sábado, julho 28, 2007

PORQUE ME UFANO DO MEU PAÍS - AINDA O CAOS AÉREO - MANDOS E DESMANDOS

HUGO CALDAS

Julho de 1996, um avião da TWA explodia logo após a decolagem do aeroporto de Nova Iorque. Morreram todos, 212 passageiros e 18 tripulantes. À exemplo do que aqui ocorreria anos mais tarde, as horas que se seguiram foram de verdadeiro caos, familiares das vítimas que foram para o aeroporto reagiram com o mesmo desespero pela falta de notícias sobre a catástrofe. Algum tempo depois, todos foram devidamente encaminhados para uma sala especial do aeroporto, e lá ficaram por alguns minutos, quando então a porta se abriu e por ela entrou ninguém menos que o presidente Bill Clinton. Só, sem escolta, o presidente foi cumprimentar as famílias, abraçando um por um a todos e a todos confortando. Ouviu claro, os protestos os desabafos, e as inúmeras cobranças mas ao se retirar, o presidente deixou, com seu ato de respeito e consideração, um ambiente de clara resignação e conforto.

Aqui, em Pindorama, após permanecer entocado por 72 horas e, transmitidas umas pífias condolências em rede nacional, ele, o primeiro mandatário, (Deus me livre) tornou a desaparecer. Fim de semana trancado na Granja do Torto, residência oficial, certamente a enxugar mais um litro da 51, o pinguço-enganador só veio a superfície no programa de rádio das segundas-feiras, quando voltou a deitar seu enfadonho blá-blá-blá, e as obviedades de costume, “julgamentos precipitados" "nunca antes neste país" et coetera, sobre a explosão do Airbus da TAM.

Em verdade vos digo que, desde a sexta-feira 13 quando foi devidamente vaiado no Maracanã pela "classe média vingativa", o morubixaba já vinha há tempos deixando correr solto o apagão aéreo, fiel ao seu mais íntimo princípio de "estadista de Caetés." "A gente fazemos o que podemos, e se não podemos, deixa como está para ver como é que fica". O que, obviamente parece ter dividido o Brasil e os brasileiros.

De um lado, àqueles cooptados por programas do tipo bolsa-esmola.
Com o feijão de cada dia, garantido quem é besta de lhe negar aplausos em quaisquer circunstâncias!? Esse tipo de chantagem é prática comum no Nordeste. Aqui, é do conhecimento de todos, por exemplo: "O pé esquerdo do sapato antes das eleições e o pé direito após." O que nos ofende, é que esse pessoal tinha um Projeto Brasil alardeado por mais de vinte anos, e foram eleitos e reeleitos para por fim aos mesmos desmandos que ora promovem. O projeto deles, infelizmente, era tomar de assalto o Planalto e lá se aboletarem per omnia saecula saeculorum. De outro lado, ainda existem aqueles que parecem não abdicar da pueril e retardada imagem da antiga esquerda que tanto povoava os nossos corações e mentes nos remotos tempos de juventude. Não reagem para não serem taxados de reacionários. Todavia, há ainda aqueles que, o aplaudem quando julgam que merece aplausos, mas vaiam quando julgam que merece vaias, como aconteceu na abertura do PAN. Estes últimos são os conhecidos como "as zelite vingativa". Que é isso, "cumpanhêro"?

Voltando porém ao trauma do acidente. Afora os desmandos de sempre, o grande escárnio ainda estaria por vir. Pois não é que dois ou três dias após o desastre, a corja da ANAC foi devidamente condecorada, com a medalha Santos Dumont, entre sorrisos desrespeitosos e outros salamaleques, por "elevados serviços prestados à Aeronáutica" o que motivou o presidente da Associação Nacional em Defesa dos Passageiros do Transporte Aéreo, Cláudio Candiota Filho, a devolver idêntica condecoração e declarar:

..."Constrangido, em face da concessão de Medalhas de Santos Dumont a diretores da Agência Nacional de Aviação Civil, comunico a Vossa Excelência que estarei devolvendo a mesma condecoração que tive a honra de receber pelos serviços que ao longo de minha vida prestei à nossa querida Força Aérea Brasileira e à aviação civil do País. Tomo esta atitude, com profunda dor, pois muito me orgulho de possuir tão relevante distinção. Entretanto, os fatos não me oferecem alternativa. Assim procedo em respeito à memória das vítimas das tragédias da Gol e da Tam, e em nome do que simboliza para todos nós, aviadores, a consagrada história de Santos Dumont.”...

