quinta-feira, maio 24, 2007

UMA MISSÃO DIVINA

HUGO CALDAS

O principal carrasco da Arábia Saudita seguidor da "sharia," a rígida lei islâmica, não tem nenhum remorso em decapitar condenados à morte pois, acredita ele, este é o "trabalho de Deus."

"Eu durmo muito bem", disse Mohammed Saad al-Beshi em entrevista rara, quando demonstrou possuir uma visão bastante peculiar sobre sua ocupação, muito criticada no Ocidente pelos grupos de defesa dos direitos humanos..

"Não me importa, se são dois, quatro, dez, contanto que eu esteja fazendo o trabalho de Deus, não importa quantas pessoas eu execute".

O trabalho de Beshi é de capital (êpa) importância neste reino que executa estupradores, assassinos, contrabandistas de álcool e drogas, normalmente decapitando, e amputando os membros dos condenados. Só este ano, a Arábia Saudita já executou sete pessoas pelo menos. Em 2002 foram levadas à morte 45 pessoas. Em 2001 75 e 121 pessoas em 2000.

O verdugo Beshi, 42 anos, que iniciou sua carreira em 1998 na cidade de Jeddah não revela quanto recebe pelo seu trabalho. Ele também se recusa a confessar quantas pessoas executou ao todo.

Beshi tem um grande orgulho da sua ferramenta de trabalho, uma espada (cimitarra?), presente do governo que ele mantém afiadíssima e limpa regularmente as manchas de sangue. Para as amputações, no entanto, ele usa uma faca especial.

"As pessoas ficam pasmas com a rapidez com que eu separo a cabeça do corpo," assegura ele, pai de sete filhos. "Às vezes eles (as crianças) me ajudam a limpar a espada."

À Beshi é também confiado o treinamento de novos executores e ele já começou com o seu filho de 22 anos. Perguntado se ele pensa que as pessoas têm medo dele, Beshi responde: "Ninguém tem medo de mim. Eu tenho muitos parentes e amigos e levo uma vida normal. Nada desabona a minha vida social."

E agora, meus caros ... "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto!" (Ruy Barbosa). Ao contrário do que muitos pensam este trecho é de um trabalho do grande jurista que decepcionado, desancava a república, ele que foi um dos primeiros conspiradores.

Mas, voltemos à realidade.

Que tal começarmos a pensar em encontrar uma piedosa criatura de Deus (ou Allah) como o Beshi, a fim de instaurarmos aqui em Pindorama uma Sharia, Uma Missão Divina, idêntica à da Arábia Saudita? Tarefa impossível. Creio que iríamos precisar de no mínimo, uns 1000 piedosos carrascos!


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segunda-feira, maio 21, 2007

