bem para a foto de Yoani Sánchez e as poderosas armas que usa e depois me digam: o que é aquele bando de sujeitos e sujeitas que a segue pelo Brasil? Vão querer me convencer que aquelas tristes figuras amam Fidel Castro a ponto de não tolerar que uma sua crítica abra a boca para falar?

De onde vem essa paixão por Fidel? Quem a instilou nesses ignoramus? Quero ver se eles sabem o que se passava aqui nas décadas de ’60, ’70, ‘80, ’90, que dirá em Cuba. Queria que um deles, à queima-roupa, respondesse algumas perguntas sobre História ou Geografia das Américas!


Perdemos a educação e a vergonha na cara. Indignação? Ainda se usa isso? Condenação pelo STF é condecoração! As cenas na Livraria Cultura (assim como o palanque do aniversário do PT e seus participantes), que triste retrato do Brasil.

Kennedy foi a Paris em 1960 e passeou em carro aberto. Não pensem que os EUA eram amados pelos franceses. Não eram. Para aqueles ingratos, os amerlots, como eram chamados, gastavam muito dinheiro nas lojas, compravam tudo que viam, lotavam os restaurantes e ainda por cima invadiam bares e cinemas com sua música e seus filmes e seduziam as garotas. Mas foi tratado com toda a politesse e com a segurança que uma nação organizada oferece a seus visitantes.

Bill Clinton e sua filha Chelsea estiveram no Vietnam 25 anos depois do fim daquela guerra de consequências brutais até hoje. Só que o povo vietnamita é instruído e sabe que ele não foi o responsável pela guerra, que até nem nela lutou e por isso, povo e governo receberam muito bem pai e filha.
Já fui encantada com os barbudos de Sierra Maestra, mas desde que eles transformaram Cuba numa triste e decrépita monarquia, o encanto se desfez. Contudo, ainda aposto numa coisa: Fidel, homem inteligente e instruído que é, desconfio que está impressionado com o que vê por aqui e a matutar: ‘Que povinho mais sem categoria’...

Deixo com vocês Fidel Castro em viagens aos EUA. Ele tinha, como tem, inimigos mortais naquele país, mas nenhum idiota ia conseguir chegar perto dele e lhe puxar um fio da barba como fizeram com os cabelos da Yoani nesta selva chamada Brasil.

Isso foi num tempo em que a ordem e o progresso, lá como cá, ainda tinham voz.



Do Blog do Noblat

No País dos Bruzundangas


Foto Inédita


Lampiaço, o Rei do Cangão e seus cabras...

Panfletos


Celso Japiassu

Entre a Constante Ramos e a Paula Freitas, enquanto ando pela Nossa Senhora de Copacabana, recolho trinta e dois panfletos diferentes das mãos de trinta e dois homens, mulheres e adolescentes. Neste subemprego, eles passam o dia tentando enfiar nas mãos de quem passa o recado publicitário de quem os conttratou. Pouca gente aceita receber, alguns recusam com impaciência.

A maioria dos panfletos é patrocinada por comerciantes de ouro e jóias, anunciando a compra pelo melhor preço. Alguns prometem cobrir qualquer oferta, outros advertem contra as avaliações enganosas dos concorrentes.

Mãe Cecilia de Bessem, que anuncia consultório com buzios e cartas na Marques de Abrantes, promete mais do que o valor material que ouro e joias podem proporcionar. Ela pede para não ser confundida com outras porque tem 50 anos de Santo.  E vende felicidade, simplesmente.  Seu panfleto, distribuido por um garoto magro e triste, garante ainda a conquista da pessoa amada em 3 dias. E você pode amarrrar a quem ama por 7, 14 ou 21 anos.

http://celsojapiassu.blogspot.com.br/

Opinião

A visita de Yoani e as velhas práticas da intolerância política
 

Todos aqueles que defendem o direito inalienável de pensamento e de expressão devem denunciar essa repressão orquestrada contra a liberdade de crítica.

