terça-feira, maio 31, 2011

Faltou contar (2)

Ana Arnaud

Pois é, foi no que deu mexer no que estava quieto...

Como eu estava falando, ele se deteve reescrevendo a sua história e esta não poderia existir se com ela não viesse também a minha história.

E nesse revirar e remexer concluímos que as coisas não aconteceram como ele pensava que tinham acontecido. A visão míope do mundo além do sertão, a tosca capacidade de entender os fatos que nos acontecem, a emoção própria da juventude, a insegurança que o portão de entrada para a vida adulta nos causa, somadas às carências afetivas de um pequeno sertanejo deixado pelos pais na casa de um avô e muitas tias que, apesar de todo afeto e carinho, não conseguiram apagar as marcas da rejeição sofrida aos 4 anos de idade, fizeram com que esse ser planasse meio indefeso de si mesmo.

Aos 16 anos, sozinho, partiu em busca do pai, e desse encontro resultou uma nova certidão de nascimento com a sua idade alterada para 18 anos na tentativa de fazê-lo responsável por si mesmo, fantasiando-o de adulto. Voltou a caminhar só e esse caminho levou-o ao reencontro casual com a mãe depois de 8 anos sem vê-la. E quando pensou que teria acolhida, esta mais uma vez partiu para outra jornada individual e logo depois para sempre.

O ingresso na Polícia Militar da Paraíba, em João Pessoa, fez com que ele confundisse quartel com lar, acalmando, temporariamente, o seu coração; muitos irmãos, vários pais e sem mãe. E como acontece com todo homem, um dia ele esbarrou numa mulher e como acontece com todo menino sem mãe, ele pensou que a havia encontrado assim como o lar idealizado. Encantou-se, pensou que viveria para sempre protegido e paparicado, pensou que não precisaria ser pai de sua própria família, pensou que tinha, enfim, sido adotado. E então a vida deu a reviravolta necessária para que o ser adolescente pudesse ser adulto. Como sempre acontece, o menino que nunca ouviu Contos de Fada, e que nunca brincou de esconde esconde não soube sair do labirinto em que se encontrava e foi então que esbarrou em outra mulher que lhe contou o sonho das Mil e Uma Noites e quando acordou de uma dessas noites, depois de ter comido a maçã envenenada, precisou correr pela floresta mal assombrada procurando uma gruta encantada para se esconder da fúria da bruxa que não era boa. Não encontrou e fugiu para bem longe, para o Rio de Janeiro, deixando para trás de si um rastro de questões mal entendidas e por isso mal resolvidas.

O tempo passou e qual um caramujo esse homem viveu escondido de si mesmo, tentando viver experiências novas e sedutoras que tardiamente lhe apareceram até que uma menina, quase mulher, tirou-o daquele mundinho sem parceria e resolveram viver todos os contos, sentir todos os medos, correr todos os riscos, enlevar-se em todas as magias e, em nome de um amor que viria depois da paixão escrever uma história com os mesmos princípio e fim de qualquer outra: “Era uma vez...e viveram felizes para sempre.”

Bem, falava eu em remexer no que está quieto. E nesse remexido longo e sofrido aflorou uma poeira esquecida e quase perdida que lhe causou um AVC, que trouxe como seqüelas uma pequena e momentânea perturbação visual e também a sua libertação total de marcas deixadas em algumas páginas da vida que por muito tempo estiveram amassadas e jogadas no lixo do seu consciente. Abriu cuidadosamente cada uma delas, alisou bem, e não lhe restou senão se conformar com as tênues e definitivas marcas encontradas e se convencer de que elas deviam ser inseridas no livro a ser escrito. Agora, entendidas, sofridas, choradas, contadas com clareza e com verdades, sem simulações, sem disfarces, com arrependimentos ou com lamentos com choros ou com gargalhadas. E tudo aconteceu como brincadeira de dominó: cada pedra derrubada derrubava outra que derrubava outra que derrubava todas as outras e nos permitia ver, de cima, as peças caídas, emendadas, formando o desenho que desenhou a própria vida, antes tão incerto e impreciso.

E eu, teimando em recriar coisas, catando nas minhas quinquilharias acumuladas, histórias que eu pudesse viver como se fosse a boba da corte...



Outro dia continuo...

A Charneca








Stanislaw Ponte Preta
Sérgio Porto - Nosso Patrono

Então, na esperança vã de me livrar do tormento de amar-te, adormeci um pouco. E se digo vã, amor, é porque logo fiquei a sonhar contigo, a te dizer quanto vai em mim de amor, doce, terno, perdido amor às vezes; candente, nervoso, incontido amor, tantas vezes.

Oh os sonhos de amor, querida! Nele eras tão outra, tão Julieta, tão Isolda, tão Marília. E eu tão o Romeu do segundo ato, tão o Tristão da primeira ária, tão o Dirceu de antes do desterro!

Vinhas lentamente para os meus braços ansiosos, terna e eterna, simples e definitiva, como o barco que parte para o naufrágio. Tu, mulher que já caminhavas para mim, antes mesmo do dia em que te conheci. Para mim, que vivia na certeza de que de algum lugar virias, imponderável, como soem ser os destinos do amor.

No sonho, sorríamos, no sonho éramos nós dois para sempre e um dia. Tu, esquecida de tantas ingratidões, eras o mais puro dos pecados. Eu, vivendo o momento em que o homem prova a si mesmo ter um pouco de eternidade, olvidava antigos dissabores, as noites sofridas, as lágrimas caídas, a dor.

E tão glorioso fiquei, que em mim couberam todas as glórias, abateram-se sobre minha cabeça todos os hinos, e se Beethoven eu fosse, passaria, num átimo, da "Patética" à "Heróica". Que incontida alegria! Desprendí-me de ti e saí a correr pela charneca.

Na verdade eu nem sei o que é charneca, mas isto fica bacana pra burro, em romance inglês.


Texto extraído do livro "Primo Altamirando e Elas", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1962, pág. 200.

HILDEBERTO BARBOSA E O SINAL DE CAIM


W. J. Solha

Em À Sombra do Soneto e Outros Poemas, Hildeberto Barbosa Filho – que além de poeta é crítico literário de nome – opina nos primeiros versos de seu curto Insight:

- Tenho para mim / que nunca escrevi um poema.

Natural, para quem confessa, doloroso:

- Nem as coisas perfeitas me fazem feliz.

E o que são coisas perfeitas, no entender dele?

- ... telhados molhados, estações de trem (depois das despedidas, ) casas em ruínas.

Também acho Poesia difícil. Terrível criá-la, insuportável analisar a criação alheia. Raramente somos levados - ao produzir esse gênero literário que, segundo Umberto Eco, se define pelo fato de raramente chegar ao fim das linhas - à saciedade que, àvidamente, buscamos na fatura de toda e qualquer obra de arte. Talvez justamente porque seja de resultado tão escasso, o que implica sempre de se ter de liquidá-la num tiro só. E se já é quase impossível satisfazer-se o poeta com o que faz, mais inacessível ainda é a plenitude com o que fazem os outros.

Li o pequeno livro novo de Hildeberto sentindo-o poeta e crítico em dueto e duelo consigo mesmo. Fica óbvio que ele sente as pepitas quando as tem na bateia, como ao ver num velho umbuzeiro o talhe bruto, /solitário verdume na paisagem.

A infância é sua Pasárgada. É lá que encontra sua cidade, solitária, sedenta entre montanhas.

É de lá que sente brisas com cheiro de alfazema. Daí – conclui – que é preciso guardar bem nos celeiros d´alma a messe dos encantos primeiros/ Que a leva do tempo distancia./ Guardar nos oratórios o palor de antigos santos e tudo o que for miúdo relicário de Poesia.

