domingo, dezembro 23, 2007

É NATAL...


Vocês aí da geral, vezeiros em azucrinar a minha conhecida paciência a fim de conhecer a real identidade do Riobaldo Tatarana. Em verdade vos digo que, finalmente, após insistentes pedidos, numerosos abaixo-assinados, e algumas pressões, suspeita-se, oriundas do planalto central, o buliçoso escritor concordou em se deixar fotografar (hum, hum) e de contínuo, nos brinda com o seu inquietador frontispício à guisa de mimo natalino, anexado ao singelo texto abaixo. Feliz Natal a todos. H.C.

Riobaldo Tatarana

Havia eu proclamado aos meus quatro leitores (cinco agora, com a inclusão dessa simpaticíssima Aline) minha aversão a afastar-me, por pouco que seja, do meu tugúrio praieiro. Pois não é que paguei a língua? Minha mulher exigiu, sob a covarde ameaça de nunca mais fazer baba de moça nem cação ao coco, que fôssemos passar “as festas” no Sul, em casa dos seus parentes, pois minha longeva sogra completa aí seus quatrocentos aninhos. E lá vou eu, já sabendo o que me espera. Um jantar gordurento, presentes comprados em lojas de 2,99 e embrulhados às pressas, champanhe nacional e um calor dos infernos, além da mais absoluta hipocrisia, que é a característica principal desse período.

Nós, brasileiros, não temos absolutamente nenhum limite para o ridículo. Lembro do título de um artigo do Antônio Torres, maravilhoso cronista do início do século passado: “O ridículo como expressão nacional”. Procurem ler. E lembro também de um amigo belga, já falecido, que veio passar o Natal no Rio, e morria de rir ao ver, no calor senegalês da cidade, figuras vestidas de papai Noel, com renas e neve artificial caindo. Quem é papai noel? Não perco tempo com histórias sobre a lenda. Pergunto quem é essa figura, que ressurge a cada ano, sempre cercado de criancinhas ingênuas, levadas por pais debilóides, para tirar fotos.

A julgar por essa afeição, seria um pedófilo, disfarçado em presenteador? A julgar pelo traje berrante, pelos veadinhos cheios de guizos arrastando um trenó colorido, não ficaria melhor como símbolo do movimento gay? Dada a indisfarçável pança e a cara rechonchuda, não se ajustaria bem a uma campanha contra a obesidade? Pois bem, essa figura importada é um símbolo multibilionário, que leva milhões de papalvos em todo o mundo a espremer suas minguadas economias e acotovelar-se nas lojas em busca de presentes vulgares, que depois serão atirados para um canto qualquer.

Não pensem que eu defendo um papai Noel caboclo. Aí sim, teríamos o ridículo elevado ao cubo. Aliás, eu não estou defendendo nada, apenas exercito meu mau humor contra essa mania botocuda de imitarmos tudo que se faz no primeiro mundo.

Há gente que argumenta que essa é uma data religiosa, ou sagrada, pois comemora o nascimento de Cristo. É mesmo?! E como se faz isso? Com a glutonaria do jantar? Com a profusão de presentes? Com a hipocrisia de parentes que passam o ano a esfaquear-se mutuamente e depois se abraçam? Ora, façam-me o favor.... Mas não há mesmo termo para nossa mania de imitar tudo, principalmente o que não presta, desde que venha com aval dos ricos. Vejam como a cada ano se reforça a tal festa do Halloween, como as escolas se movimentam para fantasiar as crianças de bruxas e criar um clima satânico. Depois, nos queixamos quando os argentinos nos chamam de macaquitos. Temos essa deformação moral, essa mazela psicológica: imitar. E sufocamos imediatamente tudo que seja autenticamente popular e nacional.

