terça-feira, junho 24, 2008

A PROPÓSITO DA SANTA INDIGNAÇÃO


Aline Alexandrino

Para meu caro Carlos Cordeiro (que estória é essa de Mello, mermão?! Aqui nas bandas recifenses voce sempre será Cordeiro...)

Adorei o que voce escreveu sobre as nossas tradições e como fui citada estou exercendo meu direito de resposta, segundo o artigo 14, como diriam os senadores desta república (?!). Tanto concordo em gênero, número e grau com o que voce diz que há um certo tempo atrás escrevi, neste blog, sobre a questão, se bem que o tema era o Carnaval, que também se vacilar está perigando.

Em relação ao São João, que na nossa época eram Sto. Antônio, S. João e S. Pedro, atualmente só me apetece a culinária, que graças a Deus ainda não desandou. Ontem mesmo comi um milho cozido de chorar, além do pé-de-moleque daqueles molhadinhos e de uma canjica e uma pamonha tipo ambrosia, como diria Emília do Monteiro Lobato. Quando vejo as quadrilhas tenho vontade de vomitar, virou uma aeróbica desqualificada. Que roupas são aquelas, pelamordedeus?!!! E aqui em Recife ainda tem um concurso de melhor (?!) quadrilha, patrocinado pela Globo. Ah! Me economize!...

Ando muito preocupada, depois do encantamento de Enéas, com o Galo. Enquanto ele estava aqui, não se permitia aos trios cantar músicas que não fossem de frevo. Agora não sei se Gustavo, o herdeiro, vai segurar a barra da pressão. Só vou saber no ano que vem.

Uma outra coisa que a gente perdeu foi o pastoril das crianças. O profano ainda se segura com alguns "velhos" bem maneiros mas o das crianças só existe num CD ma-ra-vi-lho-so, onde uma professora de música da UFPE fez o resgate de todas as canções e colocou crianças cantando. Reclamo também porque fui pastora (do encarnado) e borboleta de pastoril, com o devido vestido e fantasia de papel crepom, feitos no maior esmero pela minha mãe. O que não me impediu de protagonizar o primeiro (de muitos...) vexame da minha vida, quando fui cantar a música da borboleta e estava tão nervosa que cantei "braboleta", e o público caiu na risada logo no primeiro verso. O pior é que aplaudiram muito no final e eu saí crente que estava agradando...

Enfim, a vida pregressa da gente tem dessas coisas. Mas foi bom ver a sua indignação sobre o tema e saber que voce está vivo, bulindo e furioso, como deviam ser todos os brasileiros e nordestinos que tiveram o gostinho do que é bom e são forçados a testemunhar essa pasmaceira generalizada ou, como diria o Stanislau Ponte Preta, um FEBEAPÁ globalizado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aline, minha bichinha, pois isso é coisa que se faça? Pegar um velhinho nordestino que tirita no frio dessa cidade e falar de pamonhas, canjicas e milho assado? Água na boca, de pingar. Porque aqui não tem nada disso, pamonha eles pensam que é algum sujeito debilóide, e o que chamam cangica é o nosso velho munguzá, aliás super mal-feito. O que vocês, recifenses, chamam de pastoril, lá na terra do Hugão era lapinha, e eu nunca perdi uma, torcendo aos gritos pelo cordão azul e apaixonando-me invariavelmente pela contra-mestra. Nunca mais vi meninas tão belas, pareciam anjos, naqueles trajes lindos, cantando e batendo o maracá com a mão. Sua feiticeira! Viu no que dá mexer com memória de velho? Carlos Mello