Mas saber disso não o torna menos angustiado. É evidente que Hildeberto tem o sinal de Caim, de que fala Hermann Hesse no “Demian”(*). O Poeta escreve:

- É a ira de viver que me põe vivo.

Motivo?

- Todos os anos passaram por mim e o futuro não chegou.

Como assim?

Replay:

- Tenho para mim / que nunca escrevi um poema.

Mas ele escreveu, sim. E aqui vai:

Recorrência

Sempre amei as pedras.

Brutas,
raras,
cálidas
sempre amei as pedras.

Túmidas,
toscas,
tristes,
trágicas
sempre amei as pedras.

Súplices,
Sacras
sempre amei as pedras.

Perfeito!


(*)A marca de Caim aí aparece como sinal dos seres superiores, onde algo de diabólico coexiste com um traço de humanitarismo e criatividade.

segunda-feira, maio 30, 2011

A MORTE VIVA

Djanira Silva


Saí de mim
Fugi de mim

Me vi:

Crucificada atrás da porta
A blusa enforcada no cabide
Os sapatos de pés juntos
Sob a cama

O Brasil Anedótico


AS FRASES DE PATROCÍNIO


Começava Patrocínio a ser hostilizado pelos propagandistas da República, que o acusavam de haver abandonado as suas fileiras, lisonjeado pelo beijo que a Princesa dera no seu filho pequeno, quando, num "meeting", o grande abolicionista tentou falar.

- O Brasil... ia começando, quando se deteve.

Atribuindo aquela pausa a um estado de decadência, a multidão começou a rir.
Patrocínio olhou-a, do alto, e continuou:

- O Brasil... que somos nós?

Silêncio absoluto.

- Sim; que somos nós? - tornou.

E formidável:

- Somos um povo que ri, quando devia chorar!



Coelho Neto - Discurso na Academia Brasileira de Letras

À Guerra dos Justos ou à Guerra Inglória!

J. P. Fontoura

Este texto é a síntese de minha indignação, tanto contra àqueles que praticam, quanto aos falsos pudicos, que convivem, mansamente, com a corrupção e omitem o “nome que se deve dar aos bois”, pois que: o que é roubo se chame de roubo; o que é chantagem se chame de chantagem; prevaricar se chame de prevaricação; quem crapulea se chame de crápula; quem comete crime se chame de criminoso; quem não tem: correção moral, compostura, decência, dignidade, nobreza e pudor ético, essências do decoro, se chame de indecoroso...

Observo o “Lulopetismo”, metamorfoseado para “Neolulopetismo” a partir de 2002, e sua “súcia” desde os tempos em que eles se adonaram da Prefeitura de Porto Alegre e tentaram, em vão, se adonar do Governo do Estado no RS. Quanto ao charlatanismo da “criatura”, que porta o DNA dessa anomalia política, eu já o observava desde os tempos dos “portões das metalúrgicas”, portanto, sei do que todos eles são capazes!...

Veja-se o exemplo do que fizeram da política no Brasil... ...Chegaram ao ponto de não se preocuparem mais em esconder as evidências dessa vergonhosa corrupção, que há trinta anos dissemina esse maldito DNA. Mas o que conhecemos é apenas o que está acima da linha, o restante 90% está na “Fossa Abissal” do mar de lama que afoga a política convencional...

Mas não me cansarei de repetir, incansavelmente, quantas vezes forem necessárias, que isso corresponde a: prevaricação, malversação, roubo, chantagem, é indecoroso e crime “político”... ...É dilapidação dos Cofres Públicos e já se constitui como um mal social permanente. Por muito menos, sem provas cabais e sob o comando de um partido político, seu “preceptor” e súcia, em nome de suas maniqueístas decências, caçaram Collor e, por nada, gritaram, histericamente, “fora FHC”... Sobre estes fatos a tecla não deve ser “delete” como querem muitos e defende a “mídia em genuflexão”, mas sim “enter”!...

Durante as campanhas de 2002 e 2006 manifestei minha inconformidade com as mentiras e meias verdades e com o desvirtuamento ético que o PT, seu preceptor e sua corriola davam aos pleitos. Lá, estabelecendo uma metáfora, eu já dizia: que a oposição deveria usar as mesmas armas que eles, senão perderia a eleição... ...que deveriam aderir a “convenção que regulava a guerra deles”, a semelhança do que fizeram os Aliados contra o poderio bélico e à espionagem alemã na II Guerra... ... Não fui compreendido!...

Após os episódios, sobejamente conhecidos, que culminaram com Lula eleito, pela segunda vez e me sentindo frustrado, fiquei algum tempo indiferente à política.

Passado esse tempo e tocado pela indignação que o “Caso Renan” me causou, deixei se expressar o ser político que havia, e há em mim, e reafirmei tudo que dissera antes, acrescentando que: se quiséssemos extirpar aquele “câncer”, que aderia suas “metástases” às instituições e consumia a dignidade do Povo, deveríamos usar as mesmas armas e aderir à convenção que regulamentava a guerra deles, pois se não o fizéssemos seria o mesmo que “capitular e marchar, humilhados, rumo aos campos de concentração do PT, cujas torres de vigia já se vislumbrava como miragem no horizonte”!... ...Mas fizeram “ouvidos e bocas de mercador”!

Hoje nos encontramos sob a luz negra dos holofotes daquelas torres escamoteadas no aparelhamento do campo concentrador de poder representado pelo Neolulopetismo... ...seu “Hitler” continua dando as cartas, pois ele deve pensar como pensava Joseph Goebbels, quando, mantendo o olhar vidrado e frio de criminoso calculista, em seu testamento político, dizia: “Quando a história retomar seu curso, nós ressurgiremos como os puros… ...os imaculados”.

Portanto, não venham mais tarde comporem seus arrependimentos, como “Traudl Junge” (*) ... ...quando se disse arrependida... ...eu não os aceitarei...

Ou lutamos a “guerra” dos justos ou seremos trucidados pela “guerra” inglória!... ...Eu estarei qui nas trincheiras da dignidade!...



(*) Traudl Junge foi a jovem secretária, que datilografou o último discurso do Füher... ...depois, arrependida, disse, que se soubesse o que estava ocorrendo teria se juntado aos jovens de sua idade e lutado contra a tirania de Hitler!... ...Mas já era tarde demais...

sábado, maio 28, 2011

VIDEO DO DIA

Clicar no link abaixo para assistir a dois dos mais extraordinários artistas da velha guarda cubana, "Buena Vista Social Club", Ibrahim Ferrer interpretando "Como Fué", bolero que o tornou famoso e ao piano, o grande "Rubén Gonzalez", reparem que o velhote não escorrega uma nota sequer. Os dois com a Orquestra "The Afro Cuban All Stars" dirigida por Juan De Marcos Gonzalez em uma tarde de domingo num clube caindo aos pedaços (viva Fidel) e a plebe ignara dançando. Não dá uma nostalgia dos nossos cabarés? HC

http://youtu.be/8jn9kkLUZGc

Cómo Fue...
no sé decirte cómo fue,

no sé explicar lo qué pasó

pero de ti me enamoré.

Fue una luz que iluminó todo mi ser.
Tu risa como un manancial
llenó mi vida de inquietud.
Fueron tus ojos o tu boca,
fueron tus manos o tu voz,
fue a lo mejor la impaciencia
de tanto esperar tu llegada.
Mas no sé, no sé decirte cómo fue,
no sé explicarme qué pasó
pero de ti me enamoré.


O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES.

