quinta-feira, agosto 29, 2013
terça-feira, agosto 27, 2013
Fogo
Ana Rita, uma negra jovem, de porte altivo e esbelto, quando
passava, deixava a rapaziada do Engenho ouriçada, todos se roendo no desejo de
tê-la nos braços. Não se tinha notícia
de que alguém já tivesse realizado tal desejo. Rita sabia de suas qualidades e
fazia-se mais graciosa, de propósito, sabendo que a moçada ficava excitada,
toda vez que ela desfilava pelas ruas do Engenho, indo de um canto a outro, em
seus afazeres e mandados do major Ulhôa. Dono do Engenho Fogaréu, o major
costumava sentar em uma cadeira de balanço, com espaldar alto, apreciando a
fumaça que saía do bueiro do engenho, durante o cozimento da garapa para fazer
rapadura. Vestido com terno de linho branco e um chapéu da mesma cor, feito de
palhinha importada, o major passava as suas horas entretido em pensamentos,
enquanto pitava seu cigarro de palha. Há muito, viúvo, não tinha tido filhos
nem tinha mais parentes vivos.
Todos os dias, à tardinha, Rita costumava lhe trazer um
cafezinho fresco e quente, que o Major sorvia vagarosamente, com os olhos
voltados para o seu horizonte preferido. Ao terminar de tomar o cafezinho, o
major Ulhôa devolvia a xícara, que Rita depositava em uma mesinha, se postando
em pé, ao lado da cadeira do velho Major. Ali ficavam os dois, quietinhos, sem
trocar uma única palavra. Os que passavam pela frente do alpendre da
casa-grande cumprimentavam o Major, que respondia com um aceno de cabeça quase
imperceptível, sem tirar os olhos do seu infinito, enquanto Rita fazia a
cadeira balançar, suavemente. Ana Rita vestia uma saia comprida de chita,
colorida por flores indefinidas e tendo os pés descalços.. Uma curta blusa
branca mal cobria os seios soltos, que se percebiam firmes e pequenos, deixando
o umbigo à mostra.
A moçada do Engenho continuava agitada, quando Rita passava,
soltando pilhérias e gracejos. Mas, quem tinha coragem de abordar a "Rita
do Major"? "Tu é doido?!!" Faceira, Rita se divertia, com a
situação. Será que ainda é "moça"? Perguntavam-se, as mais velhas, em
mexericos, quando a jovem cantarolando e mexendo as cadeiras, circulava pelas
dependências do Engenho.
Noite alta, quando todo o Engenho dormia, podia-se escutar
alguns murmúrios vindos da casa grande. Muitos achavam que era o
"malassombrado" da falecida esposa do Major... Outros achavam que eram gemidos e não era de gente
morta. O Major poderia estar doente... Os mais afoitos juravam que eram gemidos
de prazer, vindos do quarto do major Ulhôa.
Dia seguinte, o Major se apresentava saudável e tranqüilo,
em sua habitual calma e passos lentos. Fazia a sua costumeira inspeção pelo
engenho Fogaréu, determinando tarefas e ordenando providências que deveriam ser cumpridas. Por onde circulava,
podia-se notar a curiosidade dos trabalhadores, procurando adivinhar na face do
Major, algum sinal, que pudesse revelar traços do que acontecera durante a
noite anterior. A expressão e olhar firme, nada denunciavam. Da casa grande
ouvia-se Ana Rita cantarolar, enquanto se desincumbia em seus afazeres
domésticos.
(Continua no próximo número)
Colhido no número 02 de Julho/Agosto de 2013 de Folha de Bananeiras
Colhido no número 02 de Julho/Agosto de 2013 de Folha de Bananeiras
segunda-feira, agosto 26, 2013
A Bíblia do Caos - Millôr Fernandes
BALA PERDIDA
Bala perdida é expressão
definitivamente inadequada. A bala pode ter vindo não se sabe de onde. Pode não
ter sido disparada para alcançar quem alcançou. Mas perdida não está não.
Perguntem à pessoa atingida.
BANCARROTA
Quando vejo esses ministros e seus
planos, esses sábios e seus discursos, esses tecnólogos e suas ideologias,
concluo: nunca se gastou tanto talento e tanto dinheiro pra levar um país à
bancarrota.
BÍPEDES
Estou convencido de que os animais
começaram bípedes e evoluíram até ficar de quatro.
BOCA
A boca é o aparelho excretor do
cérebro.
BRASIL, país do faturo
Cabral descobriu o Brasil quando
estava procurando o acaso.
BRASILEIRO
Ser brasileiro me deixa muito
subdesenvolvido.
BRASÍLIA
Brasília desestimula qualquer um a
fazer o que sabe, mas estimula todo mundo a meter a mão no que bem entende.
BUZINADA
A buzinada é uma forma de petrificar o
pedestre na frente do carro a fim de poder atropelá-lo mais facilmente.
C
CADÁVER
O cadáver é que é o produto final. Nós
somos apenas a matéria prima.
CAPACIDADE
Nossos executivos governamentais se
dividem entre os que são capazes de tudo e os que são incapazes de todo.
CARÁTER
Caráter é aquilo que faz você melhor
do que é. Ou impede você de ser pior, sei lá.
CASAMENTO
Quando duas pessoas são casadas há
vários anos, não se vêem há muito tempo.
CAUSA
O Código penal é a causa de todos os
crimes.
CHARLATÃO
Charlatão é um médico que cura você sem
estar autorizado.
CHATO
Chato é uma pessoa que não sabe que “Como
vai?” é um cumprimento, não uma pergunta.
CHOQUE
Quando uma força irresistível encontra
um obstáculo intransponível, parte pra ignorância.
CIDADÃO
Não pergunte o que seu país pode fazer
por você – pague o IPTU, o IPVA e os 72 impostos gerais e vê se não chateia.
CIRCO
O mundo inteiro está assistindo
diariamente, e aplaudindo entusiasmado, aos extraordinários espetáculos do Gran
Circo Brasil, único no seu gênero – meia dúzia de trapezistas e cento e cinqüenta
milhões de palhaços (atualmente quase 200 milhões...)
CIRURGIÃO
Os cirurgiões usam máscaras não por
uma questão de assepsia, mas pra não serem identificados.
CIVILIZAÇÃO
Chama-se de civilização o esforço
conjunto da humanidade, durante milhões de anos, para se autodestruir
estupidamente.
CLÁSSICO
Clássico é um autor que não se
contentou em chatear apenas os contemporâneos.
COERÊNCIA
Coerente é o sujeito que nunca teve
outra idéia.
COMPETÊNCIA
Para dirigir um avião qualquer, só se
habilita quem é sabidamente competente. Mas para dirigir um país todo mundo se acha
capacitado.
CONGRESSO
O Congresso é uma instituição meio
entreposto, meio bordel, meio confessionário.
CONTINUIDADE
A vida é ininterrupta. A morte também.
Só que por muito mais tempo.
CONTRIBUINTE
Me arrancam tudo à força, e depois me
chamam de contribuinte.
CORRUPÇÃO
Acabar com a corrupção é o objetivo
supremo de quem ainda não chegou ao poder.
CORRUPTOS
Os corruptos são encontrados em várias
partes do mundo, quase todas no Brasil.
CRENÇA
Eu não só acredito na vida depois da
morte como acho que é essa que estamos vivendo.
CRIME
domingo, agosto 25, 2013
Saudades do Brasil
Cante com o Maluco Beleza
Ouro de Tolo
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
AOS QUE FAZEM TEATRO - Recado curto e grosso:
W. J. Solha
Leiam O LABORATÓRIO DAS INCERTEZAS. Paulo Vieira (UFPB 2013) é dono de um senhor currículo, que vai de pós-doutorado em Paris, junto ao grupo Théâtre du Soleil (1996), ao doutorado na USP com tese sobre Plinio Marcos (A Flor e o Mal, Firmo, 1994); e do mestrado com dissertação sobre Paulo Pontes (A Arte das Coisas Sabidas, UFPB 1998), à publicação de bons romances – como O Ronco da Abelha (Beca) e O Peregrino (FCJA) -, mais um Bolsa Funarte de Estímulo à Dramaturgia (2007), com o texto Anita, etc, etc, além do que é chefe do Departamento de Artes Cênicas da UFPB, universidade para a qual criou o Mestrado Institucional em Teatro e, com seus colegas, a Especialização em Representação Teatral. Diz ele:
- Em 1994 entrei pela primeira vez na Cartoucherie. Não tenho palavras para descrever o que foi e o que significou pisar naquele chão e ver – com olhos de não acreditar – enormes galpões que abrigavam o que era para mim um mito: a sede do Théâtre du Soleil. (A Arte do Efêmero, pág. 63 ). Isso trouxe resultados.
