terça-feira, janeiro 31, 2012

Tem jeito pra esse país?

Eliana Calmon diz que negligência de tribunais levou ao sumiço de 5,4 mil computadores

A corregedora-geral de Justiça, Eliana Calmon, afirmou hoje (30) que a negligência de tribunais locais foi responsável pelo sumiço de 5,4 mil equipamentos de informática, cujo valor chegava a R$ 6,4 milhões. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) repassava equipamentos de informática para os tribunais locais seguindo uma meta de gestão que visava à melhoria da informatização da Justiça.


“Não foi propriamente sumiço de 5 mil computadores. O que há é uma desídia [negligência], porque deveriam ter sido imediatamente tombados, imediatamente identificados como patrimônio do tribunal como doação do CNJ, e me parece que aí está o ponto. Houve uma desídia e começaram a ser usados, retirados do almoxarifado e usados sem a identificação, sem o devido tombamento.”

Yahoo! Notícias

A Frase do Dia

"E se este mundo for o inferno de outro planeta"?
Aldoux Huxley, Escritor inglês, autor de "Admirável Mundo Novo".

Prazeres da "melhor idade"






Ruy Castro



A voz em Congonhas anunciou: "Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc". Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a "melhor idade" - algo entre os 60 anos e a morte.

Para os que ainda não chegaram a ela, "melhor idade" é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica.

Privilégios da "melhor idade" são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da "melhor idade", estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.

Outra característica da "melhor idade" é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de Rivotril, Lexotan e Frontal que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar.

Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: "Voltando da farra, Ruy?". Respondi, eufórico: "Que nada! Estou voltando da farmácia!". E esta, de fato, é uma grande vantagem da "melhor idade": você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.

Da Folha.com

Ruy Castro, escritor e jornalista, já trabalhou nos jornais e nas revistas mais importantes do Rio e de São Paulo. Considerado um dos maiores biógrafos brasileiros, escreveu sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Perguntar Não Ofende


Se a Rousseff lutou contra a ditadura aqui em Pindorama, o que vai fazer em Cuba? Lá tem outra!

Agenda para hoje, 30/01/2012

12h - Partida para Havana/Cuba
Base Aérea de Salvador (BA)
16h45 - Chegada a Havana/Cuba
16h46 - Bom Proveito

Mais Um Que Se Vai


Glauber Rocha o chamava de "O Pai do Cinema Documental do Brasil"

Morreu aos 81 anos, em João Pessoa, na madrugada desta segunda-feira o cineasta Linduarte Noronha que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Memorial São Francisco. Linduarte não suportou uma dificuldade respiratória manifestada após uma pneumonia. Segundo informações da família, ele sofreu uma parada respiratória.

Linduarte Noronha iniciou sua história com uma premiação recebida em Varsóvia, nos tempos da Guerra Fria, por uma exposição de fotografias mostrando pessoas apanhando caranguejos intitulada "Os Homens da Lama" e com o filme "Aruanda", segundo Glauber Rocha, documentário precursor do Cinema Novo no Brasil. O filme aborda a existência de um quilombo na Serra do Talhado e mostra os descendentes destes mesmos escravos vivendo de forma primitiva, fabricando de maneira rústica e vendendo seus potes de barro para viver. Fez também "O Cajueiro Nordestino" e se aventurou sem sucesso no cinema comercial na direção de um longa metragem, "O Salário da Morte."

Mais um que se vai. O mundo fica cada vez mais sem graça. A imagem mais remota que tenho dele: "eu menino, na Rádio Tabajara, olhando para dentro do “aquário” Linduarte, ainda sem os louros da fama, fones nos ouvidos, mero locutor de estúdio."

Vai em paz, Linduarte, a gente se vê qualquer dia. HC

A Frase do Dia

A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda. Mário Quintana

domingo, janeiro 29, 2012

Incidente no Big Ben




Hugo Caldas



Estas mal traçadas nada têm a ver com o famoso símbolo da pontualidade britânica, ponto de referência da Cidade de Londres. Têm a ver com a rede de farmácias Big Ben em que pese a peculiar denominação, para um local em que, além de produtos de beleza, sabonetes, preservativos, perfumes e outros badulaques, eventualmente até adquirimos medicamentos. Estas mal traçadas têm a ver com a Farmácia Big Ben da Avenida Conselheiro Aguiar, em frente ao Mercado Público de Boa Viagem.

O caso eu conto:

Sexta-feira, dia nublado, especialmente difícil para este locutor que vos fala, respirar. Isso mesmo, respirar! Fato agravado ainda mais, mercê a minha própria negligência, de não dispor em casa do indispensável remédio. Após várias peripécias e mil telefonemas a fim de descobrir qual a farmácia com o preço mais em conta, partimos em busca de algo tão miraculoso, uma poção mágica tão importante como ir ao encalço do Santo Graal. Necessário se faz levar ao conhecimento de todos que até pouco tempo o governo supria a minha necessidade desse medicamento (caro) por intermédio do SUS. Ocorre que cismaram de fazer o milionésimo, sempre ele, recadastramento e ó infelicidade, descobriram que eu moro em Boa Viagem, considerado bairro de barão, portanto, intuíram que eu poderia arcar com a compra do medicamento usando os meus parcos proventos de aposentado. O fornecimento foi devidamente cancelado. Mas, voltemos à Farmácia Big Ben, da Avenida Conselheiro Aguiar, em frente ao Mercado Público, razão maior dessa postagem.

Ao chegar à farmácia Big Ben defronte ao Mercado de Boa Viagem, fui muito bem atendido por um rapaz solícito, com quem antes falara ao telefone, bem jovem ainda. Fiz-lhe a solicitação do medicamento.

A essa altura ele já percebera a minha dificuldade até para falar. Eu literalmente resfolegava.

- O senhor não tomou esse remédio hoje, não foi?
- Confirmei.
- O senhor tem cadastro aqui conosco?
- Que cadastro, meu caro?
- Esqueça. Me dê o número do seu CPF.

Ele então rapidinho me deu o preço de R$ 73,50, entregou o remédio dentro de pequena sacola e me encaminhou para pagamento no caixa da saída, com a recomendação:

- Tome logo esse remédio, senhor!

E foi exatamente aqui que se iniciou o quiprocó. Só havia um caixa vago que era ocupado por uma gordinha muito mal-encarada. Novamente a perguntinha angustiante:

- O senhor tem cadastro aqui? Pouco se lhe dava se eu mal conseguia andar ou falar, resfolegante, roguei:
- Moça, por favor, deixa isso pra lá, eu preciso tomar esse remédio, agora! Eu não sei de cadastro nenhum.
- Ah, não tem? Então o preço é R$ 82.30, determinou arrogante.
- Como? Protestei. O rapaz que me atendeu falou em R$ 73,50.
- Mas é preciso fazer o cadastro, insistiu, autoritária. Voltei quase rastejante ao rapaz distinto, lá no fundo da loja, que reagiu:
- Mas eu já fiz o cadastro por aqui, e se encaminhou até à "fräulein" espaçosa...

Nesse exato instante a minha mulher vem chegando pois estava tentando estacionar o carro o mais perto possível. Entreguei-lhe o dinheiro e a árdua missão de contracenar com a gorda mal educada. O rapaz solícito resolveu tudo não sem antes lhe fazer uma admoestação: "não precisava disso, eu já havia feito o cadastro dele aqui no sistema, ele precisa com urgência do medicamento", disse.

Saí da loja com a convicção de não voltar lá por um bom tempo.

Falta de respeito é algo que eu não consigo admitir. Principalmente com idosos. Principalmente se o idoso está em uma emergência. Fundamental para qualquer estabelecimento comercial que o trato com o público seja cortês, educado, preciso. Digo e afirmo, ex professor, antigo instrutor de Técnicas de Vendas do Sebrae. Talvez seja isso o que me faz infeliz, ao perceber que os anos passaram e os atendentes continuam tão despreparados, e tão plenos dos vícios que há tempos eu mesmo combatia.

O cliente é a razão de ser de qualquer comércio. Isso não significa entretanto que este mesmo cliente tenha sempre razão. Não é isso. O atendente, por sua vez, precisa ter em mente que é a cara da Empresa, deve ser antes de tudo, prestimoso sem ser servil. Deve conhecer o produto que está vendendo. Sem o cliente o comércio não sobrevive, simples, não?