Milton Zuanazzi, Denise Abreu e Leur Lomanto. Eis o trio de ouro da improbidade. Zuanazzi foi secretário de turismo no Rio Grande do Sul, é apaniguado da ministra Dilma. Não entende de avião e sim de emitir passagens. Denise Abreu, se não me engano, "adevogada" (melhor prosódia lulista), também nada entende de avião, ex-secretária do Zé Dirceu, boquirrota, autora de máximas que são o máximo: "O acidente é o acidente. O sistema aéreo é o sistema aéreo". Pelo que se sabe andou também destratando os familiares daquele outro acidente, o da Gol. E por fim o tal do Leur, de quem não se conhece quase nada a não ser o nome ridículo e o fato de ser o herdeiro do legado do "famoso" deputado Lomanto Junior. Eu acho é pouco!

Pergunta que não quer calar:
Por que, se puder, a Aeronáutica manterá em segredo nomes de culpados pelo acidente do Airbus-320 da TAM....? Cartas à Redação.

E agora pasmem! Existe a informação de um diretor da TAM sobre os reversos da turbina, do Airbus que foi divulgada pelo Jornal Nacional e que gerou muita polêmica, ao entregar de bandeja uma preciosa justificativa ao governo, de que um graduado personagem do Planalto (quem seria, estou com o nome da ponta da língua) contatou a direção da empresa (TAM) dizendo que "ou eles davam uma boa saída ao governo, ou ele (graduado personagem), garantia que baixada a poeira, o governo iria "quebrar" a TAM." Teria esse episódio culminado com o top, top, top do aspone mor...???

Enquanto isso ...
Quase 100 mil servidores federais estão em greve há mais de 2 meses. Em Recife os médicos dos hospitais de atendimento de emergência estão se demitindo em massa, entregando os cargos por absoluta falta de condições de trabalho. Falta até esparadrapo, mercúrio cromo, pessoal, equipamento, etc. Além é claro, dos salários aviltantes. As escolas estão sem aulas, os professores em greve, e por aí vai. Ninguém divulga nada o que dá a impressão errada de que estamos no melhor dos mundos. Sofrem todos, o maior prejudicado, como sempre, o povo. Greves em instituições públicas federais, estaduais e municipais. A mais longa delas, a do Ministério da Cultura, chega hoje ao 78º dia sem perspectiva de solução. Alguém aí sabe o paradeiro do ministro?


Mas meus caros, consolem-se com a idéia de que:
Quem deve estar adorando toda essa confusão é o Renan. Somente assim o nobre senador teve tempo de ir cuidar das suas (dele) vacas que lhe rendem o bastante para pagar a pensão da moça àquela.

Termino com outra pergunta que não quer calar:

Como explicar esse monte de deserções de atletas de Cuba no PAN? Seis ou oito escapadas, incluindo um técnico. A mídia falou algo no início e logo ficou caladinha que nem uma porta. Claro que pessoas dignas do nosso maior respeito como Frei Betto, Chico Buarque, Oscar Niemeyer, sempre afirmaram que a ilha é o paraíso terrestre da liberdade. Lindas morenas que chegam a fazer frente às nossas cabrochas, belíssimas praias que deixam Porto de Galinhas no chinelo, trabalho para todo mundo, realização profissional, et coetra. Por que será então, que quando a chance aparece a turma dá no pé? Bando de ingratos. E por que na fronteira com o México, sem falar dos balseiros na costa de Miami, os guardas aduaneiros e a polícia têm o maior trabalho para impedir que os trânsfugas do paraíso entrem no "inferno decadente?"
Cartas à Redação