Vejam o tão badalado reveillon de Copacabana. Aí pela década de 60, 70, quando lá vivia, era uma bela festa de confraternização. Após a meia noite, todo mundo descia para o calçadão, e era uma festa de todos, as pessoas se abraçavam, ofereciam champanhe umas às outras, soltavam-se pequenos rojões, todo mundo cantava, e pulava, e ria. A beira da praia ficava lotada de pequenos terreiros de umbanda, onde as pessoas iam galhofeiramente tomar passes, porque tudo era uma grande e bem-humorada brincadeira. Até que veio a prefeitura, com sua sabedoria de jumento, e resolveu “organizar” a festa. Constrói todo ano imensos palcos, onde se exibem artistas e bandas regiamente pagos, e à meia noite faz espocar uma saraivada milionária de fogos importados, que os basbaques ficam admirando com uma expressão idiota. Os pobres macumbeiros foram expulsos da areia, agora tomada por farofeiros que vêm de toda parte, com cadeiras e farnéis, “esperar os fogos”. E em poucas horas o que se vê é gente drogada, urinando por toda parte, brigas, confusão. Ó terra, ó gente!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

RECUERDO 28 - Sopa, Costeletas e "Amazonas"


Hugo Caldas

Já faz uma pá de tempo. Década de 50. João Pessoa, ainda uma cidade dos bons e velhos tempos, sem essa cretinice de mudança de nome, bandeira e quejandos. Naquele tempo nós tínhamos o que fazer. Ninguém ficava azeitando o eixo do sol, a coçar o saco, inventando novidade. Tínhamos, por exemplo o TEP, Teatro do Estudante da Paraíba, de muito querida e saudosa memória.

O caso, eu conto:

Um belo final de tarde e começo de noite, Celso Almir, colega de Liceu e amigo de longa data (até hoje) tinha um compromisso a cumprir e não estava muito animado com a empreitada. Contou-me em poucas palavras do que se tratava:

- "Rapaz, fui convidado a fazer um teste para uma peça de teatro mas não estou muito entusiasmado. Será que eu vou me sair bem? Será que tenho talento para isso? Você não toparia ir comigo e me fazer companhia?"

- Claro, respondi também sem muita empolgação. Teatro? Que história era essa? Concordei finalmente e lá fomos nós tirar essa conversa a limpo. O local do ensaio que iria selar as nossas vidas era em uma das dependências da Maçonaria em um primeiro andar da Rua Duque de Caxias. Subimos e logo Almir se apresentou. Fez um bom teste apesar das suas interrogações.

De repente, não mais que de repente, o diretor, um tal Valter de Oliveira, do clã dos Oliveira do Recife, olhou para mim e gritou:

- "Ei você aí, magrelo, venha até aqui."

Morrendo de medo obedeci e fui até ele. Me examinou de alto a baixo e com a autoridade de um Arquimedes redivivo, (dê-me um cabo de vassoura e dele farei um ator) mandou que eu lesse uma frase qualquer de um calhamaço que estava sobre a mesa. Já que Almir havia sido aprovado para o papel de Osborne eles continuavam a procura de alguém para o papel de Mason o cozinheiro do regimento.

Explicarei:

- Tratava-se de "Fim de Jornada", sétima e mais famosa peça de R.C. Sherriff, escritor inglês, levada ao palco pela primeira vez em 1928, tendo como cenário as trincheiras de Saint-Quentin, França em 1918. A peça dá uma boa idéia do que teria sido a experiência dos oficiais da infantaria inglesa em pleno conflito de 1914-1918.

No entanto não fui aprovado no teste por conta do meu nervosismo. A cena era:

- Osborne - Que temos de bom hoje para o jantar, Mason?
- Mason - Sopa, costeletas e ananases.

Na minha excitação eu lí:

- Sopa, costeletas e "AMAZONAS"!

Foi uma risadagem geral. Fiquei morto de vergonha. Para encurtar, terminei sendo aprovado para outro papel. Um jovem e educado tenente, irmão da noiva do meu comandante. E foi assim, não mais que de repente, totalmente por acaso que entrei para o mundo encantado do teatro, envergando o uniforme do exército inglês em plena Primeira Grande Guerra Mundial. A peça só com papéis masculinos, foi escolhida dada a dificuldade em encontrar garotas para papeis femininos. Os papais não permitiam.