Publicado em 21/02/2013 - Jornal do Commercio - PE

Felipe Gallindo



Cubana foi hostilizada durante sua passagem pelo Brasil

Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP

“A história primeiro acontece como tragédia, depois se repete como farsa”. – Karl Marx – O 18 Brumário de Luís Bonaparte – 1852. As recentes manifestações contrárias a presença da filóloga e blogueira Yoani Sánchez no Brasil, seja na sua chegada no Recife e sua participação numa frustada exibição de um documentário na cidade de Feira de Santana na Bahia, não são um exemplo de democracia, mas uma execrável permanência de velhas práticas de intolerância política de uma anacrônica esquerda stalinista !

Os grupos que protestaram contra a dissidente cubana tem sua origem na defesa da herança política do ditador genocida da antiga União Soviética, Joseph Stalin (1879-1953). A partir de seu governo nenhuma forma de oposição foi permitida e milhões de opositores foram presos e exterminados.

Essa intolerância se disseminou pelos partidos comunistas espalhados pelo mundo. O princípio do socialismo não era mais o espírito crítico mas o chamado “culto à personalidade” e a lealdade ao líder supremo, seja ele Stálin, Mao-Tsé-Tung, Fidel Castro, etc.

Após a morte de Stálin em 1953, o PC soviético reaizou o seu XXº Congresso, no qual o secretário-geral do partido Nikita Kruschev denunciou os crimes cometidos durante o período de Stálin. Esse processo de desestalinização foi seguido pelos pc’s obedientes do mundo todo.

No Brasil os reflexos desse processo foram sentidos nos anos 60, quando em fevereiro de 1962, quando um grupo de militantes do PCB rompe com o partido e funda o PC do B. Entre os motivos para o rompimento estava a crítica ao chamado revisionismo do PCB que reproduzia as críticas oficiais do governo soviético ao seu antigo líder Caim Stálin.

Em maio de 1966, foi fundado no Recife o Partido Comunista Revolucionário – PCR. Seus integrantes haviam rompido com o PC do B, devido a aproximação deste com o maioísmo. Também foram classificados de revisionistas. O líder eterno era Stálin, herdeiro do marxismo-leninismo.

Esse breve histórico nos ajuda a entender as reações raivosas e medievais de seus militantes em pleno século XXI. O culto à personalidade foi transferido para Fidel Castro. Se bem que até hoje os militantes do PCR estampam a efígie de Stálin em seus símbolos – uma verdadeira aberração histórica fruto de uma profunda ignorância política.

Então não é de se estranhar que principalmente esses dois partidos protagonizem as mais reacionárias manifestações de intolerância e obscurantismo político. Em Recife um ensandecido militante agarrou os cabelos de Yoani Sanchez e tentou esfregar uma cópia de cédula no seu rosto ! Em Feira de Santana foi impedida a exibição de um documentário sobre a blogueira. Depois de muita discussão ela conseguiu falar por 15 minutos debaixo de vais de militantes do PT e do PC do B.

Tais práticas representam um perigoso atentado ao direito de opinião e de expressão. E para piorar isso é feito em nome de um socialismo falsificado ! O que menos importa é o conteúdo da fala de Yoani Sanchez, mas o seu direito fundamental de se expressar livremente.

Todos aqueles que defendem o direito inalienável de pensamento e de expressão devem denunciar essa repressão orquestrada contra a liberdade de crítica ! Socialistas ou não.

Devemos mostrar para o Brasil que Pernambuco, primeira escala da viagem de Yoani Sanchez, não está representada pela manifestação tacanha e reacionária que ela teve no aeroporto na madrugada de segunda-feira.

Proponho que organizemos um ato público pela liberdade de pensamento e de opinião o quanto antes em Recife, palco de tantas revoltas libertárias !

Lembrem do grande pensador iluminista Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las !”