Por outro lado para ser cortês, prestimoso, conhecedor do produto, é preciso ter a vontade de trabalhar. É preciso saber que mil e um candidatos à sua vaga estão se preparando. Portanto mister se faz deixar de lado quaisquer problemas, por maiores que possam parecer. Ao cliente pouco importa as suas preocupações. Ele está comprando e consequentemente pagando. Se o seu/sua namorado/a não compareceu apesar da camisola sensual ou do pijama sexy, para ele, cliente, pouco importa.

Recado à Farmácia Big Ben em frente ao Mercado de Boa Viagem: Tira essa mal amada da convivência com o público. Transferir para o estoque a conferir mercadorias seria uma boa alternativa.

E por último mas não menos importante: Atenção velhotes deste meu Brasil Varonil: Muito cuidado com essa gorda, caixa da Farmácia Big Ben da Avenida Conselheiro Aguiar, em frente ao Mercado Público de Boa Viagem. Ela pode morder.

O Millôr Nosso de Cada Dia

Mondo Cane


Ipojuca Pontes

Em previsão recente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a redução de 4% para 3,3% na expectativa de expansão da economia mundial em 2012. Paralelamente, agência local da BBC informou que o Brasil é a segunda nação mais desigual do Grupo dos 20, ou simplesmente G-20 - uma corriola formada pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo e mais a fatídica União Europeia, uma velha senhora indigna que anda aos tropeções como um bêbado em final de festa.

Numa escala ascendente, o Brasil só perde em matéria de desigualdade para a República da África do Sul, tida como a mais sólida economia do continente africano, embora Rússia, China e Japão, países que possuem consideráveis reservas internacionais, tenham ampliado seus desníveis sociais. (O caso da China, segunda economia mais próspera do planeta, não deixa de ser alarmante: país comunista que congelou o capitalismo de Estado, escraviza 800 milhões de penitentes com salários miseráveis, sem direito de greve, aposentadoria e assistência social, para não mencionar aqui, por exemplo, a “lei” da cota única que castiga severamente quem pretende ter mais de um filho, e a implacável perseguição desencadeada sobre os que se habilitam, através da internet, passar ou receber informações fora do controle do estado).

No plano interno, sempre maroto, fala-se muito na ascensão do Brasil no espaço da economia global, mas, examinado o fenômeno com objetividade, e vendo como funcionam as coisas por essas bandas, me parece oportuno realçar que não foi o Brasil que melhorou, foi o mundo que piorou – e muito. E não sou eu quem o diz. Noticiado que a pátria amada tinha atingido o patamar de 6ª economia do planeta, o entaramelado Mantega, ministro da Fazenda, temendo a marola de novas cobranças, apressou-se em afirmar que mesmo detendo Produto Interno Bruto (PIB) superior ao da Inglaterra, o brasileiro precisaria de um quarto de século, ou mais, para atingir o padrão de vida de um inglês.

Mas, a julgar pelo andar da carruagem, ao contrário do que pensa o ministro Mantega, talvez não seja necessário esperar um quarto de século para ver a Europa, cevada na permissividade malandra da social-democracia, chegar à bancarrota total. Basta refletir: que futuro pode ter um continente que fez do Estado Provedor, com suas “conquistas sociais” parasitárias, um ponto de partida? Para não ir muito adiante, como encontrar recursos para manter em países como França, Itália, Espanha e Portugal gastos irrefreáveis dispensados a uma burocracia socialista que se refestela em salários milionários e aposentadorias mirabolantes? Ou, o que é pior: como sustentar “políticas públicas” que só privilegiam corporações ociosas em detrimento de quem trabalha e cria riquezas?

Por outro lado, convém lembrar que não é apenas o Velho Continente que bordeja as portas do Mondo Cane. A situação na América Latina (que alguns desajustados insistem em chamar de “América Latrina”) não é menos crítica. Neste espaço intransitivo, impregnado do fartum tropical, reina a mais desenfreada criminalidade acionada pelo narcotráfico imbatível – criminalidade, de resto, só ofuscada pela incontrolável corrupção mantida à sombra de governos estatizantes que se deleitam em trombetear no ouvido das massas, junto com a distribuição de alguns trocados assistenciais, promessas altissonantes de um novo e venturoso porvir. Resta à população nativa, sobrevivendo ao largo do banquete, estigmatizada pelo ensino público indigente e uma saúde de fancaria, a tudo assistir entre humilhada e impotente, boa parte dela chegando a pensar, como o Dr. Pangloss, por força da indução planejada, que ingressamos afinal no melhor dos mundos possíveis.

O caso do Brasil, em particular, demanda cuidados especiais. Como a China, adotamos o capitalismo selvagem de Estado em consórcio com a social-democracia cavada na Europa, com suas vertentes de privilégios e “conquistas sociais” – uma combinação altamente explosiva. Nele, basta olhar de relance, transbordam problemas prementes e variados, tais como: inchaço da colossal máquina pública, aumento das terras devastadas por calamidades meteorológicas e a favelização galopante das periferias urbanas, gastos bilionários com os poderes oficiais sem o resguardo da mínima transparência, impostos e encargos sociais elevados que só estimulam o trabalho escravo e a economia paralela, rombos previdenciários insolúveis etc. – tudo remontando a um país que cresce como rabo de cavalo – para baixo.

Em que pese a obstinada inconsciência do seu povinho miúdo, que carrega tudo nas costas sem chiar.


"O tango é um pensamento triste que se pode dançar".

sábado, janeiro 28, 2012

O Enterro do Prefeito






Arael Costa




Caro amigo Hugo

Como lhe prometi, ai vai o episódio que teve como causa o prédio que então servia de sede à Prefeitura da Capital, à época ocupada por Apolônio Sales de Miranda.

O prédio pertencia ao Estado da Paraíba e o então Governador José Américo, ao criar a Universidade da Paraíba - hoje Universidade Federal da Paraíba, o doou, junto com outros imóveis como a Faculdade de Direito; o Hospital Arlinda Marques, que se tornou a sede da Faculdade de Medicina; o Centro de Saúde, junto da Igreja de N. Sra. de Lourdes, que se tornou a Faculdade de Odontologia e outros, que receberiam escolas e administração da novel universidade.

Como o prédio em questão era ocupado pela Prefeitura e para evitar maiores constrangimentos, a Escola de Engenharia se instalou precariamente em alguns prédios da Av. Duque de Caxias, enquanto se buscava uma nova sede para a PMJP (que veio a ser o prédio da antiga fábrica de cigarros Amorim, no final da Av. Cardoso Vieira, onde ficou até bem pouco tempo).

Infelizmente a precariedade das instalações da Escola, fez com que seus professores usassem suas amizades e prestígio para apressar a solução do problema, que se tornou possível na transição da federalização, quando os imóveis da então universidade estadual foram doados ao governo federal, para possibilitar a medida.

A concretização da medida, com a entrega do prédio à Escola não foi aceita pelo prefeito, que então baixou um decreto desapropriando-o, fato que se concretizado inviabilizaria o processo de federalização. Isto gerou muitos protestos, dos quais o dos estudantes, que resolveram fazer um enterro do prefeito, com o cortejo fúnebre saindo da sede da UEEP, que ocupava algumas salas em um edifício ao lado da sede do INSS, até o Palácio do Governo. Para engrossar o movimento, a estudantada esperava contar com a presença do povão, daí marcando o evento para as 11 horas da manhã, hora que você nem lembra era de muito movimento no Ponto de Cem Réis e adjacências e colocou um carro de som nas ruas do comércio chamando do povo a participar. Ocorre que o locutor designado - Fernando Pereira, tomou umas e outras e passou a falar o seguinte, com fundo musical de uma música erudita que se considerava fúnebre:

“Povo de João Pessoa. Os estudantes universitários da Paraíba cumprem o doloroso dever de comunicar a todos o falecimento do prefeito Apolônio Sales de Miranda, vítima de diarreia cerebral, e convidam a todos a participarem de seu féretro, que sairá da sede da UEEP às 11 horas, para o forno do lixo.”

Revoltado, o prefeito que tinha ares de desequilibrado, resolveu invadir a sede da UEEP à frente de guardas municipais bem armados, só não conseguindo graças à resistência de alguns estudantes, sob liderança de Euclides Dias de Sá, que também armado pôs-se à porta da UEEP barrando a passagem de Apolônio.

Nesse ínterim, acordado pelo barulho, o estudante de medicina Paulo Soares, que dormia em um quarto nos fundos da API, viu o quiproquó pelo muro da Associação e correu ao Palácio do Governo, para pedir socorro ao então Cel. Newton Leite - estudante de odontologia, que, então, se deslocou até o local, levando alguns soldados da guarda palaciana, desarmando o prefeito e os guardas municipais e levando, a pé, pela Av. Duque de Caxias, com o cortejo de estudantes a vaiá-lo, o prefeito Apolônio até o Palácio, para conversar com o Gov. Pedro Gondim, onde se deu o desfecho do incidente, com a revogação do decreto municipal.