A beleza e profundidade de O
Laboratório das Incertezas – Ensaios sobre Teatro – vêm justificar, com teoria e História, o respeito com que
atores paraibanos são recebidos nos teatros e em elencos de filmes de toda
parte. Senti isso quando, no final dos anos 80, excursionei com meu grupo para
várias regiões do país e, em 2010, fui participar – como ator - dos longas O
Som ao Redor e Era uma vez eu, Verônica – de Kleber Mendonça Filho e Marcelo
Gomes, respectivamente. Todo mundo tira o chapéu para Luiz Carlos Vasconcelos
(como autor, ator e diretor), para Zé Dumont, para os irmãos Soya-Nanego-e-Buda
Lira, para Fernando Teixeira (ator, autor e diretor), Marcélia Cartaxo (atriz e
diretora), Suzy Lopes, Everaldo Pontes, Zezita Mattos, Servílio Gomes, Mayana
Neiva, Verônica Cavalcante, Madalena Acioly...
e por aí vai, sem falar de um dramaturgo do porte de Ariano Suassuna
(Auto da Compadecida), de um cenógrafo como Tomás Santa Rosa (do revolucionário
Vestido de Noiva, de Nélson Rodrigues),
e é aí que Paulo Vieira se insere no campo teórico da dramaturgia.
O Laboratório das Incertezas conta, analisa, cita – com erudição e experiência suficientes para também discordar e definir -, mas começo da base: concordo totalmente com o que diz no ensaio A Arte e o Conhecimento (pág. 16):
- A arte tem a função, no
concerto da natureza e das habilidades humanas, de dar um prazer que atua no
sensível, mergulhando o homem na escuridão do seu próprio abismo, iluminando-o
na medida em que isto for possível.
E me surpreendo com o que ele
afirma:
- Qorpo-Santo (José Joaquim de
Campos Leão) antecedeu em cem anos o Teatro do Absurdo.
- O paraibano Órris Soares
escreveu Rogério, em 1919, texto que somente veio a ser montado em 1993 em João
Pessoa. (...) O Modernismo Brasileiro ainda esperaria até 1922 para ser
apresentado com estardalhaço.
E o vejo confirmar Bergson,
apenas em parte, quando o filósofo diz que
“o riso é certo gesto social que ressalta e reprime certo desvio
especial dos homens e dos acontecimentos”:
- Mas ele é, também, a expressão
de nossa própria insensibilidade com as fraquezas ou os vexames de outros. Sem
essa insensibilidade não é possível haver riso. Ninguém ri do que enternece ou comove. ( Do Fim da Comédia,
página 105).
Analisa:
- O Teatro do Absurdo centra-se sobre
a incomunicabilidade do ser humano, o que não deixa de ser até certo ponto
irônico e contraditório, quando vivemos na era da comunicação de massa. (O
Enigma da Esfinge, 118).
Teoriza:
- Quero acreditar que o sucesso
da Commedia dell´arte deveu-se sobretudo ao aperfeiçoamento da velha comédia
latina, tão comum na Itália, antes que o mundo pagão fosse dominado pelo
moralismo cristão. (Do fim da comédia,98). Aperte o passo e acompanhe a
História, em O Teatro Como Representação do Mundo:
- Os palcos dos século XVII e
XVIII foram preenchidos por deuses e heróis helênicos, às vezes por reis e
nobres, mas jamais as gentes do povo. (...) O homem não encontrava espaço numa
cena tomada por deuses e ninfas. Ao passo que nas ruas a vida continuava
agitada e miserável, a corte divertia-se com a imagem de um mundo perfeito,
trágico em sua alta expressão, porém harmonioso assim mesmo. Até o instante em
que nas ruas o povo fez correr o sangue humanamente vermelho dos poderosos,
constatando que não era, afinal, azul. (págs 41, 42). Pág 51:
- O que Émile Zola, com seu
naturalismo, propunha, era (...) substituir personagens abstratas pelo homem
real. A partir de então o cenário jogaria um papel importante no quadro da
cena, pois ele é o meio onde nascem, vivem e morrem as personagens. Esse é o
mesmo ponto de vista que será defendido em 1903 por Antoine, o criador do
Teatro Livre e um dos primeiros encenadores modernos. Páginas 54 e55:
- A forma politizada desse teatro
assumiu proporções mais claras com as encenações de Piscator, que não queria
mostrar o trabalhador em suas relações com o capital, mas elevar o teatro às
dimensões da História, tomando as novas tecnologias como apoio para a cena.
Assim foi que, havendo como fim ilustrar a narrativa, misturou cinema e cena de
forma a obter uma visão de conjunto dos movimentos sociais.
- Até 1917 (ano da revolução
bolchevique) o teatro e suas instalações não pertenciam à classe oprimida.
(...) Piscator estabeleceu a base do teatro épico que seria explorado mais
tarde por Brecht.
E Paulo Vieira resiste , na
página 57:
- A meu ver, o esforço que Brecht
desenvolveu para negar o aristotelismo, de certa maneira foi em vão, pois seus
melhores textos jamais deixaram de conter uma regra que tem sobrevivido aos
séculos, a unidade de ação. Profundamente aristotélico no seu
antiaristotelismo, sabia que em teatro, texto ou cena, não importa, ação é
fundamental.
Há um tópico precioso, em O
Enigma da Esfinge, página 113:
- Em nosso século de velocidade e
de cultura de massa, de indústria de moda, embaralharam-se os caminhos na caça
pela novidade que a cada instante precisa ser reinventada. Perderam-se os
fundamentos do que seja o novo e do que não o é. (...) Não há linguagem
contemporânea para o teatro, que é o que sempre foi – magistralmente definido
por Lope da Veja: um tablado, dois atores e uma paixão. (...) A linguagem
teatral, desde o advento das vanguardas no século XX, sofreu tantas mudanças,
tantas foram as suas novidades, que parece impossível que haja algo que seja
realmente novo na contemporaneidade. (...) Ao romper com a tradição, as
vanguardas abriram caminho para seu próprio aniquilamento estético. (116).
Às vezes me vejo na leitura de
Paulo Vieira, embora não citado lá. Por exemplo: minha primeira peça – O
Vermelho e o Branco – que data de 68, montada por Ariosvaldo Coqueijo em
Pombal, no alto sertão paraibano, foi sobre a morte do estudante Edson Luís,
que acabara de acontecer, e que acabou causando tal estrago na Ditadura, que
resultou no AI-5. Veja, na página 132, de O Laboratório das Incertezas:
- Além de fazer teatro, a sala do
Opinião serviu, muitas vezes, de lugar onde estudantes frequentemente
realizavam reuniões, como a que ocorreu logo após a morte de Edson Luís nas
dependências do restaurante Calabouço, no ano de 1968. A década efervescente,
praticamente, terminou com a edição do Ato Institucional número 5, em dezembro
de 1968
De fato: meu texto foi
severamente proibido pela censura, “por ferir a dignidade da pátria e ser capaz
de sublevar os ânimos da juventude”.
Paulo Vieira relata, resgatando
toda uma época de miséria da cultura, em A vingança do Maldito, página 155:
- Havia dois modos de censurar
uma obra: o primeiro era aquele que a proibia para exibição em todo território
nacional. Todo autor, diretor ou produtor de teatro, quando desejava montar o
seu espetáculo, tinha a obrigação de pedir a Brasília um certificado nacional
de liberação. Após a obtenção, solicitava-se ao Departamento de Censura da
Polícia Federal uma nova liberação. O tal Departamento recebia uma cópia do
texto, uma data era marcada para a vistoria do espetáculo, dois agentes da
polícia federal compareciam ao teatro, assistiam ao espetáculo em que tudo era
passível de censura, do texto ao gesto dos atores, da luz ao cenário.
Quando eu montava uma adaptação,
atualização minha da Antígona de Sófocles, mandei o texto pra Brasília, fui
chamado à Polícia Federal. O censor me disse:
- Já existe uma peça com esse nome.
- Há várias. Todas conservando o
nome do texto original, de Sófocles.
- Mas e se Sófocles reclamar.
Fiquei olhando pro cara, sem
saber se me gozava ou se era, realmente, estúpido. Mudei o título pra Creonte,
mas jamais recebi a liberação, pelo que minha montagem gorou.
