HUGO CALDAS
Pelo menos por enquanto, passou a tal Lei da maioridade criminal. Sei que não adianta muito baixar a idade para 16 anos pois o crime irá então recrutar os de 15, 14, 13 e assim sucessivamente. Mas alguma coisa precisa ser feita. Somente a título de informação: A Maioridade Criminal em alguns países conhecidos: Alemanha 14 anos, França 14 anos, Itália 14 anos, Escócia 8 anos, Inglaterra 10 anos, Estados Unidos entre 6 e18 anos de acordo com a legislação de cada estado, Mexico entre 11 e 12 anos para a maioria dos estados, Japão 14 anos e Coreia do Sul 12 anos.
Pede-se à "simpatia" do senador Mercadante, à OAB, ao presidente (sic) e aos desavisados e debiloides de plantão que parem com essa balela de ressocialização, de recuperação, de criminosos pois todos nós sabemos que isso não existe. A alegação simplista de que vamos terminar prendendo o feto é ridícula. Aqui, no Bananão, mata-se de qualquer jeito. Não interessa a idade. Sempre foi assim. Na década de setenta conheci policial, pai de famila exemplar, que voltava do trabalho trazendo na mala do carro alguns "presuntos" a serem desovados numa estrada deserta qualquer, após o jantar com os filhos pequenos. A prática, segundo descobri, continua a ser rotina. Vamos deixar a hipocrisia de lado.
Quando por aqui aportei no final dos anos cinqüenta existia uma lenda sobre um famoso Chefe de Polícia que, diziam, recolhia a bandidagem em um rebocador do cais do porto, os levava até alto mar, em local infestado por tubarões, sorteava um para assistir ao espetáculo (que voltava e avisava aos que ainda estavam em liberdade) e mandava jogar ao mar os outros. Nunca comprovei a veracidade da lenda. Constato agora, após tantos anos que se vivia em relativa paz.
O que dizer das invasões de terra? Então pode-se entrar, destruir o trabalho de anos, tocar fogo nas dependências, no canavial, na propriedade alheia e ainda se queixar de que foi violentamente rechaçado?! Ví, outro dia, uma cena patética na TV. Um sem-terra reclamando ter levado um tiro no braço "só porque eu invadí a terra dele". Onde será que nós estamos? Que país é este, pergunto no melhor estilo Francelino Pereira? Sabe-se que em algum cartório desse mundo deve existir um documento qualquer que ateste a propriedade daquele bem. Ficar discutindo se a terra é produtiva ou não, é irrelevante. Se o documento é gracioso temos os competentes meios para descobrir. Mas invadir é bem mais fácil. Basta um energúmeno qualquer incitar uma meia duzia de "massa de manobra" e pronto. Tudo com o beneplácito do apedeuta, que enfia o boné (ou será carapuça!) na cabeça e faz vista grossa.
Não podemos, absolutamente, mesmo usando a nossa melhor boa vontade, seguir o exemplo do General Cardenas do Mexico, que evidentemente fez a reforma agraria iniciada por Emiliano Zapata, cuja principal e primeira providência ao invadir alguma cidade era incendiar o cartório. Tal feito tornava absolutamente impossível atestar ou reclamar a posse de qualquer terra.
Há alguns anos existia aqui em Boa Viagem, o clube de uma associação (ferroviários) chamado O Trenzinho. Pois bem, vivia na calçada do clube uma família inteira, pai, mãe, filhos, agregados, cachorro, etc. A minha rua se mobilizou, fez-se festa de São João, Natal, Rifa, a fim de arrecadar recursos para eles, recebemos doações, um verdadeiro auê, durante meses. Com o tempo conseguimos um dinheiro e compramos uma pequena casa no Bairro do Ibura e entregamos, felizes à tal família. Seis meses depois eles haviam vendido a casa e estavam de volta à calçada do clube. Alegavam que era muito longe da praia local onde eles "trabalhavam" (pediam esmolas). Pode?
