quarta-feira, janeiro 31, 2007

Poeta no Blog - II

Ele não se considera um escritor e sim um brincante com as palavras. Filho de seu Aphitônio e sobrinho de seu Anfilófio (Amphilophio). Funcionário aposentado do BB. Poeta 24 horas por dia. Matuto de Serra Talhada com raiz no Riacho do Navio.
Teve um dos seus monólogos - O "Protesto da Árvore" - recitados por Jô Soares em seu programa. Com vocês, o meu amigo... Edmilson Feitosa! H.C.


CARRO DE BOI

Edmilson Feitosa

De baixo da quixabeira
Com tristeza avistei
O velho carro de boi
Que do meu avô herdei
Parecia a caveira
Do jumento que morreu

A mesa esburacada
A guia reta empenou
As rodas só tinham as bandas
O aro já voou
A canga e os cangís
As chetas afroxou

Os fueiros fizeram lenha
O cocá não canta mais
Não tem sebo nem carvão
Nem cunha nem ferrão
Jerônimo o carreiro
Morreu do coração

Fui lá na minha infância
E saudades eu senti
Do velho carro de boi
Quando criança brincava
Pulava dele andando
Corria e amorcegava

O carro vou concertar
Dois bois vou amansar
Eu quero é misturar saudade e alegria
Sonhar em ser o menino
Feliz que fui um dia

terça-feira, janeiro 30, 2007

SUCEDIDOS 14 - A APOSTA


ELPIDIO NAVARRO

O Bar de Nega era o ponto de encontro de todos os veranistas da Praia do Poço. Não só por ser central, como também pela forma simpática e tolerante que ela recebia as pessoas. Ocupávamos as suas mesas e cadeiras e bancos, sem nada gastar e ela não fazia cara feia, não se preocupava com o fato do não faturar conosco. Claro que vez em quando, quando tínhamos dinheiro, comprávamos cerveja, cachaça, cigarros, refrigerantes e os deliciosos quitutes, sua especialização, principalmente cachorro quente. Também jogávamos baralho, dominó e víspora, o jogo de preferência de Dona Nega. Era ela quem chamava as pedras.

O período noturno da gente dividia-se em duas partes: antes das moças irem dormir e depois das moças irem dormir. Com a presença da população jovem feminina, eram os assustados, os namoros, os jogos, as serestas; sem essa presença, era o papo masculino, que acontecia depois das dez, lá no alpendre do bar. E foi num desses papos de machos que tudo começou.

Nega tinha um garçom, vindo não sei de onde, já de meia idade, cujo aspecto físico não era dos mais saudáveis. Sempre achei que ele não tinha boa saúde, devido a sua cor macilenta e sua magreza. Era ele quem ficava nos atendendo ou tomando conta do bar, depois das dez horas. Não sei quem começou a peleja, mas alguém disse não acreditar existir uma pessoa que emborcasse uma garrafa de aguardente na boca e tomasse até o último gole. Outra pessoa disse que já tinha visto alguém fazer isso. A maioria não acreditou. Estava formada a discussão, enquanto o tal garçom observava tudo calado. Lá prás tantas, como ninguém chegasse a um acordo, ele fez o desafio:

- Se me pagarem e pagarem também a cachaça, eu tomo!

Silêncio. Susto geral. Ninguém esperava uma proposta daquela. E agora, o que fazer? Fugir do desafio? E alguém, não lembro quem, teve a infeliz idéia de dizer que aceitávamos a aposta:

- A gente paga tudo se você tomar sem parar. Agora, se você não conseguir, não recebe nada e ainda paga a garrafa de cana. Certo?

- E de quanto é a aposta, quanto eu ganho se tomar?

Aí veio outra péssima idéia: uma vaquinha. E lá foram os nossos trocados que, somados, resultaram em quatorze cruzeiros mais o valor da bebida. O garçom aceitou. Foi buscar a garrafa e diante de nós e da nossa expectativa, abriu-a e começou a tomar. E a gente observando e ele bebendo, bebendo, bebendo, sem parar. A gente abestalhado e ele rindo da nossa cara. Tomou o último gole, virou a boca da garrafa para baixo mostrando que ela estava vazia e falou:

- Eu não disse que bebia todinha?!

Riu e caiu duro no chão! Ficamos apavorados, sem saber o que fazer. O garçom estava mais pálido do que era, frio e não mexia com nada. Zezé de Holanda, mais nervoso do que os outros, dramatizou:

- Ele morreu e nós somos os responsáveis pela sua morte!

Bivaldo Araújo, mais sensato, tomou a decisão:

- Gente, vamos bota-lo em cima do banco. Não pode ficar aí no chão!...