Breno Grisi

Esclareço que não me compete, como “reles professor de ecologia” e muito longe de entender de planejamento de matriz energética, dizer o que deve ser feito a esse respeito. Apenas sugiro que se considerem os seguintes aspectos, que poderiam desfavorecer a ideia de exploração da energia nuclear no Brasil. Tudo somente “fundamentado” nos meus 67 anos de vida como brasileiro e uns 40 anos de vida profissional em ecologia, que me “autorizam” a dizê-lo:

1) Qualquer empreendimento aqui no Brasil é conduzido sob denúncias de corrupção; ou seja, qualquer obra ou não é feita plenamente como deveria ser ou se o for custará bem além do planejado! Seja ela de iniciativa municipal, estadual ou federal.

2) Não devemos menosprezar o fato de que é muito difícil para o povo brasileiro entender que o uso racional da eletricidade é prioritário e que isso controlaria o aumento da demanda; e que se assim não acontecer, a opção de governo pela matriz energética brasileira poderá ser: degradar construindo hidrelétricas ou impor altos custos e riscos construindo usinas nucleares. É muito triste afirmar isso: “já está incorporado na nossa cultura o desperdício com alimento, água, eletricidade, recursos financeiros etc.”. Nosso sistema educacional não está preparado para informar nem tampouco formar cidadãos. E não são muitas as autoridades que sabem disso!

3) Rever todo o plano de uso da energia nuclear, como sugerido pelo físico especialista em energia, José Goldemberg, não parece estar nos planos do governo.

4) As alternativas: energia solar, eólica, biocombustíveis... serão sempre consideradas como “complementares” aqui no Brasil (uma lástima; veja alguns dados abaixo sobre energia eólica).

5) Segurança das usinas nucleares: todos os especialistas envolvidos, aqui no Brasil, acham que o nosso sistema é muito seguro (as autoridades japonesas também diziam a mesma coisa!). Não deve ser esquecido que o “lobby” dos interessados em tirar proveito financeiro dos altos custos de implantação das usinas é intenso.

O Brasil, segundo dados da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp) vem gerando, em megawatts:

Usinas hidrelétricas 77.290;
Usinas termelétricas 30.172;
Pequenas centrais hidrelétricas 3.537;
Usinas termonucleares 2.007.

Para aqueles que não acreditam no potencial da energia eólica e subestimam sua potencialidade, visitem o site http://www.wwindea.org/home/images/stories/pdfs/worldwindenergyreport2010_s.pdf, da WWEA - World Wind Energy Association. Transcrevi desta associação os seguintes dados de energia eólica gerada em megawatts, em 2010, pelos principais países geradores:

China 44.733;
Estados Unidos 40.180;
Alemanha 27.215;
Espanha 20.676;
Índia 13.065.

Considerando que a eletricidade total gerada no Brasil, por suas várias formas conforme divulgado no site da ANEEL mostrado acima, é de 114.105 megawatts eu pergunto: “por que muitas pessoas ainda consideram que a energia eólica é apenas uma forma complementar de geração de eletricidade”? Finalizando (este capítulo):

... a usina nuclear projetada para o nordeste, a de Itacuruba, a 470 km do Recife, será implantada na margem esquerda do rio São Francisco. Os opositores destacam que em caso de acidente, as águas do rio espalharão a radiação ao longo dos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. Um projeto estimado (inicialmente) em R$10 bilhões para gerar 6.600 megawatts de energia..

“Last but not least”: e as nossas leis? Vão nos proteger? Ah! nossas leis! São as melhores do mundo!!! A esse respeito eu acho que nos cai muito bem o que disse Publius (or Gaius) Cornelius Tacitus (AD 56 – AD 117): “corruptissima republica, plurimae leges” (quanto mais corrupto o país, mais leis ele tem). Isso pode não justificar. Mas explica muita coisa!!!

Há...............no meu caminho

José Virgolino de Alencar







Há pedras no meu caminho. Rochas instransponíveis de minhas desilusões.

Há fogo no meu caminho. Fogo que calcinou minhas emoções.

Há guerras no meu caminho. Guerras com suas destruidoras explosões.

Há espinhos no meu caminho. Espinhos que deixaram em minh’alma irreparáveis lesões.

Há amores em meu caminho. Amores convertidos em patológicas paixões.

Há mulheres no meu caminho. Mulheres que foram se abrigar em outros corações.

Há música no meu caminho. Música soando como tristonhas canções.

Há poesia no meu caminho. Poesia que canta saudades, sonhos e ilusões.

Há escuridão no meu caminho. Escuridão que traz o pavor das malassombrações.

Há medo no meu caminho. Medo do amanhã e suas inescrutáveis imponderações.

Há mundo no meu caminho. Mundo não sonhado e manchado por convulsões.

Há vida no meu caminho. Vida a ser vivida na mudança para o Plano das Orações.

Há Deus no meu caminho. Deus que me acolherá com suas santas oblações.

Há céu no meu caminho. Céu onde espero chegar com todos os perdões.

Há eternidade no meu caminho. Eternidade que gozarei livre das perigosas tentações.

ANACHRONISMOS









W. J. Solha




Tive um prazer enorme ao fazer o conto “Capitu. E Escobar”, pra coletânea organizada por Rinaldo de Fernandes... ... entre outras coisas, por conta da reconstituição histórica a que me vi forçado, a fim de recriar o ambiente bem Rio de Janeiro 1899, quando o livro foi lançado.



Mas se deu que, num determinado ponto, escrevi:

Escobar pôs o havana entre os dentes, pegou a valise de sobre a mesa, seguiu Capitu até o gabinete de Bentinho,viu-a dar a volta ao bureau e sentar-se na poltrona giratória.

Pumba: alguém me disse que não havia poltronas giratórias na época. E realmente não as havia... brasileiras. As primeiras, fabricadas aqui, segundo alguns, são de 1953, conforme outros, de 1930. Mas eu vira – antes de trabalhar no conto – uma dessas peças – trazida dos Estados Unidos - na foto do escritório de uma professora de Piracicaba, SP, no final do século XIX, fato que parece confirmado por este anúncio de antiquário:


Bentinho era rico e mandara buscá-la. Why not?...

Mas tudo depende do contexto. Quando, em 1969, na Paraíba, produzimos em branco e preto (porque não tínhamos capital para um filme em cores) o longa-metragem “O Salário da Morte”, do Linduarte Noronha, eu e o José Bezerra Filho fomos considerados anacrônicos e falimos. Quando, DOIS ANOS DEPOIS, Bogdanovich fez – também em preto e branco - “A Última Sessão de Cinema” - foi elogiadíssimo... porque retratava os anos 50... e fizera um grande filme.

O bigode de Dali, repetindo (e exagerando) , no século XX, o de Felipe IV – retratado por Velásquez, no século XVII – nem por isso foi anacrônico, pois ao fazer algo que há séculos não mais se fazia, cumpriu sua função: manter o mundo antenado no fato de que ali havia alguém... diferente, doido como seus quadros.



Tratava-se de um gracejo. Como o destas ilustrações.



Às vezes o anacronismo é casual.



O que se vê na foto abaixo, com Ben-Hur numa quadriga emparelhada com um calhambeque parece nonsense, anacronismo, porém o carro apenas conduz as câmeras. Mas calhambeque? Em 1959?



Não, trata-se da filmagem de uma cena da versão anterior à que todos conhecemos, em branco e preto, de 1925.


Em 1991 houve o grande sucesso deste disco , porque Natalie Cole, “anacronicamente”, fizera (revolucionariamente) dueto com o pai, Nat King Cole, falecido vinte e seis anos antes, ...o que não foi novidade, pois lemos em Mateus, capítulo 17:


Tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou a um alto monte. E transfigurou-se ante eles. Seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.