LASCIATE OGNI ESPERANZA, Ó VOI CHE ENTRATE

Guy Joseph

- Moço?!...
- Pois não?...
- O sinhô não tem medo de tirar retrato do diabo?
- Que diabo, você ta falando, minha filha?!
- Esse aí, essa “estáuta”...
- Esta é uma obra de arte...
- É obra do “cão”, um “mói” de ferro que os hereges botaram aqui...
- Não é nada disso, “querida”! Essa é uma escultura, de um grande artista paraibano.
- Artista, que eu sei, é Reginaldo Rossi!
- É, mas esse aqui, é um escultor. O artista plástico, Jackson Ribeiro.
- Num sei se é de plástico... Só sei é que o “povo” ta dizendo que isso é “catimbó”, que botaram aí pra lascar a gente... Governo só faz ruindade, com o “povo”.
- Que bobagem! Onde já se viu uma obra de arte fazer mal a alguém?
- O sinhô num conhece as artes do capeta. Ele faz coisa, de arrepiar!
- O que, por exemplo?
- Isso aí! É só o sinhô olhar pra esses ferros, pra ver que a "estáuta" tá mal intencionada.
- E o que você acha que pode acontecer?
- Vem castigo de Deus! Eu, quando passo por aqui, me benzo todinha...
- Santa ignorância!
- O sinhô não acredita?! Pois, tenho uma vizinha que tá passando mal, desde que os “homi” botaram isso aqui!
- Não seria histeria? Faniquito?
- Eu num sei, não sinhô. Mas o doutor já passou remédio e não adiantou...
- E você acha que a culpa é da escultura?
- Só pode ser! Minha vizinha tava boazinha, até que trouxeram esse troço pra cá...
- E, o que você acha que a Prefeitura deveria fazer, com a obra de Jackson Ribeiro?
- Tirar isso daqui!
- E botar aonde?
- Em qualquer outro lugar, que não seja num bairro de gente temente a Deus.
- Você tem medo de que?
- Que essa estáuta do “cão” fique atentando as almas dos filhos de Deus.
- Você já foi tentada pela escultura?
- Eu, não! Eu rezo todo santo dia. Mas, os fracos de espírito podem cair em tentação...
- Você já leu a Divina Comédia?
- Te esconjuro! As coisas de Deus não são comédia, não sinhô!

O inferno é aqui. Não, o Havaí.

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terça-feira, maio 15, 2007

A VISITA PAPAL


HUGO CALDAS

Meus caros, eu vi um oceano de pessoas se ajoelhando, agitando lencinhos, imagens de santos, uma infinidade de rosários, terços, todas as vezes que Sua Santidade (sic) passeava de papamóvel ou aparecia apoteóticamente na janelinha do Mosteiro de São Bento. Ah, povinho colonizado. Ah, povinho necessitado de verdadeiros líderes. Ah, povinho sequioso de encontrar um pai, alguém que lhes mostre o caminho. É um desespero geral. Lembra muito a Russia antiga onde o Czar era chamado de "Paizinho." Mas também urge parar com todo esse desespero pois por conta de algo bastante parecido votamos (vocês votaram) em um falso líder, um anticristo qualquer, há 4 anos e deu no que deu.

Ainda temos muito medo do fogo eterno mas o Papa não está nem aí. Ele é gente como a gente. Faz cocô, xixi, e solta pum! Talvez até tenha mau hálito. Palita os dentes e dá arroto. Não é santo coisa nenhuma. Se bem que ele é "assim" com os homens lá de cima. Pelo menos veio entregar um "brevet" de Santo para o Frei Galvão e se auto-intitula, "Sucessor de São Pedro e representante de Cristo na Terra." Presunção e água benta...

Na visita, quando não saía da televisão, o "Santo Padre" (sic), me lembrava muito o Silvio Santos, todas as vezes em que a TV o mostrava, com os braços abertos, girando para a direita e para a esquerda. Estava esperando a qualquer hora ele gritar com um dos seus inúmeros cardeais, "é com você, Lombardi." Ele gosta mesmo é de platéia. Questo Tedesco virou papa sabe Deus como! Seus "pratrásmentes" não o recomendam em nada.

"Joseph Ratzinger, ou melhor Bento XVI, foi incorporado ao exercito nazista logo após ter deixado a Juventude Hitlerista, (Hitler Jugend), em uma divisão da Wehrmacht encarregada da bateria de defesa anti-aérea da fábrica da BMW nos arredores de Munique. Fez o treinamento básico da infantaria sendo logo transferido para a Hungria, a fim de montar e instalar piedosas minas de defesa antitanque. Sabem vocês o que significa montar e instalar essas minas? Aqui, uma pequena amostra. "A mina antitanque M15 é armada girando-se o interruptor, de modo que fique no alto da cabeça do estopim. O estopim cilíndrico é feito de ferro e preso ao prato de pressão por uma cobertura de cobre. Quando um tanque passa sobre a mina, ele empurra o prato de pressão para baixo. Embaixo do prato de pressão, há uma mola com um pino de disparo fixado no seu lado inferior. O pino de disparo move-se para baixo dentro do disparador, que detona a carga inicial embaixo do estopim, que por sua vez detona a carga principal. Há explosivo suficiente em uma mina antitanque para destruir um tanque ou caminhão, bem como matar pessoas dentro ou próximas do veículo."