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sexta-feira, julho 20, 2007

AVE LULA, MORITURI TE SALUTANT



HUGO
CALDAS

Convenhamos que nunca antes nesse país a situação chegou a ficar tão precária, tão podre, tão periclitante. A mídia está aí mesmo a nos engolfar de notícias. A conversa com as outras pessoas, amigos, vizinhos, nos leva a crer que, para usar uma máxima do eterno Sergio Porto, "A situação está mais pra urubu do que pra colibri". Sentimos no ar algo que nos deixa bastante intranquilos. A confusão, os desmandos, a maneira pela qual somos, pobres mortais, tratados pela camarilha de Brasilia... "Isso tudo é o fruto da prosperidade que atingimos," diz um energúmeno. "Relaxa e goza!" Diz a outra, mal-amada. Virou esbórnia! Agora é moda, na calada da noite, deram pra fazer gestos obscenos que somente teriam sentido com os Fradinhos do Henfil. Quando tentam se retratar, a emenda sai muito pior do que o soneto. É a desagregação do poder público para dizer o mínimo. É achar que governar um pais como o Brasil é simplesmente promover festinhas de São João e enxugar litros e litros de "51" ou comprar jatos caríssimos no exterior. Nós fabricamos aviões de carreira muito eficientes e seguros. Ainda bem que outros países nos compram. Mas isso é outra história.

Sobre esse malfadado acidente da TAM...

Estamos há menos de 10 meses da ocorrência de um outro acidente, dessa vez com uma aeronave da GOL e a pseudo colisão com um jatinho Legacy. Como é que fica? Mais de 300 mortes! Quantos mais ainda terão que morrer?!

No início desta semana a Torre de Controle de Congonhas pediu o fechamento da pista principal por conta das chuvas. O alerta ocorreu na segunda-feira 16, depois que um avião da Pantanal derrapou na mesma pista. A Força Aérea e as autoridades da Infraero negaram o pedido por entender não haver o risco de perigo iminente.

Até quando vamos conviver com esse tipo de acontecimento trágico? Até a próxima catástrofe? Temo que venhamos a nos acostumar com a tragédia da mesma maneira como ocorreu com as balas perdidas ou de como virou rotina arrastar garotos de sete anos de idade com o carro.

Quem se habilita a enfrentar a crise do setor aéreo com caráter, coragem e sobretudo, competência? Na terça-feira 17, outro fechamento, dessa vez ocorrido às 17h07, determinado após o relato de um piloto da Gol de que a pista ela estava escorregadia. Pouco depois, às 17h30, a pista foi reaberta. Às 18h50 aconteceu o maior acidente, da história da aviação brasileira.

A pista de Congonhas, é no entender de vários pilotos comerciais e militares, muito curta, não atendendo portanto aos requisitos da aviação dos nossos dias. Para entender melhor, vamos voltar um pouco no tempo. Em 1985, durante o governo Montoro, se não me engano, houve um início de processo de desativação do aeroporto de Congonhas. Lá permaneceriam apenas a Ponte Aérea Rio-São Paulo e alguns outros vôos. O grosso do movimento seria deslocado e transferido para os Aeroportos de Guarulhos e Viracopos..

Porém nada, absolutamente nada foi feito. O tempo passou. Doze anos se foram e a Infraero, o antigo DAC (Departamento de Aeronautica Civil), a atual Anac, em concluio com as companhias aéreas e seus prepostos nada fizeram a não ser contribuir ainda mais para o criminoso inchaço de Congonhas. Os interesses pessoais, comerciais e financeiros, sabe-se muito bem de quem, estão acima de qualquer bom senso, honestidade ou estratégia que assegure a segurança dos passageiros e dos residente da área.

Disseram, e todo o mundo diz o que quer numa situação dessas, que a aeronave apresentou um problema no reversor da turbina direita uma semana antes. Disseram na TV que o sistema eletrônico de checagem do avião percebeu o defeito. Afirma a TAM que o manual de manutenção do Airbus manda fazer uma verificação do reversor em até dez dias depois da identificação do problema. Ora viva!

