quinta-feira, junho 02, 2011

A mãe ideal


Correndo na net

Ah, ser mãe é difícil; não existe filho que não tenha dito um dia – ou pelo menos pensado – “não aguento minha mãe”. E o pior: com toda razão.

Há coisas a serem evitadas, para que eles nos odeiem o menos possível.

Toda mãe tem vontade de telefonar para o filho pelo menos duas vezes por dia. Meu conselho: não telefone! Deixe seu filho em paz. Mas esteja sempre à disposição, a qualquer hora do dia ou da noite, para ouvi-lo reclamar do trabalho, da mulher, do filho que ele flagrou fumando cigarro ou coisas do gênero.

Quando ele disser que vai viajar, não pergunte jamais – jamais! – em que dia voltará. Se não resistiu e perguntou, não telefone lhe no dia da chegada, antes de ele ligar – ou correrá o risco de ser vítima de alguma atrocidade – e todas somos; ou não?

A mãe ideal é aquela que não dá palpite sobre nada, a não ser quando consultada e, mesmo assim, tomando o maior cuidado com o que vai falar. Se ele se queixar da mulher, não aproveite a situação para dizer tudo que está atravessado na sua garganta desde o dia em que ele te abandonou por ela. Ouça tudo, mas fique muda, porque logo eles vão fazer as pazes, e vai sobrar para quem? Não tente seduzir seu filho com propostas do tipo: “Domingo vou fazer aquele cozido que você adora, quer vir almoçar aqui?”

Se quiser ser mesmo uma mãe maravilhosa, mande levar na casa dele aquele bolo de laranja feito no tabuleiro, com cobertura de açúcar e limão, mas não telefone para saber se ele gostou. Quando ele ligar – se ligar – para dizer que adorou, não peça o tabuleiro de volta; esse, nunca mais.

Tem hora pra tudo nessa vida, inclusive – e principalmente – para mãe. Dê um tempo: ninguém suporta ser tão fundamental à felicidade do outro, como as mães costumam deixar claro que eles são. Isso é verdade, mas nem todas as verdades precisam ser ditas.

Quer saber o que é uma mãe confortável? É aquela que tem vida própria: ou joga pôquer e ninguém vai tirá-la da sua rodinha de sábado, ou então tem um namorado que não vai deixar, nem morta, para cuidar dos netos, ou tem um gato que não pode ficar sozinho. É claro que ele vai reclamar que não conta com você para nada; vai ser acusada de ser egoísta, mas, se pudesse escolher entre uma mãe que sufoca e a que vive e deixa viver, sabe qual ia preferir? Pois é isso mesmo.

Goste dele mais do que tudo que há neste mundo, mas nunca diga nada. E não fique triste ao ver que ele se importa mais com seus próprios filhos do que com você: a vida é assim mesmo, e esse amor de cima para baixo – de mãe para filho – é sempre maior do que aquele de baixo para cima – de filho para mãe. Ele também vai ficar triste ao perceber um dia, já avô, que seus filhos gostam muito mais dos seus próprios filhos do que dele, que é natural. E isso não é bom nem ruim, nem justo nem injusto: apenas é.

Um comentário:

Marcia Barcellos disse...

Hugo, Como é ifícil ser a " a mãe ideal ".....Penso que é mais fácil ser a "mãe real ".....Mas ,é a mais pura verdade o que o texto diz. E como estamos nós, mães, recaíndo nos mesmos e exagerados erros. Muito bacana o texto . Abraços em todos. Márcia