Já pensaram em ter que guardar toda essa parafernália na cabeça? Não dava nem tempo de pensar na alma dos infelizes tripulantes dos tanques inimigos. Essas almas não teriam então a mínima chance de uma avemariazinha sequer! Soldado soviético não conta, pois comunista não tem alma.

Ratzinger foi dispensado do serviço militar em novembro de 1944 por motivos de saúde, até hoje não devidamente esclarecidos, permanecendo pelos arredores até as forças aliadas invadirem a Alemanha. Entrega-se aos aliados (americanos) que ele não era besta nem nada e fica detido por curto período em um campo de concentração aliado para prisioneiros de guerra em Ulm, sendo libertado em Junho de 1945. Virou Papa da Sagrada Igreja Católica Apostólica Romana há dois anos.

O lado positivo de tudo isso: Viram o desempenho quase perfeito do papa no idioma português? Pelo menos lendo ele se sai muito bem. Lembram agora do Mangabeira Unger? Aquele gringo-brasileiro que chega a falar pior do que o Rabino Sobel! Pois é. O homem está considerando a hipótese de não mais assumir a SEALOPRA (Secretaria para Assuntos a Longo Prazo) enciumado que ficou pela performance bastante razoável do papa nas searas da última flor do Lácio inculta e bela. Pelo menos isso, pois não? Quem viver, verá.

Ah, ia esquecendo. A angelical figura acima é o próprio Bento Ratzinger envergando o uniforme da sua divisão na Wehrmacht.
O que é a natureza!

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sábado, maio 12, 2007

E O NOME?

DJANIRA SILVA

Escreveu vários livros. Com sacrifício publicou alguns. No entanto, para se tornar conhecido dependia da divulgação e da distribuição. Tinha, no entanto, tinha um sonho maior ver seu nome impresso nos jornais.

A cada nova publicação, acendia-se a esperança de ver chegado o momento de ter seus livros divulgados e reconhecidos pela mídia, colocados com destaque nas vitrines das livrarias, adotados nas escolas. E o nome? Bem, era prioridade. Tanto, que em todos as capas era colocado em letras garrafais, mais vistoso do que o título do livro.
Durante muito tempo peregrinou pelas livrarias onde era tratado com a mais fria e absoluta indiferença. Afinal, não passava de um velho escrevinhador desconhecido para quem não havia lugar no mercado literário. De tanto insistir, conseguiu deixar alguns poucos exemplares em uma pequena livraria.

Só por vaidade, para poder dizer o seu nome, telefonava, de vez em quando para saber se dispunham daquele título. O funcionário, visivelmente desinteressado, pedia para aguardar. Diante da demora, a ligação caia. Um dia, foi lá, queria saber se já haviam vendido algum. Perdeu metade da manhã seguindo o balconista que teve dificuldade para localizá-los. Não fosse o recibo teria perdido, além da esperança também os livros. O gerente aconselhou-o a levá-los, sob a alegação de que a livraria era pequena e o espaço disponível mínimo.
Por ocasião dos lançamentos mandava convites para os jornalistas atuantes na área. Um deles deu uma notinha mixuruca e ainda o chamou de revelação o que veio confirmar o quanto era desconhecido apesar de que, desde muito jovem, fora colaborador de diversos jornais, tendo inclusive, alguns trabalhos premiados em concursos literários. Há muito percebera que de nada lhe valiam nem os prêmios nem as menções honrosas que sua mulher, sabiamente, chamava de horrorosas.