O elenco de "Fim de Jornada", se não me falha a memória:

Sosthenes Kerbrie
Valdez Silva
Elpidio Navarro
Ednaldo Navarro
Paulo Nóbrega (Paulinho Perneta)
Celso Almir
Ruy Eloi
e Hugo Caldas (este-locutor-que-vos-fala)
Direção - Valter de Oliveira

O diretor Valter, teve a suprema audácia de colocar como tema musical a trilha sonora de um filme americano recém exibido no Plaza, por título "Suplício de Uma Saudade,” que não tinha absolutamente nada a ver com a nossa história. Mas a música era bonita.

O TEP levou a peça para o Festival Nordestino de Teatro Amador em Recife e estreamos no Santa Isabel em agosto de 1956. No final todos morriam o que era uma lástima. No Recife quase que morríamos de verdade tendo o cenário entrado em colapso espalhando pó de serra por todo o teatro. Elpidio Navarro conta o episódio em um dos seus "Acontecidos."

A crítica especializada teceu muitos elogios ao espetáculo. Ariano Suassuna à época crítico de um jornal do Recife disse o seguinte sobre a minha atuação: "Hugo Caldas muito seguro, parece talhado para o papel." Passei noites sem dormir só pensando e saboreando o elogio. Celso Almir recebeu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante.

Houve uma remontagem anos depois com algumas substituições no elenco. Raimundo Nonato no lugar de Celso Almir, já emigrado para o sul maravilha. Moura no lugar de Ruy Eloi que parece ter gostado da experiência da caserna pois entrou para a Polícia Militar onde terminou fazendo uma bela carreira. Pereira Nascimento no lugar de Paulinho Perneta que havia voltado à casa paterna no Rio Grande do Norte. Não lembro entretanto, quem substituiu Sosthenes Kerbrie.

Outras peças sucederam.

Exemplo foi "Pluft, o Fantasminha" para desespero e desgosto da minha mãe que não aceitava ver o seu "Clark Gable" transformado em marinheiro bobo e beberrão. Mas é isso, teatro é melhor pra quem faz do que pra quem vê. Qualquer dia estendo mais o assunto. "Fim de Jornada" foi apenas o início de uma carreira de quase 20 anos entre amador e profissional, já radicado no Recife, fazendo parte do elenco do Teatro Popular do Nordeste - TPN sob a primorosa direção de Hermilo Borba Filho.

hucaldas@gmail.com

quarta-feira, dezembro 12, 2007

AVISO AOS NAVEGANTES


Meus caros. Recebi da amiga Nehilde a mensagem abaixo. Peço a devida atenção para o conteúdo. H.C.

Oi Hugo
Se achar pertinente, divulgue no seu blog. Um filho, ou um amigo, poderão ser a próxima vitima, dessa nova modalidade de violência, são tantas que nem sabemos o que fazer, pelo menos estejamos atentos. Um abraço Nehilde

ATENÇÃO PARA QUEM VAI A CINEMA EM SHOPPING!!
ESSE ALERTA PODE SERVIR PARA TODOS OS CINEMAS DO BRASIL,
PRINCIPALMENTE DOS SHOPPINGS, POIS O ESTACIONAMENTO DE VEICULOS E CAIXAS ELETRÔNICOS, SEMPRE MAIS PRÓXIMOS, SÃO MAIS FÁCEIS PARA ACESSO E OS BANDIDOS USAM SEMPRE O FACILITADOR COMO PARCEIRO.

"Na tarde de sábado passado, estava passeando, no Shopping Iguatemi, com a minha namorada, quando decidimos pegar um cineminha. Quando entramos na sala, percebemos que havia muitas crianças com seus pais e um grupo de 7 ou 8 rapazes, aparentando uns 18 anos, de bonés e óculos escuros, encostados em uma parede do corredor lateral.

Fomos sentar em uma fileira de poltronas, no meio da sala; pouco depois, começaram a exibir os trailers. Minutos após começar o filme, um dos rapazes que estava em pé, sentou-se ao lado da minha namorada, sacou um revólver e disse que era para ela ficar quieta, senão ele iria atirar.