No dia anterior à tragédia, o mesmíssimo avião da TAM teve dificuldades em pousar na mesmíssima pista de Congonhas. O presidente da TAM, em entrevista coletiva, garantiu no entanto, que o Airbus havia voado de Belo Horizonte até São Paulo em "perfeitas condições". Dá para acreditar? E a pista entregue ao uso e inaugurada antes do término dos reparos? E o "grooving"? Nas minhas andanças pelo mundo, constatei por exemplo, que em Los Angeles, cidade cortada por viadutos, esses tais groovings estão lá, nos viadutos, a fim de evitar derrapagens.

E quanto à nossa atual tragédia, o que fazer agora? Procurar por culpados? De preferência os pilotos do Airbus já que estão mortos, mesmo! O capadócio do Mares Guia chegou a mencionar um desligamento de "transponder," pode? O que fará o governo? Tirará como sempre o corpo fora, se fingirá de morto ou ordenará, qual um Hitler redivivo, a sua Schutzstaffel, SS, Polícia Federal, para investigar e apurar o rigoroso inquérito?

Em verdade vos digo, "eu não sabia" é agora prerrogativa exclusiva do ministro Pires que quando não se encontra passeando em Paris, vive a reclamar do seu próprio salário. Tadinho!

E a Martha?

- "Assim que soube da tragédia cancelei toda a programação oficial que tinha em Lisboa."

Pergunta que não quer calar:
O que estaria fazendo a ministra do turismo em Lisboa? Turismo, ora! Relaxando e gozando!

- "Como todos os brasileiros, estou consternada e me solidarizo com as famílias atingidas.

Pelo andar da carruagem me parece que a palavra da moda entre a súcia do governo é "consternado" para referência aos acontecimentos de Congonhas. Ontem, o porta-voz da presidência repetiu pelo menos duas vezes que lula estava consternado com a tragédia e se encontrava "100% atento" quanto às ocorrências.

Outra pergunta que não quer calar: Pode alguém, e principalmente o primeiro mandatário de um país, mesmo de quinto mundo, ser apenas "50% atento"? Cartas à Redação!

E nós, o que faremos? Ninguém vai às ruas exigir a defenestração do mosca-morta do ministro da defesa? Do presidente da Infraero? Onde estão os caras-pintadas? A UNE? Aliás nem é bom contar mesmo com a UNE já que a antiga e respeitával instituição foi devidamente cooptada pelo desgoverno com um baú de repleto de valiosos picuás. Ninguém vai às ruas exigir punição para os políticos corruptos, (isso está me cheirando a pleonásmo)! Ninguém vai às ruas reivindicar nada? E o comandante da Aeronáutica também não diz nada? Está muito calado. É bem verdade que ele foi desautorizado no início do ano pelo apedeuta quando quis mostrar força prendendo os controladores de vôo mas por outro lado, foge da maioria das perguntas feitas pelos jornalistas. Muito estranho o brigadeiro Saito. Devo entretanto, continuar a crer nas afirmaçãoes do sr. Ronaldo Lindenberg von Schilgem Cintra Nogueira, mais conhecido como Ronnie Von, seu antigo companheiro de farda, que afirmou em entrevista à Veja, ser ele assim mesmo. Misterioso! Coisa de japonês!

O que resta a lula é torcer para que a culpa seja debitada na conta dos pilotos. Ou na conta da TAM. E que uma vez esgotado o choro coletivo e a estupefação de um país inteiro, que a maioria dos brasileiros siga sendo compreensiva com ele, com o seu governo e com suas pesquisas encomendadas. Por essas e por outras não deveria o apedeuta se molestar com as vaias recebidas na abertura do PAN. Muito menos, seus apaniguados se dedicarem a tarefa mais nobre do que procurar chifre em cabeça de cavalo.

E por fim mas não menos importante, relato-vos algo bastante inquietante, para dizer o mínimo. Tenho sonhado repetidas noites com agosto de 1954. Acordo, no meio da madrugada sobressaltado. Getulio Vargas acuado no Catete, a "República do Galeão" prendendo e arrebentando e a voz gravada de um Senador da República sendo repetida dezenas de vezes pela ZYX-2, Radio Arapuan de João Pessoa:

"NÃO PREGO A REVOLUÇÃO. MAS SE ELA FOR NECESSÁRIA OU SE ELA SE TORNAR NECESSÁRIA, É PRECISO MATAR ESSE GOVERNO PARA QUE SOBREVIVA A NAÇÃO."