Obs: Tudo a respeito da Paraíba me interessa. Obrigado Arael.

A Foto do Dia


"Dança-de-camaradas"

Dança do folclore paulista que consiste em um tipo de batuque com sapateado e palmas executado por pares de homens que se colocam frente a frente. Ao final os bailarinos permanecem parados até a câimbra passar totalmente. Convenhamos, é esquisitíssimo!

Porque me Ufano do meu País

Entenda a Aviação brasileira. Escrito por um piloto de companhia aérea para todos os brasileiros que utilizam o meio de transporte aéreo.

Para você entender o que é a aviação no Brasil deve-se partir da seguinte ideia; imagine-se dirigindo um carro BMW luxuoso no meio de um safari na África; é mais ou menos assim que um aviador se sente voando no Brasil; você tem uma tecnologia de ponta dentro do seu avião e um sistema precário e ultrapassado a sua volta. Vou explicar porquê.


Atrasos: Os atrasos no Brasil têm características incomuns comparado ao mundo afora; quando se tem nevoeiro... somente Guarulhos tem sistema mais preciso para pouso por instrumento, conhecido como " ILS categoria 2". Curitiba também tem, mas lá é tão engraçado que colocam o sistema para manutenção exatamente em época de nevoeiro. Vergonhosamente Porto Alegre, Florianópolis e Confins não têm esse sistema. Estes sempre fecham por causa de nevoeiro. Manaus, que tem uma localização extremamente estratégica e que sempre tem nevoeiro, porém também não tem sistema ILS. Detalhe..."Nos EUA, são mais de 100 aeroportos só com ILS categoria 2", fora os de categoria 1 e 3.

Se você, passageiro, está indo para Porto Alegre, fique sabendo que seu avião não pode alternar Florianópolis caso Porto Alegre esteja fechado. Florianópolis tem um vergonhoso pátio para apenas cinco aviões; lembrando que no verão Florianópolis recebe mais 150 vôos de fretamento além dos regulares. Este aeroporto supracitado, vergonhosamente, não tem taxiway (pista para a aeronave taxiar até a pista principal), sendo necessário a aeronave taxiar pela pista principal gerando espaçamento maior entre as aeronaves que se aproximam, ou seja, ocasionam atrasos.

Se você está chegando a São Paulo, o problema é parecido. Guarulhos está sempre com o pátio lotado, Vitória e Confins também. Galeão e Congonhas dias atrás ficaram nesta situação, com o pátio lotado. Quem tinha Galeão como alternativa de pouso teve que escutar um "negativo" do controlador para alternar aquele aeroporto. Estava no plano de vôo que Galeão seria o "alternado", Se o controlador aprovou o plano antes de decolar isso significa que é questão de lei e não de conveniência de pátio.

Nordeste. Voar no Nordeste é mais tranquilo por haver menor tráfego de aeronaves, porém lá tem outro problema: O controle de tráfego aéreo tem o desserviço de contar com as aeronaves militares fazendo treinamento que consequentemente geram atrasos, geralmente de mais de 20 minutos nas decolagens; o que desencadeia um atraso bem maior quando essas aeronaves chegam atrasadas ao sul do Brasil. Na regra internacional uma aeronave em instrução militar tem preferência sobre aeronaves civis de passageiro em pousos e decolagens, porém, se o País quer adotar regras internacionais ao pé da letra...que construam bases militares específicas para a função militar. Lembrem-se que aqui é o Brasil e não Europa ou EUA, onde os aviões são sequenciados para pouso com separações de 4 km entre aeronaves, enquanto que no Brasil é 8 km entre aeronaves e no caso de Florianópolis chega a 20 km por aeronaves por falta de taxiway.

Saibam que todo piloto Brasileiro se sente mais seguro voando nos EUA, Europa e Asia do que voando aqui no Brasil, fato decepcionante, mas vou explicar o por quê...

Aqui no Brasil existe uma regra: "a menor distância entre dois pontos é uma curva". Você sabia que quando você sai do litoral brasileiro e vai pra São Paulo você voa em curva? É necessário passar por cima do Rio de Janeiro. Poderia ser direto via Minas Gerais. Esse contorno do litoral gera em cada vôo pelo menos 1000 litros a mais de combustível consumido.

Nos EUA já não existe mais aerovia, somente proa direta para o destino. Lá eles têm acordos com as ONG´s e entendem que quanto menos tempo um avião ficar no ar menor é o efeito estufa. Se fosse aqui seria o equivalente a você decolar de Salvador e o controlador autorizar proa direto de São Paulo. São 1000 litros de querosene desperdiçados, sendo queimados na cabeça dos cariocas a cada 2 minutos. "Deixe o Green Peace saber disso; o Green Peace ficará superfeliz".

A desculpa não pode ser separação de fluxo, já que os EUA são maiores que o Brasil, e onde o fluxo aéreo é cinquenta vezes maior do que no Brasil. O que o Brasil voa em horas de voos em 50 dias, os EUA voam o mesmo em apenas um dia. "Poderia ser pior, se caísse neve no Brasil a desorganização aérea seria uma catástrofe diária".

Mas não coloco a culpa nos controladores. A culpa não é deles. O sistema brasileiro é que é arcaico e precário. O salário deles é baixo e cheio de "concurseiros" sem compromisso com o seu trabalho. Alguns são sérios e dedicados porém não têm condições de trabalho dignas. Apenas um controlador cuida de várias regiões do País e todos sofrem muita pressão para no final das contas serem menos eficientes que os controladores americanos, europeus e asiáticos.

Outro dia ouvi um controlador se despedindo no rádio porque tinha passado em um concurso melhor – isto é vergonhoso para um país que quer ser "primeiro mundo" - , mas desejei a ele sucesso e espero que ele esteja feliz no emprego bem remunerado que ele tem agora .Talvez ele não tenha sido valorizado como deveria.

Eu como piloto de linha aérea digo sem exagero que voar no Brasil hoje é como estarmos voando numa espécie de alerta amarelo. Outro acidente está bem próximo de acontecer. Ao decolar não significa que temos a certeza de pousar no destino nem no aeroporto de alternativa. Outro dia cinco aeroportos estavam literalmente fechados por falta de pátio; Confins, Galeão, Vitoria, Guarulhos e Campinas. Você tem que decolar de Brasilia para São Paulo com combustível suficiente para alternar Salvador.

Isso irá tornar a aviação brasileira inviável, sem mencionar a venda de nossas companhias aéreas para países vizinhos, em decorrência das altas taxas de impostos sobre as mesmas, que por isso, para sobreviverem no mercado, submetem-se a parcerias miraculosas inclusive mudando a sede da empresa para países vizinhos para se livrar dos impostos absurdos daqui, ou seja, irão agora pagar impostos em outro país... Por que será? Porque aqui não há incentivo. Falta de estrutura e falta de lucidez, isso que eu chamo de " Entregar a Soberania Nacional".

Soberania não é somente colocar soldados militares nas fronteiras. O País nunca foi tão próspero, problema é que nossos governantes ganham eleições por saberem aparecer e ainda têm mentalidade medíocre. São vendidos. Basta colocar dólares na mão ou falar com um pouco de sotaque que eles entregam tudo.

Voei muito na Amazônia e garanto que depois que aquilo virar um deserto ninguém mais vai querer assumir. O desmatamento está na razão é de um campo de futebol por segundo.

Hoje só fazem hidrelétricas por causa do apagão de 2002. Esses apagões na aviação irão se repetir pelos próximos 20 anos. E lembre-se que a Copa do Mundo e as Olimpíadas serão em época de nevoeiro.

A Infraero já arrumou duas soluções; tirar os bancos de suas "Rodoviárias" para dar mais espaço para os passageiros ficarem em pé, e liberar internet Wi-Fi de graça como se fosse um "cala-boca" para seus usuários.

Hoje a aviação brasileira é realmente uma surpresa diferente a cada dia, "a mess", (uma bagunça), como definiu um piloto europeu esses dias atrás, e garanto a vocês que ser pego de surpresa na aviação tem consequências trágicas.

Solução: primeiro de tudo é: Os políticos começarem a pensar como governantes desenvolvidos pensam ou, como disse o Raul Seixas: a solução é alugar o Brasil.