Cada um pegou numa perna, num braço, na cabeça, suspendemos o falecido ou desfalecido, colocamos em cima de um desses bancos compridos de igreja que existia no terraço do bar. Alguém mais experiente, não lembro quem, declarou:

- Morrer ele não morreu! Estou sentindo o pulso dele. Está desmaiado.

A informação nos aliviou um pouco do medo que já estávamos sentindo...

- Mas pode morrer! Isso dele deve ser coma alcoólica e ele não retornando corre o risco de uma parada cardíaca...

O medo que havia sido aliviado, deu lugar ao pavor! Coma alcoólica, parada cardíaca, eram coisas estranhas para nós. Aí veio a sentença:

- Ele não pode ficar sozinho. Alguém, de vez em quando, precisa examinar o pulso e sentir se está funcionando. Se parar, precisa dar massagens até voltar...

Já se aproximava o raiar do dia, quando o garçom deu os primeiros sinais de ressurreição: mexeu a cabeça. Quase, para nós, um momento de euforia, depois de passar a noite toda pensando nas conseqüências da nossa aposta, que iam do remorso à condenação por morte. Mexe aqui, mexe acolá, com um pouco da nossa ajuda, o desmaiado volta a si e senta-se no banco, olha em sua volta, ri para nós e diz:

- Meu dinheiro? Eu não ganhei? Vamos pagando que está na hora de dormir, amanhã é dia de trabalho duro aqui!

O desgraçado não tinha noção da hora nem do nosso aperreio. E lá se foram as nossas minguadas economias para o fim da semana, somadas a uma noite de sono. De volta para casa, fui pensando numa sugestão que foi dada no auge da nosso apavoramento:

- Uma lã com álcool no nariz dele, ele acorda...

www.eltheatro.com

domingo, janeiro 28, 2007

RECUERDO 17 - É TUDO VERDADE

HUGO CALDAS

"Dezesseis juízes sob investigação em Pernambuco."
"Magistrados estariam envolvidos em irregularidades desde falta disciplinar a fraude financeira." "Quatro acusados estão foragidos, três no Pará e um em Pernambuco."
"Juiz preso por golpe milionário em Salgueiro."
"Mais oito pessoas presas na RMR e no Pará tentaram fraudar títulos avaliados em R$ 89 milhões. Também são acusados de participar do crime advogados e uma ex-juiza."
"OAB do estado suspende registro de dois profissionais."

Estas são algumas das recentes manchetes dos jornais de Pernambuco.

Realmente não entendo o que se passa "neste país". Ou melhor, entendo e muito bem. Já lá se vai o tempo em que se dizia "decisão judicial não se discute". Cumpre-se". Tal era o respeito que tínhamos pelos juízes e demais autoridades. Infelizmente, hoje não é mais assim. Instalou-se o caos. A Lei do Gerson corre solta. A impunidade se tornou regra. O exemplo vem de cima.

Como dizia Ruy Barbosa, a pessoa parece sentir vergonha de ser honesto. Honestidade se tornou sinônimo de babaquice. Mas, francamente, como aceitar uma decisão judicial expedida por um cafajeste desses?

Isso tudo vem à propósito de uma história muito edificante que passarei a lhes contar. Tudo é absolutamente verdade como no filme do Welles. Claro e evidente que o nome aqui citado é fíctício. Não sou maluco nem nada, mas o caso aconteceu como abaixo relatado.

Há uns vinte e tantos anos envolvido na minha rotina de trabalho, qual seja, aulas particulares de inglês ao digamos, Dr. Rogerio, advogado bastante conceituado no meio, quando um belo dia ele, apesar de se sentir satisfeito com o progresso conseguido, já havia viajado por duas vezes à Inglaterra e assegurava-me ter se saído muito bem. Argumentou que gostaria de interromper as nossas aulas pois havia se inscrito para concurso de juiz. Precisava então, dedicar todo o tempo possível na melhor preparação do tal concurso. Concordamos e passamos uns oito anos sem notícias um do outro.

Certa tarde o encontro casualmente na Av. Dantas Barreto, bem ao lado do Forum Paula Batista. Corri ao seu encontro, abracei-o dizendo...

- Devo chama-lo dr. Rogerio ou meritíssimo juiz?
- Nem uma coisa nem outra, meu caro professor.
- Como assim, que aconteceu? disse eu já advinhando algo fora do normal.

- "Ao interrompermos as aulas e para me dedicar de corpo e alma ao concurso, comecei a me enturmar passando a frequentar tudo quanto era foro e tribunal de justiça. Logo, para o meu maior desapontamento, terminei descobrindo que existe uma lista de preços (propina) que vai do oficial de justiça ao juiz. A terrível descoberta foi uma ducha de água fria na minha cara, na minha alma e no meu coração. Achei melhor desistir de tudo, tão envergonhado me sentí.

