quarta-feira, maio 25, 2011

Coluna do Moacir Japiassu













"Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei que, que nasce não sei onde,
vem não sei como e dói não sei por quê."

(Luiz de Camões, repórter e poeta.)

Nota dez para Gigantes do Futebol Brasileiro

Pedimos informações sobre a reedição da histórica e esgotadíssima obra e o considerado João Máximo, maior grife do jornalismo esportivo do Brasil, enviou à coluna o seguinte texto:

O livro, como você sabe, saiu em dezembro de 1965. Certo de que o Brasil seria tri, fácil, na Inglaterra, o editor Ruy Carvalho (que o encomendara ao Marcos de Castro, então meu editor no JB), lançou-o perto do Natal. Na pressa, tivemos que fechar com 13 jogadores e não com os 15 pensados. Resultado: Didi e Ademir ficaram de fora. Ouvimos o diabo por causa disso.

João Saldanha, de quem eu e Marcos ainda não éramos amigos, escreveu: "Dois jovens jornalistas acabam de escrever um livro sobre os maiores jogadores do Brasil. Que pena que não viram Didi jogar". Justíssimo puxão de orelha. O importante é que o livro vendeu todo, mas, como o Brasil fez o que fez em Liverpool, nunca mais foi reeditado.

A nova edição é um capricho só. Nela, começamos por pagar a dívida com Didi e Ademir e acrescentamos mais sete craques: Gérson, Rivelino, Tostão, Romário, Zico, Falcão e Ronaldo (dos nove "novos", Romário, Zico e Falcão foram escritos pelo Marcos, que teve trabalho maior na revisão de Pelé e Garrincha). Em tempo, já estamos vacinados contra protestos sobre os ausentes...

O lançamento é terça-feira, 24/5, às 19 horas, na Livraria da Travessa: Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema. Em São Paulo, ainda não temos data marcada, mas deve ser no Museu do Futebol.

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Pela culatra

De Janistraquis, num momento de extremo enfado:

"Essa campanha 'esquerdista' contra o deputado Jair Bolsonaro é tão inteligente e eficiente, mas tão inteligente e eficiente, que ele vai acabar sendo eleito governador do Rio."

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Sacanear a nação

Eis o textinho:

Depois que esta tão sacaneada nação teve um presidente analfabeto e continua a ter um ministro da educação que pronuncia gratuíto e beneficiência, ganhou força aquela besteira defendida por alguns "lingüistas" segundo a qual todo e canhestro linguajar está gramaticalmente correto.

Em Evocação do Recife, Manuel Bandeira escreveu estes versos:

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada

A "língua certa do povo" era apenas uma licença poética, pois Manuel Bandeira sempre bendisse e enalteceu a norma culta.

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O nariz de cera acima perpetrado é para condenar às profundas a obra (no sentido excrementício) lançada pela irresponsável Ong "Ação Educativa", a qual, como o considerado leitor já está careca de saber, defende frases assim: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".

Monteiro Lobato, a quem o dislate oficial passou a atribuir horrorosos crimes, dizia que um país se faz com homens e livros; pois hoje, apenas 63 anos depois da morte do escritor, vê-se o Brasil analfabeto virar um curral das vacas do Jeca Tatu.

(A propósito do absurdo, leia no Blogstraquis artigo do considerado Clóvis Rossi na Folha, intitulado "Inguinorança".)

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Nota zero

O professor de linguística da Unesp de Araraquara (SP), Luiz Carlos Cagliari, deu esta lição de insolência e bertoldice no Painel do Leitor da Folha:

O artigo de Clóvis Rossi ofende profundamente os linguistas do mundo todo. A linguística moderna substituiu o antigo ensino da gramática normativa, não desprezando a norma culta, mas mostrando que as línguas evoluem e mudam com o tempo e geram diferentes normas ou variantes linguísticas.

O que hoje pode soar como vulgar no português pode, no futuro, representar norma culta. A escola deve ter consciência da história da língua e dos valores que atribuímos socialmente às variedades linguísticas.

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Incorreto

Deu na coluna Política&Economia na Real (aqui), dos considerados José Marcio Mendonça e Francisco Petros:

No idos aos anos 1960, o escritor Sérgio Porto, na pele do seu alter ego Stanislaw Ponte Preta, o criador do Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), dando vazas a sua veia musical, compôs uma música que intitulou "O samba do crioulo doido". (Nome hoje politicamente incorreto. Deveria se chamar : "Samba do afrodescendente com deficiência mental").

Janistraquis alerta:

"Samba do afrodescendente com deficiência mental ainda está politicamente incorreto; o certo seria 'Samba do afrodescendente com necessidades especiais".

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Felicidade

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, despacha da sede vizinha ao Palácio da Liberdade, onde Aécio já foi mais feliz:

Engraçada, a Oi.

Acabo de receber o boleto para pagamento. Por fora do envelope está escrito:

"SUA CONTA CHEGOU !", como se isto fosse motivo para uma grande alegria...