Tomara que seja apenas a alma de Argemiro de Figueiredo querendo me assombrar!

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domingo, julho 15, 2007

PESQUISAS, URUCUBACAS,VAIAS, VACAS FARDADAS, SEXTA-FEIRA 13



HUGO CALDAS

Dizem as "pesquisas" que o atual desgoverno federal tem uma aceitação acima dos 64%. Outros institutos dizem que 68,4 mil jovens com idades entre 18 e 29 anos ingressam nas prisões brasileiras por ano, quando na verdade deveriam ingressar nas escolas. Por outro lado, apenas 43,2 mil pessoas dessa mesma faixa etária deixam as prisões no mesmo período de um ano. Se trouxermos os cálculos para a média diária, teremos 187 jovens metidos na cadeia a cada 24 horas. Isso significa que, o número de entradas é 58% maior do que o de saídas. O levantamento foi feito pelo Ministério da Justiça e integra o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - Pronasci - (mais uma sigla odienta) apresentado dia destes ao apedeuta. Sinceramente, será que pelo menos parte da fortuna gasta e superfaturada no PAN - cerca de R$ 1,8 bilhão não teria sido melhor empregada, (sem falar nos mensalões, etc, etc, etc, e tal). Bom, deixa pra lá. E você, acredita em "pesquisas"?

A urucubaca da sexta-feira, 13
Covenhamos que levar monumental vaia em rede nacional, transmitida para vários países do mundo, foi realmente a urucubaca glorificada. Isso não é pra todo mundo, não!. Apenas poucos "estadistas" foram devidamente urucubacados com tal mimo. "Menas a verdade"? Agora, bem ao pé do ouvido, por onde andam os 64% de aprovação do espiroqueta? Será que apenas 36% dos desgostosos fizeram o constrangedor estrago? Eram, por baixo, umas noventa mil almas para assustar a canalha. A conferir! E você, ainda acredita em pesquisas? O energúmeno encarregado das pesquisas ainda não foi preso? Pé de pato, mangalô três vezes!

A Vaca Fardada
"Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso.."

Sábias palavras. Alguma idéia de quem as proferiu? Ninguém mais, ninguém menos do que o General OLYMPIO MOURÃO FILHO, em seu livro "Memórias: a verdade de um revolucionário". Porto Alegre, L&PM, 1978. Pag. 16. Resenha na Veja.
O General Olympio Mourão Filho não conheceu o meu , o seu, o nosso apedeuta. Mas os fatos atuais mostram a exatidão e a veracidade do seu premonitório conceito. Certa vez, em entrevista, o general se declarou "uma vaca fardada".

Pois é, meus caros. Isso tudo é a história acontecendo, passando. Guardem bem esses momentos. O fato é que eu daria tudo para ter presenciado a urucubaca caindo de carapuça na cabeça desses cretinos. Digo-vos que detesto qualquer tipo de jogo, mas apenas em ver pela TV já me fez um bem danado. Tenho dormido sorrindo, malgré todas as muriçocas de Boa Viagem. Ter participado e tomado parte no acontecimento do ano então, teria sido a maior glória. Porém existe algo que ainda não consegui entender. Nos tempos de estudante, quando havia a ameaça, ou efetivamente a vaia se consumava, nós refutávamos cantando o Hino Nacional. Ainda guardo na memória a primeiríssima ocasião em que vivenciei a experiência avassaladora. Foi na solenidade de abertura de um festival de teatro de estudantes no Teatro de Santa Isabel, no Recife. Um malfadado político, mal amado da pátria, pretendeu usar a ocasião a fim de obter dividendos politiqueiros. Maior vaia. Grande susto, enfim dissipado quando Paschoal Carlos Magno, presidente do festival, começou a entoar o hino. Daí a pouco o teatro todo estava cantando e tudo foi se acalmando até desaparecer por completo. Ainda hoje fico arrepiado, só em lembrar. Pergunto-vos, aconteceu algo parecido no Maracanã? Não! Bem se vê que o apedeuta e sua corja não têm mesmo a aprovação dos "mirrados 34%" que fizeram todo o alarde da última sexta-feira 13.