Muito assustada, ela começou a chorar. Quando eu percebi o que estava acontecendo, já estava se sentando, na poltrona ao meu lado, um outro rapaz do grupo, anunciando que era um assalto e que ele estava armado.

Eles me levaram para fora do cinema, enquanto outros dois elementos da gangue ficaram com a minha namorada, dentro da sala de projeção. Fui obrigado a sacar todo o dinheiro que foi possível, nos caixas 24hs do shopping, e tive que comprar 6 pares de tênis de quase R$500,00, cada um, numa loja de artigos esportivos, usando meu cartão de crédito, até acabar meu limite. Uns 40 minutos depois, voltamos para o cinema e foi a vez de fazerem a mesma coisa com a minha namorada.

Pouco antes de acabar o filme, os que estavam comigo me mandaram sair do cinema. Quando saí, me levaram até o estacionamento, onde já estava a minha namorada com os outros da gangue. Fizeram com que eu os levasse até o meu carro, nos colocaram dentro dele e terminaram de roubar as coisas que faltavam, como celulares, relógios, etc. Mandaram que eu dirigisse para fora do shopping, com três bandidos dentro do carro, e seguisse um outro carro, onde estava o restante da gangue.

Ficamos dando voltas de carro, até escurecer; depois nos libertaram, em um matagal. Tivemos que andar descalços, em uma estrada de terra, durante muito tempo; acho que por mais de 2 horas, até acharmos um sítio, de onde pude ligar para meu pai e pedir para que ele nos apanhasse.

No dia seguinte acharam meu carro todo batido, sem os equipamentos de som, CD e outros acessórios. Quando estava na delegacia, prestando queixa, o delegado falou que já ocorreram mais de cinco assaltos como este, no mês passado.

O pior é que as câmeras do circuito interno de TV do shopping não estavam funcionando, para tentarmos obter algumas imagens dos assaltantes.

De qualquer forma, quando for ao cinema, atenção com as pessoas que sentam ao seu lado, especialmente se o cinema não estiver lotado ou se existirem muitas poltronas vazias por perto; se virem grupos parados, pelos cantos, tomem muito cuidado.

Vale a pena levantar e avisar aos funcionários do cinema que há um grupo suspeito, em pé, esperando as luzes se apagarem, para, talvez, assaltarem os espectadores.

Os funcionários têm recursos para avisar a vigilância do Shopping e a Polícia.

sábado, dezembro 08, 2007

Poucas & Boas


Hugo Caldas

Tempos atrás, uma emissora de rádio aqui do Recife, apresentava em programa humorístico, uma crítica irreverente e burlesca dos fatos ocorridos durante a semana.

Chamava-se "É verdade ou não é?" E iniciava com o apresentador cantando em tom farsesco, as seguintes rimas:

É verdade ou não é
O repórter não se engana
É uma reportagem feita durante a semana
É verdade ou não é....

