segunda-feira, abril 30, 2007

ORA, DIREIS...

HUGO CALDAS

Pelo menos por enquanto, passou a tal Lei da maioridade criminal. Sei que não adianta muito baixar a idade para 16 anos pois o crime irá então recrutar os de 15, 14, 13 e assim sucessivamente. Mas alguma coisa precisa ser feita. Somente a título de informação: A Maioridade Criminal em alguns países conhecidos: Alemanha 14 anos, França 14 anos, Itália 14 anos, Escócia 8 anos, Inglaterra 10 anos, Estados Unidos entre 6 e18 anos de acordo com a legislação de cada estado, Mexico entre 11 e 12 anos para a maioria dos estados, Japão 14 anos e Coreia do Sul 12 anos.

Pede-se à "simpatia" do senador Mercadante, à OAB, ao presidente (sic) e aos desavisados e debiloides de plantão que parem com essa balela de ressocialização, de recuperação, de criminosos pois todos nós sabemos que isso não existe. A alegação simplista de que vamos terminar prendendo o feto é ridícula. Aqui, no Bananão, mata-se de qualquer jeito. Não interessa a idade. Sempre foi assim. Na década de setenta conheci policial, pai de famila exemplar, que voltava do trabalho trazendo na mala do carro alguns "presuntos" a serem desovados numa estrada deserta qualquer, após o jantar com os filhos pequenos. A prática, segundo descobri, continua a ser rotina. Vamos deixar a hipocrisia de lado.

Quando por aqui aportei no final dos anos cinqüenta existia uma lenda sobre um famoso Chefe de Polícia que, diziam, recolhia a bandidagem em um rebocador do cais do porto, os levava até alto mar, em local infestado por tubarões, sorteava um para assistir ao espetáculo (que voltava e avisava aos que ainda estavam em liberdade) e mandava jogar ao mar os outros. Nunca comprovei a veracidade da lenda. Constato agora, após tantos anos que se vivia em relativa paz.

O que dizer das invasões de terra? Então pode-se entrar, destruir o trabalho de anos, tocar fogo nas dependências, no canavial, na propriedade alheia e ainda se queixar de que foi violentamente rechaçado?! Ví, outro dia, uma cena patética na TV. Um sem-terra reclamando ter levado um tiro no braço "só porque eu invadí a terra dele". Onde será que nós estamos? Que país é este, pergunto no melhor estilo Francelino Pereira? Sabe-se que em algum cartório desse mundo deve existir um documento qualquer que ateste a propriedade daquele bem. Ficar discutindo se a terra é produtiva ou não, é irrelevante. Se o documento é gracioso temos os competentes meios para descobrir. Mas invadir é bem mais fácil. Basta um energúmeno qualquer incitar uma meia duzia de "massa de manobra" e pronto. Tudo com o beneplácito do apedeuta, que enfia o boné (ou será carapuça!) na cabeça e faz vista grossa.

Não podemos, absolutamente, mesmo usando a nossa melhor boa vontade, seguir o exemplo do General Cardenas do Mexico, que evidentemente fez a reforma agraria iniciada por Emiliano Zapata, cuja principal e primeira providência ao invadir alguma cidade era incendiar o cartório. Tal feito tornava absolutamente impossível atestar ou reclamar a posse de qualquer terra.

alguns anos existia aqui em Boa Viagem, o clube de uma associação (ferroviários) chamado O Trenzinho. Pois bem, vivia na calçada do clube uma família inteira, pai, mãe, filhos, agregados, cachorro, etc. A minha rua se mobilizou, fez-se festa de São João, Natal, Rifa, a fim de arrecadar recursos para eles, recebemos doações, um verdadeiro auê, durante meses. Com o tempo conseguimos um dinheiro e compramos uma pequena casa no Bairro do Ibura e entregamos, felizes à tal família. Seis meses depois eles haviam vendido a casa e estavam de volta à calçada do clube. Alegavam que era muito longe da praia local onde eles "trabalhavam" (pediam esmolas). Pode?


Conta-se que o Pero Vaz de Caminha ao enviar á El Rei a famosa carta, "em se plantando tudo ," pedia também uma sinecurasinha para seu sobrinho. Conheço relato de pessoas dando conta de que no inicio do século 20 muita gente, seguindo à risca o lusitano exemplo, achava uma desonra ter que trabalhar! Isso, guardadas as devidas proporções, acontece a toda hora em que somos abordados na rua. "Tio", gritam, e já chegam estipulando a quantia, me dá dez centavos aí! O que muita gente não sabe é que essa prática dá cadeia para os pais ou responsáveis! Dá?