Nos dois casos, houve a valorização de personagens atuais ao apresentá-los coadjuvados por outros, antigos, então de mais prestígio. De igual modo, o Renascimento – no século XV – e o Barroco, que veio a seguir, foram tentativas de reedição da Idade de Ouro greco-romana. Bernini, por exemplo, em seu Davi, retoma a poderosa precisão anatômica e a força de expressão alcançadas pelo Laocoonte de Agesandro, Atenodoro e Polidoro, da ilha de Rodes.


Miguelângelo, por sua vez, ao conceber a cúpula da catedral de São Pedro, em Roma - foto à direita, abaixo – anacronicamente reproduziu o Panteão, de Apolodoro de Damasco, construído na mesma cidade, mil e duzentos anos antes.


E isso teve herdeiros. Abaixo, foto que tirei de minha mulher (com bela intervenção vermelhona do ônibus de dois andares) ante a catedral anglicana de São Paulo, em Londres, do século XVII, com sua cúpula que é a segunda maior do mundo, depois da de São Pedro. Sequer superou a original.


O mesmo se deu com o domo do Capitólio, em Washington, do início do século XIX, que de americano só tem a bandeira:


E aqui vai outro brutal atópico (fora de lugar) anacronismo: a Bolsa de Valores de Nova York, na famosa Wall Street, em que se tentou dar a seu objetivo a importância que teria o do Pártenon, da Grécia antiga. Afinal, ali também se dizia bem alto: “In God we trust!”



Neste meu livro há o roteiro para um longa-metragem – “Os Gracos” – que começa com a imagem do Tribunal da Justiça de João Pessoa – como na foto abaixo – acrescentados os caracteres: ROMA 133. A.C.


A câmera, então, faria uma panorâmica para a direita, mostrando a rua – com muita gente e automóveis – com a nítida intenção de mostrar o quanto é contemporânea a luta pela reforma agrária tentada no Império Romano, e que custou vidas como a dos irmãos Tibério e Caio Graco, eleitos tribunos da plebe com essa plataforma. Para que o espectador não se esquecesse disso, o filme deveria ser pontuado por outros (anacrônicos) cenários paraibanos equivalentes, como este:



Por falar nisso, no primeiro capítulo deste meu romance ...dois de meus personagens - Padre Martinho e Corrinha - fazem cooper ao redor da Praça da Independência, na mesma João Pessoa, e narro, em certo ponto:

Corrinha olha para o carregamento de flores chegando numa camioneta para os floristas do pavilhão de altas colunas, cujos degraus desembocam na calçada logo à frente deles, edifício que o amigo dissera-lhe conhecer como Gloriette, na Áustria, igual ao – lindíssimo - que havia no alto dos jardins do castelo de Schönbrunn.
“Igual” é exagero. Mas aqui vão os prédios decorativos paraibano e austríaco :



Nada demais, numa terra “pequenina e doida”, a nossa, que tem a história de Hamlet recontada num romance - “A Bagaceira”, de 1928 -, cujo autor – José Américo de Almeida, também hamletiano -, teria, dois anos depois, aqui, seu Elsinor: o Palácio da Redenção.


Bem. Hegel observa que todos os fatos de grande importância na História ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Ao que Marx acrescentou: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Realmente: quem não se lembra de Perón com o primeiro governo vinculado a Evita, o segundo a Isabelita?


Foi o mesmo que se deu com Getúlio no segundo período como presidente, de 51 a 54, quando já não era, mais, o revolucionário de 30.

Anacronismo pode, também, ter outra função. Usei-o como forma de expandir a narrativa nesse roteiro dos Gracos e em meus romances “Shake-up” (UFPB 1997) e “A Verdadeira Estória de Jesus” ( Ática, 1979). Neste, Moisés torna visível sua semelhança de porte com o também judeu Marx, quando põe o charuto entre os dentes; e o evangelista Mateus, em ataque de fúria, diz que quer destruir “aquela Roma novaiorquina”, mandando - os que considerarem isso impossível – que se lembrem “de que Ho Chi Minh, com seu general Giap expulsaram a América do Vietnã”.

Observe, na foto abaixo, da “Adoração dos Magos” de Roger van der Weyden, o crucifixo entre os arcos, sob o telheiro:


Esse anacronismo prospectivo convoca o cristão à piedade pelo recém-nascido, cujo destino é ser sacrificado. Sequer damos atenção, depois disso, a outros anacronismos e atopismos involuntários da obra, como o da cidade de Belém ao fundo, ou o dos figurinos dos personagens que chegam, em nada fiéis aos costumes do Oriente no século I.

A razão disso é que, embora a História venha dos tempos de Heródoto, é relativamente novo o seu estudo mais científico, organizando escavações por toda parte, acompanhadas pelo trabalho de alta especialização nas universidades. Os artistas plásticos anteriores a isso, desinformados, cometeram “liberdades” como a acima, ou a de Velásquez ao criar seu “Marte” com enorme bigodão de portuga...



... enquanto Moliére posava pra um retrato no papel de Júlio César, que era assim, ... mas com a peruca típica de sua França do século XVII:


A propósito: no “Julius Caesar” de Shakespeare há um anacronismo famoso, no que o senador Cassius diz que o relógio bateu três horas:

- The clock has stricken three. Não havia relógios zoando em Roma, em 44 a.C.


El Greco incorreu no mesmo erro ao colocar, ao lado de Jesus, no “Espólio” - que me deixou de queixo caído na sacristia da catedral de Toledo -, um soldado com uma armadura produzida... na época do pintor e em sua própria cidade.

Já o barroco Tiépolo, no afresco abaixo, fez de Cleópatra uma autêntica Madame Pompadour, contemporânea dele.


E aí está mancada bem mais recente - hollywoodiana - no topete de “galã americano” do inglês Richard Burton, típico dos anos 50, no filme “O Manto Sagrado”...

... erro que não se repetiu no seu penteado à romana, ao fazer Marco Antonio em “Cleópatra”:


O futuro do passado (como o que abriga a figura do crucifixo no presépio) é fácil de se conceber. Nosso porvir, no entanto – pelo menos por agora – é indevassável. E ao criador é quase impossível escapar da estética em que vive, por mais científica que seja sua ficção. Daí - na divertida antevisão que se fez em “Perdidos no Espaço”, seriado de sucesso, rodado de 1965 a 68
– o anacronismo nos penteados das duas moças que estão em pé.

Não escaparam da moda corrente na ocasião:


Ainda mais equivocado foi o vaticínio excessivamente otimista de Kubrick no filme “Uma Odisseia no Espaço”, dessa mesma época – 1968 – com o ser humano chegando a... Júpiter ... em 2001, ano em que o fato mais marcante dos terráqueos acabou sendo a implosão do World Trade Center.



Mas que importa, quando o filme permanece, até hoje, ... tão deslumbrante quanto o quadro de El Greco?

VIDEO DO DIA

"Vai, vai mesmo," de autoria de Ataulfo Alves e cantada por Nora Ney no video abaixo é uma singela homenagem a um mal-assombrado que andou perturbando a corte brasiliense esta semana que passou. HC


sexta-feira, maio 27, 2011

Com qual presidente eu vou?










Sandro Vaia


Depois de um descanso de cinco meses, o presidente Lula reassumiu seu cargo na quarta-feira passada, foi almoçar com algumas eminências pardas na casa do sábio conselheiro Sarney, colocou ordem na casa da Mãe Joana em que se tornou o governo, deu um pito em alguns ministros, puxou as orelhas de Palocci e de Dilma Roussef por estarem maltrando a base aliada e foi embora para casa.

Não sem antes, claro, posar para as fotos com ar de Eisenhower pronto para comandar o desembarque na Normandia.