- Tentarei portanto, seguir-lhe a trilha nestes tempos lastimosos.-

MAZELAS & MAZELAS
Pindorama, segundo recente pesquisa efetuada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entre 57 países, ocupa o desmoralizante lugar de nação com o pior nível de educação dos seus estudantes de 15 anos. A referida pesquisa, que será publicada detalhadamente na próxima semana, mostra ainda que o Brasil está, na frente unicamente, pasmem, da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão, (o que vem a ser isto, Deus meu!). O teste avaliou o conhecimento em ciências, capacidade de leitura, rudimentos de matemática e, como os estudantes empregam todo esse conhecimento a fim de encontrar a solução dos problemas diários. O estudo conclui que os resultados têm confiabilidade de 95% e que o Brasil, aleluia, se encontra entre as posições 50 e 54. Não é uma maravilha de beleza? Como chegamos a essa situação constrangedora? É nisso que dá o tal "Ensino Continuado" onde é proibido dar notas baixas e muito menos reprovar para não traumatizar o mau estudante. Já contei, aqui mesmo neste espaço, que á época do curso primário, tomava mil beliscões e ficava com a cara na parede de castigo e nem por isso fiquei (acho eu) traumatizado, coisa nenhuma. Para mim a escola era, como já disse o poeta, "risonha e franca." Mas a gente estudava e fazia bonito.
Hoje a prática é a autoridade educacional desprezar, ignorar o professor, que tem de escolher entre botar comida na mesa ou comprar livros de consulta. Nosso professor, desgraçadamente, tem de trabalhar em dois ou mais lugares, com carga horária exaustiva, salário infame, e ainda é, via de regra, obrigado a conviver com a indisciplina e o flagrante desinteresse dos alunos, dos pais, da comunidade, do governo e da sociedade como um todo. Há casos comprovados de espancamento de professores por alunos e seus familiares. Nos meus tempos de ginásio se respeitava o professor por tudo o que ele representava. Ganhavam bem, acredito. Nunca vi em sala de aula, nenhum dos meus professores de sandália havaianas ou usando camiseta de algum bloco carnavalesco. Professor mal treinado é uma tragédia. Ontem mesmo vi pela televisão, uma professora se queixando "por que as autoridades não verem a situação dos mestres"... Ela tem culpa? Claro que não! É como disse acima, ou come ou estuda, para ensinar. Infelizmente, ainda por cima, temos esse péssimo hábito de comer três vezes ao dia. Vi, também o Secretario da Educação falar que já havia providenciado uma "bibilhoteca" para a escola tal... Ele tem culpa? Claro. Secretário da Educação deve pelo menos ter educação. No sentido restrito da instrução mesmo! Nesse último feriado, a televisão exibiu um jovem, que ao ser perguntado sobre o significado da data, respondeu que o 15 de Novembro foi o dia em que "um cara aí levantou uma espada e gritou Independência ou Morte". As outras pessoas ao redor, argüidas, não tinham a mínima idéia do que se tratava. Só falavam no feriadão. Não é trágico? Está achando pouco? Espere só o que vai resultar desse programa velhaco das "Cotas Raciais." Hoje mesmo a imprensa informa a qualidade lastimosa das nossas Escolas de Medicina. Há muito sabemos que a OAB vê-se na obrigação de reprovar advogados recém-saídos das nossas faculdades. Entretanto convém não desesperar. O alunado não sabe, nem entende coisa alguma, porém teremos uma bela safra de candidatos à Presidente da República. O futuro assim dirá.

DIREITA IMPIEDOSA
O senhor Lula da Silva afirmou hoje, na sua habitual arenga, que a direita não tem piedade. Vociferou severas críticas aos senadores da oposição que ameaçaram votar contra a prorrogação da CPMF. Ele deixou claro também que vai cobrar dos governadores, caso o tributo não seja aprovado, que eles visitem casa a casa para mostrar quais foram os senadores que votaram contra a prorrogação do tributo dito provisório. O engabelador está mordido porque é com esse dinheiro que a camarilha sustenta os programas assistenciais, coisa que já era caduca nos tempos de Getulio Vargas. Antes ele era contra mas agora "prefere ser uma metamorfose ambulante"... Pobre Raul Seixas.

POR QUÉ NO TE CALLAS?!
O Chanceler Amorim, aquele mesmo que disse preferir nossos diplomatas conhecendo a História do Brasil do que falando língua estrangeira. Pois é, ele mesmo, o Amorim, perdeu mais uma bela oportunidade de ficar calado. Na segunda-feira deitou falação elogiando o espírito democrático do Hugo Chavez ao reconhecer a derrota sofrida no plebiscito. Primeiro não era para elogiar coisa nenhuma. Democracia é isso mesmo. Quebrou a cara, depois que o Bufão se arrependeu e disse em alto e bom som que a vitória dos seus adversários fora uma "vitória de mierda!" O detalhe foi que ele, Chavez, voltou a envergar a camisa verde-oliva. Com a vermelha por baixo. Melancia...! Estão lembrados?