- Fiz um acordo com as empresas para as quais trabalhava como advogado e apanhei o meu FGTS que deu uma boa soma. Com esse dinheiro comprei uma loja de material de construção na Av. Norte e não quero ver na minha frente nada que me lembre, mesmo remotamente, Lei, Justiça, Juizes etc. É o meu "Jus Esperneandi". Estou vivendo bem melhor. Cabeça fria, e altiva, vou duas vezes por ano à Europa e agora os meus dois filhos que eventualmente me substituiam quando das viagens, assumiram de vez o negócio. Leis, Direito? nunca mais!"

Terminamos a conversa, já a tarde se fazia noite, no Bar Savoy, enxugando algumas canecas do precioso líquido. Quando dito precioso líquido ainda era honesto. Sem água. Nos despedimos com um longo e fraternal abraço. Nunca mais o ví.

Soube por um dos seus filhos, que ele, Rogério, havia se mudado definitivamente para Portugal. Ao que consta, comprou uma quinta lá pelos arredores de... deixa prá lá! Leva uma vida correta, honesta e não morre de saudades de Pindorama.

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segunda-feira, janeiro 22, 2007

A SINA MALDITA

Respeitável público:
Que o Guy Joseph é um excelente fotógrafo não é nenhuma novidade. Agora, para nossa surpresa, ele acaba de retirar do seu cinto de utilidades mais uma das suas habilidades. O que Guy faz, é muito bem feito. Seu recente livro "Terra da Gente, Paraíba" é a melhor prova disso. Além do mais, ele é meu primo. Seja bem vindo meu caro. H.C.

Guy Joseph


Parece ser uma verdadeira sina maldita, o que acontece com o Brasil, desde os primórdios do nosso descobrimento, colonização e república. Não podemos esquecer que a corte portuguesa, tinha o Brasil como um quintal para a pândega, o roubo e a safadeza. A Corte aqui chegou, com o rabo entre as pernas, fugindo de Napoleão. Imaginava D. João VI, que logo voltaria para a “terrinha” e que devia aproveitar as férias forçadas para relaxar. A portuguesada, sem nenhum compromisso com o Brasil (a não ser foder as índias e as negras escravas), fazia de tudo para se divertir e encher a cara e os bolsos. Os contrabandistas e ladrões de madeira eram denominados de "brasileiros", embora fossem portugueses, os “felas”. Herdamos o epíteto de brasileiros e nos fizeram Nação independente (eu disse independente? Foi mal...). Depois, veio a abolição da escravatura, mal feita e cruel, abandonando os negros escravos, à própria sorte. Sem emprego, sem capacitação e discriminados, foram condenados a sobreviver nas piores condições de pobreza, chegando aos dias atuais fazendo parte da superpopulação das favelas brasileiras. De repente, me ocorre que a raiva centenária (reprimida), dos oprimidos negros, agora está explodindo nas ruas das grandes cidades.

Proclamamos a república, com seus marechais e que tais. Depois, vivemos a ditadura com Getúlio, que governava com mão de ferro e era chamado de “pai dos trabalhadores”, pela mesma massa ignara, que sempre bate palmas para os demagogos de plantão.

Passados alguns poucos anos de refresco e tome mais uma ditadura. Dessa vez, militar! Quase trinta anos, sob o tacão dos generais, mas ganhamos a copa do mundo e ficamos livres dos “comunistas”. Esse é um País que vai pra frente...

Agora, chegamos aos dias atuais e estamos vivendo essa merda de governo Lulla-lau, que deve se perpetuar, com a ajuda do Bolsa Família... é mole? Até 2011. Puta-que-pariu! O que mais, falta para nos acontecer?!

Parem “esse País”, que eu quero descer!

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Uma fatia de pizza repousa suavemente ao lado de um chopp...

ANCO MÁRCIO DE MIRANDA TAVARES

No bar todo mundo é igual diz a música. Uma fatia de pizza, uma prosaica e simples fatia de pizza, repousa suavemente ao lado de um copo de cerveja tirado com muita espuma, pra ser mais exato, um copo de chopp com delicadas manchas de batom na borda, delicadas marcas de batom vernelho carmin

O ambiente esfumaçado não tira o romantismo do lugar e a perna da morena semi aparecendo na nesga da saia excita a todos. Seu cantar murmurado excita a todos os homens presentes que pensam estar vendo a derradeira mulher que eles vão ter em seus braços sequiosos de amor e paixão.