Na quinta, as prerrogativas do cargo voltaram às mãos de sua alter-ego eleita, que mandou arquivar os filmetes de propaganda anti-homofóbica que o ministro da Educação ia distribuir nas escolas públicas, dizendo que não cabe ao governo fazer propaganda de opções sexuais e nem interferir na vida privada das pessoas.

É certo que os filmetes só foram interditados depois que a bancada evangélica, com a sutileza elefantíaca de um Anthony Garotinho, ameaçou votar a favor da convocação de Palocci para depor na Câmara se os filminhos homoafetivos de Haddad não fossem retirados de circulação.

Ficou a impressão de que a presidente decidiu certo por linhas tortas, mas esses também são ossos do ofício presidencial.

Ao retomar seu cargo, a presidente ainda criticou aqueles que estão “politizando” o caso Palocci, como se a acusação de descomedido e rápido enriquecimento do ministro não fosse uma questão política, como se ela própria não fosse política , como se o acusado não fosse político, como se governo e oposição não estivessem aqui ou em qualquer lugar do mundo tratando de política e em qualquer hora do dia ou da noite travando um embate político, pois é de política que a política trata.

A República viveu uma semana divertida em sua primeira experiência multipresidencial desde que 3 militares dividiram a presidência, quando o marechal Costa e Silva sofreu uma trombose que o impediu de continuar governando.

Já na segunda-feira o governo sofrerá uma estrondosa derrota na votação da lei do Código Florestal, principalmente na votação da emenda que transfere aos estados a regulamentação de alguns artigos controvertidos do Código.

O PMDB, esteio numérico da base aliada, votou em peso na emenda, que a presidente Dilma chamou de “vergonhosa”, segundo o sutil aviso de Cândido Vaccarezza, o líder do governo na Câmara Federal, que foi atropelado em plenário e aplastado como um gato de desenho animado pelos seus próprios liderados.

Para completar a noite gloriosa, Vaccarezza deixou no ar uma advertência que horrorizou os deputados de almas mais sensíveis e que os distraídos jornalistas políticos deixaram passar batido como se fosse apenas uma banalidade: “Esta Casa corre risco quando o governo é derrotado”.

O que quis dizer Vaccarezza com isso? Ele estaria com um AI-5 no bolso ou foi apenas uma boquirrotice de um goleiro abalado pela bola que tinha acabado de passar por baixo de suas pernas?

Alguns deputados esbravejaram da tribuna, mas nenhum jornalista se deu ao trabalho de perguntar ao líder o que ele quis dizer com aquilo.

A semana agitada parece se encaminhar para um final menos turbulento, ainda que com uma dúvida pairando no ar: qual presidente governará na semana que vem?

Sandro Vaia, jornalista, que foi repórter, redator, subeditor e editor do Jornal da Tarde de 1966 a 1984. Foi editor executivo e diretor de redação da revista Afinal de 1984 a 1988, diretor de Informação da Agência Estado de 1988 a 2000 e diretor de Redação de ‘O Estado de São Paulo “ de 2000 a 2006. É autor do livro ‘A Ilha Roubada” sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez, publicado pela editora Barcarolla.

Aviso aos Navegantes

Cuidado em locais como: Controle de segurança de estação: rodoviária, metrô, aeroporto ou qualquer posto de revisão, alfândega, fronteiras...

Se alguém lhe pedir para segurar uma garrafa de água, ou qualquer outro objeto, não o faça; seja idoso, grávida, deficiente ou quem quer que seja.

Você pode ser preso por tráfico de drogas.

Confira no vídeo abaixo. Divulgue...


A Frase do Dia


"A Dilma anda tão sumida que até o Barack Obama, tem aparecido mais do que ela no noticiário nacional."
Luis Inácio, no almoço com os senadores do PT.

Grande descoberta








Olavo de Carvalho


Diário do Comércio, 1 de novembro de 2010

De repente, parece que todas as mentes iluminadas do país descobriram aquilo que os documentos internos do PT, as atas do Foro de São Paulo e centenas de artigos que escrevi a respeito lhes teriam revelado dez ou vinte anos atrás, se consentissem em lê-los e se, malgrado suas profissões nominalmente letradas, não padecessem da obstinada insensibilidade brasileira à palavra escrita.

Brasileiro só acredita no que vê. Não no que vê com os seus próprios olhos (a capacidade de inteligir diretamente da experiência é desconhecida na nossa cultura), mas naquilo que vê na televisão; ou naquilo que ouve da boca das "pessoas maravilhosas", cujas palavras dão visibilidade até ao inefável. Enquanto uma coisa não aparece no "Jornal Nacional" ou não é confirmada pelo testemunho de meia dúzia de pop stars, ela não existe, ainda que pose ante os olhares do mundo desde o alto do Corcovado ou no meio da Praça da Sé. Nélson Rodrigues falava do "obvio ululante", mas em vão ululam os fatos mais espalhafatosos na Terra do "Eu não sabia". Sem o nihil obstat apropriado, até um King Kong político como o Foro de São Paulo permanece abstrato e inacessível como uma hipótese metafísica escrita num papiro desaparecido.

Mas recentemente até Caetano Veloso, Arnaldo Jabor, Hélio Bicudo, Carlos Vereza e Fernando Gabeira saíram gritando, e então as mentes iluminadas se abriram à revelação: descobriram que o PT não é um partido normal, feito para alternar-se no poder com os demais partidos, e sim uma organização revolucionária criada para absorver em si o Estado e remoldá-lo à sua imagem e semelhança. Grande descoberta. Teria sido ótimo fazê-la quando o PT ainda tinha quinze por cento do eleitorado. Hoje ela soa como o verso de Manoel Bandeira, o mais triste do idioma pátrio: "A vida inteira que poderia ter sido e que não foi."

Almas desencantadas com o esquerdismo revolucionário nunca faltaram no mundo, pelo menos desde a década de 30 do século passado. Uma delas, Ignazio Silone, chegou até a dizer que a batalha política final não seria entre comunistas e anticomunistas, mas entre comunistas e ex-comunistas.

A diferença é que no Brasil de hoje essas almas, ao mudar de partido, não percebem que o fizeram: falam de seus desafetos de agora como se estes não fossem seus ídolos de ontem. Acusam com a inocência de quem não se lembra de ter sido cúmplice nem mesmo por um minuto.

É fenômeno inédito no universo. Por toda parte são célebres os depoimentos de comunistas e "companheiros de viagem" arrependidos: Arthur Koestler, André Gide, David Horowitz, Guillermo Cabrera Infante, Victor Kravchenco, Louis Budenz, Emma Goldmann, Victor Serge, a lista não acaba mais. Em cada um desses casos a decepção política trouxe consigo o impulso de uma revisão do passado, de uma aferição de responsabilidades. Na mais lacônica das hipóteses, vinha a confissão de Humphrey Bogart, que se tornou clássica ao resumir tão bem a vida de milhões de ex-militantes e simpatizantes:

– Eu não era comunista. Era apenas idiota.

No Brasil também se fazia assim. Da legião dos desiludidos com o PCB nos anos 50 – Oswaldo Peralva, Paulo Mercadante, Antonio Paim e tantos outros – nenhum se esquivou, que eu saiba, de pesar sua parcela de colaboracionismo na construção da engenhoca stalinista.

É que naquela época havia intelectuais, pessoas que a aquisição de uma cultura internacional havia libertado dos vícios do meio imediato. Hoje, esses requintes de consciência são coisas do passado. Só o que interessa agora é ficar bem na fita. Os fulanos dão tudo de si para consagrar o mito da santidade da esquerda, acendem mil velas a São Lulinha, aplaudem, lisonjeiam, babam de devoção, e depois, quando o ídolo falha às suas expectativas, saem esbravejando como se fossem vítimas e não co-autores do embuste. Nunca foi tão barato virar herói da noite para o dia.