TEMOR
Temo por um tal general venezuelano que antes, amigo do falastrão Chavez, versão tupiniquim do Mussolini e depois, rompendo em tempo hábil, terminou por pedir votos para o "Não". Temo também pela ex-senhora Chavez, que chegou a ir à televisão pedir desculpas ao povo e desaconselhou o voto no "Sim". Chavez afirmou que entrará com ação judicial contra ela, pela guarda do filho menor. Como disse acima temo que ambos sofram algum acidente ou infarto do miocárdio, no melhor estilo da famigerada "Operação Código 12." Marquem as minhas palavras.

CRIME DE RICO

Nove pessoas morreram durante um tiroteio em um shopping-center, na cidade de Omaha, no estado de Nebraska, USA. De acordo com a CNN, morreu gente e pelo menos cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital. Testemunhas disseram que ouviram cerca de 20 disparos com muitas vítimas caídas pelo chão. Não me venham com a ladainha da questão social... Por favor! Dessa vez o assassino não foi nenhum imigrante coreano. Isso é crime de rico mesmo. O cara queria apenas ficar famoso! Ficou?

PODE?!
E por fim, mas não menos importante, recebi do Sr. Hortelino Trocaletras, servidor e aspone da SEALOPRA a nota abaixo:

(para ler castigando no sotaque)

"O ministras extra-ordináry of Assuntas Estratégicas of do Presidências do Repúblicas, Robert Mangabeiros Unger, ficará afastated da cargo por quase uma mês, para tratamentos do saúdes. O despatch presidential do exposition de motivas foi published today no Diária Oficiales do Union. O afastation será a partir de domingas, dia 9, hasta 5 de january."

hucaldas@gmail.com

sexta-feira, dezembro 07, 2007

O anjo de minha rua


Anco Márcio de Miranda Tavares

Eu sou feliz por que na minha rua mora um anjo. É uma menina de uns dez pra doze anos, que tem Síndrome de Down, e anda numa cadeira de rodas. Nem fala nem ouve. Apenas vê. Minto. Seus olhos falam. Ela começou a passar pela minha casa com sua cadeira de rodas empurrada por uma babá e acenou pra mim.

Um aceno meio desengonçado, pois ela não tem firmeza nos braços, mas um aceno de amiga, de quem quer ser amiga. Me aproximei dela, sorri, ela sorriu pra mim e ficamos amigos. As grandes amizades do mundo nascem assim, de um sorriso. Agora, todas as vezes que passa na minha casa, pára e ficamos olhando um para o outro.

Dia desses ela estava meio irritada por que sua boneca havia perdido uma perna. Sou meio desajeitado para essas coisas, mas como era para minha amiga, me esforcei e recoloquei a perna no lugar. Ela me devolveu o seu sorriso de anjo e abraçou sua boneca com amor. E eu fiquei feliz.

A babá me contou que ela nasceu assim e que seus pais lhe querem muito bem. Omitirei seu nome. Eu sei como é, mas não foi ela que me disse nem autorizou a dizer. Sei que ela nunca vai ler isso e se alguém ler para ela, não vai escutar e se escutasse nunca entenderia. Mas a menina poderia ser minha filha.

Dia desses colhi uma flor silvestre que nasce no meu jardim e dei para ela. Fui presenteado com o mais bonito dos sorrisos e me senti muito feliz. Fiz essa amiga e pretendo guardá-la para sempre no meu peito. Nunca mais quero perder de vista essa menina meio deformada, que não fala nem ouve, mas me faz tão feliz...

Ela é o anjo de minha rua. Ninguém tem sua pureza nem seus gestos inocentes e meio tortos. Eu poderia chamá-la de anjo torto, mas seria maldade. Deus é assim... Eu moro só... Aí Deus com certeza teve pena de minha solidão e me mandou um anjo sem asas e de sorriso torto... Mas acima de tudo um anjo...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

VARIAÇÕES SOBRE UM MESMO TEMA - OPUS 70


Hugo Caldas

Fim de semana, você decide ir à um restaurante, senta-se à mesa e pacientemente espera. O garçom faz vista grossa, e não lhe atende. O mesmo pode acontecer em outro lugar qualquer, uma loja por exemplo, você espera com a maior paciência deste mundo, calado, enquanto todos, absolutamente todos os vendedores, terminam suas conversinhas particulares ao celular. Você parece estar pedindo o maior favor do mundo, ansiando por um sorriso ou esperando apenas simplesmente ser notado e atendido.