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domingo, julho 08, 2007

SEVERINO LUCENA FILHO - SILVINHA

HUGO CALDAS

A fila está andando. O meu amigo Silvinha, partiu. Há dias tento escrever algo e não consigo. Fiquei sem imaginação, mudo. O poeta Celso Almir, também seu amigo, cresceram praticamente juntos, diz ter perdido a infância quando ele se foi. Eu perdi parte da minha vida. Aliás venho sofrendo estas perdas há tempos. Com todos os outros que também já se foram. É, a fila está mesmo andando.



Severino Lucena Filho, o "Cego Silvinha", por causa de uns óculos fundo de garrafa que usava devido à um distúrbio visual brabo, forçando-o àquelas lentes que aumentavam em muito o tamanho dos seus olhos. Sua figura lembrava o "Dr. Silvana", célebre bandido dos Gibis, inimigo figadal do Capitão Marvel, dono de uma risadinha tétrica, "he, he, he"! Morava numa esquina da Avenida Bento da Gama. A casa ficava por trás de um posto de gasolina de propriedade do seu pai, o coronel da Polícia Militar, Severino Lucena. Tinha um irmão, se bem me lembro de nome Edílson, e uma porção de irmãs. Todos mais velhos, portanto não davam muita bola pros pirralhos como nós.

Silvinha, eu e Almir, os Três Mosqueteiros, Antonio Mercês, (por onde andará?) o quarto componente. O nosso D'Artagnan, morava na outra esquina. O pai de Antonio Mercês era caminhoneiro, o que me enchia de inveja só em ter aquele enorme caminhão estacionado em frente à casa.

Ah, quanta coisa passamos juntos. Íamos diariamente pela Rua Duarte da Silveira, que nem os quatro cavaleiros do oeste, para as aulas no velho Liceu. Éramos imbatíveis, elegantes em nosso uniforme cáqui igual ao da Policia Militar, cabelos penteados, Almir usava "Gumex" para sustentar uma trunfinha à Elvis e dizem, não se deitava durante o dia para não emaranhar o penteado. Passávamos pela casa de Marisa e Maria Antonia, garotas que povoavam o meu imaginário. Logo após, bem na esquina da Maximiano Figueiredo morava uma senhora viúva (dizia-se) e uma filha. Bonitas e gostosas as duas. Sentadas no terraço, sempre usando um penhoar negro esvoaçante, as malvadas, exibiam suas belas pernas torneadas apoiadas na mureta do alpendre, saia ligeiramente levantada... Ah, tormento. Passávamos em frente todos os dias e o espetáculo diário era esperado com tácita ansiedade. Todos davam uma olhada meio marota para não dar na vista, exceto o Silvinha que por conta dos óculos era uma indiscrição completa. As duas riam complacentes.

Logo ao chegar ao Liceu íamos, antes do inicio das aulas, direto ao nosso esconderijo, uma parte da calçada por trás da nossa classe onde continuávamos a prosa interrompida no caminho, e aproveitávamos para fumar umas piolas qua havíamos guardado desde a noite passada. As piolas, toco de cigarro, também conhecidas por "segundas" ainda davam pro gasto, pois era comum virarem objeto cobiçadíssimos na roda.

Íamos e vínhamos à pé, coisa inconcebível nos dias de hoje onde essa garotada considera o carro uma extensão das próprias canelas finas.

Festa da Padroeira na Torre. Lá estavam os Tres Mosqueteiros na pequena praça. A difusora da Fundação Padre Dehon a tocar um "de alguém para você"... Rapazes parados e garotas passeando de braços dados como em uma enorme cirandinha. Uma dessas garotas só faltou engolir o Antonio Mercês e ele, nada. Decidimos então chamar os brios do nosso D'artagnan. Silvinha foi o designado a sabatiná-lo para o devido sucesso quando fosse "encostar" com a garota. Dizia o Cego: "Você encosta e dá boa-noite. Daí solta uma piadinha e engrena uma conversa. Não tem erro."