Não condeno essa gente do ponto de vista moral. Digo apenas que não há política séria onde as opiniões sobre o curso geral das coisas vêm amputadas de toda consciência autobiográfica. Só entendemos a História desde a nossa própria história. Quando o desejo de parecer bonito sobrepuja a necessidade de compreender a vida pessoal no contexto da História e vice-versa, é que, definitivamente, o apego às falsas aparências do momento se tornou uma obsessão psicótica, extirpando das almas o último resíduo de senso da realidade.

Mas, para piorar, não foi esse mesmo culto que consagrou o mito "Lulinha Paz e Amor"? Não foi a ânsia de enxergar virtudes imaginárias numa personalidade mesquinha, oca e vaidosa que levou tantos brasileiros a tapar os olhos ante um passado político no qual o futuro se anunciava da maneira mais clara e evidente? Não foi esse apetite de automistificação que induziu a classe letrada praticamente inteira a crer mais em alegações publicitárias e desconversas interesseiras do que em milhares de páginas de documentos e provas?

De que adianta, agora, repetir o mesmo erro com signo partidário invertido? Ninguém pode tomar uma posição madura ante os fatos da História quando rejeita e encobre os da sua própria vida. Não há futuro para quem foge do passado.

No entanto, ainda que do modo errado, essas pessoas estão do lado certo. Espero que esse lado vença, mas é claro que ele teria mais força se trocasse o bom-mocismo por um pouco de virilidade intelectual.

quinta-feira, maio 26, 2011

UM ALERTA PARA TODOS - NOVAS FORMAS DE ROUBO

Recebi esses avisos em forma de e-mail e reproduzo aqui no Blog para que vocês se dêm conta de como anda a violência e a segurança nesta terra Pindorama. Vamos ler e prestar atenção, já que nós pobres mortais não somos políticos e não dispomos de segurança particular. HC


IMAGINAÇÃO SEM LIMITES
DOS MELIANTES

Esperam num estacionamento, e depois de você sair do carro, eles mudam a placa e ficam à espera. Depois, te seguem, te ultrapassam e mostram a placa pela janela, como se e
la se tivesse desprendido do teu carro. Talvez você fique um pouco espantado por ver a tua placa ali mas, sem desconfiar e porque acha que ela caiu, resolve parar para recuperá-la e agradecer a quem tão "generosamente" deseja devolver a placa que você nem reparou que tinha caído... Parar é tudo o que eles querem que você faça e aí já é tarde demais e terá sorte se não for violentamente tratado, raptado, ferido ou morto (que ironia: será ótimo se for apenas um assalto). Não pare, seja por que motivo for. Uma placa não é nada, comparada com a tua integridade física. Pense no que poderá acontecer, antes de agir.


NOVO USO DO FORNO MICROONDAS


A polícia de Santa Catarina descobriu um novo golpe na praça contra cheques. Uma quadrilha que atua no Estado descobriu uma forma de adulterar os valores dos cheques que sã
o preenchidos nas máquinas eletrônicas do comércio. Pelo golpe, os cheques têm os valores impressos adulterados mecanicamente e são apagados depois de colocados em fornos microondas. Com o mecanismo, a assinatura do cliente a caneta fica intacta e os golpistas preenchem o cheque com novos valores. "O preenchimento (na máquina) é feito com toner, que é um pó. Este pó é desintegrado dentro do microondas". De acordo com investigações policiais, nos últimos dois meses, uma mesma agência bancária de Florianópolis recebeu 11 cheques adulterados da mesma forma. Segundo o perito, um cheque de R$ 27 emitido em um circo na capital foi compensado dois meses depois, em Feira de Santana, na Bahia, por R$ 4.200. Sempre usar sempre a caneta para o preenchimento dos cheques.


MALABARISTAS DO TRANSITO

É comum encontramos crianças, com bolas de tênis na mão, fazendo malabarismo nos sinais. "Como não tinha nenhuma moeda, pedi desculpa ao garoto e ele foi para a parte traseira do meu veículo. Foi aí que achei estranho: o garoto abaixou e ficou atrás do veículo, alguns segundos. Depois saiu correndo... Após alguns metros meu carro parou repentinamente, e para minha surpresa, dois sujeitos me abordaram e levaram minha carteira, celular e Notebook. Após o susto, verifiquei que o garoto havia colocado uma das bolas que utiliza para o malabarismo no escapamento do carro, resultando em um afogamento e consequente parada do motor. Não posso afirmar que todas estas crianças fazem parte deste esquema, mas vale a pena prestar atenção a alguns detalhes."

Obs: Caso venha perceber tal atitude, antes que este abaixe-se atrás do seu carro, acelere o máximo o motor, que assim talvez a "criança" não conseguirá encaixar a bolinha no cano de escapamento!

NR - Obrigado Jorge Zaupa pelo envio dos e-mails.




ECOLOGIA EM FOCO "DE LUTO"

Breno Grisi

Caros leitores: é uma lástima que tenhamos que baixar nossas cabeças e nos submetermos à "genialidade" dos nossos congressistas, que ignorando todo o conhecimento científico que se desenvolve neste país, por suas sólidas instituições de pesquisa (Universidades, Embrapa, INPA e alguns outros órgãos de pesquisa brasileiros...), aprovou (nesta "primeira fase") a MUTILAÇÃO do Código Florestal brasileiro.

A mídia, por sua vez, divide-se, entre um comentário inteligente feito pela economista Miriam Leitão (postagem anterior deste blog) e um comentário submisso à classe produtora inconsequente do jornalista Joelmir Beting, na Band. Vejam, abaixo, minha mensagem a essa emissora de televisão, que enviei hoje:

Prezados senhores da equipe de notícias/jornalismo da Band:

Sempre acompanhei o Band News e o Terra Viva. Sempre confiei em ambos, principalmente pela imparcialidade.

Venho observando no entanto, a forte tendência dessa importante emissora formadora de opinião, em nível nacional, em contemplar favoravelmente em seus comentários diários a MUTILAÇÃO que querem executar no Código Florestal Brasileiro. Um pequeno exemplo: os comentários de hoje pelo jornalista Joelmir Behting favorável a essa mutilação aprovada pela Câmara Federal, encerrou-se com a frase: ..."os produtores rurais precisam e o Brasil merece"... Ou algo parecido!

É uma lástima. Pode ser muito duro, afirmar isso, mas é a verdade: Este respeitável comentarista não sabe nada a respeito de meio ambiente. Não tem nenhuma percepção sobre o que seja necessário para se manter o país como grande produtor de alimentos. Nem tampouco que não se deve, em hipótese alguma, desmatar margens de rios nem encostas e topos de morros.

Postei informações sobre isso em meu blog de ecologia: www.ecologiaemfoco.blogspot.com. Neste blog os senhores verão meu perfil.
E nesta oportunidade ofereço-me para dar umas "aulinhas" ao digníssimo jornalista (e demais colegas, do Terra Viva, caso desejem) sobre o PORQUÊ de não se perpetrar tal mutilação no Código Florestal. Dou aulas sobre Ecologia de Ecossistemas e Economia Ambiental.

Observações finais: 1) Esta é uma questão de responsabilidade social, simplesmente porque: desenvolvimento sustentável social é precedido pelo desenvolvimento sustentável econômico, que por sua vez fundamenta-se (fatalmente) no desenvolvimento sustentável ecológico. Este é o primeiro capítulo das "aulinhas".

2) Vou divulgar esta mensagem no "ecologiaemfoco".