Nos EUA, Europa e Ásia constroem um aeroporto para atender uma demanda que só terá daqui 20 ou 30 anos e com pátio suficiente para estacionar mais de 100 aviões de grande porte juntos. Isso é bem diferente dos puxadinhos brasileiros que não dão conta nem da demanda atual.

Enquanto você lê esse e-mail, na Índia estão sendo construídos mais de 10 aeroportos maiores do que o de Guarulhos. Na China são mais de 70 sendo construídos e os 3 países: China, Brasil e India fazem parte do mesmo grupo chamado "BRIC", que ainda incluem Rússia e África do Sul.. Parece que só o Brasil ainda não acordou entre esses cinco.

Já é um absurdo os aeroportos brasileiros não terem metrôs. Os estrangeiros, quando chegam aqui e não veem metrôs nos aeroportos, acham que é uma piada até entenderem que não existe mesmo. Em qualquer aeroporto no estrangeiro tem metrô.

Que país é esse? O brasileiro se compara muito aos EUA, porém o povo americano sabe exigir de seus governantes, por isso o governo não espera ser pressionado pra poder começar a fazer algo.

O povo brasileiro só sabe reclamar. Só não sabe reclamar para a pessoa certa, ou orgão "competente" certo. Reclama pro vizinho e pro amigo, mas quase ninguém entra no site do Senado ou da Câmara dos deputados pra enviar e-mail para reclamar do seu político ou pelo menos para saberem o que eles estão fazendo.

É muito fácil ir aos Estados Unidos passear, fazer compras e voltar falando que lá é o máximo e aqui é o fim do mundo. De fato são décadas de atraso, porém lá o povo é mais consciente com relação ao que seus políticos estão fazendo com o dinheiro público e a burocracia no país deles praticamente inexiste se comparado ao nosso.

No Brasil a ANAC leva 30 dias para emitir uma carteira de aeronauta, gerando assim uma queda no salário dos pilotos e comissários e prejuízo também para os empregadores. Quem vai pagar essa conta? A Anac? O Governo Federal? Nos EUA a mesma carteira é emitida em apenas uma hora pela FAA. Sem deixar de lembrar que no Brasil a ANAC administra um universo de 20 mil pilotos comerciais enquanto os EUA são mais de 600 mil.

Nos EUA poucos empregos no setor público têm estabilidade, talvez seja por isso que o funcionário público trabalha mais, tem mais eficiência, trabalha em função do próximo, pede desculpa se atrasou e o trata bem o contribuinte, mesmo que seja um latino-americano. No mais...

Boa sorte a todos e que Deus nos proteja!

Repassando! HC

Aprisionado nos limites do ninho


José Virgolino de Alencar





Torres, muitas e imensas torres, floresta de concreto,

cercam meu universo, minha galáxia, onde vivo;

entrego-me à reflexão, a indagar pensativo

sobre a ameaça de que meu ilhado teto



torne-se irrespirável e eu, cassado o direito a veto,

tenha que resignar-me, mãos atadas, inativo,

ante a força desumana do sistema especulativo,

hedonista, que faz da ambição primacial projeto.



Suprime-se de minha vista o belo e fascinante

nascer e pôr do sol; nem abre, pra meu deleitar,

sequer uma frestinha, por onde, do alto mirante,



possa dar à mente o saudável repouso, vendo o mar;

sinto-me, assim, pássaro aprisionado, vida sufocante,

vagando nos limites do ninho, sem asas para voar.



Video Clipe do Dia



O vídeo de hoje já está meio velhinho mas sempre vale a pena revê-lo. Isto é Brasil! HC

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Aula de Catecismo


Naquele tempo, levou Abraão o filho Isaque para o deserto. Amarrou-o a uma árvore e acendeu uma fogueira bem embaixo do seu pé.

Das alturas uma voz ecoou:

- Abraão, Abraão que fazes?

- Senhor, estou sacrificando o meu filho Isaque, conforme a Vossa ordem!

- Não Abraão, eu queria apenas testar a sua fé?

- Mas Senhor!

- Cala essa boca e solta o menino. Agora!

Abraão soltou então o filho Isaque que saiu em louca disparada. Enquanto o filho corria Abraão gritava:

- Volta, filho. Volta, que o Senhor te libertou!

O menino Isaque parou bem longe, e gritou:

- Libertou o cacête! Se eu não fosse ventríloquo estaria lascado!

Palavras do Senhor!

NR - A representação acima, de um Abraão cruel só nos faz reforçar a certeza de que não devemos confiar nos carecas! HC

quinta-feira, janeiro 26, 2012

A Charge do Dia

A crise realmente pegou a Pérfida Albion de calças curtas!

A Frase do Dia

"Antigamente os cartazes nas ruas, com rostos de criminosos, ofereciam recompensas; hoje em dia, pedem votos...!"

Como me tornei um revolucionário em 64 ou Ferro na boneca


Anco Márcio de Miranda Tavares

Eu tinha 20 anos incompletos quando estourou a Quartelada de 64. Eu vi ainda quase que adolescente, Joacil Pereira com uma viga, tentando derrubar a porta da Faculdade de Direito, onde se encontravam alguns estudantes. No 31 de Março, eu me lembro que ficamos pensando que íamos ser todos presos e passamos a andar pela rua, eu e Everaldo Junior, ele, trotskista, eu comunista.

Sem saber para onde ir, fomos parar na casa de Zita Marinho, uma das mais conhecidas esquerdistas da cidade. Seria assim o mesmo que hoje, Fernandinho Beira Mar ir se esconder na Penitenciária de Bangu. A cidade estava em polvorosa. Passei na CEPLAR, hoje Casarão de Azulejos, e lá estava o Exército jogando janela à baixo todos os nossos documentos, câmeras de filmar e fotográficas. Na CEPLAR eu fazia teatro dirigido por Paulo Pontes.

Ficamos na casa de Zita esperando a prisão a qualquer momento. Mas nada... Ninguém nos vinha buscar. Essa espera angustiante era pior do que a prisão propriamente dita. A gente num comia, mas bebia muito. De noite, fomos pro Bar de Alcântara tomar cerveja e João Manuel foi nos levar de jipe em casa.

Aí aconteceu uma coisa engraçada. Aragão e Fragoso dois "companheiros" que tinham ido nos procurar começaram a perseguir o jipe. E a gente mandando João Manoel andar, rodar. João rodou Jaguaribe todinho e passou para o centro da cidade.

Foi então que resolvemos: Vamos nos entregar. É melhor se não eles acabam atirando. João parou o jipe e encostou junto ao meio fio. Se tinha de ser que fosse. Descemos constrangidos e esperamos. De dentro do Gordini, desceram Aragão e Fragoso:

- Vocês tão ficando doidos? Faz mais de uma hora que a gente roda atrás de vocês...

Fomos prum bar e continuamos a beber decepcionados. Porra! Não vinha ninguém prender a gente!! E a gente era tão perigoso!! Pra mim mesmo com 19 anos, foi uma tremenda de uma decepção.Verdade que depois eu fui chamado à Delegacia quando quebrei uma exposição dos Voluntários da Paz. Depois fui por umas pichações que eu nunca fiz na Cultura Inglesa...

Outra vez fui pro S2, o Serviço Secreto do Exercito, chamado ao Grupamento de Engenharia e lá um coronel me disse que eu estava terminantemente proibido de ir no Liceu à tarde, por estar pregando o comunismo entre as meninas, eu que mal tinha lido as primeiras páginas de "O Capital". O que eu queria mesmo era namorar as meninas mas a Revolução me proibia...

Nas ruas se ouvia falar em torturas, Aragão foi demitido do Banco, Prezado perdeu o emprego nos Correios, Boanerges ficou louco de tanto apanhar. E eu...solto!! Que comunista de merda que era eu que ninguém me prendia? Só tive prejuizos. Fecharam a Ceplar, me proibiram de ir no Liceu...

Inventei de "fugir" pra Campina Grande, pra casa de meu tio. Peguei um onibus e no meio do caminho uma barreira de soldados do Exército. Pronto!! Era agora!! Pediram meus documentos e eu entreguei. Quando descobrissem que eu era, nada mais, nada menos que o perigoso Anco Márcio eu ia em cana...

Um tenente com cara de menino, olhou meus documentos e disse:

- Tá tudo em ordem... Pode ir... - Possso? Ir? Posso? - fiquei até gago - Claro, vá com Deus... Era demais!! Ainda mais me mandava ir com Deus, eu um comunista ateu e materialista!! Desisti. Fiz uma farra em Campina e voltei. Mas insisti. Anos depois entrei pro PT. E o PT deu nessa merda que todos sabem. Só me resta agora entrar pro PFL que é oposição...

