Ipojuca Pontes
Fala-se muito em crescimento acelerado e diminuição da pobreza no Brasil, mas, segundo informe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado no final de 2010, a desigualdade entre pobres e ricos fez o pais perder 15 posições no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A aferição do quadro negativo foi feita a partir de um indicador que leva em conta não apenas o nível da renda familiar, mas o acesso da população à saúde e à educação.
Num universo de 139 países, o Brasil caiu da 73ª para a 88ª colocação.
Curiosamente, embora as disparidades tenham diminuído, o índice de desigualdade permanece elevado. Com base no novo indicador - o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) -, ficou mais evidente que o Brasil enfrenta problemas graves nas áreas de educação e de saúde, manifestados, de um lado, pela ausência de ensino ou do baixo nível de aprendizado e, de outro, pela inexistência ou ineficiência do sistema de saúde, especialmente médico-hospitalar - acentuada pela falta de saneamento básico.
Segundo a ONU, o mundo tem hoje cerca de 1,75 bilhão de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, caracterizada pela desnutrição, mortalidade infantil, nenhuma escolaridade, habitação improvisada, falta de renda, higiene, energia e água. Para a Organização, fração dessa gente sobrevive – e mal - no Nordeste do Brasil.
Bem, vamos aos fatos: periodicamente, a cada rodízio no jogo do poder, novos governantes tomam posse em seus cargos e prometem mundos e fundos, escalando, alto e bom som, um rosário de problemas a serem enfrentados, combatidos e superados – entre eles os de saúde, educação e moradia. Para resolvê-los, políticos e tecnocratas falam muito, viajam muito, participam de almoços, seminários, congressos e ciclos de debates.
No final do jogo, como a população cresce (ainda que moderadamente, caso nordestino) e os investimentos nas respectivas áreas são desperdiçados ou mesmo surrupiados, os problemas continuam – e em escala crescente.
Não há exagero: basta percorrer as principais capitais do Nordeste, de Salvador a São Luiz, para se verificar a dimensão do problema: periferias urbanas em ruínas ou alagadas, bairros abandonados, mendigos e desempregados perambulando aos montes pelas suas praças, ruas e avenidas, prostituição infantil em larga escala, escolas improvisadas, hospitais carentes de médicos e medicamentos, transportes públicos precários, a violência campeando no asfalto selvagem. Do interior dos Estados – sertão, brejo ou litoral – nem é bom falar, pois a coisa desanda.
De fato, os governadores da região nordestina pouco podem “fazer”, visto que os seus orçamentos vivem comprometidos com o custeio da inchada máquina pública e pagamentos de empréstimos oficiais. Diagnosticados os problemas, planificadas as soluções, os caciques regionais correm de pires na mão para Brasília, onde o governo central, por sua vez, já tem os seus próprios projetos.
Resultado: como em 2011 os empréstimos das agências internacionais estão escassos e a inflação de dois dígitos se apresenta como uma possibilidade concreta, resta ao Dr. Mantega aumentar os juros para conter o crédito fácil que forja o consumismo.
Uma pena, pois com os impostos daí provindos, a Viúva mordia firme no ervanário caboclo e abastecia a caixinha do desmilingüido PAC, que já agora, com cortes efetivos, cambaleia.
Que Deus nos acuda!
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