Doutra feita, Rosângela Cagliani
montara o balé Caldo da Cana, roteiro meu, música do maestro Carlos Anísio, e o
homem da censura foi ver a apresentação feita exclusivamente pra ele. No final,
disse:
- Vão ter que tirar a cena em que
o coronel se agarra com a negra que faz Nossa Senhora Aparecida. ]
- Mas isso é de Casa Grande &
Senzala! Vai censurar Gilberto Freyre?!
- Rs rs rs rs: tava brincando...
A Paraíba, especialmente, ganha
com o livro de Paulo Vieira:
- O último texto de Altimar Pimental,
montado com enorme sucesso, é Como Nasce um Cabra da Peste, rara comédia na
obra de um dramaturgo que pode e deve estar entre os grandes da dramaturgia
brasileira. Outro nome que deve figurar entre os fundadores do teatro
nordestino é o de Lourdes Ramalho.
Até eu acabo ficando pra
posteridade, no final do livro, quando se fala de Bráulio Tavares (Brincante),
do maranhense Aldo Leite (Tempo de Espera) , Vital Farias (Auto das Sete Luas
de Barro), Eliézer Rolim ( com dois espetáculo deslumbrantes: Homens de Lua e
Anjos de Augusto) , Álvaro Fernandes (Última Estação) e conclui:
- Não se pode esquecer de
Waldemar José Solha, paulista-paraibano, autor de textos intrigantes.
sábado, agosto 24, 2013
A Bíblia do Caos - Millôr Fernandes
A
ADMIRAÇÃO
Como são
admiráveis as pessoas que nós não conhecemos muito bem!
ADVOCACIA
A advocacia é
a maneira legal de burlar a Justiça.
AJUDA
Ser pobre não
é crime mas ajuda a chegar lá.
ALTERNATIVA
Nos momentos
de perigo é fundamental manter a presença de espírito, embora o ideal seja
conseguir a ausência do corpo.
AMBIÇÃO
É fácil a
gente se conformar com o que tem. Difícil é se conformar com o que não tem.
AMIZADE
A coisa
mais comum do mundo é confundir convivência com amizade.
ANALFABETO
Quem
não lê é mais analfabeto do que quem não sabe ler
ANÁLISE
Quem
tem sabedoria para conhecer a alma alheia jamais se aproximaria seque da idéia
de aplicar aí sua sabedoria
ANARQUIA
Hay
gobierno? Soy contra. No hay gobierno? También soy.
ÂNGULO
Fique tranqüilo:
sempre se pode provar o contrário.
ANIMAL
O homem
é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é.
ANIVERSÁRIO
Aniversário
é uma festa/ Pra te lembrar/ Do que resta
AR
Matéria
em que a natureza foi extremamente generosa para evitar que os pobres morram de
falta de.
ARQUEOLOGIA
No
momento em que aumentam as nossas descobertas arqueológicas fica evidente que o
Brasil tem um enorme passado pela frente. Ou um enorme futuro por detrás, se
preferem.
ARQUITETOS
A
velocidade dos ventos julga os arquitetos.
ASCETA
Asceta
é um cara que não morre mas também não vive.
ASSEMBLÉIA
Assembléia
é uma cambada de parlamentares (novos coletivos).
ASSIDUIDADE
Apesar
de sexagenário, ele fazia sexo quase todos os dias. Quase no domingo, quase na
segunda-feira, quase na terça...
ATITUDE
Tem
gente que faz, tem gente que manda fazer e tem gente como eu, que apenas
pergunta o que foi.
AUDIÇÃO
Em
política, o que te dizem nunca é tão importante quanto o que você ouve sem
querer.
AUTORIDADE
O fato
de uma pessoa ser grande autoridade em algum assunto não elimina a
possibilidade de acertar de vez em quando.
AVESSO
Político
é um sujeito que convence todo mundo a fazer uma coisa da qual ele não tem a
menor convicção.
Nossas vidas
Celso Japiassu
Não se vive uma só vida. Ao longo da existência, vivemos em etapas que começam e terminam para um novo reinício, num ritual das surpresas. Ao fim de cada ciclo, morremos para renascer mais felizes ou mais infelizes, a depender do acaso, acontecimentos, episódios e espantos.
Nada tem a ver com o mito da reencarnação. Mas valeria dizer que iniciamos cada nova etapa da nossa única vida como se fosse uma nova entrada no palco do teatro do mundo. Diante de nós, uma platéia formada por nossos próprios sonhos, dos quais recebemos aplauso ou apupos para as poucas vitórias ou para as decepções que foram vividas. E que vão nos acompanhar para sempre.
O mistério existencial mergulha no seu próprio absurdo. Diante de nós, as perguntas eternas sobre o destino e a explicação de tudo. Em cada etapa vivida, morremos. E permanecem insepultos a perplexidade, a inconsciência e tudo o mais que constituiu tumulto ou paz em nossas vidas passadas.
sexta-feira, agosto 23, 2013
Cocô no Mar!
Germano Romero
Desculpem os leitores, mas a sabedoria evangélica diz que “o
escândalo é necessário”. E que o título deveria ser motivo de violentos
protestos, tais como os que estão sendo vistos pelo Brasil afora. Um crime de
consequências absurdas, um grande dano ambiental que acontece, há décadas,
calado, oculto, e, pior, apesar de divulgado com frequência, continua
indiferente às próprias vítimas. O que mais impressiona é que, apesar de publicado
nas primeiras páginas da imprensa, ninguém comenta, ninguém protesta, nem
aparentemente se indigna com a abominável desgraça, que agora, mais uma vez,
veio à tona.
A verdade é que as águas do belo Atlântico, nas praias de Manaíra e Cabo Branco estão contaminadas! Impróprias para banho, segundo laudo emitido pela Sudema. Mas essa contaminação vem de muito, muito tempo, e ainda não se viu nenhuma gestão municipal, estadual ou federal se empenhar para investigar, punir e solucionar.
Talvez a indiferença choque mais do que o inadmissível crime ambiental cometido com uma das mais preciosas pérolas de nosso estado: praias de águas mornas, emolduradas por paisagens decantadas no mundo inteiro, em cuja borda não é permitida nem a construção de edifícios com mais de 3 andares. Praias que são os espaços de lazer mais aprazíveis e apreciados pela população e o elemento de atração turística que mais agrada e impressiona aos visitantes.
E agora perguntamos: de que adianta restringir construções, proteger a paisagem, remover ocupação irregular, chegar-se ao cúmulo de ordenar a retirada de leves poltronas que o restaurante “Canyon” de Coqueirinho dispunha na praia, e da cozinha do ecológico “Arte Bar” de Tabatinga, que nenhum mal causavam, e ficar indiferente ao inominável crime ambiental de poluir a sagrada água do mar?
Causa espanto que diante uma barbaridade desse porte ninguém vá às ruas, ninguém proteste. Mais grave: que não se tomem providências urgentes. Há anos que se tem ciência das crescentes ligações clandestinas de esgotos nas galerias pluviais das praias paraibanas, e nada foi feito. Bastava uma rápida tamponagem na saída da tubulação, para o esgoto estourar dentro dos prédios dos criminosos, como testou, tão sabiamente, a ambientalista Socorro Fernandes, mas que ninguém se importou até hoje. E o escândalo permanece calado!
Chama o Columbo
Hugo Caldas
Pois bem, em verdade vos digo, nem tudo é perfeito. Estava eu posto em sossego na última Sexta-feira 16, a tomar a fresquinha da tarde ao pé do janelão do apartamento, quando lá pelo meio das três horas, algo inusitado aconteceu na garagem do prédio. Gritos angustiantes, nervosos, chamaram a minha atenção.
- "Pelo amor de Deus, abra esse portão, abra logo, por favor". Alguém me ajude"!
Tal era a aflição manifestada que logo maldei: algum morador deve estar numa emergência, um ataque cardíaco, ou coisa mais grave, querendo sair e pede em desespero a interferência de alguém na abertura do portão que leva uns 20 segundos para abrir e mais outro tanto para fechar. Terminei por não dar a devida importância aos gritos. Nova conjuração dos astros? Imaginei uma brincadeira de mau gosto dos operários. Explico:
Ocorre que o prédio está em obras já há bastante tempo. Colocação de pastilhas. Isso significa um trabalho interminável e irritante. Um eterno baticum, uma poeira enervante, um alarido insano que não acaba mais. Quando menos se espera aparece, como num passe de mágica, uma cara mal-assombrada tomando todo o espaço útil da janela. Passado o susto você constata que é apenas um sujeito tentando se equilibrar em um daqueles andaimes que sobem e baixam mediante pequena manivela e que, mesmo com a prancha fora de nível, cuida de espiar tudo dentro da sua casa e você não pode fazer nada. Perde a privacidade - ganha aborrecimentos a começar pela sujeira deixada pelos operários. Forçoso manter janelas e cortinas fechadas por causa da poeira e da bisbilhotice. Para o abafado infernal dentro de casa, não há solução, vai ter que suportar. Reclamar a quem? Só se for ao bispo! Cadê a conspiração cósmica?