Finalmente o Cabral falou

É sempre bom lembrar:

Há alguns anos, o aeroporto de Nova Iorque fora palco de uma tragédia e estava coalhado com familiares das vítimas de um acidente aéreo se não me engano da Amecican Airlines. O avião havia caído logo após a decolagem para a Europa. Todo mundo aflito por notícias quando subitamente uma das portas da sala VIP se abre e entra, em mangas de camisa ninguém menos que o presidente Bill Clinton. Só, sem escolta, vinha prestar sua solidariedade aos familiares bem como trazer notícias sobre o evento. Na tragédia carioca onde anda o governador do Rio? Um acontecimento funesto como esse se abate sobre uma cidade às vésperas de sediar uma Copa do Mundo merece mais do que a atitude temerosa do governador. Pois o Sérgio Cabral pensou e repensou sobre o que diria e deitou falação à Rádio CBN. Abaixo, a jóia de pronunciamento.

"Diante da tragédia, pelo menos não foi num momento de pico de movimento de um dos corações do Centro do Rio. Essa tragédia podia ter tido dimensões muito mais graves se tivesse ocorrido horas antes. Sem dúvida, a queda de um prédio de 20 andares, de um prédio de 10 andares e de outro com quatro andares é algo que choca em qualquer lugar do mundo. Resta ainda a esperança de que haja pessoas sobreviventes e, em última análise, resgatar os corpos e, depois ainda, retirar os escombros."

Nada mais disse nem lhe foi perguntado. Perdão Sérgio Cabral Pai. HC

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Video Clipe do Dia - Pega, ladrão!



O vice-presidente da CBF, José Maria Marin, convidado para ajudar na premiação dos atletas, simplesmente colocou no bolso uma das medalhas. Sobrou (ou melhor, faltou!) para o último da fila, o goleiro titular corintiano, Matheus, que ficou sem recebê-la. Que absurdo! Ainda bem que o troféu é grande, porque senão vai saber, né? Marin, que também foi Governador de São Paulo entre 82 e 83, deve ser muito corintiano para querer guardar a medalha de recordação, não é verdade? Vejam vocês mesmos a imagem exibida nesta quarta-feira pela TV Bandeirantes.

A VERDADE SOBRE O NÁUFRÁGIO DO COSTA CONCORDIA NA ITÁLIA

As autoridades italianas descobriram que o navio que naufragou em sua costa não possuía dispositivos básicos para sua segurança. FORAM ROUBADOS DA EMBARCAÇÃO: O SONAR E O GPS, ALÉM DAS CARTAS NÁUTICAS, TALHERES, TOALHAS, COLETES SALVA-VIDAS, ENTRE OUTROS PERTENCES EM UM CRUZEIRO REALIZADO NO BRASIL !!








Encangando Grilo






W. J. Solha



1) Na mesma semana em que fico sabendo que o longa pernambucano “O Som ao Redor”, do Kléber Mendonça Filho, de que participei como ator, vai ter estreia no próximo 3 de fevereiro, no Festival Internacional de Cinema de Roterdã, dou por terminado o poema longo “Marco do Mundo”, depois de um pouco mais de três anos de trabalho. Foi um alívio ler as 73 páginas de versos contínuos sem parar para corrigir nenhum deles.

2) Frequento o youtube. Vi, hoje, com novos intérpretes e direção, o sexteto do segundo ato da ópera “La Cenerentola”, de Rossini - Questo è un nodo avviluppato – extremamente sonoro, divertido e engenhoso. Se quiser, acesse http://youtu.be/ZZkxDsPF1EY

3) Esdras do Nascimento, nesta mesma semana, me mandou do Rio as primeiras 227 páginas de seu novo romance, que – segundo ele – terá umas mil. Ele, aí, me põe com um ator convidado a participar de uma novela, que teria trilha sonora do Eli-Eri Moura. Esdras entusiasmou-se com os trabalhos do nosso compositor, que viu no youtube. Mandei o “Réquiem para um trombone” para ele e para o poeta e tradutor Ivo Barroso, também do Rio, que falou diretamente pelo telefone com o Eli-Eri, para cumprimentá-lo. Se quiser conhecer essa obra, acesse http://www.youtube.com/watch?v=MATosG44kYA.

4) Li os originais do livro de contos – “Varadouro Varadouro” - com que Astier Basílio ganhou um dos prêmios do concurso literário José Lins do Rego, recentemente. Astier é Astier. Gostei principalmente de uma das estórias – “Fantasmas”.

5) Algum tempo atrás, uma dupla de performáticos cariocas – Joelson Gusson e Leonardo Corajo - me pediu autorização para utilizar partes de meu poema longo “Trigal com Corvos”, editado em 2004, num espetáculo que se chamou “Manifesto Ciborgue, do qual v. pode conferir um dos trechos em http://www.youtube.com/watch?v=fI6jAQJXmy0.

De repente, recebo a notícia de que “Cyborg Manifesto” participou em outubro do 16th International Festival of Performing Arts – de Praga. Confira em
http://www.ctyridny.cz/pages-festival/divadla/joelson-gusson-en.htm

6) Já li não sei quantas vezes que o jovem Johann Sebastian Bach viajou 400 km a pé pra ver um concerto de Buxtehude, e que o entusiasmo que teve na ocasião foi tanto, que enroscou em Lübeck por três meses, a fim de captar o que pudesse do mestre. Um dia destes me ocorreu lembrar que jamais ouvira nada de Buxtehude. Fui ao youtube e, entre muitas outras coisas, vi o que para mim é a matriz da imensa, absolutamente genial Tocata e Fuga em Ré, de Bach, em http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=gjHkzqSOxnw

7) Isto é uma trepadeira ninho-de-passarinho.


Há poucos dias, vi o vaso com uma folhagem dessa, que temos no jardim lateral daqui de casa, amarfanhada no meio de outras. Tirei-a dali e coloquei-a sobre a quina de uma jardineira, como que entronizada, alta e livre. Meia hora depois, tive a surpresa: ela se expandira toda, feito cauda de pavão. Fiquei pensando que aconteceu o mesmo comigo ao me ver em Pombal, no alto sertão paraibano. De repente me vi, lá, lendo alucinadamente, fazendo literatura, teatro e cinema. O mesmo me aconteceu quando me vi no elenco de “O Som ao Redor”, no Recife. Conclusão: todos os seres vivos precisam de espaços propícios. Todos.

8) Por falar em plantas, quando fui fechar uma das quatro vidraças basculantes da janela de meu gabinete, um dia destes, vi que – se não tomasse cuidado – guilhotinaria várias cabeças de samambaias da jardineira que fica do lado de fora. Foi quando olhei pro final espiralado das mais jovens e – “Será possível?” – fui ao Google, acessei “imagens” e digitei “Báculo”. A tela do monitor se encheu com cajados de bispos e de papas, junto de homônimos terminais de samambaias.


Báculo: diz-se das folhas jovens das samambaias que, enquanto em formação, apresentam-se enroladas, formando uma espiral perfeita. O termo samambaia vem do tupi-guarani (Ham ã'bae), "aquele que torce em espiral".

Báculo é um tipo de cajado de pastores para se apoiarem ao andar e para conduzirem o rebanho. Muitas vezes tem a extremidade curva para segurar a rês pela perna. Simbolicamente, refere-se a um bordão usado pelos dignitários da Igreja, pastores do rebanho divino. Com a mitra, constitui uma das principais insígnias dos bispos.

É interessante o fascínio dessas pequenas “revelações”. Como quando me toquei no significado de “avental” ao ver seu equivalente em espanhol: “delantal”.

9) A morte vai me mandando recados.

Primeiro deles:

Como já andei contando por aqui, quando fui fazer o teste para integrar o elenco do longa pernambucado “O Som ao Redor”, do Kléber Mendonça Filho (esse que será lançado agora, em Roterdã), sonhei com meu pai – que morreu em 92 - de pé no vão da porta de meu quarto, de pulover e paletó, dizendo-me, sem tirar as mãos dos bolsos: “Está na hora”. E eu: “De quê? De morrer?” E ele: “É.” “Quer dizer que não vou fazer o filme.” “Vai, mas não vai assistir.”