Tempos atrás, estávamos eu e minha mulher nos preparando para irmos ao trabalho, carro já estacionado na frente da casa quando nos chega um sujeito com uma criança."Nós queremos comida pois ainda não tomamos o café." Minha mulher alegou que nós também ainda estávamos em jejum mas que estaria logo preparando. Era só esperar. Tivessem um pouco de paciência. Enquanto o café chegava eles "deveriam ir enganando o estômago com essas bananas aqui." A resposta foi violenta. "Eu não sou macaco." E ameaçador, quero comida de gente! Ato contínuo jogou as bananas no calçamento. A criança, que realmente tinha fome, correu e as apanhou comendo-as evidentemente. O café chegou e nós entramos em casa. Tomamos o nosso desjejum e quando voltamos verificamos que o café com leite que lhes fora servido estava todo derramado no pára-brisa do automóvel.

O Rio de Janeiro é campeão em furto de água e energia. Aqui no Recife sofremos da mesma doença. Rouba-se água e energia e nada é feito. Sabe-se que desde o governo Arraes, por conta "do Problema Social," os ricos (sic) devem pagar pelos pobres. Síndrome de Robin Hood? Mas pobreza nunca foi sinônimo de marginalidade. Ao contrário, pobre é honesto. Pobre paga seus carnês em dia, (perguntem ao Silvio Santos) diferente de muita gente boa que eu conheço. Tive alunos riquíssimos que simplesmente "esqueciam" e deixavam juntar 3, 4, mensalidades. Só pagavam quando Deus dava bom tempo.

A impunidade está na raiz de tudo. O exemplo vem de cima. "Nunca neste país," a Polícia Federal prendeu tantos figurões. Não seria talvez para desviar a atenção de outros ladrões, acusados de mensalão, sanguessugas, dolares na cueca, caça-niqueis, juizes e outros delinquentes de somenos importância? Até hoje ninguém sofreu absolutamente nada.

Esse último sequestro de uma mãe e seus dois filhos em São Paulo que durou mais de cinqüenta horas. Um miserável desses merece o que? Como reeducar uma pessoa dessas? Direitos Humanos só para os bandidos? Só quem teve um cano de revólver nas ventas sabe o quanto é aterrador. Na minha fase de franqueado dos Correiros (2 anos) tive a minha agencia assaltada nove (9) vezes. Todas com a violência da mira de um revólver na minha cabeça ou no ouvido do meu filho que à época trabalhava comigo. Esses desclassificados que defendem a não redução da maioridade criminal nunca passaram por isso. Têm mais 500 mil seguranças pagos com o meu, seu, dinheiro suado, ganho honestamente.

E o outro que arrastou um garoto de seis anos de idade por quilometros? O que me parece estarrecedor é que as pessoas não falam mais sobre o caso, não demonstram nenhum espanto. Esqueceram tudo muito rapidamente. A tragédia passou a ser rotina. Ninguem diz mais nada. Isso é normal? Não, é trágico. Todos os dias estamos enterrando mais e mais vítimas da violência. De bala perdida. De sequestros. Ontem, no interior de Sergipe, um desses canalhas de 17 anos raciocinou, já que a prisão era inevitável, melhor seria... Tanto pior! Matou friamente as duas reféns. Uma delas tinha 13 anos de idade. Horrível! Triste! Devastador!
Por esta razão é bom lembrar o que se dizia na década de 70.

"Brasil, o último a sair apague a luz do aeroporto!"


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segunda-feira, abril 23, 2007

PINDORAMA - BANANÃO - BRASIL, IL, IL!!!

HUGO CALDAS

Tenho
já, repetidas vezes, prometido a mim mesmo que, morando em um país virtual, fora do Bananão Brasil, il, il, il, não levar em consideração as maluquices que por aqui se obram. Mas às vezes, convenhamos que não dá. Dito isto, passo a relatar o que me chamou a atenção nesses últimos dias em Pindorama.