Como sonhar não é proibido, continuou sonhando, dormindo ou acordado. Acordado a imaginação tinha seus limites. Dormindo soltava-se. Via seu nome em letreiros luminosos, nos prédios mais altos, nas portas dos cinemas, em balões coloridos, destes de propaganda, amarrados aos helicópteros.

Quando voltava à realidade, continuava a via-crúcis junto aos jornais. Mandava convites e livros para redatores, cronistas sociais, comentaristas de arte. Num dos lançamentos, um deles, talvez para preencher espaço, publicou uma notinha insossa que bem poderia se referir a qualquer pessoa: será lançado no dia tal às tantas horas um livro de contos de um escritor local. E o nome? Bem, o nome fora omitido sumariamente.

Chegou à conclusão de que a sociedade só valoriza sobrenomes ilustres. Infelizmente, o seu, era um da Silva qualquer.
Foi então que viu no jornal e ouviu na televisão a notícia da mulher que havia furtado um pacote de manteiga e, da noite para o dia, ficara famosa e conhecida em todo o Brasil.

Viu, naquela notícia, a fórmula infalível para se tornar conhecido.
O dia seguinte era um sábado, ocasião em que os supermercados recebem um considerável número de clientes. Não pensou duas vezes. Colocou numa sacola alguns exemplares dos seus livros para poder exibi-los frente às câmaras de televisão, caso fosse entrevistado.
Filas imensas, gente por todos os lados. Entrou e começou a executar o plano. Fingiu um acesso de tosse para chamar a atenção de um segurança que estava ali por perto. Na prateleira das manteigas, pegou um pacote de margarina para ser diferente da outra. Ganhou ânimo e, para dispor de mais espaço, retirou os livros da sacola. De longe, o segurança o observava. Sempre tossindo, repetiu a operação. Na prateleira seguinte deixou escorregar para junto da margarina uma garrafa de suco de uva, na outra, uma barra de sabão, um vidro de xampu, e assim até encher a sacola. Quando já não suportava o peso e o desconforto dos livros embaixo do braço, fez menção de se retirar sem passar pelo caixa. Foi abordado por um fiscal, previamente avisado pelo segurança, que, segurando-o pelo braço, levou-o para a gerência não sem antes recolher as provas do furto. Satisfeito com o andamento da aventura, o homem tentava se explicar, moço, eu sou escritor, estou aqui fazendo uma experiência, meu nome é fulano de tal, os livros, são meus, têm até o meu retrato. Veja meus documentos, minha identidade, sou escritor.
No escritório, nem o gerente nem o vigilante davam importância ao que ele dizia. Por se tratar de pessoa idosa e temendo a repercussão que o caso poderia ter, o advogado da empresa aconselhou que o liberassem.

Antes de sair avistou um jovem que fazia anotações. Na camisa, um crachá de jornalista. Aproximou-se: moço, eu sou escritor, veja meus livros, anote aí meu nome. O rapaz. Sem ao menos levantar a vista, continuava escrevendo.
- Fique calmo, senhor, fique calmo. Não se preocupa.
- Obrigado, meu filho, obrigado, anote aí meu nome, é este aqui. E, apontava para a capa do livro, as mãos trêmulas, o coração disparado.

Afinal, depois de se certificar de que havia impressionado o jornalista retirou-se, crente de que, no dia seguinte, seu nome estaria estampado em algum jornal. Levantou-se mais cedo. Foi à banca de revistas. Ficou estatelado diante do que viu. Na primeira página, nas chamadas do noticiário, lá estava a manchete: Vovô esclerosado, dizendo-se escritor, pratica furto em supermercado.

quinta-feira, maio 10, 2007

MAIS OUTRO... ORA, DIREIS

HUGO CALDAS

Mais outro caso que nos envergonha no poder judiciário. Pensaram que ficaríamos apenas no juiz Lalau et caterva? Dessa vez o sexo dito frágil está representado na pessoa da Meritíssima Sonia Maria Leite Machado, Juíza Titular da 4ª Vara de família de São Gonçalo, RJ. Não é que Sua Excelência ficou indócil ao telefone, com um cupincha lá da máfia porque feita a sua parte, a grana não havia ainda sido paga? Mais respeito, grana coisa nenhuma. Sua Excelência engendrou o esperto eufemismo de "empréstimo sem devolução." Pois é, tudo isso acontece em Pindorama o país da galhofa. Lembram do tempo em que tínhamos o maior respeito pelos juizes? Pois, é.