O cantor de cabaré se esgoela com as notas mais altas e o garçom passa com uma bandeja carregada com mais uma rodada. E o ambiente se torna pura fantasia escondendo os muitos amores existentes naqueles pobres corações apaixonados pela cantante do cabaré numa última tentativa de se reconciliar com o mundo.

Uma briga violenta estoura num canto do bar e quase ninguém presta atenção, quase ninguém olha ou se comove. São apenas dois bêbados que medem força para ver quem fica com o lugar mais perto da garrafa. A meretriz acabou de soltar os últimos gemidos e espera a paga pelo gozo.

O anão argentino subiu numa das mesas e canta um tango com voz dolente, como se aquela fosse a última música de sua vida. Sua companheira, uma loira oxigenada se preocupa em se curvar e mostrar a curva dos seios fartos que escapam do vestido rubro carmin de muitas noitadas.

O dono avisa que o bar vai se fechar e pede que saiam os últimos boemios do lugar, pede que todos se retirem pois vai haver um solene strip tease que vai chocar a todos. Os homens se recolhem à sua insignificancia e as mulheres dão as últimas cruzadas de pernas mostrando as brancas calcinhas.

www.ancomarcio.com

sexta-feira, janeiro 19, 2007

CRÔNICA DE DOMINGO - HAJA DOLAR!

"HOLLYWOOD NA BAHIA!"








Diz o texto da REVISTA CONTIGO edição nº 1634 - 11 de Janeiro de 2007 - Pág.18

"O Carnaval baiano terá muitas celebridades internacionais neste ano. Um grupo de atores, músicos e VIPs vem ao Brasil a convite do Camarote Expresso 2222, comandado por Flora Gil, mulher do Ministro da Cultura Gilberto Gil." Confira alguns abaixo:

CARLOS SANTANA, JANET JACKSON, OPRAH WINFREY, ROBERT DE NIRO, QUINCY JONES" - (os grifos são nossos).

HAJA DOLAR!

VALDEZ JUVAL

1 - Não dá para desconfiar?
Quem pagará essa conta? Oh meu Brasil, Pátria amada, Salve! Salve!
Por tudo que temos sofrido, já não seria o bastante?
Com a idade alquebrada não suporto mais longas caminhadas mas peço socorro aos honestos e aos caras pintadas. A vigilância deve ser constante. Lembrem-se que um dia o país não suportará mais e poderá cair de vez no abismo. Há muito que tentam empurra-lo.
Gerações e gerações têm sofrido por tudo que já viveram mas nunca será tarde de se clamar por justiça e honestidade.

2 - E agora, também, o que dizer de uma dívida interna de UM TRILHÃO DE REAIS?
Vou transpor para os números: R$1.000.000.000.000,00.
É pouco? Então continuemos a gastar com cultura(?) investindo no Expresso 2222.

3 - A nossa América não é a mesma. Com certeza já perdemos a liderança e estamos nos sujeitando aos ditames de inescrupulosos e pseudos populistas ditatoriais. O que querem os nossos chefes de Estado?

4 - Perdão por ter me envolvido neste tema. Não é a minha estrada. É que descobri que não é somente a carne que é fraca. O espírito também.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

O JORNAL DA UBE - A VOZ DO ESCRITOR - Edição de 14 de Janeiro de 2007

Brilho e Luz na homenagem a obra de Luiz Gonzaga Lopes

Na 5ª feira passada, dia 11 de janeiro, em concorrida sessão, no espaço Manuel Bandeira, na Livraria Saraiva, no Shopping Center Recife, em Boa Viagem, o projeto 'A ficção em Pernambuco', idealizado pelo poeta Vital Corrêa de Araújo, homenageou a obra do escritor Luiz Gonzaga Lopes, que foi apreciada pelos acadêmicos Ana Maria César, Djanira Silva, Everaldo Moreira Véras e Maria do Carmo Barreto Campelo de Mello. Entre os presentes, além dos presidentes da UBE, Vital Corrêa de Araújo, da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Maria Tereza Magalhães, e da Academia de Letras e Artes do Nordeste, Alexandre Santos (coordenador do projeto), foi apontada a presença da professora Marta Viegas, diretora da Escola Americana, co-editora do mais recente sucesso de Luiz Gonzaga Lopes, o romance 'The city of the loner'. Em anexo, estão textos com as observações feitas pelos acadêmicos Ana Maria César e Everaldo Moreira Veras (basta clicar no nome do acadêmico para ler o texto completo).