Nos bancos então, você aguarda tranqüilamente que os caixas, são sete guichês mas apenas três funcionam, terminem a animada conversa e dissimuladamente abaixem a cabeça fingindo não lhe ver. Quando você é "pé na cova" então, o desastre é inquestionável, previsível.

Ou pode ser exatamente o oposto. Em loja de sapatos, por exemplo, enquanto você dá apenas uma olhadela furtiva na vitrine, logo o vendedor se aproxima, e ameaçador, pergunta à queima-roupa:

- É esporte ou social?

É de cortar o coração. Oito ou oitenta. Sou do tipo que reclama. Se estiver no meu direito e for desrespeitado, se alguém acha de furar a fila dos idosos, vem bronca no ar.

Os centavinhos do troco nas lojas de supermercados principalmente, são outra fonte de discórdia. Há um Bom-Preço em Piedade com 59 guichês. Tive um aluno, caixa do supracitado que me confessou receber ele e outros 58 felizardos cerca de R$ 25,00 a R$ 30,00 de abono mensal por conta dos centavos não entregues no troco. Formidável, não? Fazer filantropia com o chapéu alheio...

Mas devemos estar felizes da nossa vidinha à-toa pois o Brasil mudou de patamar e ingressou definitivamente nos grupos de alto IDH, aponta a ONU.

- Nunca antes, etc. e tal...

Saibam todos, por exemplo, que o bairro da Boa Viagem não é saneado. É fossa pra tudo que é lado, prejudicando o lençol freático. Bairro (eu disse BAIRRO) até pouco tempo considerado de "barão" tem quase 550 mil habitantes. Montpellier, cidade (eu disse CIDADE) no sul da França onde mora um dos meus filhos exibe um número bem mais modesto. Apenas 350 mil. E eles lá reclamam da qualidade de vida. "Ninguém pode mais andar nas ruas com tantos automóveis," dizem.

- E nós, como ficamos? Façamos um cálculo bem simplista:

Em frente à minha casa construíram um prédio de 22 andares. Dois apartamentos por andar. São 44 apartamentos, ou seja, 44 famílias que irão morar em um espaço que abrigava 3 terrenos. Melhor dizendo, onde moravam 3 famílias agora irão morar 44. A oferta de água não aumentou. A rua não ficou mais larga. O esgoto continua o mesmo.

Até quatro ou cinco anos atrás passavam pela minha rua apenas duas linhas de ônibus. Hoje são quarenta e oito. É o mesmo que morar ao lado do "Minhocão" de paulistana reminiscência. A poluição é exatamente a mesma. Ou talvez pior. Coisas do Dr. Jarbas et caterva.

- Mas há coisa bem mais aterradora:

"ATENÇÃO! RUA COM GRANDE RISCO DE ASSALTO! OCORRÊNCIA CONSTANTE." Estampava semana passada, faixa exposta na entrada de uma rua bem perto da minha casa.

"Nós somos abençoados por Deus," diz o outro!

Acho que vou terminar morando numa favela qualquer pois, afiança-nos o capadócio, não se constitui nenhum deslustre. Agora, pergunta se ele e a “italiana” querem se mudar para a Rocinha! Nunca antes neste país, etc. etc!

hugocaldas.blogspot.com
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quarta-feira, dezembro 05, 2007

NO CARTÓRIO


Luiz Gonzaga Lopes

A desordem começava a esquentar, cada qual falava mais alto. A mulher com o filho no braço, irritadíssima, a criança visivelmente assom-brada chorava sem parar. A mulher parecia uma fera, pouco se importava com o choro do menino, cada vez falava mais alto, mais irritada. A ira dela estava voltada contra o tabelião.

— O senhor tem que registrar! Só porque eu sou pobre?! Só porque eu não tenho ninguém por mim?! Mas eu sou a mãe do menino, boto nele o nome que eu bem quiser! E não é da sua conta, nem da conta de ninguém!