Vejam vocês, presos durante a operação Furacão, da Polícia Federal, e beneficiados por um alvará de soltura concedido pelo ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal na tarde deste último sábado, dia 21, os desembargadores José Ricardo de Siqueira Regueira, José Eduardo Carreira Alvim e o procurador do Rio de Janeiro, João Sérgio deixaram o prédio da Polícia Federal e nem sequer falaram com a imprensa, cansados que estavam. Tadinhos. O processo contra os outros 21 presos na operação foi remetido para a 6ª Vara da Justiça do Rio de Janeiro, que aceitou, na noite de sexta-feira, o pedido de prisão preventiva do resto. Agora, eles poderão ficar presos até o término das investigações. Vocês acreditam? Nem eu!
Nota: Enquanto batucava essas mal traçadas soltaram mais um! Melhor acreditar em gnomos.

"Eu sou uma pergunta".
Da equipe do Diário de Pernambuco.
"Observadora, alegre e sobretudo questionadora, era assim que Maria Adozinda Monteiro Costa, chamada de Dosa pelos amigos, gostava de se definir. O significado dessa afirmação fala tanto sobre a personalidade dela que a frase foi uma das útimas coisas escritas por Dosa, no último bilhete deixado por ela à família, em um dos seus poucos momentos de lucidez durante os três meses em que passou internada na UTI do Hospital Santa Joana."
Conheci e muito a professora Dosa. Dois filhos meus estudaram na Escola Parque, mas acontece que estou encafifado com a sutil coincidência: Não conheço a jornalista. Mas me parece que ninguém se dedica mais a escrever nada. Vai lá na Internet e pimba! As vezes se dão mal.
"Eu sou uma pergunta – era assim que Clarice Lispector costumava se definir" diz a professora Teresa Cristina Monteiro Ferreira autora de uma biografia (mesmo título) de Clarice.
Eu Sou Uma Pergunta
foi também tese de mestrado em literatura brasileira defendida na PUC do Rio de Janeiro por Clarice Lispector.
Resumindo: O que espera de formadores de opinião é que pelo menos se informem, antes de tentar entortar a cabeça dos leitores.

Outra maluquice trágica foi a do repórter anunciando ato ecumênico pelas vítimas do coreano debiloide da pátria, observar que as iniciais RIP significam Descansem Em Paz, em inglês, Rest In Peace. Só esqueceu de (mais uma vez) informar que as iniciais antes derivam do Latim: Requiescat In Pace. Aliás, estou pondo as barbas no molho e enigmático espero para ver quando é que, seguindo o figurino lá de cima, vai aparecer um maluco dando tiros numa universidade qualquer. Invasão de cinema já tivemos em São Paulo. Por acaso será que o cretino do atirador criminoso continua preso?

Roberto Mangabeira Unger.
Vocês conhecem o Rabino Sobel? O das gravatas, nos States? Já o ouviram falando português? Pois bem, ele chega a falar melhor do que o Mangabeira Unger. Esperem e constatem. O novo Ministro - já são até hoje 37 - da Secretaria de Ações de Longo Prazo, Deus do Céu, o que será isso, Mangabeira Unger pregava, em artigo violento na Folha de São Paulo em 15 de novembro de 2005, o imediato impeachment do apedeuta. Bastou um troquinho na mão do "gringo" - ele não é besta nem nada - sabidão, vive há anos nos Estados Unidos, daí o sotaque ridículo que diz tudo sobre o seu caráter, professor emérito da Universidade de Harvard e todas as suas afirmações e premissas desabaram! Seria cômico se não fosse trágico...

Violência
Todo mundo deve ter assistido as cenas - pareciam ensaiadas - de tiroteio com civis acompanhados de crianças no meio do fogo no Rio de Janeiro. Palmas para o cameraman da Glogo, o cabra é bom e corajoso. Quando é que vamos reconhecer que estamos em plena Guerra Civil? Fica-se num lenga-lenga estéril e não resolvem nada. Forças Armadas? Para que colocar um bando de recrutas sem experiência no confronto com marginais que sabem tudo sobre tudo?! E a tal Força Nacional? E o povo? O povo, a meu ver, está mais para elucubrações transcendentais, tais como a separação de Sandy e Junior.
Em meados de setenta e sete, estando em companhia de querido amigo no conhecido bairro das Laranjeiras, ele profeticamente sentenciava, olhando firmemente para o morro: "Quando essa turma cismar de descer até aqui você vai ver o que é bom pra tosse." Menos mal que ele já passou para o andar de cima. Não teve o desprazer e a dor de confirmar suas sábias e proféticas palavras.