Conta-se que o Pero Vaz de Caminha ao enviar á El Rei a famosa carta, "em se plantando tudo dá," pedia também uma sinecurasinha para seu sobrinho. Conheço relato de pessoas dando conta de que no inicio do século 20 muita gente, seguindo à risca o lusitano exemplo, achava uma desonra ter que trabalhar! Isso, guardadas as devidas proporções, acontece a toda hora em que somos abordados na rua. "Tio", gritam, e já chegam estipulando a quantia, me dá dez centavos aí! O que muita gente não sabe é que essa prática dá cadeia para os pais ou responsáveis! Dá?
Tempos atrás, estávamos eu e minha mulher nos preparando para irmos ao trabalho, carro já estacionado na frente da casa quando nos chega um sujeito com uma criança."Nós queremos comida pois ainda não tomamos o café." Minha mulher alegou que nós também ainda estávamos em jejum mas que estaria logo preparando. Era só esperar. Tivessem um pouco de paciência. Enquanto o café chegava eles "deveriam ir enganando o estômago com essas bananas aqui." A resposta foi violenta. "Eu não sou macaco." E ameaçador, quero comida de gente! Ato contínuo jogou as bananas no calçamento. A criança, que realmente tinha fome, correu e as apanhou comendo-as evidentemente. O café chegou e nós entramos em casa. Tomamos o nosso desjejum e quando voltamos verificamos que o café com leite que lhes fora servido estava todo derramado no pára-brisa do automóvel.
O Rio de Janeiro é campeão em furto de água e energia. Aqui no Recife sofremos da mesma doença. Rouba-se água e energia e nada é feito. Sabe-se que desde o governo Arraes, por conta "do Problema Social," os ricos (sic) devem pagar pelos pobres. Síndrome de Robin Hood? Mas pobreza nunca foi sinônimo de marginalidade. Ao contrário, pobre é honesto. Pobre paga seus carnês em dia, (perguntem ao Silvio Santos) diferente de muita gente boa que eu conheço. Tive alunos riquíssimos que simplesmente "esqueciam" e deixavam juntar 3, 4, mensalidades. Só pagavam quando Deus dava bom tempo.
A impunidade está na raiz de tudo. O exemplo vem de cima. "Nunca neste país," a Polícia Federal prendeu tantos figurões. Não seria talvez para desviar a atenção de outros ladrões, acusados de mensalão, sanguessugas, dolares na cueca, caça-niqueis, juizes e outros delinquentes de somenos importância? Até hoje ninguém sofreu absolutamente nada.
Esse último sequestro de uma mãe e seus dois filhos em São Paulo que durou mais de cinqüenta horas. Um miserável desses merece o que? Como reeducar uma pessoa dessas? Direitos Humanos só para os bandidos? Só quem teve um cano de revólver nas ventas sabe o quanto é aterrador. Na minha fase de franqueado dos Correiros (2 anos) tive a minha agencia assaltada nove (9) vezes. Todas com a violência da mira de um revólver na minha cabeça ou no ouvido do meu filho que à época trabalhava comigo. Esses desclassificados que defendem a não redução da maioridade criminal nunca passaram por isso. Têm mais 500 mil seguranças pagos com o meu, seu, dinheiro suado, ganho honestamente.
E o outro que arrastou um garoto de seis anos de idade por quilometros? O que me parece estarrecedor é que as pessoas não falam mais sobre o caso, não demonstram nenhum espanto. Esqueceram tudo muito rapidamente. A tragédia passou a ser rotina. Ninguem diz mais nada. Isso é normal? Não, é trágico. Todos os dias estamos enterrando mais e mais vítimas da violência. De bala perdida. De sequestros. Ontem, no interior de Sergipe, um desses canalhas de 17 anos raciocinou, já que a prisão era inevitável, melhor seria... Tanto pior! Matou friamente as duas reféns. Uma delas tinha 13 anos de idade. Horrível! Triste! Devastador!
Por esta razão é bom lembrar o que se dizia na década de 70.
"Brasil, o último a sair apague a luz do aeroporto!"
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