A Sexta-Feira se constitui em dia de pagamento para qualquer empreitada que se preze e aqui não seria diferente. Falam que o engenheiro chefe da obra acompanhado de um dos operários foi ao banco fazer uma retirada de elevada quantia, para o pagamento semanal dos trabalhadores... é aí que mora o perigo e é aqui que começamos a desvendar a razão dos misteriosos gritos na garagem.
Foi bem pior do que um mero infarto do miocárdio. Foi um assalto.
A arte do roubo parece se aprimorar neste país Pindorama. A cada dia ganha rasgos de obra de arte. Pois não é que inventaram uma nova modalidade, talvez até um desmembramento da famosa "saidinha do banco!” A vítima é escolhida, observada e após o saque no caixa é seguida até o seu local determinado para ser assaltada em domicílio. Numa boa!
E os gritos lancinantes na garagem?
Bem, aí a coisa toda começa a tomar ares de filme de Hollywood. Eram dois assaltantes mais um outro comparsa ao volante, apenas um armado. Seguiram o carro do engenheiro e descobriram uma providencial vaga bem na calçada do prédio apesar da total impossibilidade nessa hora, de encontrar uma nesga de espaço para uma simples parada. A rua é estreita, tem mão dupla e estaciona-se em ambos os lados. Temos um banco na esquina e uma loja de brinquedos que inaugurou há poucos dias. Junte os clientes do banco mais a novidade da nova loja e calcule o número de automóveis! Será que não estamos diante de um cenário preparado?
Pois eles pararam o carro na vaga providencial e conseguiram entrar a pé na esteira do carro do engenheiro, apesar dos poucos segundos do portão aberto.
Uma vez dentro do prédio, começou a odisseia. A partir deste momento a história toma contornos absolutamente inverossímeis, difíceis de acreditar. As conversas posteriores com o pessoal do prédio também não ajudam muito. O ladrão que estava armado mantinha o revolver na cabeça do engenheiro mesmo após tomar-lhe o dinheiro. O outro, talvez num misto de medo e ignorância tentou, mas não conseguiu abrir o portão e pedia desesperadamente que alguém o ajudasse. Um morador do prédio acionou o controle remoto e ele finalmente conseguiu sair. Mas logo volta para apanhar com o engenheiro as chaves do carro a fim de não serem perseguidos. Dá para acreditar?
Após o falatório inútil das pessoas no local do crime, moradores, vizinhos e transeuntes, alguém registrou uma queixa na Delegacia do Bairro. O dinheiro, ninguém sabe, ninguém viu, sumiu. A essas alturas é bem provável que esteja entre as esmolas do mártir São Sebastião ou no mínimo repousa suavemente na caixa das almas.
Esses foram os fatos a mim relatados. Francamente, não acredito em uma só palavra. E não estou só no meu raciocínio. De conversa em conversa surge uma nova versão.
"História muito mal contada essa," segreda um amigo e logo emenda, como é mesmo o nome daquele detetive da TV que usava uma capa surrada, tinha o olho troncho e um resto de charuto pendurado no beiço?
De imediato lembrei-me de Peter Falk que fez história em um seriado da televisão na pele de um detetive da polícia de Los Angeles, meio atrapalhado, chamado Columbo, que descobria e resolvia em cada episódio todo e qualquer mistério.
Imprescindível chamar o Columbo!
quinta-feira, agosto 22, 2013
terça-feira, agosto 20, 2013
sábado, agosto 17, 2013
Direita e esquerda
Celso Japiassu
O pensamento político tem um conflito entre duas correntes que vem desde Roma antiga. De um lado os conservadores, que buscam manter os valores que receberam pela tradição e do outro aqueles que defendem mudanças capazes de melhorar a experiência humana num planeta combalido.
O pensamento político tem um conflito entre duas correntes que vem desde Roma antiga. De um lado os conservadores, que buscam manter os valores que receberam pela tradição e do outro aqueles que defendem mudanças capazes de melhorar a experiência humana num planeta combalido.
Como os conservadores sentavam-se no lado direito e os
reformadores do lado esquerdo, nas assembléias da Revolução Francesa, estas posições marcaram as duas ideologias
contraditórias: direita e esquerda. Hoje, muitos dizem que esta divisão não mais
existe e quem afirma isso são, habitualmente,
os de posições conservadoras, ou seja, a direita. A esquerda reivindica sua
identidade. A direita é uma só e as esquerdas são várias, separadas pelo maior ou menor grau de mudança ou revolução
que apregoam.
Para as desavenças humanas, a divergência política é tão
fatal quanto a provocada pelo fundamentalismo das crenças religiosas. Ou até
mesmo quanto as brigas entre as torcidas dos times de futebol. Todos esses
conflitos têm origem, penso, na crença de que existe uma verdade. Mas o que
existe é a luta eterna e trágica dos homens pelo poder de obrigar outros homens
a fazerem ou deixarem de fazer alguma coisa. Mesmo contra a vontade. O filósofo
Marcelinho Cachaça, de quem já falei aqui, resumia: “quem está em cima bate,
quem está embaixo apanha”.
Abecedário do Millôr - A Bíblia do Caos
ADVOCACIA
A advocacia é a maneira legal de burlar a Justiça.
A advocacia é a maneira legal de burlar a Justiça.
Minha Gente - Os Pereira
Hugo Caldas
Pelo o que eu sei a família Mercês provinha do patriarca Deodato José das Mercês Parahiba, do Rio Grande do Norte. Possuia casa à Rua Direita, (Duque de Caxias) no trecho que ia da antiga Rua do Rosário até o Pátio do Palácio. Bem mais tarde essa casa ficou conhecida por todos da família como "A Casa das Meninas". Essas tais "meninas" eram as minhas tias-avós, Marfisa, a misteriosa, Marly, que tinha trabalho na Secretaria de Saúde, Nenen, a intelectual que pronunciava como ninguém, excertos como "pilastras cilindricas" e Nilinha, a faz-tudo, para todos. Todas elas irmãs de Maria Eugênia das Mercês Parahiba que quando do seu casamento com Ambrósio Pereira suprimiu o Parahiba passando a se assinar Maria Eugênia das Mercês Pereira, Dona Dondinha, minha avó materna. Meu avô Ambrósio Pereira se estabeleceu no comércio. Os Pereira moravam em Pilar, pequena cidade do agreste paraibano, em um enorme sobrado conhecido até hoje como "O Sobrado de Seu Ambrósio". Dito sobrado era uma edificação comum como todas as outras, porém majestosa na sua simplicidade. Lembro da enorme escada externa que levava ao andar de cima onde todos moravam. No térreo era a loja de tecidos do meu avô. Por trás da loja existia sua oficina de marceneiro. No descampado da parte térrea, bem ao lado da escadaria havia um pomar coalhado de diversas fruteiras e uma horta para onde a minha mãe, manhã cedo, me levava a passear, arrancando e comendo tomates e me fazendo comer também. Eu, indefeso nos meus dois anos de idade, detestava. Diz ainda a lenda que Dona Dondinha foi a primeira professora diplomada a chegar na cidade. Maior festa para recebê-la, com banda de música, pompa e circunstância. Logo começou a lecionar e se torna mestra de Zé Lins do Rego, que ainda menino, de traquinagem, cuidava de olhar as "bonitas e bem torneadas pernas" da jovem professorinha, como está bem registrado em um dos seus livros.
O tempo foi passando e eis que todos se mudam para a capital indo meu avô Ambrósio estabelecer moradia na rua Capitão José Pessoa, 48 esquina das Trincheiras, tradicional logradouro da cidade. Era uma casa antiga e espaçosa dentro de um pequeno bosque de mangueiras, mamõeiros, fruta-pães, bananeiras, um pé de jenipapo e umas tantas galinhas de corte e de postura. Fogão à lenha e carvão, reinava soberano na grande cozinha manobrada magistralmente por uma negra muito bonita por nome de Rita de Brito, quituteira das boas. Rita namorava o leiteiro que se chamava Luis Alves de Lima Silva, o nome quase completo do Duque de Caxias. Todas as manhãs Luis vinha com a sua carrocinha branca no maior asseio, deixar os dois ou três litros de leite e daí o amor surgiu. Um belo dia uma quase tragédia: Luis fora convocado para a guerra na Itália. Foi um chororô danado. O "Pracinha" logo requisitou um retrato de Rita bem como um vestido, que era para ele pendurar na sua barraca de campanha e olhar quando a saudade apertasse. Não lembro se ao final do conflito ele voltou. Cuido que não.