No Congresso, existiam, segundo "nossuguia," 300 picaretas. No filme 300 de Esparta, estrelado pelo Rodrigo Santoro, 300, como diz o título. E agora, apareceram como passe de mágica, 330 mil cartões irregulares do Bolsa-Família. O número até que está nos conformes, mas o governo, (?!) desfazendo do cabalístico número acrescentou uns dez por cento e contabilizou 330 mil fraudadores do Programa. Eu tinha certeza que essa palhaçada iria acabar desta maneira. Lembro de quando a gangue toda visitou uma cidade do Piauí no início nos primeiros dias do primeiro desgoverno do apedeuta; um habitante dos mais velhos, do alto da sua sabedoria vaticinou: "Carece disso, não. Basta botar água aqui que nós se vira com o resto!"

Uma resolução da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, simplesmente achou de, noutro passe de mágica, expurgar a nota "insuficiente" dos boletins escolares e adotou um tal de sistema de ciclos de formação em toda a rede escolar pública. A medida acaba com a repetência nas escolas de ensino fundamental. A justificativa foi a opção por uma avaliação formativa, que deve ser "diagnóstica, dialógica, investigativa, prospectiva e transformadora". Haja Deus! A avaliação, segundo os doutos reformadores "deve considerar o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno, a auto-avaliação do gestor, do professor e do aluno, a prática pedagógica em sala de aula e a gestão escolar". É, só nos resta mesmo é rezar.

E a violência corre solta. O jovem Anderson, administrador de empresas, era uma pessoa tranqüila sempre de bom humor, inteligente, futuro brilhante, teve a vida terminada bruscamente em um assalto nos semáforos da cidade. Mais uma bala perdida. Desta vez na Avenida Recife. O ato de sair de casa seja qual for o propósito, deixar a namorada em casa por exemplo, pode ser fatal. Anderson nunca fez mal a ninguém, não tinha inimigos, apenas teve a suprema audácia de dirigir seu carro, como qualquer um. E assim, de uma hora para outra, termina tudo. Ao tirarem a sua vida, o tiraram também de sua família dos seus amigos, sem explicação. Muito provavelmente na semana que vem poderá ser outra pessoa, depois outra, quem sabe outro de nós. Isso não tem fim. Ninguém é capaz de por um freio na bandidagem. Não há investigação policial, não há perspectivas, não há mudanças. O exemplo vem de cima e a impunidade é regra. Tudo fica na mesma, as pessoas esquecem até a próxima tragédia. Então o círculo vicioso recomeça.


Até quando esse caos vai continuar ninguém sabe. Ontem duas garotas 9 e 15 anos respectivamente foram atropeladas e mortas na Avenida Domingos Ferreira, uma das mais movimentadas de Boa Viagem. A mais velhinha tinha ido buscar a outra, mais nova na escola, estavam as duas na calçada. O excomungado vem em desabalada carreira, e embriagado perde o controle, sobe a calçada e imprensa as duas contra o poste de iluminação. Sabe o resultado? Para a sua indignação, saiba que o assassino pagou R$ 800,00 de fiança e vai responder ao processo e liberdade. Cuidem-se todos.

P.S. Soube que o meu amigo de juventude, Severino Lucena Filho, nosso Silvinha, foi hospitalizado e não está nada bem. Por favor, meus parcos leitores, quem tiver notícias do Silvinha - favor me repassar pelo e-mail ou pelo celular abaixo relacionados. Ficarei grato.