Segundo:

Eli-Eri Moura e Lu Maia tanto fizeram, que foi montada uma grande homenagem pelos meus setenta anos, em 29 e 30 de outubro, no Espaço Cultural, com direito a uma exposição de meus quadros, um debate sobre meus livros e à estreia da Cantata Bruta (em cima de contos de minha “História Universal da Angústia”, música de Eli-Eri – que dirigiu o projeto – mais Marcílio Onofre, Wilson Guerreiro, Didier Guigue, Valério Fiel da Costa e José Orlando Alves). A coisa me soou como uma bela despedida. Na estreia foi lançada a revista Correio das Artes, que, pelos mesmos meus 70 anos, me fez matéria de capa:

Terceiro:

No finalzinho de dezembro, recebi ligação do Jornal da Paraíba, convidando-me para dar uma de modelo fotográfico: eu seria o ano velho despedindo-se de um garoto, que seria o ano novo. Foi uma sessão longa com o fotógrafo Francisco França, na areia da praia defronte à Fundação Casa de José Américo. Como costuma acontecer nesses casos, foram feitas várias versões sobre o tema e uma série de improvisos... dois dos quais foram os aproveitados: na capa do diário e na do caderno 9.

10) Ágatha Barbosa, que fez a personagem-título do curta “Antoninha”, do Laércio Ferreira, rodado lá no sítio Acauã, de Aparecida, sertão da Paraíba, ganhou o prêmio de melhor atriz nos festivais de Taquaritinga, Pernambuco, e Bagé, Rio Grande do Sul. Fiz o Coronel João Bezerra Wanderley, que ela – maliciosamente – manipula. Nasceu, realmente, pra coisa. E o filme – negligenciado na Paraíba - foi o segundo melhor curta do FestNatal. Gosto desse primeiro trabalho de ficção do Laércio. O roteiro é tão sutil, que fui participar das filmagens, mesmo me sentindo, na época (dezembro de 2010) completamente esgotado, fisica e mentalmente, como se vê – aliás – no cartaz do filme:


11) Incomodaram-me, ao longo da vida, uma série de coisinhas absolutamente sem lógica, mas com espaço assegurado entre a mídia e o povo. 1) Irritava-me, quando trabalhava em publicidade (GCA e Real Propaganda), a obrigação de encher os VTs com aquelas malditas letrinhas tão, mas tão miúdas, que ninguém – jamais – poderá ler. 2) Impressionava-me, quando menino, a multiplicidade de Virgens pelo mundo afora, como se se tratasse, cada uma, de uma personagem diferente, algumas “com muito mais poder” que as outras. De Lourdes, Consolata, de Copacabana, de Loreto, Aparecida, Medjugore, etc, etc. Conheci o Santuário de Fátima, em Portugal, há uns quatro cinco anos: seu altar é um gigantesco mural folheado a ouro!



3) Nunca vi bandido com tanto direito como agora. E bêbado atropela e mata seis? Fica por isso mesmo: recusa-se a fazer o teste do bafômetro (tem amparo legal pra isso) depois paga uma fiança e tchau! Político pilhado roubando? No máximo – se a imprensa der em cima – perde o cargo (e lhe dão, imediatamente, outro). A fronteira está toda escancarada para drogas, contrabandos, armas? Temos que ser bonzinhos com o Paraguai (onde está Itaipu, que é nossa, não sei até quando), daí a zona franca de Ciudad del Este, que só perde pra de Miami e Hong Kong, garantindo metade – isso oficialmente - do PIB de los hermanos. 4) Burocracia é algo que teve um ponto de partida lógico, que se perdeu no tempo. Como “formidável”, que se tornou “maravilhoso!”, tal qual o “terrific”, do inglês. Assim me parece a ala das baianas em escolas de samba do Rio, mesmo que o tema seja Ariano Suassuna ou as viagens espaciais. 5) E aquela besteira do William Bonner, de tentar fazer parecer com que ele próprio e a Patrícia Poeta (antes Fátima Bernades) estão conversando, não lendo a notícia no teleprompter?

12) Depois de ler o magnífico “Barroco”, de Affonso Romano de Sant´Anna, (Comunicação Máxima/Bradesco, 1997) e seu “Desconstruir Duchamp” (Vieira & Lent, 2003) - em que fiquei impressionado pelo seu libelo contra a arte de má qualidade que predomina atualmente nos museus e galerias do mundo todo - surpreendo-me com uma declaração dele, no início de sua “Estória dos Sofrimentos, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus Cristo na Pintura de EMERIC MARCIER” (Edições Pinakotheke, 1983) :

- O que fazer diante dessas cores, diante dessa pintura, eu que sou daltônico de nascença.

Video Clipe do Dia



Video oficial da Riotur!

Política da Boa Vizinhança - Ah, Nelson Rodrigues!

Caso médico-jurídico em Stuttgart, Alemanha

Na Alemanha, um juiz federal deve decidir um caso deverasmente complicado onde um sujeito contratou o vizinho para engravidar a sua (dele) mulher.

O caso, eu conto:

Um certo cavalheiro, Demetrius Soupolos e sua bela esposa, Traute, queriam porque queriam um filhote mas o pobre Demetrius tinha um diagnóstico de, estéril.

Então, o que fez Demetrius?

Depois de acalmar os reclamos da sua fogosa esposa que não engravidava nunca, Demetrius, contratou os serviços do seu vizinho Frank Maus para fazer o serviço por ele. O Maus era casado e tinha dois filhos, o que lhe garantia o diploma de eficiência no ofício. Os dois combinaram os pormenores do plano que parecia ser muito bom.

Soupolos pagou a quantia de 2.500 Euros pelo serviço e durante três tardes por semana no decurso de seis meses, Maus tentou por 72 vezes dar conta do recado, ou seja, emprenhar a mulher do seu vizinho.

Tudo ia às mil maravilhas mas eis que Frau Traute não engravidava mesmo após seis meses de profícua labuta e setenta e duas tentativas. Em razão do fracasso evidente Soupolos sugeriu desconfiadíssimo que Maus também fizesse um exame médico.

O resultado do exame atestou que também o Maus era estéril chocou todo mundo menos a sua esposa que foi forçada a confessar que os dois filhos não eram dele, Maus.

No momento Soupolos está processando Maus por quebra de contrato querendo o seu dinheiro de volta. Maus se recusa terminantemente a reembolsá-lo desde que ele não prometeu engravidar Traute mas sim se esforçar ao máximo.

Esta é a Sra Traute.

Atenção: Isto NÃO é corrente. É uma posição política.


Peço a cada destinatário para encaminhar este e-mail a um mínimo de vinte pessoas em sua lista de endereços e pedir a cada um deles para fazer o mesmo.
Em três dias, a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma idéia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo.

Lei de Reforma do Congresso de 2011

(emenda da Constituição)


Lei de Reforma do Congresso de 2011 (emenda da Constituição do Brasil)

1. O congressista será assalariado somente durante o mandato. E não terá aposentadoria proveniente somente pelo mandato.

2. O Congresso contribui para o INSS. Todo a contribuição (passada, presente e futura) para o fundo atual de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS imediatamente. O Congresso participa dos benefícios dentro do regime do INSS exatamente como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.

3. Congresso deve pagar seu plano de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.

4. Congresso deixa de votar seu próprio aumento de salário.

5. Congresso perde seu seguro atual de saúde e participa do mesmo sistema de saúde do povo brasileiro.

6. Congresso deve igualmente cumprir todas as leis que impõem ao povo brasileiro.

7. Servir no Congresso é uma honra, não uma carreira. Parlamentares devem servir os seus termos (não mais de 2), depois ir para casa e procurar emprego. Ex-congressista não pode ser um lobista.

Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem.

A hora para esta emenda na Constituição é AGORA.

É ASSIM QUE PODEMOS CONSERTAR O CONGRESSO.

Se você concorda com o exposto, REPASSE, Se não, basta apagar.

Você é um dos meus + de 280. Por favor, mantenha esta mensagem CIRCULANDO.

Lágrimas da Coreia

Guy Sorman



Norte coreanos chorando a morte do ditador. O pranto de uma população controlada por um regime totalitário é sempre suspeito.

Quando Stalin morreu, em 1953, eu era criança e vi os russos chorando na Praça Vermelha; nossa única fonte de inf ormação era então as Notícias Pathé, projetadas no cinema antes do “grande” filme. Nem por um instante, minha família – que era de esquerda em um subúrbio comunista de Paris - duvidou da autencidade do sofrimento demonstrado.


Quando Mao Tse-Tung morreu, em 1976, me lembro do Porte St. Antoine, a leste de Paris, coberto de preto e adornado com um retrato gigante do líder falecido; na Praça da Paz Celestial, os chineses estavam chorando. Imaginemos Hitler morto em 1938: sem sombra de dúvida, teríamos visto os alemães chorando e também alguns franceses, como por Mao.