Em frente à casa ficava o consultório do doutor Cícero Leite, dentista que possuía um automóvel verde musgo claro, que era seu xodó. Esse carro ficava horas estacionado em frente a minha casa e eu costumava brincar subindo e descendo pelo capô e pára-lamas. Resultado: arruinei a pintura, tão zelosamente cuidada pelo valoroso odontólogo que de imediato veio reclamar. Minha avó se desculpou e pediu que ele não contasse nada à meu pai. Ela mesma tomaria as providências devidas.
Quando o meu pai chegou na hora do almoço foi a primeira coisa que falou, já me dando um carão daqueles. Reação da minha avó:
- "Mas eu não disse àquele cavalheiro para não contar nada ao Américo! O que ele merece agora, uma tapa na boca"!
Essa era a minha avó Dondinha que nasceu numa véspera de São Pedro, em 1885 e faleceu no início de julho de 1947 em Campos, Estado do Rio de Janeiro. Tocava piano como ninguém. Se preocupava com a minha educação musical, pois cuidou que eu tivesse aulas de piano e solfejo com o maestro Joaquim Pereira morador das redondezas. Um belo dia, após a morte do meu avô Ambrósio, ela juntamente com a minha Tia Aurinha, tomaram um vapor do Lloide, "O Araranguá", para o sul do país. Foram ao encontro de uma outra Pereira, a minha Tia Céu que há muito se mudara para a cidade de Campos, ao se casar em 1936. Durante a viagem deu uns quantos concertos à bordo durante memoráveis jantares, à pedido do comandante. Maior sucesso. O ponto final da viagem para elas duas seria a chegada ao Rio de Janeiro onde finalmente encontrariam a filha. Consta que a minha avó Dondinha logo revolucionou a vizinhança com seus bolos e doces maravilhosos. Consta também, que em sendo diabética andou fazendo umas extravagâncias, comendo e bebendo do que não devia, nem podia. Para o meu desespero de criança, a minha avó Dondinha jamais regressou dessa viagem. Ficou para sempre, distante. Custa-me a sua ausência. Até hoje.
Ultimamente, após o passamento da minha mãe, garimpando nos seus pertences encontrei dentro de um universo de fotos, pequenas anotações, receitas de bolos e doces, orações e citações, uma verdadeira joia. Uma carta, que estou tentando decifrar, escrita com bela caligrafia pelo meu avô na década de 40, com os seguintes dizeres à lápis no envelope: "Para ser entregue à Dondinha após a minha morte".
- Essa minha gente Pereira continua a me surpreender.
Pelo o que eu sei a família Mercês provinha do patriarca Deodato José das Mercês Parahiba, do Rio Grande do Norte. Possuia casa à Rua Direita, (Duque de Caxias) no trecho que ia da antiga Rua do Rosário até o Pátio do Palácio. Bem mais tarde essa casa ficou conhecida por todos da família como "A Casa das Meninas". Essas tais "meninas" eram as minhas tias-avós, Marfisa, a misteriosa, Marly, que tinha trabalho na Secretaria de Saúde, Nenen, a intelectual que pronunciava como ninguém, excertos como "pilastras cilindricas" e Nilinha, a faz-tudo, para todos. Todas elas irmãs de Maria Eugênia das Mercês Parahiba que quando do seu casamento com Ambrósio Pereira suprimiu o Parahiba passando a se assinar Maria Eugênia das Mercês Pereira, Dona Dondinha, minha avó materna. Meu avô Ambrósio Pereira se estabeleceu no comércio. Os Pereira moravam em Pilar, pequena cidade do agreste paraibano, em um enorme sobrado conhecido até hoje como "O Sobrado de Seu Ambrósio". Dito sobrado era uma edificação comum como todas as outras, porém majestosa na sua simplicidade. Lembro da enorme escada externa que levava ao andar de cima onde todos moravam. No térreo era a loja de tecidos do meu avô. Por trás da loja existia sua oficina de marceneiro. No descampado da parte térrea, bem ao lado da escadaria havia um pomar coalhado de diversas fruteiras e uma horta para onde a minha mãe, manhã cedo, me levava a passear, arrancando e comendo tomates e me fazendo comer também. Eu, indefeso nos meus dois anos de idade, detestava. Diz ainda a lenda que Dona Dondinha foi a primeira professora diplomada a chegar na cidade. Maior festa para recebê-la, com banda de música, pompa e circunstância. Logo começou a lecionar e se torna mestra de Zé Lins do Rego, que ainda menino, de traquinagem, cuidava de olhar as "bonitas e bem torneadas pernas" da jovem professorinha, como está bem registrado em um dos seus livros.
O tempo foi passando e eis que todos se mudam para a capital indo meu avô Ambrósio estabelecer moradia na rua Capitão José Pessoa, 48 esquina das Trincheiras, tradicional logradouro da cidade. Era uma casa antiga e espaçosa dentro de um pequeno bosque de mangueiras, mamõeiros, fruta-pães, bananeiras, um pé de jenipapo e umas tantas galinhas de corte e de postura. Fogão à lenha e carvão, reinava soberano na grande cozinha manobrada magistralmente por uma negra muito bonita por nome de Rita de Brito, quituteira das boas. Rita namorava o leiteiro que se chamava Luis Alves de Lima Silva, o nome quase completo do Duque de Caxias. Todas as manhãs Luis vinha com a sua carrocinha branca no maior asseio, deixar os dois ou três litros de leite e daí o amor surgiu. Um belo dia uma quase tragédia: Luis fora convocado para a guerra na Itália. Foi um chororô danado. O "Pracinha" logo requisitou um retrato de Rita bem como um vestido, que era para ele pendurar na sua barraca de campanha e olhar quando a saudade apertasse. Não lembro se ao final do conflito ele voltou. Cuido que não.
Em frente à casa ficava o consultório do doutor Cícero Leite, dentista que possuía um automóvel verde musgo claro, que era seu xodó. Esse carro ficava horas estacionado em frente a minha casa e eu costumava brincar subindo e descendo pelo capô e pára-lamas. Resultado: arruinei a pintura, tão zelosamente cuidada pelo valoroso odontólogo que de imediato veio reclamar. Minha avó se desculpou e pediu que ele não contasse nada à meu pai. Ela mesma tomaria as providências devidas.
Quando o meu pai chegou na hora do almoço foi a primeira coisa que falou, já me dando um carão daqueles. Reação da minha avó:
- "Mas eu não disse àquele cavalheiro para não contar nada ao Américo! O que ele merece agora, uma tapa na boca"!
Essa era a minha avó Dondinha que nasceu numa véspera de São Pedro, em 1885 e faleceu no início de julho de 1947 em Campos, Estado do Rio de Janeiro. Tocava piano como ninguém. Se preocupava com a minha educação musical, pois cuidou que eu tivesse aulas de piano e solfejo com o maestro Joaquim Pereira morador das redondezas. Um belo dia, após a morte do meu avô Ambrósio, ela juntamente com a minha Tia Aurinha, tomaram um vapor do Lloide, "O Araranguá", para o sul do país. Foram ao encontro de uma outra Pereira, a minha Tia Céu que há muito se mudara para a cidade de Campos, ao se casar em 1936. Durante a viagem deu uns quantos concertos à bordo durante memoráveis jantares, à pedido do comandante. Maior sucesso. O ponto final da viagem para elas duas seria a chegada ao Rio de Janeiro onde finalmente encontrariam a filha. Consta que a minha avó Dondinha logo revolucionou a vizinhança com seus bolos e doces maravilhosos. Consta também, que em sendo diabética andou fazendo umas extravagâncias, comendo e bebendo do que não devia, nem podia. Para o meu desespero de criança, a minha avó Dondinha jamais regressou dessa viagem. Ficou para sempre, distante. Custa-me a sua ausência. Até hoje.
Ultimamente, após o passamento da minha mãe, garimpando nos seus pertences encontrei dentro de um universo de fotos, pequenas anotações, receitas de bolos e doces, orações e citações, uma verdadeira joia. Uma carta, que estou tentando decifrar, escrita com bela caligrafia pelo meu avô na década de 40, com os seguintes dizeres à lápis no envelope: "Para ser entregue à Dondinha após a minha morte".