O final da história foi o que se segue. Juro! Quando a garota passou, quase empurramos o coitado do Antonio Mercês em cima dela. Ele, seguindo à risca as instruções...

- Boa-noite!
- Boa-noite!

E como brincadeirinha, faz menção de puxar alguma coisa do cinto...

- Olha a faca! ... Você tem vindo todas as noites. Vai estar aqui amanhã, também?

- Vou, é claro!

- Então, até amanhã! E veio embora...

Levou a maior saraivada de cascudos. Bons tempos!

"Tiraste um firestone" dizia sempre me gozando, (pronunciava FI-restone ao invés de FAI-restone), juntando o polegar ao indicador no gesto conhecido, quando eu tirava, como de costume péssimas notas em matemática, matéria na qual era catedrático. Desde cedo Silvinha demonstra o maior tino comercial. Há uma genial história de compra e venda de umas garrafas se não me engano, tendo como coadjuvante o poeta Celso Almir. Os dois na mais tenra idade.

Perdemos um pouco o contato quando vim para o Recife mas conseguimos nos reencontrar em outra época, um pouco mais velhos quando a amizade fica então mais sólida. Ele, por sua vez, a cada dia mais parecido com o Dr. Silvana. Distribuía gentilezas. Quase sempre que eu ia à João Pessoa e o encontrava almoçávamos juntos. Levou-nos certa vez, a mim e a minha mulher, a jantar na praia. Ele gostava de agir assim. Passávamos horas no papo. O tino comercial do garoto se revela no mais competente empresário. Teve várias lojas comerciais. As famosas "Tio Patinhas." Nunca tive o prazer de conhecer a sua família. Uma pena. Em 2001, os Três Mosqueteiros, ele, eu e Almir, exceto o Antonio Mercês, nos encontramos em João Pessoa. Pela última vez.

Soube, por amigo comum, logo no inicio do ano, que estava mal, sem chance de recuperação o que me doeu bastante. Mas estes são os desígnios dos homens lá em cima. Após longo infortúnio me deram conta do seu passamento. Prepara o ambiente por aí meu amigo, estamos chegando.

Missa de sétimo dia. Saí do Recife única e exclusivamente para assisti-la. Não tive, entretanto muita sorte. Consegui descobrir a igreja, mas não obtive sucesso em ver ou contatar alguém, amigo ou parente do Silvinha. Lá pras tantas a missa tomou o rumo do programa do Silvio Santos, todo mundo cantando e dançando, o que me forçou contrafeito, a retirada. Sai frustado. Que fazer! Acho que o velho amigo Silvinha deve ter visto que não foi má vontade. Quando eu chegar lá em cima a gente conversa.

domingo, julho 01, 2007

CAOS AÉREO, APAGÃO, RELAXA E GOZA ...

HUGO CALDAS

Já prometí a mim mesmo, por diversas vezes, ficar ilhado, longe dessa canalhice que grassa Pindorama. Mas há momentos em que você não suporta, não dá para ficar calado, ter que ver e ouvir tanta sandice. Nos tempos de Stanislaw Ponte Preta, o saudoso Sergio Porto, havia um Festival de Besteiras assolando o país. Hoje o fato consumado é que o Brasil perdeu de vez a vergonha. É o escândalo de hoje ultrapassando o escândalo de ontem. Mente-se descaradamente. É um descalabro atrás do outro. Quando menos se espera aparece um capadócio qualquer deitando falação sobre alguma coisa, e o que é pior, sem entender patavina do assunto. Não, não estamos anestesiados. É falta de caráter mesmo. É o "relaxa e goza". É a "fartura de dinheiro" que o povo está querendo gastar em viagens. É a hipótese ridícula de que "avião no chão não cai." Portanto, acho que tenho o direito de dar o meu palpite. Aqui vai a minha modesta opinião sobre o celebrado acidente/incidente do Boeing 737 da Gol e o jatinho Legacy. Perdão, leitores!

Enquanto Isso Na Granja Do Torto
...