Vivi um bom tempo fora de Pindorama. Mas, burro, achei de voltar e fui ficando no país, de FHC, Lula, juízes ladrões, deputados, senadores, que usam e abusam da canalhice, um povo sofrido, violento, ignorante, do qual, após a última eleição, ando duvidando da sua sanidade mental. Assim como também duvido da cabeça dos nossos irmãos do norte ao entregarem de mão beijada mais quatro anos ao psicopata do Bush. Tudo continua a lesma lerda. Piorando a cada dia! Bem que eu podia estar aposentado em Euros. Quem sabe conseguiria, seguindo o exemplo do nosso lider e familia, já que tenho filho e netos vivendo na França, a cidadania francesa?! Isso se não fosse burro! Nunca tentei. Reconheço, é masoquismo! Juro que não tenho mais saco pra Lula et caterva e suas fanfarronices. Sabiam vocês que o Congresso acaba de votar e aprovar uma verba de 20 Milhões para o indio Evo Morales fazer a reforma agrária dele lá na Bolivia? Tem quem agüente àquele bufão mussolinesco, aquele excremento da Venezuela e essa velhice ridícula, imoral de Fidel em Cuba? Pronto, comunistada amiga, podem começar a sacudir as pedras...!

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NOVÍSSIMO POETA

Respeitável público.
Apresento-lhes, o mais novo poeta já surgido por essas plagas.
Melhor mesmo que Drummond, Bandeira et caterva. Até porque eu não sou o avô de Bandeira e muito menos de Drummond. Trata-se do meu neto Claudio Henrique de 15 anos que já nessa tenra idade perpetra coisas belas como esse poema. Uma salva de palmas! H.C.

Oh, Lua Linda

CLAUDIO MATTOS

Quantos já te olharam ?
Quantos te quiseram ?
Quantos te desejaram ?
Tu os Iludisses...
Tantos te louvaram, eu consegui capturar-te...
Olhaste pra mim... Foste minha por um segundo.

Tua estrela companheira enciumada ficou,
Mas mesmo assim havia te conquistado...
Nuvens tentaram te cobrir, mas teu brilho,
Enorme, branco, grande, longe... Imensamente Longe
Não saiu de minha vista...

Eu havia te cativado, e tu a mim...
Nós nos amamos...
Oh, lua estarás sempre em minha memória,
Loucamente esperando uma chance de poder voar ao teu encontro...

Oh amada lua, tu foste minha rainha !
E eu fui teu rei...
Oh, lua amada sempre te amarei !

Sem tua presença nada serei...

segunda-feira, abril 02, 2007

CONVICÇÃO

ELPIDIO NAVARRO

Era um dos nossos fins de semana na Barra de Gramame, praia do litoral sul, pertencente ao município do Conde, na Paraíba. Ficávamos numa caiçara sem portas e sem paredes, só tinha a coberta feita de palha, bem à beira-mar. Ali se aguardava a hora de ir buscar as redes colocadas no meio do maceió, para capturar, através das suas malhas, as tainhas tão desejadas. Também era ali que se fazia as refeições, que se bebia, que se cantava e que se dormia. Nesse fim de semana, enquanto esperávamos a hora que maré iniciasse o período do remanso, começamos a conversar sobre diversos assuntos. Em dado momento estávamos discutindo a existência ou não de Deus. Isso tudo impulsionado pelas doses de aguardente já bebidas, que nos dava, principalmente a mim, uma certa convicção de que Deus não existia. E o meu discurso atrevido, próprio de quem quer aparecer, deixava o nosso canoeiro Wilson apavorado com tanta falta de respeito às coisas religiosas.

Chegada a hora de recolher as redes, todos dentro da canoa rumo ao centro do maceió. Era uma maré de lua nova, por isso de fortes ondas e de noite totalmente escura. Levávamos um candeeiro a gás para poder executar a nossa tarefa. E no momento em nos encontrávamos temerosos com o balanço da canoa, com a correnteza das águas e com a escuridão da noite, Wilson fez a pergunta:

- Quer dizer que vocês não acreditam que Deus existe?

Silêncio geral. Eu, Assis, Reginaldo, Ronaldo e Romeu Fernandes e Anchieta, ninguém se atreveu a responder e ele insistiu, dirigindo-se a mim:

- Como é? Deus existe ou não existe?

Dessa vez eu não poderia ficar calado e o jeito foi sair pela tangente mandando as minhas convicções para o inferno:

- Wilson, esse é um assunto que a gente discute quando voltar para terra firme, quando chegar na caiçara. Aqui não! Aqui a gente tem de puxar essas redes... Você sabe, é perigoso se distrair...

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