A histeria que foi vista na televisão - pessoas chorando, batendo a mão no peito, gritando Pai na passagem do cortejo de Kim Jong-Il em Pyongyang - não é, sem dúvida, um fato inédito. É recorrente às ditaduras, em todas as civilizações: o funeral de Nasser no Cairo em 1970 desencadeou reações silmilares.

Descobriu-se, contudo, que os jornalistas e comentaristas não estavam no lugar para explicar à televisão francesa que as lágrimas da Coreia do Norte deviam tudo à tradição confuciana. Pobre Confúncio, igualmente respeitado na Coreia do Sul, mas, do lado de Seul, o Confucionismo incita ao sofrimento, discreto, para com o pai de família, não para com o “chamado pai da nação”. Alguns observadores no local, entretanto, informaram que apenas uma linha de frente estava chorando em frente às câmeras.

Isso me lembra um conselho que Norodom Sihanouk me deu, no exílio no Camboja, depois de viver na Coreia do Norte e lá manter uma residência: “Não acredite”, disse-me ele, “em nada do que você vê em Pyonyang, os norte-coreanos são excelentes no palco.” Um bom conselho que eu tenho usado sobre o lugar. Kim Jong-Il foi também um cineasta, Norodom Sihanouk também e a Coreia do Norte é um grande produtor de desenhos animados.

O sofrimento nacional da Coreia do Norte é, sem dúvida, o palco, mas, como fazer com que a população aceite desempenhar esse papel? Certa vez alguém fez a mesma pergunta sobre a URSS: é cultural (o Homem Russo), é ideológico (Homo sovieticus) ou tudo efeito de terror sobre as massas? O terror, evidentemente! Como ficou claro para todos após o colapso do regime: os russos, repentinamente, não choravam mais pelos seus dirigentes, mortos e vivos. Um norte-coreano que chorou o Grande Líder morto não tem sofrimento, ele tem medo. Quanto aos franceses que sofreram pela morte de Stalin ou Mao, eu não tenho explicação racional para oferecer!

De Midia@Mais

Video Clipe do Dia



Turma do Didi perde!

terça-feira, janeiro 24, 2012

Cineasta paraibano Linduarte Noronha internado em estado grave


Está internado no Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa, o cineasta paraibano Linduarte Noronha, de 82 anos. Considerado um pioneiro do cinema na Paraíba, Linduarte está na Unidade de Terapia Intensiva. A equipe médica não está divulgando informações sobre o seu estado de saúde a pedido da família. HC

TOTALITARISMO, HITLER E STÁLIN

Bolívar Lamounier

(a alguns de meus antigos alunos, com carinho.)

Hoje, ao reler velhas anotações dos meus tempos de professor, lembrei-me com muito carinho de alguns estudantes de esquerda que torciam o nariz quando eu começava a explicar o conceito de “totalitarismo”, e bufavam de ódio quando eu incluía Stálin e outros menos votados entre os governantes mais notoriamente totalitários do século 20.

Foi recordando aquela época que tive a idéia de postar aqui os apontamentos abaixo.


No pólo oposto ao das democracias liberais avançadas encontramos regimes totalitários como o da URSS e o nazi-fascismo. Ambos mantiveram uma aparência de legalidade – a Constituição alemã de 1919 aliás nunca foi abrogada – mas eram claramente incompatíveis com a idéia de uma ordem constitucional digna do nome.

Sendo o terror uma peça-chave em seu funcionamento, os regimes totalitários a rigor nem deveriam ser designados como tal, pois neles a questão não é a simples carência de um padrão previsível, é o zelo com que os aparatos de poder impedem a estabilização de uma ordem até por obra da “tradicionalização” ou da inércia social .

Em seu livro “Hitler – a Study in Tiranny”, pág. 403, Alan Bulock cita um texto publicado em 1936 pelo Dr. Hans Frank, um dos mais destacados juristas da Alemanha nazista: “Our Constitution – escreveu esse Frank – “is the will of the Führer”.

Ou seja, não havia Constituição alguma. Frank estava certíssimo. Não creio que alguém tenha dúvidas a esse respeito, mas vou rememorar alguns fatos, just in case.

No fim de março de 1933, um parlamento intimidado pela violência nazista passou a Enabling Law, que na prática suspendia a Constituição.

A 29-30 de junho de 1934, Hitler ordena a execução de Röhm e de todos os demais dirigentes da S.A, afastando dessa forma o único grupo capaz de desafiá-lo dentro do partido [págs. 302-6]; no dia 13 de julho, ele “explica” ao Reichstag por que ordenou o extermínio em vez de levar o grupo aos tribunais, e ameaça de forma não tão velada com a mesma sorte todo aquele que se antepusesse aos objetivos do novo Estado alemão (306-309].

No dia 02 de agosto, uma hora após a confirmação da morte do presidente von Hindenburg, é anunciada a fusão dos cargos de presidente da República e primeiro-ministro, doravante concentrados nas mãos do Führer – ou seja, dele, Hitler.

Agora vem a melhor parte. Prestem atenção.

No mesmo dia do mencionado anúncio, a oficialidade do Exército é convocada a jurar lealdade ao novo Comandante-em-Chefe.

The form of the oath was significant – escreve Bulock, p. 309; the Army was called on to swear allegiance not to the Constitution, or to the Fatherland, but to Hitler personally:

“I swear by God this holy oath : I will render unconditional obedience to the Führer of the German Reich and People, Adolp Hitler, the Supreme Commander of the Armed Forces, and will be ready, as a brave soldier, to stake my life at any time for this oath”.

Dezenas de medidas poderiam ser lembradas, mas a listinha acima deve ser suficiente para ilustrar meu argumento.

Àquela altura, na URSS, o regime stalinista já estava montado, mas Stalin, num surto de humor negro, mandou inserir o habeas corpus na Constituição soviética de 1936. E vejam só que coincidência mais macabra: foi a primeira vez na história que o habeas corpus apareceu na legislação russa: apareceu justo na ante-véspera dos famosos “julgamentos de Moscou”.

NR - Do BLOGSTRAQUIS do Moacir Japiassu
A postagem acima também é um brinde aos meus amigos do "Cordão Encarnado". HC

Video Clipe do Dia



O Ás do Volante!

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Campanha

O Grande Irmão




Téta Barbosa




Era para ser uma ficção.

George Orwell não tinha vocação para mãe Diná nem a menor intenção que seu livro virasse realidade. Muito menos um reality show!

Em 1984, sua obra mais famosa, criou uma sociedade vigiada pelo grande irmão. Um irmão que vê tudo, controla tudo, decide tudo.

E, como num filme barato de terror de terceira, a invenção do escritor inglês se concretizou. Uma profecia, eu diria.

Hoje, o Big Brother Global sabe quem você é, o que você faz, o que veste e o que come. Sabe, não por ter poderes adivinhativos, mas porque foi ele mesmo quem te mandou comprar batom, ouvir Michel Teló, vestir o que a mocinha da novela das oito está vestindo, beber coca cola, rir com Faustão e acreditar que Ivete Sangalo e Caetano Veloso estão no mesmo patamar artístico.

Ele também te disse:

- Assistirás toda a programação que eu te obrigar!Terás como ídolos pessoas insignificantes, meros desconhecidos que eu, a partir de agora, nomeio como celebridades. E você, obedece.

Afinal, o grande irmão sabe o que você fez no verão passado.

Ele sabe, inclusive, que você sabe que ele sabe.

E você vai ligar sua televisão no dia marcado, na hora certa e vai assistir a vida fútil de 16 estranhos. Vai torcer, vai votar, vai ficar amigo deles. Vai até chorar, em casos extremos.

Ele vai te fazer engolir a gostosona que passa o dia de biquíni, o gay que dá pinta, a barraqueira de plantão, o pobretão malhado, a piriguete que transa debaixo dos lençóis. Por pura falta de conhecimento, não posso citar nomes. Não assisto ao Big Brother. Já tentei, confesso. Não consegui.

E, mesmo que essa crônica exija mais informações sobre o assunto, me recuso a ir no Google pesquisar.

Quero continuar sem saber quem venceu o último reality show, quem posou para playboy ou quem traiu o marido/esposa em horário nobre.

Na minha vida, a big sister sou eu.

Eu decido quem são meus ídolos, eu não vou vestir o que a mocinha da novela das oito está vestindo, eu não vou assistir a novela das oito.