O Restaurante Picanha da Praia não é mais aquele...

Temo que alguns dos meus fiéis leitores, gente muito boa por sinal, possam discordar da opinião aqui exposta, inclusive me taxando de mesquinho, sovina, mão de vaca e outras cositas mais. Desculpem meus caros, mas não consigo ficar calado ante certas manhas e espertezas.

Há muito freqüento o Restaurante Picanha da Praia, seja pela descontração do lugar, seja pela simpatia dos garçons, seja pela comida bem feita e servida bem ao propósito do cliente, seja pelo conforto de ter apenas que atravessar a rua onde moro. Comemoração de fim de ano com os remanescentes da Panair do Brasil era feita lá. No último mês de agosto levei família, parentes aderentes e agregados para celebramos com um belo almoço o aniversário da minha neta.

Mas o tempo passou e hoje as coisas não são bem assim...

Desde a saída da simpatia do maitre Edmilson, gravataense dos bons, que as coisas começaram a degringolar: alta descomedida dos preços e baixa na qualidade nos serviços. Esse binômio diabólico estava levando o restaurante às moscas. Venceu o bom senso. Voltaram atrás nos preços, entretanto a qualidade dos serviços, e a atenção para com os clientes, nem é bom falar. Continuam uma lástima.

Bom, mas vamos ao que interessa. Ontem, após correr os devidos passinhos em bancos, pagamentos diversos e pequenas compras resolvemos, minha mulher e eu, devido ao adiantado da hora, irmos almoçar no Picanha da Praia. Se arrependimento matasse...

Sempre nos servimos pelo menu à la carte, porém a fim de não termos que esperar e já que a fome era pouca nos decidimos pelo buffet. Portanto nenhum garçom nos serviu: pegamos nós mesmos, apenas um bifinho com fritas, arroz branco e um pouco de salada. Minha mulher pediu um copo de suco de cajá.

No exato instante de pagar a conta, a qual, como sempre, me dediquei a conferir, é que percebi a conspiração do tipo: “Se colar, colou!”

Dois pratos - R$ 21.44 - Suco de cajá - R$ 4,10 (UM COPO, REPITO, UM COPO) - Acréscimo - R$ 0,35 . Total - R$ 25.89 que foram matreiramente arredondados para R$ 25,90.

Tudo bem? Mas o que significa o acréscimo de R$ 0,35?  Pasmem! Se refere à atividade do garçom ao trazer o suco até à mesa.

Conheci, ao longo da minha vida, diversas manifestações de respeito pelo dinheiro. Especialmente nas minhas viagens pelo exterior. Sempre fiz questão de receber o troco correto até porque eu sempre paguei o que efetivamente era cobrado. Várias e repetidas vezes dei bronca para não receber balas e caixas de fósforos como troco.

Há alguns anos, fui contratado pelo Clube de Diretores Lojistas para um curso de inglês a ser ministrado aos funcionários e caixas das diversas lojas do Shopping Center Guararapes. Certa vez em pleno Supermercado Bompreço, que tem nada menos de 63 guichês, ao final de uma pequena compra a mocinha do caixa me entregou o troco faltando um centavo. Assim mesmo, sem dizer nada e já pedindo para eu passar, pois a fila precisava andar. Estrilei na maior bronca. O caixa ficou parado por uns cinco minutos até que um funcionário apareceu e sanou a situação. Nesse meio tempo notei que um dos meus alunos, também caixa do mesmo supermercado, me olhava estupefato. Mais tarde, ele me chama a um canto da sala e diz sorrateiramente:

- O senhor tem toda razão em reclamar do troco, professor. Vou lhe contar um segredo. "Com esse dinheirinho não reclamado ao final do mês todos os caixas, são três turnos para cada guichê o que significa um total de 189 pessoas que recebem um abono de R$ 20,00”. Fazer filantropia com o chapéu alheio, é ruim, hein!

