
Elpídio Navarro
Carlos,
Concordo inteiramente com você. Entretanto, vivemos uma época de acentuado choque de gerações. Uma questão de educação. Os novos pais "curtem" essas modernidades e levam os filhos nessa direção. Alguns velhos, como eu, conseguem o milagre de ter um filho de 18 anos que gosta de Chico Buarque, Gonzaguinha e Gonzagão, ler Machado de Assis e Ariano, entre outras coisas, sem qualquer imposição da minha parte. Namora uma jovem e não apenas "fica". E para que isso acontecesse, usei de argumentos e incentivei sua livre escolha. A única coisa que tentei lhe impor foi não ser vascaíno, para que não sofresse tanto. Mas ele não atendeu. E hoje é mais sofredor do que eu.
Por outro lado, os menos favorecidos também têm televisores. A influência é grande e a mídia procura sempre mostrar o que é moda, o que está na "crista da onda". Com os mais favorecidos acontece o mesmo e com mais facilidade por conta da condições financeiras. Vi numa reportagem que o grande incentivador do São João de Campina Grande é o Estado de São Paulo: a fábrica de tecido quadriculado (camisa americanizada dos marmanjos) e florados (vestidos das marmanjas) fica lá. Sempre será uma luta contra o capitalismo e a mídia, muito dificil de vencer.
Em meio a tudo isso, ainda existem, mesmo em Campina Grande, algumas manifestações que preservam nossas tradições e não se transformam nos balés caipiras americanos de "Sete Noivas Para Sete Irmãos" (eu gosto do filme como cinema).
Gostaria de transcrever para o El Theatro o teu artigo publicado no blog de Hugo, mas só posso fazê-lo com tua autorização (também não sei se Hugo aceitará). Em todo caso estou enviando cópia para ele. Aguardo as suas ordens.
Um comentário:
Grande Elpídio, merecer uma crônica sua já é uma vitória de mandar soltar foguetes. Cara, toda vez que me lembro daqueles nossos tempos do Teatro Santa Rosa, fico morrendo de saudade. Eu tinha o maior respeito e admiração por vocês, do TEP, procurava memorizar os nomes mágicos da arte - coxia, rotunda, contra-regra, ponto. O teatro é a coisa mais magicamente absorvente que conheço. Mas a falta de talento afastou-me dos palcos. Aqui no Rio, ainda comecei a fazer o curso de direção, na Uni-Rio, mas desisti, e fui ser assessor de imprensa da Esso (como diria o velho Clemenceau, "que decadência, meu amigo, que decadência!"). Mas valeu pela honra de ter sido aluno do Yan Michalski, da Bárbara Heliodora e do Pernambuco de Oliveira. Concordo plenamente com suas ponderações. Eu sou exagerado mesmo- e vou ficando mais exagerado à medida que envelheço. Um abraço forte do Carlos Mello
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