Respeitosamente,

Breno Grisi
MSc Ecologia (USP)
PhD em Ecologia (Universidade de Essex, Inglaterra)
Pós-doutor (Rothamsted Experimental Station, Inglaterra)
Ex-Professor da UFBA
Ex-Pesquisador Adjunto da CEPLAC, Bahia.
Professor Aposentado da UFPB (atualmente, em Universidades particulares, em João Pessoa, PB)
Autor de vários artigos de pesquisa em diversos ecossistemas e agrossistemas brasileiros (e da Ingalterra)
Autor do "Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais"

Do BLog ECOLOGYINTOFOCUS

Rolando na Rede


A gratidão me obriga...

Quero agradecer a todos pelos e-mails educacionais que recebi de vocês. Graças a eles:

Eu não abro mais a porta do banheiro sem usar uma toalha de papel nas mãos; não bebo mais refrigerante com rodelas de limão ou laranja sem me preocupar com as milhares de bactérias na casca;

Eu não consigo mais usar o controle remoto em quartos de hotel porque não sei o que a última pessoa estava fazendo enquanto navegava nos canais adultos;

Eu tenho dificuldade em apertar a mão de alguém que estava dirigindo porque o passatempo predileto de alguém dirigindo é escarafunchar o nariz;

Eu não consigo pegar numa bolsa de mulher com medo que ela a tenha colocado no chão de um banheiro público;

Eu tenho que mandar um agradecimento especial para quem me mandou uma mensagem falando do cocô de rato na cola de envelopes porque agora eu uso uma esponja úmida para cada envelope que precisa ser selado...

Pela mesma razão, escovo vigorosamente cada latinha antes de abri-la;

Eu não tenho mais economias porque dei para uma menina doente (Penny Brown) que está para morrer pela 1.387.258 vez.

Eu não tenho mais dinheiro, mas isto vai mudar quando eu receber os 15.000 dólares que o Bill Gates/Microsoft e AOL vão me mandar por participar no programa especial de e-mail.

Eu não me preocupo mais com minha alma porque eu tenho 363.214 anjos olhando por mim, e a novena de Santa Theresa atendeu a todos os meus desejos.

Eu não posso mais beber um drink num bar porque posso acordar numa banheira cheia de gelo sem meus rins.

Eu não posso mais usar desodorantes,cancerígenos, mesmo fedendo como um búfalo num dia quente.

GRAÇAS A VOCÊS aprendi que minhas preces só serão atendidas se eu enviar um email para 7 dos meus amigos e fizer um desejo em 5 minutos.

GRAÇAS À SUA PREOCUPAÇÃO eu não bebo mais Coca Cola porque ela é capaz de remover manchas em privadas.

Eu não abasteço mais o carro sem ter alguém vigiando o carro para que um serial killer não entre no banco de trás enquanto eu estou abastecendo.

Eu não bebo mais Pepsi ou Fanta porque as pessoas que produzem esses produtos são ateístas e se recusaram a colocar nas latinhas "Feito por Deus".

E OBRIGADA POR ME AVISAR que eu não posso esquentar um copo de água no microondas porque pode estourar na minha cara.... e me desfigurar para a vida inteira.

Eu não vou mais ao cinema porque me disseram que eu posso ser picada por um alfinete infectado com AIDS, quando eu sentar.

Eu não vou mais a shopping centers porque alguém pode me drogar com uma amostra de perfume e me roubar.

Eu não recebo mais pacotes da UPS ou FedEx porque na realidade os entregadores são agentes disfarçados da Al Qaeda.

E eu não atendo mais telefones porque alguém vai me pedir que disque um número pelo qual eu vou receber uma conta com chamadas para a Jamaica, Uganda, Singapura e Uzbekistan.

GRAÇAS A VOCÊ eu não uso outra privada que não a minha porque uma enorme cobra preta pode estar escondida dentro da privada e me matar, instantaneamente, quando picar minha bunda.

E GRAÇAS AO SEU ÓTIMO CONSELHO eu não me abaixo mais para pegar uma moeda caída no chão do estacionamento porque provavelmente foi colocada lá por um tarado sexual que estará esperando prá me agarrar por trás quando eu me abaixar...

Eu não dirijo mais meu carro porque comprando gasolina de algumas empresas, estou apoiando a Al Qaeda e se comprar das outras companhias, estou apoiando os ditadores sul-americanos.

Eu não mexo mais no meu jardim porque tenho medo de ser picado pela aranha madeira e minha mão vai cair.

Ah... E estou guardando a escova de dentes no meu quarto, por causa das bactérias do banheiro.

quarta-feira, maio 25, 2011

Triste Sina

Professor não é profissão, é sina. Tenho quatro filhos e todos eles em algum momento de suas vidas, se espelhando talvez no exemplo digamos, paterno, se enfronharam a enfrentar uma banca de magistério. Quase todos ainda hoje se esforçam neste ofício divino, porém insano. Sabemos o que os professores desta Terra sofrem. “Aluno é Receita – Professor é Despesa”, é o lema de uma Instituição de Ensino muito respeitada aqui no Recife onde a minha mulher lecionou. Também ela, professora! Maldigo a mim mesmo não ter deixado um legado, digamos, mais respeitoso para minha família. Recebi este vídeo e o guardava para postagem no dia dos Professores. Desisti da idéia. Dia do Professor são os 365 de luta inglória. Resolvi postá-lo hoje, em homenagem aos mestres injustiçados dessa Terra Pindorama. Como mencionei acima, recebi o vídeo, do meu neto de 19 anos de idade. Ele próprio também, professor. É sina! HC

Coluna do Moacir Japiassu













"Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei que, que nasce não sei onde,
vem não sei como e dói não sei por quê."

(Luiz de Camões, repórter e poeta.)

Nota dez para Gigantes do Futebol Brasileiro

Pedimos informações sobre a reedição da histórica e esgotadíssima obra e o considerado João Máximo, maior grife do jornalismo esportivo do Brasil, enviou à coluna o seguinte texto:

O livro, como você sabe, saiu em dezembro de 1965. Certo de que o Brasil seria tri, fácil, na Inglaterra, o editor Ruy Carvalho (que o encomendara ao Marcos de Castro, então meu editor no JB), lançou-o perto do Natal. Na pressa, tivemos que fechar com 13 jogadores e não com os 15 pensados. Resultado: Didi e Ademir ficaram de fora. Ouvimos o diabo por causa disso.

João Saldanha, de quem eu e Marcos ainda não éramos amigos, escreveu: "Dois jovens jornalistas acabam de escrever um livro sobre os maiores jogadores do Brasil. Que pena que não viram Didi jogar". Justíssimo puxão de orelha. O importante é que o livro vendeu todo, mas, como o Brasil fez o que fez em Liverpool, nunca mais foi reeditado.

A nova edição é um capricho só. Nela, começamos por pagar a dívida com Didi e Ademir e acrescentamos mais sete craques: Gérson, Rivelino, Tostão, Romário, Zico, Falcão e Ronaldo (dos nove "novos", Romário, Zico e Falcão foram escritos pelo Marcos, que teve trabalho maior na revisão de Pelé e Garrincha). Em tempo, já estamos vacinados contra protestos sobre os ausentes...

O lançamento é terça-feira, 24/5, às 19 horas, na Livraria da Travessa: Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema. Em São Paulo, ainda não temos data marcada, mas deve ser no Museu do Futebol.

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Pela culatra

De Janistraquis, num momento de extremo enfado:

"Essa campanha 'esquerdista' contra o deputado Jair Bolsonaro é tão inteligente e eficiente, mas tão inteligente e eficiente, que ele vai acabar sendo eleito governador do Rio."