- Essa minha gente Pereira continua a me surpreender.
sexta-feira, agosto 16, 2013
Abecedário do Millôr - A Bíblia do Caos
"Como são
admiráveis as pessoas que nós não conhecemos muito bem!" Millôr Fernandes
Iniciamos nesta data a publicação do Abecedário do gênio da raça Millôr Fernandes, que mesmo quando faz graça diz coisas sérias e vice-versa..
Colaboração da amiga Aline Alexandrino
Iniciamos nesta data a publicação do Abecedário do gênio da raça Millôr Fernandes, que mesmo quando faz graça diz coisas sérias e vice-versa..
Colaboração da amiga Aline Alexandrino
Cidade dos artistas
Plínio Palhano
Uma das obras essenciais para a compreensão e o registro histórico sobre os movimentos culturais da cidade de Olinda é o livro Utopia do olhar,
de autoria do artista plástico e crítico Raul Córdula, uma das mais
expressivas e fortes personalidades no âmbito da arte e da cultura,
sempre presente no conceito e na concreção de manifestações visuais no
País e na Região Nordeste. O texto é uma narração dos fatos que marcaram
a cultura olindense e obedece a uma sequência desde os idos dos anos
1950 até a contemporaneidade, com um ritmo excelente para o leitor. Raul
faz um levantamento monumental, nas artes visuais, de movimentos e
nomes, sem omitir nenhum de seus pares, procurando ouvi-los e
consignando depoimentos de forma harmônica e elegante, porque esse é o
seu estilo.
Olinda
se tornou Patrimônio da Humanidade, principalmente por sua história,
sua beleza arquitetônica e o destaque da sua paisagem natural. Mas creio
que também a presença de artistas na cidade contribuiu e impulsionou a
conquista desse título, porque o próprio Aloísio Magalhães — à época
como secretário-geral do Ministério da Educação e da Cultura (MEC) —, um
desbravador em várias vias culturais, principalmente quanto ao design
no País, foi um artista que utilizou sua arte como um dos instrumentos
para essa empreitada. Realizou dez litografias, através de seus
registros fotográficos sobre Olinda, e um tríptico, isto é, três
litografias conjuntas com o perfil completo do Sítio Histórico. Para
cada imagem, cem reproduções. Aloísio reuniu 21 conjuntos dessas
litografias assinadas por ele, a obra de Gilberto Freyre Olinda – Segundo guia sentimental de uma cidade
e o conjunto de fotografias de Pedro Lobo. Distribuiu esse material com
os 21 membros do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Cimos),
da Unesco, para convencimento da conquista do título universal.
Mas
até chegar a essa conquista foi uma longa história de movimentos e
mobilização de artistas em Olinda. A gênese foram as primeiras presenças
de artistas importantes na década de 1950, o Movimento da Ribeira, que
foi fundamental para unir e dinamizar exposições e consolidou uma
história nutrida por talentos que fixaram seu ateliê na cidade e
repercutem nos âmbitos local e nacional; assim como, em paralelo, pelas
vias governamentais, a criação de museus e a restauração de monumentos
históricos; tudo isso alcançando a atualidade, que da utopia virou realidade como forças culturais e políticas que imperam e influem na cidade dos artistas.
Plínio Palhano é artista plástico
quinta-feira, agosto 15, 2013
Rodrigueanas..
“Tão parecidos, Stalin e Hitler, tão gêmeos, tão construídos de ódio. Ninguém mais Stalin do que Hitler, ninguém mais Hitler do que Stalin!” Nelson Rodrigues
Filosofia pura à razão da crítica - a baboseira do dia
"Se você quiser comparar o PT ao seu filho ou ao meu filho, você vai perceber que quando uma criança nasce a gente tem todo o controle sobre ela porque fica no colo o tempo inteiro. Quando começa a andar, fica adolescente e fica adulto, a gente vai vendo que ele vai ficando dono do seu nariz, vai fazendo coisas boas e coisas que a gente não gosta que faça".
Lula
Lula
Ainda descendo a ladeira
Carlos Cordeiro
O INSS, uma das instituições mais respeitáveis deste País, decidiu muito acertadamente atualizar seus arquivos, na presunção de que muitos de seus aposentados e pensionistas já morreram e não avisaram seu passamento, permitindo assim que algum parente sabidinho continue a receber seus proventos. Então, para acabar com essa safadeza, exigiu que todos os seus aposentados e pensionistas se dirijam a qualquer agência do banco onde têm a chamada conta-salário, munidos de identidade e cartão, e mostrem que continuam vivinhos da silva.
Pois bem, fiz o que a instituição pedia e dirigi-me à agência do Banco do Brasil mais próxima de minha casa. A mulherzinha que me atendeu perguntou se meu endereço continuava aquele.
Tudo isso é kafkiano, é surreal, é sobretudo de uma burrice córnea. Não culpo a pobre moça que me atendeu, e que “raciocina” com a mesma acuidade de uma secretária eletrônica. O problema – digamos a verdade toda - é que tudo neste país é comandado pela burrice. Até as roubalheiras carecem de um mínimo de inteligência, já que, todo dia e toda hora, são facilmente descobertas – é claro que aí o peso maior cabe à absoluta certeza da impunidade. Mas provavelmente não há outro país mais imbecilmente administrado do que o nosso, com uma burocracia aterradora, uma máquina estatal emperrada e emperradora, cheia de exigências descabidas e inúteis.
É assim este belo país. Diz um amigo meu, residente nos Estados Unidos, que morre de medo de voltar para cá – “porque no Brasil você tem de brigar o tempo todo por tudo”. Todo mundo fura fila, todo mundo engana, qualquer providência – de alugar um apartamento a oficializar um divórcio – depende de demarches burocráticas intermináveis, idas e vindas a cartórios e a repartições que supostamente têm a função de fiscalizar. Boa piada! Um país que está entre os mais corruptos do mundo, onde há falcatruas em toda parte, desde a mais humilde prefeitura de interior até os altos comandos do sistema, possui uma estrutura de fiscalização totalitária, uma espécie de olho inquiridor que vigia e cobra cada passo do cidadão. Pobres de nós! Continuamos sendo, apesar de todos os títulos ufanistas que nos dão, um país de merda. E o Banco do Brasil, por coerência, é o banco deste país. Miserere nobis, Domine!
le que está na minha ficha bancária. Eu disse que não, e que, até por isso mesmo, tinha trazido uma conta de telefone, como comprovante de meu novo endereço. Mas não pode, explicou a douta atendente, o senhor tem de dirigir-se à sua agência original. Quis saber por quê. Porque é. Mas o banco não tem todas as suas agências, em todo o território nacional, em rede – de forma que eu posso movimentar minha conta aqui no Rio, em Camocim de São Félix ou no Alto Araguaia? É, mas para mudar o endereço, não pode.
O INSS, uma das instituições mais respeitáveis deste País, decidiu muito acertadamente atualizar seus arquivos, na presunção de que muitos de seus aposentados e pensionistas já morreram e não avisaram seu passamento, permitindo assim que algum parente sabidinho continue a receber seus proventos. Então, para acabar com essa safadeza, exigiu que todos os seus aposentados e pensionistas se dirijam a qualquer agência do banco onde têm a chamada conta-salário, munidos de identidade e cartão, e mostrem que continuam vivinhos da silva.
Pois bem, fiz o que a instituição pedia e dirigi-me à agência do Banco do Brasil mais próxima de minha casa. A mulherzinha que me atendeu perguntou se meu endereço continuava aquele.
Tudo isso é kafkiano, é surreal, é sobretudo de uma burrice córnea. Não culpo a pobre moça que me atendeu, e que “raciocina” com a mesma acuidade de uma secretária eletrônica. O problema – digamos a verdade toda - é que tudo neste país é comandado pela burrice. Até as roubalheiras carecem de um mínimo de inteligência, já que, todo dia e toda hora, são facilmente descobertas – é claro que aí o peso maior cabe à absoluta certeza da impunidade. Mas provavelmente não há outro país mais imbecilmente administrado do que o nosso, com uma burocracia aterradora, uma máquina estatal emperrada e emperradora, cheia de exigências descabidas e inúteis.
