quarta-feira, janeiro 10, 2007

CRÔNICA DE DOMINGO - VAMOS FAZER AMOR?

VALDEZ JUVAL

Acho que estou cada vez mais lelé da cuca.

Imagine não querer acompanhar o tempo, procurar entender a Iinguagem moderna, atual.
Na minha “época”, fazer amor, era coisa sublime, especial, que acontecia com os eleitos.
Não se gastava a palavra para um simples convite de um relacionamento fugaz, instantâneo, inesperado, entre um casal que mal teve tempo de se dar as mãos.

Existia o momento delicioso da carícia, o beijo real consagrado com toda a preparação de uma ânsia do contato carnal entre corpos que previamente compartilham a intimidade, sentindo antecipados a certeza do prazer.

Pelo que sei, hoje se contam os beijos de uma noite, entrelaçando varias salivas dentro de uma boca, para a simples satisfação de ser um vencedor. Vencedor de que? De beijo na boca?
Amor não se faz. Ele é espontâneo, sublime, delicioso. Os olhos falam, o corpo treme e o gozo advem como conseqüência de tudo que é esplendoroso, divino.

Como poder aceitar um convite para um simples e puro relacionamento de sexo, chamando-se isto de amor? Não, não estou lelé. Estou com muita idade, eu sei, mas sempre compreendi o amor e sinto o que é fazer amor. Quanto a fazer sexo, bem, é outro assunto. É gostoso, é maravilhoso, é indispensável. É uma consequência do amor. Não se vive sem ele.

Mas é assim mesmo. Tudo muda, passa.

Atualmente já não se convida para fazer amor. È ficante, É namoro. Amanhã, como será?
Um conselho que me dou: “Velho, entenda o mundo e as suas próprias mutações.
Viva com ele porque senão você não viverá. Se por acaso receber algum convite para ficar, namorar ou fazer amor, aceite. Não deixe a vida passar. Lembre-se do rio: as águas passam mas não voltarão.”

Pois é. Ainda sou Romeu esperando Julieta. Psiu! Silêncio! ... Que ilusão! Pareceu-me ouvir o canto da cotovia!
070107

Um comentário:

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Sr. Valdez Juval,
O conteúdo de seu texto está corretíssimo!Parabéns!!!Vivemos uma situação triste onde o sexo é desvirtuado e a palavra "amor" sendo confundida com qualquer atitude de baixo nível.Muito oportuno tudo que o sr. disse.O seu texto deixa claro que a invigilância conservada é desastre certo. Grata. Márcia