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segunda-feira, maio 07, 2007

SUCEDIDOS 31 - O BATIZADO


ELPIDIO NAVARRO

Martinho Quintas de Alencar era funcionário da Usina São João, no município de Santa Rita e residia na própria usina. Nos conhecemos no Ginásio Solon de Lucena, onde chegamos a estudar juntos. Participamos de blocos de carnaval e posteriormente fomos companheiros no Teatro do Estudante da Paraíba. Ao nascer Luiz Maurício, meu primeiro filho, poucos dias antes havia nascido o segundo dele, que recebeu o nome do pai. Eu ainda estava com a mulher na maternidade quando ele foi nos fazer uma visita e nos convidou para ser os padrinhos do filho dele. Claro que aceitamos a sua deferência e a retribuímos convidando-o também para ser padrinho do nosso, o que ele aceitou de imediato. Depois me confessou que nos fez o convite, certo de o convidaríamos também. Tendo os meninos atingidos alguns meses de idade, acertou-se os batizados que seriam realizados no mesmo dia, na usina onde Martinho morava, pelo padre da paróquia de Santa Rita.

Na data marcada estávamos lá, pais, padrinhos e alguns amigos e parentes convidados pelas duas partes. Um dos meus convidados especiais era o maestro Pedro Santos, por quem nós todos tínhamos especial consideração. Com os batizados marcados para às dezesseis horas, chegamos às nove e nos aboletamos na residência do futuro compadre. Bebes e comes, mais bebes do que comes, almoço, mais bebes e comes e esquecemos a hora de ir buscar o padre. Resultado: não aconteceram os batizados.

Marcada uma nova data, estávamos novamente todos lá. E também outra vez bebes e comes, mais bebes do que comes, almoço, mais bebes e comes, sendo que , dessa vez, alguém da família de Martinho ficou atento à hora de ir buscar o padre, que chegando, encontrou os padrinhos bastante alegres, dando vivas a Jesus Cristo e transpirando álcool. O padre, um tanto ranzinza e de origem holandesa, recusou-se a realizar os atos religiosos, alegando nossa condição de adoradores de Baco. E mais que, se quiséssemos batizados, agora teríamos que ir até à Igreja de Santa Rita.

Dias depois estávamos, às oito da matina, padrinhos e madrinhas portando seus respectivos afilhados, à porta da tal Igreja, para iniciar o ritual do batismo. Dessa vez a coisa iria acontecer, pois até o horário, tão cedo, foi escolhido para que ninguém bebesse antes. Todos a postos, inclusive o padre, quando uma beata, dessas que ficam colaborando com a arrumação de igreja, chegou ao ouvido do vigário e cochichou alguma coisa. Ele virou-se para nós e decretou:

- Non fazer mais batizadas!

E retirou-se. Ficamos sem entender coisa alguma até que a tal beata esclareceu:

- Aquele amigo dos senhores roubou um santo do altar e escondeu no carro...

Havia sido Pedro Santos, que encontrando uma imagem de um santo, feito em madeira e desprezada lá por trás do altar, recolheu-a para si, alegando que ela havia sido substituída por uma de gesso, de qualidade artística inferior, porém, muito mais vistosa. Mas o padre holandês não queria saber disso:

- Só fazer mais batizadas se devolver santa!

Pedro Santos atendendo as nossas ponderações foi até ao padre e propôs um negócio: devolveria a imagem do santo, mas o padre deixaria ele levar uns ex-votos que também estavam desprezados no mesmo lugar. E não é que, para o espanto geral, o padre aceitou! Os batizados foram realizados, enfim! Quando saímos da igreja, Pedro Santos vinha se justificando:

- Tudo depende do diálogo, de se saber negociar. Eu cedi um pouco, ele também cedeu um pouco, e tudo foi resolvido sem maiores problemas!

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