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Sacanear a nação

Eis o textinho:

Depois que esta tão sacaneada nação teve um presidente analfabeto e continua a ter um ministro da educação que pronuncia gratuíto e beneficiência, ganhou força aquela besteira defendida por alguns "lingüistas" segundo a qual todo e canhestro linguajar está gramaticalmente correto.

Em Evocação do Recife, Manuel Bandeira escreveu estes versos:

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada

A "língua certa do povo" era apenas uma licença poética, pois Manuel Bandeira sempre bendisse e enalteceu a norma culta.

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O nariz de cera acima perpetrado é para condenar às profundas a obra (no sentido excrementício) lançada pela irresponsável Ong "Ação Educativa", a qual, como o considerado leitor já está careca de saber, defende frases assim: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".

Monteiro Lobato, a quem o dislate oficial passou a atribuir horrorosos crimes, dizia que um país se faz com homens e livros; pois hoje, apenas 63 anos depois da morte do escritor, vê-se o Brasil analfabeto virar um curral das vacas do Jeca Tatu.

(A propósito do absurdo, leia no Blogstraquis artigo do considerado Clóvis Rossi na Folha, intitulado "Inguinorança".)

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Nota zero

O professor de linguística da Unesp de Araraquara (SP), Luiz Carlos Cagliari, deu esta lição de insolência e bertoldice no Painel do Leitor da Folha:

O artigo de Clóvis Rossi ofende profundamente os linguistas do mundo todo. A linguística moderna substituiu o antigo ensino da gramática normativa, não desprezando a norma culta, mas mostrando que as línguas evoluem e mudam com o tempo e geram diferentes normas ou variantes linguísticas.

O que hoje pode soar como vulgar no português pode, no futuro, representar norma culta. A escola deve ter consciência da história da língua e dos valores que atribuímos socialmente às variedades linguísticas.

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Incorreto

Deu na coluna Política&Economia na Real (aqui), dos considerados José Marcio Mendonça e Francisco Petros:

No idos aos anos 1960, o escritor Sérgio Porto, na pele do seu alter ego Stanislaw Ponte Preta, o criador do Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), dando vazas a sua veia musical, compôs uma música que intitulou "O samba do crioulo doido". (Nome hoje politicamente incorreto. Deveria se chamar : "Samba do afrodescendente com deficiência mental").

Janistraquis alerta:

"Samba do afrodescendente com deficiência mental ainda está politicamente incorreto; o certo seria 'Samba do afrodescendente com necessidades especiais".

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Felicidade

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, despacha da sede vizinha ao Palácio da Liberdade, onde Aécio já foi mais feliz:

Engraçada, a Oi.

Acabo de receber o boleto para pagamento. Por fora do envelope está escrito:

"SUA CONTA CHEGOU !", como se isto fosse motivo para uma grande alegria...

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De poetas

O considerado Marco Antonio Zanfra, jornalista e escritor, assessor de imprensa do Detran de Santa Catarina, envia de seu QG na Praia da Joaquina:

Título na Folha.com de hoje, 15/5: "Chacina de gatos gera comoção e adoção em Ribeirão". Não deram a mínima importância ao eco da rima pobre certamente porque contrataram um poeta especializado em versos que possam ser cantados em ritmo de pagode.

Janistraquis acha que agirá sempre bem a empresa que contratar um poeta, mas que este saiba, no mínimo, dominar o verso alexandrino.

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Pobreza

A verdade é esta: a inflação faz um bom e rápido serviço e a "nova classe média" que dizem ter surgido com os programas sociais do doutor honoris causa está novamente pobre. Então, as pessoas começam a se desfazer de seus pertences, e, se há uma arma na família, ela é logo vendida nos postos de arrecadação espalhados por aí afora.

Janistraquis se lembrou de uma piada do genial humorista Don Rossé Cavaca na Tribuna da Imprensa dos anos 60:

"Minha situação está tão difícil, mas tão difícil, que se botassem uma arma na minha mão eu a venderia imediatamente...".

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Futebol na TV

O considerado Carlos Romero Mendes, que adora futebol e é profissional da área de Comunicação há mais de 50 anos, envia de seu escritório no Rio de Janeiro:

Concordo com o colunista em todos os conceitos sobre transmissões de futebol na TV e acrescento mais um que a cada dia fica mais inoportuno...

Visite o Blogstraquis e conheça o tal conceito mencionado por Carlos Romero, que hoje se dedica ao desenvolvimento de novas idéias para negócios promocionais.

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Bem demitida

A considerada Marcia Lobo, jornalista carioca que vive num sítio em Cunha (SP), na ótima companhia deste colunista, repassou notícia publicada no UOL sob o título Governo da Bahia exonera vice-diretora que suspendeu aluno porque "brincava" com colega do mesmo sexo, notícia que abrigava bilhete da demitida criatura, com os seguintes dizeres:

O aluno [nome] está suspenso por dois dias por indecência, indisciplina e ouzadia (sic) com o colega. Não respeita seu colega, está dando motivos para não ser respeitado. Lhe perguntei: que ele prefere se o sexo feminino ou o masculino, pois o que ele fez foi muito feio. Veio para a escola a fim de bagunçar.

Marcia acha que o mais chocante nessa história não foi a pretensa precocidade sexual do menino nem o castigo da vice-diretora:

"Mau exemplo dá uma professora que escreve ouzadia e ainda começa uma frase com lhe perguntei. Tá muito bem demitida!"

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Álcool é o vilão

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo banheiro, em subindo-se nas bordas do vaso sanitário, dá pra ver lá embaixo a multidão que tem motivo de sobra para atear fogo às vestes, pois o Mestre, químico aposentado da Petrobrás, nos enviou o seguinte e importantíssimo esclarecimento sobre o preço dos combustíveis:

A gasolina vendida aos motoristas de Brasília ultrapassou R$ 3,00 o litro. Isso assustou e deu matéria para a primeira página dos jornais. É preciso esclarecer que o que está caro é o álcool, pois 25% do litro da gasolina vendida no posto é, na verdade, álcool anidro.

Os donos de carros flex aprenderam que não vale a pena abastecer o tanque com álcool quando o etanol estiver com preço acima de 70% do valor da gasolina. Como o preço do álcool está a R$ 2,59 o litro, equivalendo a 86% do valor da gasolina, comprova-se que é o álcool o vilão dessa história.

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Cana firme

Num país razoavelmente decoroso, Antonio Palocci já estaria preso há uns bons dez anos.

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Sobrenome

O considerado Eduardo Almeida Reis, maior cronista diário da imprensa brasileira, anexou ao pé de sua coluna no Estado de Minas:

Ruminanças – “Quando casada com o ator Paulo César Grande, a atriz Suzy Rêgo sonhava ter uma filha, o que levou uma jornalista a perguntar qual seria o sobrenome da menina” (R. Manso Neto).

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Já morreu

Fascinado, Janistraquis arquivou no local mais nobre de nosso computador central:

ILUSTRADA (23.ABR, PÁG. E6) Diferentemente do publicado em nota sobre o livro "Literatura Comparada", a professora Tania Franco Carvalhal não leciona mais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pois morreu em 2006.

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Luiz Vaz

Leia no Blogstraquis a íntegra do soneto cujo fragmento encima a coluna. Copie e envie à mulher de sua vida alguns dos mais belos versos da língua, escritos pelo mesmo e genial autor da reportagem intitulada Os Lusíadas, na qual inexiste menção a formas como "nós vai" e "a gente fomos".

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Errei, sim!

BICHEIRO DIFÍCIL – Estimulante título do Diário Popular, de São Paulo: Secretário quer doação de bicheiro. Meio desatento, Janistraquis observou: “Considerado, o difícil é achar quem tem bicheiro pra doar...”. (setembro de 1993)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

Paraibano, 68 anos de idade e 48 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.