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De poetas

O considerado Marco Antonio Zanfra, jornalista e escritor, assessor de imprensa do Detran de Santa Catarina, envia de seu QG na Praia da Joaquina:

Título na Folha.com de hoje, 15/5: "Chacina de gatos gera comoção e adoção em Ribeirão". Não deram a mínima importância ao eco da rima pobre certamente porque contrataram um poeta especializado em versos que possam ser cantados em ritmo de pagode.

Janistraquis acha que agirá sempre bem a empresa que contratar um poeta, mas que este saiba, no mínimo, dominar o verso alexandrino.

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Pobreza

A verdade é esta: a inflação faz um bom e rápido serviço e a "nova classe média" que dizem ter surgido com os programas sociais do doutor honoris causa está novamente pobre. Então, as pessoas começam a se desfazer de seus pertences, e, se há uma arma na família, ela é logo vendida nos postos de arrecadação espalhados por aí afora.

Janistraquis se lembrou de uma piada do genial humorista Don Rossé Cavaca na Tribuna da Imprensa dos anos 60:

"Minha situação está tão difícil, mas tão difícil, que se botassem uma arma na minha mão eu a venderia imediatamente...".

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Futebol na TV

O considerado Carlos Romero Mendes, que adora futebol e é profissional da área de Comunicação há mais de 50 anos, envia de seu escritório no Rio de Janeiro:

Concordo com o colunista em todos os conceitos sobre transmissões de futebol na TV e acrescento mais um que a cada dia fica mais inoportuno...

Visite o Blogstraquis e conheça o tal conceito mencionado por Carlos Romero, que hoje se dedica ao desenvolvimento de novas idéias para negócios promocionais.

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Bem demitida

A considerada Marcia Lobo, jornalista carioca que vive num sítio em Cunha (SP), na ótima companhia deste colunista, repassou notícia publicada no UOL sob o título Governo da Bahia exonera vice-diretora que suspendeu aluno porque "brincava" com colega do mesmo sexo, notícia que abrigava bilhete da demitida criatura, com os seguintes dizeres:

O aluno [nome] está suspenso por dois dias por indecência, indisciplina e ouzadia (sic) com o colega. Não respeita seu colega, está dando motivos para não ser respeitado. Lhe perguntei: que ele prefere se o sexo feminino ou o masculino, pois o que ele fez foi muito feio. Veio para a escola a fim de bagunçar.

Marcia acha que o mais chocante nessa história não foi a pretensa precocidade sexual do menino nem o castigo da vice-diretora:

"Mau exemplo dá uma professora que escreve ouzadia e ainda começa uma frase com lhe perguntei. Tá muito bem demitida!"

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Álcool é o vilão

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo banheiro, em subindo-se nas bordas do vaso sanitário, dá pra ver lá embaixo a multidão que tem motivo de sobra para atear fogo às vestes, pois o Mestre, químico aposentado da Petrobrás, nos enviou o seguinte e importantíssimo esclarecimento sobre o preço dos combustíveis:

A gasolina vendida aos motoristas de Brasília ultrapassou R$ 3,00 o litro. Isso assustou e deu matéria para a primeira página dos jornais. É preciso esclarecer que o que está caro é o álcool, pois 25% do litro da gasolina vendida no posto é, na verdade, álcool anidro.

Os donos de carros flex aprenderam que não vale a pena abastecer o tanque com álcool quando o etanol estiver com preço acima de 70% do valor da gasolina. Como o preço do álcool está a R$ 2,59 o litro, equivalendo a 86% do valor da gasolina, comprova-se que é o álcool o vilão dessa história.

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Cana firme

Num país razoavelmente decoroso, Antonio Palocci já estaria preso há uns bons dez anos.

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Sobrenome

O considerado Eduardo Almeida Reis, maior cronista diário da imprensa brasileira, anexou ao pé de sua coluna no Estado de Minas:

Ruminanças – “Quando casada com o ator Paulo César Grande, a atriz Suzy Rêgo sonhava ter uma filha, o que levou uma jornalista a perguntar qual seria o sobrenome da menina” (R. Manso Neto).

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Já morreu

Fascinado, Janistraquis arquivou no local mais nobre de nosso computador central:

ILUSTRADA (23.ABR, PÁG. E6) Diferentemente do publicado em nota sobre o livro "Literatura Comparada", a professora Tania Franco Carvalhal não leciona mais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pois morreu em 2006.

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Luiz Vaz

Leia no Blogstraquis a íntegra do soneto cujo fragmento encima a coluna. Copie e envie à mulher de sua vida alguns dos mais belos versos da língua, escritos pelo mesmo e genial autor da reportagem intitulada Os Lusíadas, na qual inexiste menção a formas como "nós vai" e "a gente fomos".

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Errei, sim!

BICHEIRO DIFÍCIL – Estimulante título do Diário Popular, de São Paulo: Secretário quer doação de bicheiro. Meio desatento, Janistraquis observou: “Considerado, o difícil é achar quem tem bicheiro pra doar...”. (setembro de 1993)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

Paraibano, 68 anos de idade e 48 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

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