- Clique em www.newbulletinboard.blogspot.com para ler "The City of The Loner" em capítulos.

domingo, janeiro 14, 2007

CRÔNICA DE DOMINGO - PARAPSICOLOGIA

VALDEZ JUVAL

De algum tempo venho pesquisando sobre Parapsicologia, querendo entendê-la como ciência. A busca, na verdade, me levou a inúmeras e duvidosas indagações, mesmo sem fugir da definição principal de estudo acadêmico de certos eventos raros, associados à experiência humana. Seria como tendo um objetivo, a principal interação extra-sensório-motora entre o ser humano e o meio.

Conclusão básica a que cheguei é que, na verdade, ela não é um instrumento para defesa ou ataque de credos religiosos, todavia existem profundas divergências entre os parapsicólogos e os espiritualistas

Os primeiros se preocupam em estabelecer a verdade dos fenômenos, exercendo controles às vezes tão rigorosos e exigências operacionais tão difíceis de serem atendidas, que teriam, sem dúvida, o efeito de inibir os fenômenos ou tornar impossível a sua pesquisa. Já os espiritualistas apenas procuram enquadrar a maioria dos casos na categoria de sua preferência. Existe sim, radicalização.

Vou estudar mais para voltar ao assunto e conversar com os que se interessam sobre a matéria.

011406 .........................................

O AUTOR é Bacharel em Direito (Promotor de Justiça), com Licenciatura em Pedagogia e créditos em Sociologia, Filosofia e Psicologia Educacional com inscrição no Inst. De Pesquisas Psicobiofísicas no curso de Pós-graduação (latu senso) em Parapsicologia.

sábado, janeiro 13, 2007

RECUERDO 16 - A ESCOLA DE DONA TÉRCIA BONAVIDES

HUGO CALDAS

Dizia o poeta que antigamente a escola era risonha e franca. Será que era mesmo?

A primeira vez em que, levado por minha Tia Aurinha, subi os degráus de uma escola, lembro bem, foi numa terça-feira ensolarada. Era a escola de Dona Tércia Bonavides, alí na Rua das Trincheiras. Sua irmã, dona Da Luz, tambem professora e diretora, vivia aterrorizando os pobres garotos de sete anos de idade. Eu, inclusive.

Dona Da Luz, também dava aulas em um Grupo Escolar na Av. João Machado e somente aparecia às onze horas. Ao chegar punha as mãos nos quartos e gritava a plenos pulmões, no meio da sala, os olhos aboticados, "eu já cheguei, viu?!" Uma onda de arrepio passava por sobre toda a classe. Dizem até que certa vez um garoto urinou nas calças tal o pavor.

O espaço físico era muito acanhado, mesinhas e tamboretes de diversos tamanhos, comprados, me parece, na feira de Jaguaribe se espalhavam por todo o grande salão. Grupos de diferentes estágios estudavam juntos mas no final tudo dava certo.

Ah, os livros desse tempo! Crestomatia...
De tanto ouvir os alunos mais velhos na hora da lição de leitura, (existia, sim!) ainda hoje lembro o texto que segue: “Um celebre poeta polaco descrevendo em magníficos versos uma floresta encantada de seu país imaginou que as aves e os animais ali nascidos se por acaso se achavam longe quando sentiam aproximar-se a hora de sua morte voavam ou corriam e vinham todos à sombra das árvores onde tinham nascido.” O danado é que não lembro o autor.

Todos, absolutamente todos, sob uma rígida disciplina não só quanto à aplicação nos estudos mas também e principalmente no tocante ao comportamento. É bem verdade que já não se usavam palmatórias mas beliscões e castigos outros, tais como reguada nos dedos, ou ficar em pé contra a parede, ah, esses ainda funcionavam e muito bem. E não causavam "traumas". Nunca ouví falar de algum debiloide oriundo de escola que usasse e abusasse de tais métodos de disciplina. Ao contrário, hoje guardo as melhores lembranças daqueles tempos. A não ser que eu seja um tremendo masoquista...

Certa vez um aluno meio gordinho veio se espremendo entre as mesas e eu disse em tom de zombaria, "lá vem o gorducho"... ele, assim como vinha, deu meia volta e foi se esquivando das mesas se contorcendo todo, prestar queixa à Dona Tércia que também gorda, coitada, veio se espremendo e ao chegar junto de mim fuzilou:

"Ele é gordo mas é bem educado, você é magro e mal educado." Ato contínuo, tacou um beliscão daqueles no meu braço magro jogou-me contra a parede, onde fiquei até o final das aulas naquele dia.

Ceres, (deusa romana da agricultura) era uma linda garotinha bem comportada, que literalmente enfeitiçou o meu coração com os seus olhos lindos e tristes. Sentava perto de mim e eu sentia o perfume que ela usava. Ceres nunca soube, mas foi o meu primeiro grande amor..