Eu NUNCA vou achar que Ivete Sangalo tem o mesmo valor artístico que Caetano ou Gil, não importa quantos especiais de fim de ano o Grande Irmão faça para tentar me provar isso. Eu não vou dançar a coreografia da nova macarena mundial. Eu não vou comprar batom.

Pode parecer falta de humildade, mas posso apostar que George Orwell ficaria orgulhoso de mim.

Já o grande irmão deve estar furioso e vai me deixar de castigo a qualquer momento.

Plim, plim.

A Foto do Dia

O fotógrafo brasileiro Wilton Junior, foi agraciado hoje com o Prêmio Internacional de Jornalismo, Rey de España, na categoria Fotografia, com uma curiosa imagem obtida da presidente Dilma Rousseff.

Nunca desista dos seus sonhos. Sonhar é de graça!

Salve a sua Família


Mesmo duvidando do estilo e conseqüentemente da autoria, repasso meio a contragosto, sempre preferi o Veríssimo pai a este senhor de sorriso de Gioconda na foto. Ocorre que o texto, diz tudo o que anda entalado na goela das pessoas de bem deste país. Enfim... HC


Luis Fernando Veríssimo

"Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A nova edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo.

Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros...todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE.

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB . Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.

Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia.

Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, Ongs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$ $ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , ·visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade."

Luis Fernando Verissimo é um escritor brasileiro, conhecido por suas crônicas e textos de humor, mais precisamente de sátiras de costumes, publicados diariamente em vários jornais brasileiros, É também músico, e toca saxofone em alguns conjuntos. É filho do também escritor Erico Verissimo.

Video Clipe do Dia



Incrível, Fantástico, Extraordinário!
Não é que a comovente experiência se deu em terras
de Portugal, meu Avôzinho! HC

domingo, janeiro 22, 2012

A Universidade do Canadá



Ipojuca Pontes



A sorveteria e restaurante Canadá era limitada, ao leste, pela Barbearia Souza e a Camisaria Santos e, a oeste, pela loja de eletrodomésticos General Novilar e a Casa de discos Sancol, cuja atendente, de pernas invejáveis, inventou a mini-saia antes da Mary Quant e que se tornou uma paixão dos pessoenses em geral e do pessoal da Universidade do Canadá em particular – ela sozinha vendeu mais de mil copias do álbum “Nat King Cole em Espanhol” trauteando o Cachito Mio. Ao norte, isto é, defronte a UC, tinhamos o Ponto de Cem Reis propriamente dito, com seus carros de praça e dois pavilhões - um dos engraxates; o outro um bar ordinário cuja peça de resistência era misto quente acompanhado de guaraná Dore. Entre os dois, num pedestal de inspiração gótica, reinava o nosso Big Bem, sempre atrasado.

Antigo prédio do Paraíba Hotel onde funcionava a Universidade do Canadá

Neste circuito insípido, imperavam o engraxate Coquinho, cuspindo sua pestilência em cima dos passantes, e Rita do Preá, vendedora de bilhetes de loteria que engravidava a cada nove meses, às vezes sete, dependendo do susto. Detalhe: nas festas de fim de ano, para vender bilhetes e ganhar uns trocados, Rita aparecia com uma multidão de filhos, nunca menos de uma dúzia. Invariavelmente, nessa época, tomava dinheiro do sempre controlado Mário da Gama e Melo, primo de Virginius e vereador em consecutivos mandatos. Uns diziam que ele, Mário, era de sexualidade ignorada, mas outros que era um tremendo come quieto.

Antes de ser Sorveteria, a Canadá era o restaurante do Paraíba “Parece” Hotel, onde se hospedavam os clubes de futebol visitantes, entre eles o Vélez Sarsfield, da Argentina, e o Flamengo, do Rio, que, com Rubens, Dequinha e Jordan, perdeu para o Botafogo do técnico Vavá por 3 a 2 – três goals de Milton Doidão, em tarde impossível.


A Universidade do Canadá abria suas portas quando o Reitor Virginius chegava da Faculdade de Filosofia, onde lecionava literatura brasileira, por volta das 11 horas da manhã. Seus freqüentadores mais assíduos eram Altimar Pimentel, eu mesmo, o contista Robério Toscano, Otacílio Queiroz, Hilton Veloso, o advogado comunista João Santa Cruz, seu sobrinho Mário Santa Cruz (o Mário Peninha que depois de um gole da cachaça “Rainha” balançava como uma pena no ar), o bancário Antonio Aragão, Petrônio, pai do poeta Castro Pinto, sempre muito educado, Waldemar Duarte e um tio de Paulo Melo, Ítalo Dália, que não bebia, mas escreveu uma série de artigos na UNIÃO intitulado: “Shakespeare, um superficial”.


Os loucos do “campus” da universidade, bordejando pelas calçadas, eram David José dos Reis, que comprou o vaticano para presenteá-lo ao papa, e Manuel Caixa Dágua, com seu terno branco impecavelmente sujo. O louco admirável, meteórico, era Daniel, que parava defronte à mesa do Reitor e, agitando os braços, vociferava contra os corruptos da época.


Dizia, agigantando-se: “Casacudos e estrelas bordadas, ladrões e venais da República, para vocês um só destino: a forca!”.

Circunstancialmente passavam pela Universidade, em pousos curtos, que me lembre, pois eram muitos, os jornalistas Biu Ramos, Oswaldo Duda, Euripedes Gadelha, Pascoal Carrilho, Carlito, Juarez Felix, Wills Leal, Paulo Pontes, o poeta Celso Novais, o médico Arnaldo Tavares, os campinenses Raimundo Asfora, Figueredo Agra, Orlando Tejo, o guarabirense Osmar de Aquino e o santa-ritense Marcos Odilon, por ai.


Por vezes, as aulas, cevadas a cerveja, e raramente a asas de galinha, seguiam até às onze da noite, quando a Canadá fechava exaurida. Nota curiosa: embora fosse uma sorveteria, com sorvetes de apenas três sabores – coco, morango e chocolate – nunca flagrara vivalma tomando um gelado.


No anexo, tinha o balcão do cafezinho, ponto obrigatório dos desocupados, que entre um café e um cigarro, viam a passagem de estudantes, funcionários públicos, visitantes, homens e donas de casa que iam ou vinham do comércio em busca de transportes para os bairros. Neste ambiente, reinava a fofoca, a maledicência, quem estava comendo quem, quem estava roubando o quê, Botafogo e Auto Esporte, etc. Sempre passava, findo o expediente dos Correios e Telégrafos, provocante, a gostosa Mafalda, que o língua ruim dizia ser amante do Desembargador Júlio Rique. De todo modo, o fato é que o cafezinho do Alvear, concorrente, mesmo decadente, era bem melhor – para não falar da qualidade da sua cartola acanelada e do papo de Aluísio Cantalice,
o mestre sala do Alvear.

A pauta dos freqüentadores da UC era ditada pelo noticiário do Norte, Correio e a UNIÃO, que tinha aberto um espaço para os intelectuais enviarem trechos de romances ou peças literárias chamado “Cantinho da Cultura”, uma invenção do governador Pedro Gondim, que se assinava com o pseudônimo de Homero Morgan.


Com a chegada do Jornal do Brasil, por volta das quatro horas da tarde, ficava-se sabendo com mais detalhes do que se passava no país e no mundo. Na UC se falava na produção de filmes, música, teatro, o último livro, artes plásticas, política e custo de vida. Virginius gostava de assegurar que a produção intelectual da UC era superior a da própria UFPB – hoje, vista a distância, uma coisa muito provável. A universidade era um clube do Bolinha, onde mulher não entrava, mas alguns alunos, quando passava uma bela mulher pela calçada, se levantavam correndo para curtir o remelexo.


Embora houvesse o prenúncio do conflito político ideológico, no inicio dos anos 60, esquerda contra “alienados” da direita, havia muita tolerância, os convivas bebiam por prazer, faziam-se boas observações sobre pessoas e instituições. Havia muita preocupação em se saber quem tinha enriquecido e quem estava dando certo na vida. Também havia um prazer mórbido em se saber quem estava se ferrando.


Como disse, a universidade do Canadá era o seu Reitor Virginius da Gama e Melo, o Menestrel, que bancava a mesa sem chiar, nunca menos de 30 garrafas por expediente. Com a morte de Virginius, pelo que sei, a Universidade da Canadá simplesmente fechou as portas e o restaurante caiu na rotina e na decadência. Mas, durante um bom tempo, a UC reinou como espaço sócio-cultural da cidade, imbatível, um point obrigatório e invejável.


Bons tempos.