É isso, meus caros. Cuido que qualquer exercício de cidadania começa com o respeito. Seja o respeito pelas pessoas, seja o respeito pelo dinheiro suado mês a mês. Seja ele 35 centavos ou 35 milhões.

Forçoso dizer que brasileiro é rico. Tem pudor, vergonha de reclamar os seus direitos. Quanto ao restaurante em questão nunca mais porei os pés lá. Já estou bem velhinho para ser feito de idiota. Posso até ter cara de, mas não sou.

Finalmente um aviso aos navegantes:

Poetas, seresteiros, namorados, incautos, turistas et caterva: "Se estiverem a procura de uma boa casa de pastos, passem ao largo do restaurante "Picanha da Praia" em Boa Viagem. Não vale a pena. HC

Clipe do Dia



Sincronização perfeita. Disciplina férrea. Belo espetáculo...

PROCESSO SELETIVO:


A Knorr está à procura de FRANGOS VELHOS para fazer um novo tempero! Pensando em sua segurança, achei melhor avisá-lo. Fuja e avise os seus amigos...

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Incentivos culturais

Plínio Palhano

Vivemos num país emergente onde o lema é a deficiência. A começar pela elite política, que, quase sempre, legisla em causa própria. Um governo que cobra os impostos mais altos do mundo, sem investimentos consideráveis na saúde e na educação, porque, claramente, não vemos os resultados; a Justiça caminha como uma tartaruga; a segurança pública não domina os crimes perpetrados nas ruas; e a traficância de drogas imperante destrói a juventude. Mas surgem personagens do poder a defender o castelo de trevas. Nesse sistema, o Ministério da Cultura faz a cena à custa dos inventores culturais, que privilegia alguns destes em detrimento de outros, como o financiamento de um site de mais de um milhão de reais, e filme pago antecipadamente...

Para nós, artistas e produtores, os incentivos culturais disponíveis nos municípios, nos estados e no âmbito federal são verdadeiros obstáculos. Além da deficiência natural, são somadas as imensas dificuldades criadas para os produtores culturais, que têm que ter um capital sólido para poder investir no próprio projeto, porque, após a sua aprovação, vem a via crucis interminável da burocracia cultural. No mensalão, em que foram disponibilizados cerca de milhões de dólares e reais, não havia tanta burocracia, era só o político dizer que ia apoiar o governo e, então, as maletas, as cuecas se enchiam de cédulas, tão simples e natural. Conheço produtores que investiram suas economias nos eventos pelos quais foram responsáveis e ainda estão para receber dinheiro dessas fundações culturais, e estas não lhes dão esperança nem satisfação sobre o fato.

Seria importante mudar essa política cultural a partir do Ministério da Cultura, porque há um excesso de exigências que impede qualquer empreendimento nesse âmbito; o contrato é assinado em cima da hora; os produtores e os artistas investem um dinheiro significativo para não deixar de cumprir os compromissos para realizar uma manifestação cultural. Os governos municipais e estaduais também não fogem ao padrão. Na verdade, para realizar um projeto aprovado por qualquer desses meios oficiais tem que ter capital para poder manter os compromissos. Se não o tiver não poderá concretizá-los. Creio que isso não significa incentivo cultural.

Plínio Palhano é Artista Plástico

ppalhano@hotlink.com.br

Essa "Cultura"... Panis et Circensis


Ministério da Cultura autoriza cantora a captar mais de R$ 5 milhões para shows

Foto 

O Ministério da Cultura autorizou as cantoras Cláudia Leitte e Rita Lee, além da banda Detonautas a captar recursos através da Lei Rouanet. De acordo com a lei, os artistas têm a autorização do MinC para pedir patrocínio à empresas em troca de abatimento nos impostos. Claudia Leitte poderá captar até R$ 5.883.100,00 para 12 shows a serem realizados entre junho e julho de 2013. Segundo sua equipe, o dinheiro será usado para a montagem das apresentações, além da estrutura de palco, que inclui painéis de LED. O Ministério costuma aprovar projetos polêmicos, como, "O mundo precisa de poesia", aprovado em 2011 e orçado em R$ 1,35 milhão, que previa a criação de um blog abastecido por posts diários em vídeo, narrados pela cantora Maria Bethânia.