Usava-se um tal de Sapato Tank que tinha um emaranhado de chapinhas de ferro no solado. Lembro de dois irmãos, oriundos de Macáu, RN, que na impossibilidade de ter cada qual seus próprios sapatos, usavam um mesmo par, cada um em um pé diferente e uma mancha de iôdo no outro pé, simulando um ferimento.

Um desses irmãos adorava beber a tinta dos tinteiros, vivia com a lingua como quem come azeitonas, roxa. Dona Tércia costumeiramente implicava com um deles e dizia no maior desdém: "Você, ao continuar desse jeito não chegará a ser ninguém. Não vai dar para nada."

Pois bem, contrariando a tudo e a todos, esse garoto se transformou em um empresário riquíssimo. Grande negociante no Recife, mora em uma fazenda no interior do estado para onde vai e vem de helicóptero.

Uma das maneiras, de afirmar o "maketing" da escola era poder contar com a presença de ex-alunos que de certa forma tiveram sucesso na vida. Essas personalidades vez por outra nos visitavam e deixavam nos alunos daquela geração que se estava formando, o exemplo a ser seguido. Ficavamos, quando das visitas, em estado de extase, absolutamente maravilhados. O meu primo Wilson Santa Cruz, por exemplo, que alcançou o alto oficialato no Exército foi aluno e orgulho da escola. Roberto Pessoa Ramos, heroi da FAB também foi aluno da escola e esteve por lá de visita após a guerra. Motivo do maior orgulho ter um heroi na nossa escola.

Aquilo que aprendemos na mais tenra idade jamais será esquecido. Nunca esqueci Dona Tércia Bonavides e sua pequena escola. A vida seguiu seu rumo. Guardo dentre as minhas lembranças outras escolas e outros colégios como o Pio X com seus abnegados Irmãos Maristas o Liceu, o Professor Nery, (onde tive lições de Esperanto), Professor Otacilio, juntamente com seus Mestres e "Lentes" de todas as materias.

As amizades que fizemos e que cultivamos até hoje. Um amigo desses tempos chamou-me a atenção outro dia: "Você se dá conta que nos conhecemos desde o Jardim de Infância?

É. Acho que antigamente a escola era realmente risonha e franca.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

CONVITE


A FICÇÃO NA OBRA LITERÁRIA DE LUIZ GONZAGA LOPES

A Academia de Letras e Artes do Nordeste, associando-se ao projeto "FICÇÃO EM PERNAMBUCO", idealizado pela União Brasileira de Escritores (UBE/PE), com o apoio da Livraria Saraiva, convida para o debate sobre a obra literária do escritor e acadêmico Luiz Gonzaga Lopes.

Serão debatedores: Ana Maria César, Djanira Silva, Everaldo Moreira Véras e Maria do Carmo Barreto Campelo de Mello.

- Dia: 11 de janeiro de 2007 (quinta-feira)
- Hora: a partir das 19 horas
- Local: Espaço Manuel Bandeira da Livraria Saraiva
Shopping Center Recife, em Boa Viagem

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Enquanto o Brasil morre afogado o Presidente da República se diverte na praia

Anco Márcio de Miranda Tavares

O Presidente Lula é analfabeto de pai e mãe. Acredito mesmo que não seja uma pessoa má. Apenas é irresponsável e quer tão somente o lado bom de ser presidente. Vive no mundo da lua, brincando com o cargo, sem nunca assumi-lo totalmente, sem nunca assumir as prioridades inerentes a ele.

Agora mesmo, como um escolar irresponsável, resolveu tirar férias e para isso foi para uma praia do Exército cercado pelas Forças Armadas a fim de não ser perturbado. Enquanto isso o Brasil no Sudeste morre afogado, mas ele num ta nem aí. Ou melhor, num ta nem aqui pra ver.

Ninguém consegue falar com o barbudo que mesmo assim deve estar sabendo de toda a tragédia, pois no seu refúgio praieiro deve ter rádio e tv de plasma. E ele acompanhado da galega dá canga pé na praia enquanto que cerca de cinqüenta pessoas já morreram pelas enchentes no país que ele é presidente.

Fosse esse país, sério, e ele já teria sido chamado à ordem e até mesmo cassado, pois Presidência da Republica não é brincadeira, pro cara assumir assim e sumir, botando a seu redor homens armados, para que ele possa se divertir tomando banho de mar numa praia do Exército.

Lula não está, nunca esteve, nem nunca estará preparado para ser Presidente da República de onde quer que seja. O cargo é muito maior que sua irresponsabilidade, que sua falta de piedade, que seu analfabetismo. No máximo, ele poderia ser um deputado que não tem essas responsabilidades todas.

