
Hugo Caldas
Cresci escutando o velho e bom Sinatra cantar:
Every time it rains it rains
pennies from heavem
Don't you know each cloud contains
pennies from heaven
You'll find your fortune falling all over the town
Be sure that your umbrella is upside down...
pennies from heavem
Don't you know each cloud contains
pennies from heaven
You'll find your fortune falling all over the town
Be sure that your umbrella is upside down...
O que em português sofrível significa...
Cada vez que chove
Cai dinheiro do céu
Cada nuvem está cheia
De dinheiro do céu
Veja a sua sorte caindo pela cidade
Use o seu guarda-chuvas
De cabeça pra baixo...
Cai dinheiro do céu
Cada nuvem está cheia
De dinheiro do céu
Veja a sua sorte caindo pela cidade
Use o seu guarda-chuvas
De cabeça pra baixo...
A minha relação com a chuva sempre foi meio arredia. Morria de inveja dos outros garotos da Rua Benjamin Constant em Jaguaribe, quando os via, pés descalços, pisar nas poças d'água. Todo garoto adora tomar banho de chuva. A minha mãe jamais permitiria esse tipo de audácia. Nem pensar.
Esses fatos me vêm à mente por causa da chuva pesada, com direito a forte trovoada, raios e relâmpagos, dessa madrugada. Para quem acabava de assistir a um vídeo do Tsunami no Japão convenhamos é no mínimo inquietante. Tenho pra mim que os tempos estão realmente mudados. Quando menino sempre ouvia um dos meus tios dizer durante alguma chuva mais forte: "hoje os elementais estão danados"... mas nada tão amedrontador como agora. Os trovões eram tão fracos que a minha mãe dizia que “era São Pedro arrumando as salas e os quartos do céu... empurrando os móveis”.
"Chove chuva, chove sem parar... era a música do Jorge Ben que eu cantava para a minha filha ainda bem pequena mas já danadinha, que gostava de tomar banho na chuva... "Deus do céu que coisa boa", gritava mais tarde outro filho também pequeno, pulando no quintal debaixo da maior chuva. Eu achava lindo mas continuava ainda com a minha inveja.
As coisas estão realmente mudadas. Quando cheguei ao Recife em mil novecentos e preto e branco não lembro de temporais como o dessa madrugada. Enchentes presenciei várias. Alguém se imagina andando de lancha na Praça do Derby? Na grande enchente de 1975, Luis Augusto, professor e colega de trabalho, prático do porto, conseguiu a façanha. Usou a lancha para prestar socorro. Porém chuva alagando tudo, nunca. Geralmente as enchentes no Recife aconteciam com o sol brilhando e o céu azul. Presentemente os alagamentos se tornaram corriqueiros.
Trovões fortíssimos e raios rasgando o céu, nunca havia visto. Hoje, sábado, a chuva que continua fraca está impedindo a saída de casa de muita gente. As ruas estão alagadas, a água saindo de enxurrada dos bueiros trazendo batalhões de baratas em uma descomunal golfada de imundícies. De quem será a culpa? Cabe a nós mesmos uma parcela dessa irresponsabilidade. Há tempos morei em frente à um advogado que costumava, talvez como terapia, varrer o jardim da sua casa, emendava com a calçada terminando por limpar toda a faixa compreendida em frente à casa. Depois, olhava pros lados e muito malandramente deitava todo o lixo acumulado para dentro do bueiro junto à sua calçada.
Uma chuvinha aqui outra ali...
Mais ou menos defronte ao Mar Hotel na Rua Barão de Souza Leão existe uma poça d’água que resiste aos governos e ao tempo. Que me lembre, já existia em 1959. Passava por ela quando ia de ônibus para o trabalho no aeroporto. Ainda hoje ela está lá. Firme e forte. Faz tanto tempo que o Hotel ainda se chamava "Mar Motel" e era praticamente o prolongamento de uma garagem.
E, recordando em muito boa hora, a canção interpretada pelo Agostinho dos Santos... "e a chuva continua, mais forte ainda...", espero que São Pedro dê uma trégua pois fim de semana com chuva nestes tristes trópicos...
Para quem se interessar em ouvir a canção do Sinatra que inicia o texto basta clicar no link abaixo.
http://youtu.be/tnpLI2fJDfU
5 comentários:
Beleza, Hugo. A noite por aqui também foi assustadora. Realmente nunca ouvi estrondos como os que aconteceram agora. O resultado é um computador pifado, a SKY sem querer entrar no ar. A violência lá em cima bagunçou tudo, aqui embaixo. Solha
PARABÉNS, AMIGO
MARAVILHA !!
AQUI EM JOÃO PESSOA ESTÁ CHOVENDO ATÉ DEMAIS.
COM RELÂMPAGOS E TROVÕES.
FAIXA
Tem muita beleza no teu texto sobre a chuva....
E gostei de receber o video de Sinatra que eu gosto tanto. Bedjo. Fábia
Lembrou bem, Hugo, os trovões e relâmpagos que são tão habituais nos verões do Rio, só agora apareceram aqui no nordeste desde que nos mudamos para cá, o que nos espantou um pouco. Diferente de vc, eu não me sinto reconfortado com eles e nem com a chuva quando vem, mas Ana vibra com essas manifestações da natureza. Será que mudam os gostos de geração para geração? Ou mudam os tempos?
parabéns pelo seu belo texto.
Francisco Nunes.
Caro Hugão...Gostoso ler este Blog...Obg.... A propósito consegui exibir e apreciar o CD sobre a
nossa ( de todos brasileiros) Panair...Alguns fatos eu desconhecia...... té mais ver...Zeneudo
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