Coluna Cláudio Humberto

A Charge do Dia


Lembranças de meu “Cinema Paradiso”


 José Virgolino de Alencar

“Cinema Paradiso” é um filme dos anos 80, do diretor italiano Giuseppe Tornatore, que conta a história da amizade de um menino de um pequeno vilarejo com o projecionista do modesto cinema do local. O filme mostra a trajetória de Salvatore di Vitto, apelidado de Toto, uma criança típica dos burgos interioranos de qualquer parte do mundo, sua infância difícil, seus problemas da adolescência, a fase adulta, a descoberta do amor e da vida.

Um exército de Totos pode ser formado no mundo, constituído de crianças que, mesmo em meio às dificuldades da vida, encontram no cinema, ainda que modestíssimo, um divertimento que lhes preenche uma faceta agradável de seu viver.

Quem, como eu, tem origem assemelhada com a de Toto não esquece o seu ‘cinema paradiso”, a sala humilde, de projetor mambembado, imagem desfocada, porém fascinante e mágica para crianças adstritas àquele limitado horizonte.

Em Piancó, onde nasci, nos anos 50, nem tinha prédio para exibição de filmes. Meu “cinema paradiso” era o pátio da matriz, onde um herói cinéfilo vinha, em uma marinete, da vizinha cidade de Patos com a película, o projetor e a tela, passando filmes de graça e eu nem lembro quem era o mecenas patrocinador de uma diversão que muda de lugar, avança tecnologicamente, sem nunca deixar de exercer o fascínio sobre as pessoas em todos os quadrantes do planeta.

No “cinema paradiso” de Piancó, exibia-se os faroestes de Hopalong Cassidy, Roy Rogers, Rocky Lane, Gary Cooper e tantos outros heróis do western, como também as aventuras de Tarzan. Um filme, entretanto, era exibido repetidamente e fazia enorme sucesso. Era a história de Santa Maria Goretti, uma virgem atacada e morta a facadas por um louco homicida, que a gente assistia tantas vezes passasse. A fita se quebrava, a projeção paralisava, mas a criançada esperava sem cansar o recomeço do filme e a repetição dos defeitos.

Não havia pipocas, nem coca-cola, nem qualquer aperitivo. Os cowboys, os bandidos, o doidinho amigo do mocinho, a mocinha vestida dos pés ao pescoço, tudo isso causava um frisson na garotada, que curtia à beça.

Ao lado das peladas de futebol, do banho no rio, do pulo na cerca dos roçados para uma inocente roubada de frutas, era o cinema a diversão a completar um dia de brincadeiras, simples, recatadas, puras mesmo, se comparadas com a agitação de nossos dias, de galeras e ondas pesadas começando já na pré-adolescência.

Não quero que os tempos retrocedam, que recusemos o progresso, a modernidade tecnológica, os equipamentos digitalizados que são verdadeiros brinquedos a fascinar crianças e até adultos. Desejar que as reminiscências daquela época, de felicidade até inexplicada, sejam revividas na atualidade virtual será mera retórica ou erudição intelectualienada, é até querer inverter a ordem inexorável da roda do tempo.

Entretanto, a memória do que está gravado em nossa mente, em nosso HD cerebral, conquanto esteja sempre piscando na tela do monitor que as lembranças se encarregam de exibir imagens passadas, não deixa de induzir a um retorno nostálgico da época da infância. Como memória, os fatos registrados estarão nos acompanhando e proporcionando momentos de boas reminiscências.

É assim que, reiterada e renitentemente, me batem as lembranças de meu “cinema paradiso”.