terça-feira, junho 24, 2008

"COMO MANTER AS NOSSAS MAIS CARAS...etc.


Elpídio Navarro

Carlos,
Concordo inteiramente com você. Entretanto, vivemos uma época de acentuado choque de gerações. Uma questão de educação. Os novos pais "curtem" essas modernidades e levam os filhos nessa direção. Alguns velhos, como eu, conseguem o milagre de ter um filho de 18 anos que gosta de Chico Buarque, Gonzaguinha e Gonzagão, ler Machado de Assis e Ariano, entre outras coisas, sem qualquer imposição da minha parte. Namora uma jovem e não apenas "fica". E para que isso acontecesse, usei de argumentos e incentivei sua livre escolha. A única coisa que tentei lhe impor foi não ser vascaíno, para que não sofresse tanto. Mas ele não atendeu. E hoje é mais sofredor do que eu.

Por outro lado, os menos favorecidos também têm televisores. A influência é grande e a mídia procura sempre mostrar o que é moda, o que está na "crista da onda". Com os mais favorecidos acontece o mesmo e com mais facilidade por conta da condições financeiras. Vi numa reportagem que o grande incentivador do São João de Campina Grande é o Estado de São Paulo: a fábrica de tecido quadriculado (camisa americanizada dos marmanjos) e florados (vestidos das marmanjas) fica lá. Sempre será uma luta contra o capitalismo e a mídia, muito dificil de vencer.

Em meio a tudo isso, ainda existem, mesmo em Campina Grande, algumas manifestações que preservam nossas tradições e não se transformam nos balés caipiras americanos de "Sete Noivas Para Sete Irmãos" (eu gosto do filme como cinema).

Gostaria de transcrever para o El Theatro o teu artigo publicado no blog de Hugo, mas só posso fazê-lo com tua autorização (também não sei se Hugo aceitará). Em todo caso estou enviando cópia para ele. Aguardo as suas ordens.

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Elpídio, merecer uma crônica sua já é uma vitória de mandar soltar foguetes. Cara, toda vez que me lembro daqueles nossos tempos do Teatro Santa Rosa, fico morrendo de saudade. Eu tinha o maior respeito e admiração por vocês, do TEP, procurava memorizar os nomes mágicos da arte - coxia, rotunda, contra-regra, ponto. O teatro é a coisa mais magicamente absorvente que conheço. Mas a falta de talento afastou-me dos palcos. Aqui no Rio, ainda comecei a fazer o curso de direção, na Uni-Rio, mas desisti, e fui ser assessor de imprensa da Esso (como diria o velho Clemenceau, "que decadência, meu amigo, que decadência!"). Mas valeu pela honra de ter sido aluno do Yan Michalski, da Bárbara Heliodora e do Pernambuco de Oliveira. Concordo plenamente com suas ponderações. Eu sou exagerado mesmo- e vou ficando mais exagerado à medida que envelheço. Um abraço forte do Carlos Mello