É assim este belo país. Diz um amigo meu, residente nos Estados Unidos, que morre de medo de voltar para cá – “porque no Brasil você tem de brigar o tempo todo por tudo”. Todo mundo fura fila, todo mundo engana, qualquer providência – de alugar um apartamento a oficializar um divórcio – depende de demarches burocráticas intermináveis, idas e vindas a cartórios e a repartições que supostamente têm a função de fiscalizar. Boa piada! Um país que está entre os mais corruptos do mundo, onde há falcatruas em toda parte, desde a mais humilde prefeitura de interior até os altos comandos do sistema, possui uma estrutura de fiscalização totalitária, uma espécie de olho inquiridor que vigia e cobra cada passo do cidadão. Pobres de nós! Continuamos sendo, apesar de todos os títulos ufanistas que nos dão, um país de merda. E o Banco do Brasil, por coerência, é o banco deste país. Miserere nobis, Domine!
le que está na minha ficha bancária. Eu disse que não, e que, até por isso mesmo, tinha trazido uma conta de telefone, como comprovante de meu novo endereço. Mas não pode, explicou a douta atendente, o senhor tem de dirigir-se à sua agência original. Quis saber por quê. Porque é. Mas o banco não tem todas as suas agências, em todo o território nacional, em rede – de forma que eu posso movimentar minha conta aqui no Rio, em Camocim de São Félix ou no Alto Araguaia? É, mas para mudar o endereço, não pode.
PROFESSOR DA USP FALA DO ORKUT...FACEBOOK... ETC.
Marco André Vizzortti
O ORKUT apareceu como uma forma de contatar amigos, saber notícias de quem está distante e mandar recados. O FACEBOOK também . Hoje está sendo utilizado com o propósito de, creio ser o seu maior trunfo, obter informações sobre uma classe privilegiada da população brasileira. Por que será que só no Brasil teve a repercussão que teve?
Outras culturas hesitam em participar sua vida e dados de intimidade, de forma tão irresponsável e leviana. Por acaso você já recebeu um telefonema que informava que seus filhos estavam sendo seqüestrados? Sua mãe idosa já foi seguida por uma quadrilha de malandros? Já te abordaram num barzinho, dizendo que te conheciam faz tempo? Já foi a festas armadas para reencontrar os amigos de 30 anos atrás e não viu ninguém conhecido?
Pois é.. Ta tudo lá. No ORKUT, No FACEBOOK.
Com cinco minutos de navegação eu sei quantos filhos você tem, ou se não tem, se tem namorado/a, sei que estuda no colégio tal, ou que trabalha em tal lugar, sei que freqüenta tais cinemas, tais bares, tais festas .... sei nome de familiares, sei nome de amigos; sei, sei, sei tudo!
E o melhor, com sua foto na mão! Identifico seu rosto em meio a multidões, na porta do seu trabalho, no meio da rua. Afinal, já sei onde você está. É só ler os seus recadinhos.
Faço um pedido: Quem quiser se expor assim, faça-o de forma consciente e depois não lamente, nem se desespere, caso seja vítima de uma armação. Mas poupe seus filhos, poupe sua vida Íntima. O bandido te ligou pra te extorquir dinheiro porque você deixou..
A foto dos meninos estava lá. Teu local de trabalho tava lá.
A foto do hotel 5 estrelas na praia tava lá.
A foto da moto ou carro que está na garagem estava lá.
Realmente somos um povo muito inocente e deslumbrado.
Por enquanto, temos ouvido falar de ameaças a crianças e idosos.
Até que um dia a ameaça será fato real. Tarde demais. Se você me entendeu, ótimo!
Reveja sua participação no ORKUT, FACEBOOK, ou ao menos suprima as fotos e imagens de seus filhos menores e parentes que não merecem passar por situações de risco que você os está colocando.
Oriente seus filhos a esse respeito, pois colocam dados deles e da família sem pensar em consequências, fazem isso pelo desejo de participar, mas não sabem ou não pensam no perigo de se dar dados pessoais e da família para que qualquer pessoa veja.
Se acha que não tenho razão, deve se achar invulnerável.
Informo que pessoas muito próximas a mim e queridas já passaram por dramas gratuitos, sem perceber que tinham sido vítimas da própria imprudência.
A falta de malícia para a vida nos induz a correr riscos desnecessários.
Não só de ORKUT e FACEBOOK, vive a maioria dos internautas.
Temos uma infinidade de portas abertas e que por um descuido colocamos uma informação que pode nos prejudicar.
Disponibilizar informações a nosso respeito pode se tornar perigoso ou no mínimo desagradável. Portanto, cuidado ao colocar certas informações na Internet.
Não conhecemos a pessoa ou as pessoas que estão do outro lado da rede. O papo pode ser muito bom e legal, mas perigoso.
PS: Passe a todos que você conhece e que utilizam o Orkut, o FACEBOOK, 1Grau, Gazzag, NetQI, Blogs, Flogs, etc..... para que todos tenhamos consciência sobre o assunto e possamos colaborar com a diminuição do crime.
Marco André Vizzortti é Professor de Informática da USP
Aviso aos Navegantes...
Meus caros amigos
Vocês todos devem ter notado que o Blog anda meio devagar, quase parando. Última postagem muito micha foi dia 11 do corrente. Será o cansaço das noites mal dormidas e a maldição do sempre recordar? Talvez, quem sabe? Andei dando uma conferida em postagens anteriores e constatei que o Blog era bem mais interessante sem esse viés pseudopolítico, essa eterna e inútil reclamação, essa eterna esperança que nunca chega a se materializar. Os acontecimentos de julho pareciam uma luz no fim do túnel, finalmente o gigante Macunaíma acordara do seu preguiçoso sono, mas como disse uma amiga:
- "acordou de um pesadelo porém voltou a dormir que ele não é besta nem nada"!
No final a tal luz no fim do túnel pode muito bem ser um trem chegando, cuspindo fogo. Confesso que mais uma vez cansei. Não imagino salvação para Pindorama. Acho bem melhor viver o tempo que me resta em companhia dos meus familiares e amigos queridos, sabendo que poderei contar com eles a qualquer hora.
Pra começar estou mudando a forma de divulgação do Blog. Não mais postarei artigos no Facebook. Por uma razão bem simples. As pessoas, estão a tecer os seus comentários no próprio FB esquecendo que existe um formulário próprio no Blog. Colaboradores que me honraram com seus belos e indispensáveis artigos passaram de armas e bagagens para o outro lado. Então estamos entendidos: Matérias do Blog apenas no Blog. No Facebook o trivial de sempre. HC
Vocês todos devem ter notado que o Blog anda meio devagar, quase parando. Última postagem muito micha foi dia 11 do corrente. Será o cansaço das noites mal dormidas e a maldição do sempre recordar? Talvez, quem sabe? Andei dando uma conferida em postagens anteriores e constatei que o Blog era bem mais interessante sem esse viés pseudopolítico, essa eterna e inútil reclamação, essa eterna esperança que nunca chega a se materializar. Os acontecimentos de julho pareciam uma luz no fim do túnel, finalmente o gigante Macunaíma acordara do seu preguiçoso sono, mas como disse uma amiga:
- "acordou de um pesadelo porém voltou a dormir que ele não é besta nem nada"!
No final a tal luz no fim do túnel pode muito bem ser um trem chegando, cuspindo fogo. Confesso que mais uma vez cansei. Não imagino salvação para Pindorama. Acho bem melhor viver o tempo que me resta em companhia dos meus familiares e amigos queridos, sabendo que poderei contar com eles a qualquer hora.
Pra começar estou mudando a forma de divulgação do Blog. Não mais postarei artigos no Facebook. Por uma razão bem simples. As pessoas, estão a tecer os seus comentários no próprio FB esquecendo que existe um formulário próprio no Blog. Colaboradores que me honraram com seus belos e indispensáveis artigos passaram de armas e bagagens para o outro lado. Então estamos entendidos: Matérias do Blog apenas no Blog. No Facebook o trivial de sempre. HC
domingo, agosto 11, 2013
Saudades do Brasil
Na década de 70 a música de Rita Lee era considerada apenas uma musiquinha engraçadinha, descompromissada com tudo e com todos. Reinavam absolutos o crème de la crème: Chico Buarque, ainda um grande compositor que não frequentava os corredores palacianos de governos corruptos. Gil cantava, encantava e fumava um pouco menos, o Príncipe da MPB, Paulinho da Viola, e Caetano Veloso que alguns consideravam o poeta maior. Ou não! Hoje, dada à exuberância de sandices como: "ai, se eu te pego, ex my lovi, meteoros da paixão e tcha e tchun", chega-se a conclusão que a senhora Rita Lee Jones é realmente uma compositora/intérprete da maior qualidade, fato evidenciado neste clipe. "Desculpe o Auê", música leve, agradável ao ouvido, excelente vocalização com a Paula Toller, bem descontraída e dona de uma belíssima voz. A intervenção de Oswaldinho com o seu magnífico acordeon, absolutamente arrasadora. Ainda há salvação para a música brasileira. Curtam o clipe.HC
Nossos Velhos
Martha Medeiros
Pais heróis e mães heroínas do lar.Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?