Lula, o retirante nordestino tem mesmo mentalidade de retirante nordestino e nunca irá em frente. Ele nunca deveria ter sido presidente do Brasil nem por brincadeira. O cargo não lhe cabe. Ele nunca passará de um tabaréu que tirou na mega sena da política o direito de presidir o Brasil.

Enquanto o povo morre afogado, Lula brinca na praia, Lula toma a branquinha na praia, cercado pelo Exército e pela Marinha para não ser incomodado. Ainda bem que eu tenho a consciência tranqüila de ter votado em branco e esses mortos nunca perturbarão o meu sono.

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CRÔNICA DE DOMINGO - VAMOS FAZER AMOR?

VALDEZ JUVAL

Acho que estou cada vez mais lelé da cuca.

Imagine não querer acompanhar o tempo, procurar entender a Iinguagem moderna, atual.
Na minha “época”, fazer amor, era coisa sublime, especial, que acontecia com os eleitos.
Não se gastava a palavra para um simples convite de um relacionamento fugaz, instantâneo, inesperado, entre um casal que mal teve tempo de se dar as mãos.

Existia o momento delicioso da carícia, o beijo real consagrado com toda a preparação de uma ânsia do contato carnal entre corpos que previamente compartilham a intimidade, sentindo antecipados a certeza do prazer.

Pelo que sei, hoje se contam os beijos de uma noite, entrelaçando varias salivas dentro de uma boca, para a simples satisfação de ser um vencedor. Vencedor de que? De beijo na boca?
Amor não se faz. Ele é espontâneo, sublime, delicioso. Os olhos falam, o corpo treme e o gozo advem como conseqüência de tudo que é esplendoroso, divino.

Como poder aceitar um convite para um simples e puro relacionamento de sexo, chamando-se isto de amor? Não, não estou lelé. Estou com muita idade, eu sei, mas sempre compreendi o amor e sinto o que é fazer amor. Quanto a fazer sexo, bem, é outro assunto. É gostoso, é maravilhoso, é indispensável. É uma consequência do amor. Não se vive sem ele.

Mas é assim mesmo. Tudo muda, passa.

Atualmente já não se convida para fazer amor. È ficante, É namoro. Amanhã, como será?
Um conselho que me dou: “Velho, entenda o mundo e as suas próprias mutações.
Viva com ele porque senão você não viverá. Se por acaso receber algum convite para ficar, namorar ou fazer amor, aceite. Não deixe a vida passar. Lembre-se do rio: as águas passam mas não voltarão.”

Pois é. Ainda sou Romeu esperando Julieta. Psiu! Silêncio! ... Que ilusão! Pareceu-me ouvir o canto da cotovia!
070107

sexta-feira, janeiro 05, 2007

DIGRESSÕES DE INÍCIO DE ANO

HUGO CALDAS

Às vezes as pessoas dizem certas coisas sem pensar, e uma vez dita, a palavra não volta e para resvalar no ridículo ou na tragédia é um tantinho assim. As armadilhas da nossa linguagem são inúmeras e perigosas. Ví certa vez pichado em um muro o protesto de uma certa ONG, logo após a matança da Candelária: "Não matem as minhas crianças. Não se mata sem motivo." Ora, vejam só! Se houver razão, pode mandar ver e sair matando adoidado, é isso?

Aliás, levantamento feito na década de 80 dá conta de que, se todas as ONGs de Pernambuco utilizassem apenas 5% do dinheiro administrado por elas em programas de valorização da criança, não haveria um só menor abandonado nas ruas do Recife. Nos meus tempos de franqueado dos Correios, uma ONG muito importante era nossa cliente e postava quase que diariamente o equivalente hoje a R$ 150,00 em folders muito bem editados e impressos em papel couché. A maioria desses impressos era para postagem internacional.

De lá para cá evoluimos, como rabo de cavalo, isto é, para baixo. Passamos a viver a situação degradante de hoje. O número de crianças nas ruas aumentou consideravelmente. O de Ong's também. A criminalidade triplicou. Não faz muito tempo um garoto de 11 anos, o auto-proclamado "Menino Aranha" (subia literalmente pelas paredes dos prédios que assaltava) foi morto à queima-roupa bem perto aqui da minha casa.

Descubro maravilhado que sou dono e feliz proprietário de uma inflação. Isso mesmo. Leio nas Folhas que existe uma tal de "Inflação dos idosos" e que a dita cuja é a menor desde o Plano Real. Beneficiada por uma alta menor de tarifas, a minha inflação (sou idoso, pois não?) fechou o ano no patamar mais baixo desde o citado plano de FHC em 1994. Não é o máximo? Contando ninguém acredita.