Mas com esse nome eu não registro — vociferou o tabelião.

— Porque não?! Porque não?! Como é o nome do senhor?

— Meu nome é Antônio. Nome de gente.

— Foi o senhor que escolheu esse nome? Não foi. Foi sua mãe, ou seu pai, ou o raio que o parta. Portanto, eu tenho o mesmo direito de escolher o nome que eu quiser para o meu filho.

— Vou repetir para a senhora, pela última vez: com esse nome eu não registro, quem manda aqui no cartório sou eu, e pronto! Se a senhora continuar atrapalhando o expediente, eu chamo a segurança para botar a senhora daqui pra fora.

Muita gente se comprimia dentro do salão do cartório, desde o balcão de atendimento até à porta de saída. Alguns curiosos, na calçada, forçavam a entrada, ávidos por saber de que se tratava. Por fim, um homem conseguiu explicar.

— A mulher quer registrar o filho, mas o tabelião disse que com o nome dado por ela não registraria. Disse que aquilo não era nome de gente, não era nome de se dar a ninguém.

— Qual era o nome?

— Não sei. To doido pra saber.

Quase no mesmo instante, como que dando uma satisfação ao público, falando alto e compassado para todo o mundo ouvir, o tabelião ponderou:

— Não está vendo, minha Senhora, Efeijão não é nome de se registrar um filho!

— O filho é meu, eu dou a ele o nome que bem entender. Vai ser Efeijão e pronto.

Cada vez mais irritada e inconformada, a mulher voltou a argumentar, aos berros:

— Se eu fosse da família de algum juiz ou promotor, ou desembargador, o senhor registraria. Como eu não tenho ninguém por mim, o senhor se recusa e ainda ameaça chamar os seguranças. Outro dia eu vi o senhor registrar um menino com nome bem parecido. Deve ter registrado só porque era filho de rico.

— Que nome foi? Diga alto para todo o mundo ouvir.

— O nome foi Emilio. Que diferença faz? Um é milho, o outro é feijão. Portanto, o senhor tem que registrar meu filho. E pronto.

terça-feira, dezembro 04, 2007

VOU REABILITAR O TRABALHO!


O texto abaixo é do discurso de posse do presidente Nicolas Sarkozy da França e me foi enviado sabe-se lá porque! Considerando que o recado foi dado de maneira clara e incisiva, decidi partilhar com os meus parcos leitores do Blog do Hugão. Afinal de contas não é pra quem quer e sim pra quem pode republicar discurso de Presidente que sabe ler, escrever e não martiriza o vernáculo. Coisa rara por estes rincões. Se a minha Tia Nevinha viva estivesse diria ao terminar a leitura: "Pra quem entende...!" H.C.

"Derrotamos a frivolidade e a hipocrisia dos intelectuais progressistas. O pensamento único é daquele que sabe tudo e que condena a política enquanto a mesma é praticada.

Não vamos permitir a mercantilização de um mundo onde não há lugar para a cultura: desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo.

A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale tanto quanto o mestre, que não se pode dar notas para não traumatizar o mau estudante.

Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinqüente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado. Que não havia nada sagrado, nada admirável.

Era o slogan de maio de 68 nas paredes de Sorbone: 'Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar'. Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética.

Uma esquerda hipócrita que permitia indenizações milionárias aos grandes executivos e o triunfo do predador sobre o empreendedor. Esta esquerda está na política, nos meios de comunicação, na economia. Ela tomou o gosto do poder.

A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho.

Deixaram sem poder as forças da ordem e criaram uma farsa: "Abriu-se uma fossa entre a polícia e a juventude". Os vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinqüente, inocente.

Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte coletivo. Amam tanto a escola pública, e seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela.

Assinam petições quando se expulsa um invasor de moradia, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa esquerda que desde maio de 1968 renunciou ao mérito e ao esforço, que atiça o ódio contra a família, contra a sociedade e contra a República.

Isto não pode ser perpetuado num país como a França e por isso estou aqui. Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres."

“Primeiro os deveres, depois os direitos."

Nicolas Sarkozy

Presidente da França