Vamos deixar a foto constrangedora de lado e voltar à terra firme! A toda hora assistimos ao aparecimento de um expert qualquer, civil, militar, procurador, policial, político et coetera. Outro dia, estava eu posto em sossego quando um deputado, não mencionarei o nome do calhorda, mas asseguro-vos que é dos que recebem por baixo,
R$ 106.000,00 do nosso suado dinheiro - afirmava na TV que teve acesso à transcrição da caixa-preta do jato Legacy, que "colidiu" com o avião da Gol, e "em um dos trechos, o piloto diz que vai sair da rota por um momento, em outro, mostra dúvidas sobre como operar a aeronave." Pronto, está comprovada a culpa dos aviadores gringos? Está salva a pátria? O deputa em questão não revelou entretanto, como teve acesso ao documento. Por outro lado o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, afirma à comissão que "não há indícios de falha no transponder" do Legacy e disse também não acreditar no desligamento involuntário do sistema.

Usando a lógica mais rasteira possível, custoso é acreditar que uma empresa de responsabilidade efetue a compra de uma aeronave no Brasil e mande dois espiroquetas irresponsáveis para buscá-lo. Durante as investigações tentou-se por todos os meios culpar os pilotos americanos. Botaram os gringos na maior cana. Bem mais fácil, não acham? Brasileiro tem essa mania. Por a culpa nos outros é pratica muito confortável e ainda mais em se tratando daqueles gringos assassinos que entre outras coisas nos querem roubar a Amazônia. Mentalidade terceiro-mundista.

Há muito que se investigar. O fato é que, com o assassinato da Panair do Brasil, muitos pilotos foram contratados para voar no exterior. Um deles foi ser o piloto oficial do Rei da Jordânia. Vários foram voar para a Swissair, que na época inaugurava suas aeronaves DC-8 na rota para o Brasil. Esses referidos pilotos brasileiros foram designados para voar para cá, pois já naquela época era conhecidíssima a falta de habilidade e conhecimento da língua inglêsa dos controladores de vôo no país. Nos meus tempos de Panair, havia em nosso box no aerporto um pequeno rádio transmissor/receptor eternamente ligado onde ouvíamos a conversa da torre com as aeronaves. O inglês falado pelos controladores era simplesmente trágico. E havia o problema da estática para complicar ainda mais. Se nunca aconteceu nada de grave naquele tempo só existe uma explicação: Deus é grande. E dizem, brasileiro. Deve no entanto, estar morrendo de vergonha por conta da sua desastrada criação.

"Os fatos acima são uma pequena amostra de que a crise aérea já existia há mais de 50 anos atrás. Aeroportos com visibilidade inadequada, colisões de aeronave em vôo, limitações operacionais de aeroportos e operação critica em dias com situações meteorológicas adversas, falta de fluência no idioma inglês pelos controladores de tráfego aéreo. Só me pergunto o motivo que com tantos alertas e sem dúvida de conhecimento das autoridades, a aviação civil brasileira evoluiu sem observar a maior das regras na aviação: "SAFETY FIRST". Veja 28-03-07 Apagão aéreo."

E agora pasmem. Surgiu há poucos dias uma outra versão para o acidente mas a FAB silencia. A Aeronáutica e a empresa aérea Gol optaram por um silêncio perturbador, senão irresponsável, sobre a nova versão para o acidente que matou 154 pessoas em setembro último.O Boeing teria se "desintegrado no ar" por não ter conseguido aguentar em pleno vôo a pressão na estrutura da aeronave, fruto de um pouso mal feito em escala anterior. O Legacy teria sido "atingido por uma parte dos destroços." Na caixa preta do jatinho não há menção de ruido, mas de uma pancada. Seria possível, melhor dizendo, alguém em sã consciência acreditaria que o pequeno jatinho após chocar-se com um tremendo de um Boing 737, poderia sair lépido, fagueiro e ainda conseguir aterrissar são e salvo...?

O silêncio faz sentido. A hipótese levantada por agentes de Inteligência militar mudaria totalmente toda essa celeuma da crise aérea. Mudaria também o tratamento dado à sabotagem dos controladores, bem como a culpabilidade e a habilidade dos pilotos gringos, e isso, nem pensar.

"Há mais coisas no ar além dos aviões de carreira." Quem viver, verá!

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