Envelheceram.... Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas. Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez deles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido.
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias. Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres !! E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia.
É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros... Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco... possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa.
Afinal, nossos heróis de ontem... serão nossos heróis eternamente ...
Pais heróis e mães heroínas do lar.Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?
Envelheceram.... Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas. Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez deles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido.
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias. Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres !! E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia.
É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros... Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco... possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa.
Afinal, nossos heróis de ontem... serão nossos heróis eternamente ...
sábado, agosto 10, 2013
Impeachment...
Diogo Mainardi
"O impeachment, na minha visão, funciona como o botão que se aperta para dar descarga na privada. Você já fez... o que precisava ser feito e não precisa mais olhar os seus dejetos, misturados ao papel higiênico usado. E se tudo ainda não for pelo buraco adentro, engolido pelo jorro de água, você aperta o botão de novo. Simples, o impeachment.
Hoje, milhões de brasileiros apertaram o botão que deveria fazer sumir essa bosta de governo petista. Há um misto de repugnância e exasperação nas pessoas. Digamos - para continuar com a imagem escatológica - que estamos sofrendo uma insuportável prisão de ventre que faz doer a barriga, em espasmos. Nossos intestinos estão cheios, empanturrados com fatos e verdades não só sobre as mazelas do Planalto.
Mas o Congresso...meu Deus, três bandidos condenados na Comissão de Justiça? O Renan, julgado corrupto, decidindo o que serve para nós, povo brasileiro? Os congressistas, deputados federais, a maioria sendo processada por "malfeitos", para usar a expressão do FHC? Seriam eles o nosso purgante salvador? Nem pensar. Mais da metade desses indivíduos nem eleitos foram. Eram vice, pagaram as despesas de campanha, o titular se retirou para alguma "boca" combinada previamente e o agora premiado senador senta sua bunda na cadeira para fazer negócios.
Concorrência pública?...quem dá mais comissão leva. Esses caras exageraram, canalhas contumazes, viciados por anos e anos de impunidade. Eles tem alçadas de poder, verbas de tudo quanto é jeito, sinecuras - e agora preparam seus filhotes para lhes suceder na boca rica. O nepotismo corre solto. Não há o que se esperar deles, não virá de lá nenhuma atitude cívica - como votar o impeachment da Dilma.
Pois eles também deveriam ser "impichados". Vale o mesmo sentimento para com a Justiça, que a imprensa todo dia mostra como um vulgar balcão de negócios e interesses. A Petrobrás, o BNDES, as estatais...tudo aparelhado pelo Lula e sua quadrilha. A Dilma preside esse lupanar (palavra antiga, puteiro seria melhor) com seu beicinho arrogante, perpetrando absurdos com a cumplicidade de seus 39 (trinta e nove) ministros. Nem vou listar os despautérios, quem não é analfabeto, do MST ou bóia-fria sabe de cor que aquela senhora Dilma extrapolou.
Ela, no passado, conseguiu até falir uma lojinha de badulaques chineses, seu maior empreendimento até ser guindada a ministra pelo pior dos brasileiros vivos, essa desgraça chamada Lula. Então é o seguinte: hoje, as manifestações apertaram o botão da privada, coletivamente, num ato de dignidade e consciência política. Mas lá dentro da privada a merda rodou, rodou - e não foi embora. Falta um balde de água. Falta uma mudança total, de tudo. Falta uma greve geral que tenha a força de liquidar essa quadrilha do PT, incrustada no poder.Falta o impeachment da Dilma. Quem será essa pessoa que vai salvar os restos deste país?"
"O impeachment, na minha visão, funciona como o botão que se aperta para dar descarga na privada. Você já fez... o que precisava ser feito e não precisa mais olhar os seus dejetos, misturados ao papel higiênico usado. E se tudo ainda não for pelo buraco adentro, engolido pelo jorro de água, você aperta o botão de novo. Simples, o impeachment.
Hoje, milhões de brasileiros apertaram o botão que deveria fazer sumir essa bosta de governo petista. Há um misto de repugnância e exasperação nas pessoas. Digamos - para continuar com a imagem escatológica - que estamos sofrendo uma insuportável prisão de ventre que faz doer a barriga, em espasmos. Nossos intestinos estão cheios, empanturrados com fatos e verdades não só sobre as mazelas do Planalto.
Mas o Congresso...meu Deus, três bandidos condenados na Comissão de Justiça? O Renan, julgado corrupto, decidindo o que serve para nós, povo brasileiro? Os congressistas, deputados federais, a maioria sendo processada por "malfeitos", para usar a expressão do FHC? Seriam eles o nosso purgante salvador? Nem pensar. Mais da metade desses indivíduos nem eleitos foram. Eram vice, pagaram as despesas de campanha, o titular se retirou para alguma "boca" combinada previamente e o agora premiado senador senta sua bunda na cadeira para fazer negócios.
Concorrência pública?...quem dá mais comissão leva. Esses caras exageraram, canalhas contumazes, viciados por anos e anos de impunidade. Eles tem alçadas de poder, verbas de tudo quanto é jeito, sinecuras - e agora preparam seus filhotes para lhes suceder na boca rica. O nepotismo corre solto. Não há o que se esperar deles, não virá de lá nenhuma atitude cívica - como votar o impeachment da Dilma.
Pois eles também deveriam ser "impichados". Vale o mesmo sentimento para com a Justiça, que a imprensa todo dia mostra como um vulgar balcão de negócios e interesses. A Petrobrás, o BNDES, as estatais...tudo aparelhado pelo Lula e sua quadrilha. A Dilma preside esse lupanar (palavra antiga, puteiro seria melhor) com seu beicinho arrogante, perpetrando absurdos com a cumplicidade de seus 39 (trinta e nove) ministros. Nem vou listar os despautérios, quem não é analfabeto, do MST ou bóia-fria sabe de cor que aquela senhora Dilma extrapolou.
Ela, no passado, conseguiu até falir uma lojinha de badulaques chineses, seu maior empreendimento até ser guindada a ministra pelo pior dos brasileiros vivos, essa desgraça chamada Lula. Então é o seguinte: hoje, as manifestações apertaram o botão da privada, coletivamente, num ato de dignidade e consciência política. Mas lá dentro da privada a merda rodou, rodou - e não foi embora. Falta um balde de água. Falta uma mudança total, de tudo. Falta uma greve geral que tenha a força de liquidar essa quadrilha do PT, incrustada no poder.Falta o impeachment da Dilma. Quem será essa pessoa que vai salvar os restos deste país?"
sexta-feira, agosto 09, 2013
“Satisfeitos & Otimistas"
Até 15 dias atrás, brasileiro estava “satisfeito” e “otimista”, diziam institutos de pesquisa
Redação Midia@Mais - Das duas uma: o brasileiro é incrivelmente volúvel, ou os institutos de pesquisa e a mídia são especialistas em mentir.
Como provavelmente a onda de protestos acompanhada de depredação e criminalidade oportunista que assola o país não servirá para nada, que ao menos sirva para alertar as pessoas a duvidar o tempo todo do que insistem em dizer os institutos de pesquisa, sempre usados como ferramenta de marketing para demagogos e oportunistas.
Em abril, a CNI dizia que “brasileiros estavam mais otimistas em relação ao emprego” e que “o emprego formal e a renda dos trabalhadores continuavam crescendo”: http://economia.ig.com.br/
Em janeiro, um certo “Data Popular” revelava que “classe média está mais otimista em 2013” (Veja mais em:http://www.infomoney.com.br/
Em novembro do ano passado, o jornalista Luis Nassif garantia em seu blog que “a maioria da população, entre 18 e 65 anos, está otimista e planeja as próximas compras. A percepção, em todas as classes de renda, é de que a vida melhorou e que vai melhorar ainda mais nos próximos 12 meses. E na lista dos objetos de desejo, o topo é ocupado por celular, televisão e carro” e que “para 93% da população entre 18 e 34 anos, em todas as faixas de renda, o futuro próximo é cor-de-rosa” – ou seja, exatamente a faixa etária que de repente resolveu sair para as ruas, queimar carros e bater em policiais acuados: http://advivo.com.br/blog/
Quanto a alguns políticos, para o UOL, em dezembro de 2012 “73%” dos brasileiros confiavam em Dilma Rousseff (http://noticias.uol.com.br/
Dá para confiar?
Informativo semanal Mídia@Mais
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