Voltando ao linguajar irresponsável... Vejo frequentemente na tv um comercial de uma empresa de segurança gabando-se de que é a "segurança inteligente". E existe segurança burra? Me vem à memória episódio envolvendo o dr. Sobral Pinto grande jurista, e um tenente do exército, logo no início dos anos de chumbo. Insistia o tenente que não estávamos em ditadura alguma pois o congresso funcionava livremente. Vivíamos isso sim, em uma democracia. Uma "democracia à brasileira, é bem verdade, mas uma democracia". Ao que o ilustre dr. Sobral retrucou: "Tenente, à brasileira só o perú!" Democracia não se adjetiva. É ou não é!

Algo que nunca consegui entender: Por que será que o preço dos ingressos de um espetáculo qualquer até a sexta-feira é um e fica mais caro inexplicavelmente aos sábados e domingos? Trabalha-se mais nos fins de semana? O espetáculo aumenta de tamanho? O elenco também?

Parece que o Sindicato dos Bancários de Brasília não está gostando nem se conforma com o novo marketing do Banco do Brasil, que trocou o logotipo para Banco da Maria, do José, do Mario, etc. Também detestei a ideia. Esse Do José, Da Maria, me causa náuseas. Ninguém fala assim por aqui. Certa vez, em viagem pelo sertão, encontrei lá pelas banda de Ingá uma "Barraca Do Néco". Argh! Isso é obra e graça da televisão que costuma nivelar por baixo e maltratar a nossa maneira de ser e dizer as coisas. À propósito, já notaram que qualquer repórter da Globo tem um padrão, uma musiquinha, para vomitar as noticias na nossa cara? Eles não têm texto. Têm partitura. Quem é de teatro entende o que digo. E quando os nossos nordestinos jornalistas tentam imitar o jeitão do sul, dá-se a tragédia. Lamentável! Macaqueação pura.

E finalmente mas não menos importante: Já pensaram direitinho que quando algum chefete da vida faz um elogio qualquer por um trabalho bem elaborado e dispara as seguintes palavrinhas: Muito bem, "continue assim"! Acho que aí está embutido um "porque senão...!"

Feliz Ano Novo a todos.

terça-feira, janeiro 02, 2007

A chuva caia silenciosamente nos beirais da minha casa

ANCO MÁRCIO DE MIRANDA TAVARES

A chuva caia silenciosamente dos beirais de minha casa molhando a pequena calçada. Na rua meninos semi nus exercitavam a arte de nadar em poças dágua. Sapos distantes diziam que o inverno ia ser muito bom, que o tempo fecharia naquela dia e não abriria tão cedo. Eram assim as chuvas do interior.

As mulheres passavam silenciosas com seus meninos, roupas coladas no corpo modelando as curvas, semi mostrando os peitos grandes que quase pulavam pelo decote do vestido. Na rua só estava quem naquele momento não podia de jeito nenhum estar num local coberto ou quem fora apanhado de surpresa.

Um bebado passava desenhando no chão molhado uma sucessão de passos trôpegos, uma linha sinuosa de pisadas aqui e acolá, mostrando que seu corpo meio inchado estava totalmente desequilibrado e não eatava pronto para andar nem em terreno seco quanto mais em areia mole e molhada que ela pisava mal e mal pisava.

Num recanto os cachorros se enrodilhavam, e se preparavam para as temporadas de frio que com certeza viriam para lhe esfriar os ossos, lhes queimar os ossos, párecendo pedra de gelo que a gente põe na palma da mão. Um dos cachorros começou a ganir mostrando que a situação não estava boa.

Debaixo do velho sofá havia um gato mourisco também enrodilhado como a advinhar que a chuva viria, como a saber por instinto que seriam muitos dias e muitas noites de sono para lhe perturbar o juízo. Nada faria naquele momento o gato dar um bote nem mesmo um gordo rato que por ali passasse fazendo careta.

Um casal de namorados se agarrava lubricamente debaixo de um pé de ficus, sem se importar no perigo que é ficar debaixo de árvores durante um temporal. Mas eles aproveitavam a pouca presença de gente para se abraçar cada vez mais e esfregar os corpos sequiosos de prazer.

A chuva caia nos telhados parecendo que iria quebrar as telhas, cada pingo de encher um pote, cada pingo de doer nas costas. O escritor aproveitou e foi escrever, a prostituta viu que não ia dar nada e recolheu-se. E o temporal continuou forte. Chovia muito forte, mas silenciosamente nas biqueiras de minha casa.