domingo, outubro 21, 2007

STANLEY BARD em ASSASSINATO NA ALAMEDA 100


Conto policial de VALDEZ JUVAL

CAPÍTULO FINAL

Stanley Bard ficou preocupado com a notícia do atentado de Martha Luccovino e procurou logo tomar conhecimento de todos os detalhes do ocorrido.

Surpresa alvissareira quando chegando ao Hospital pode falar pessoalmente com sua cliente. Já estava recebendo alta. A notícia foi sensacionalista relacionando o fato com o assassinato de seu marido.

Como já tinham combinado, confirmaram o encontro marcado anteriormente. Despediram-se e o detetive foi à Delegacia conversar com seu colega.

Após uma rápida leitura no inquérito, Stanley deduziu que a Polícia estava completamente desorientada, sem qualquer definição para solucionar o problema.

Considerava Martha suspeita por ser a única beneficiária além dos comentários maliciosos sobre sua vida conjugal; o vigia por ter desaparecido desde a hora do crime; o jardineiro por não ter ido trabalhar no dia anterior e no dia do assassinato; a governanta por saber demais da vida do casal e poderia estar chantageando o patrão; O capataz da fazenda que naquela noite dormira nas dependências serviçais da mansão, como fazia sempre que tinha que pernoitar na cidade e o completo silêncio de três cães pastores alemães que ainda estavam soltos na hora do crime.

Como ainda restava prazo para apresentar o inquérito em Juízo, o pessoal da Delegacia não somente estava procurando outras provas mas também efetuando prisões de suspeitos de assalto.

Ficaram conversando um pouco e trocaram algumas idéias e estratégias.
O seu trabalho ali, estava encerrado.
Era quase hora do jantar.

Stanley Bard foi atendido na guarita e teve permissão concedida para entrar, dirigindo-se ao portal principal onde foi recebido pela própria Martha Luccovino.

Aparentando ter saído do banho quase naquele instante, vestia um chambre de cetim na cor azul claro, protegendo as peças íntimas com um visual de perturbar à primeira vista.

A Sra. Luccovino serviu bebida e a pedido do Detetive contou toda a sua vida, o seu passado de garota humilde e ingênua mas sempre com esperança de vencer na vida.

O se casamento com Braz não foi importunado pela família dele até que se formou aquele patrimônio em torno deles, ficando seus nomes em destaque na vida social e artística.

Ela admitia que o enriquecimento fora rápido tendo ela contribuído em muito com a exposição de seu corpo, servindo de modelo para as obras de sexo que seu marido executava.

Ela nunca procurou saber a causa primordial do progresso.

Braz tinha por hábito ou por necessidade, visitar a fazenda todas as semanas, onde conversava muito com o administrador, pessoa de sua irrestrita confiança. Ela não se lembra de tê-lo acompanhado alguma vez. Comentou até o desejo de conhecer a propriedade, mas era sempre encaminhada para outra atividade durante a sua ausência. Não perguntassem sequer onde estaria localizada que ela não sabia responder.

Nada porém lhe fazia falta exceto amor e um ciúme até certo ponto doentio que ela ignorava pois não lhe dava razões para desconfianças.

Com respeito à convivência com os serviçais, Braz exclusivamente lidava com isso, não querendo que ela se envolvesse com qualquer ocorrência ou ordens na casa.

O telefone tocara. Era o fixo. A governanta trouxe o aparelho até D.Martha que atendeu e devolveu a empregada que levou ao local de origem.

Ela pediu licença e se levantou acompanhada por Bard. Na ocasião ele quis se aproveitar para enlaçá-la, mas ela se desviou com um gestinho manhoso afirmando que era muito séria apesar das aparências.

O Stanley se perturbou mas se conteve, reconhecendo que estava se

excedendo com tal atitude. Ela era sua cliente e estavam tratando de assuntos profissionais.

Martha Luccovico havia acionado a sineta chamando a governanta e mandou que o Detetive fosse atendido no que desejasse e que ela iria se trocar pois uma equipe de jornalistas e fotógrafos de uma revista alemã estava para chegar solicitando uma entrevista.

Sand aproveitou estar à sós com a Governanta, indo direto no que gostaria de saber.

- Não tem idéia alguma de quem matou o seu patrão, senhora?

- O que tinha que falar sobre o assunto já informei à polícia.

- Menos a autoria do crime.

- Não vi. Não sei.

- Quem primeiro socorreu o Sr. Braz?

- Eu.

- A Senhora já estava acordada?

- Sempre acordo cedo.

- A morte foi instantânea?

- Ele não falou nada – se é isto que quer saber.

- E com respeito ao criminoso?

- Que criminoso?

- Quem atirou nele, lógico.

- Ah! Esse também não vi. O dia estava amanhecendo não dava para se identificar vultos.

- Vultos? Era mais de um?

- Não sei dizer. Só vi um.

- Viu? Como era ele?

Ela então descreve um tipo estranho, totalmente diferente de qualquer um que freqüentava a mansão.

Debochadamente Sand reforçou: - Pelo que a Sra. descreveu, o Administrador da Fazenda era esse tipo!

- Como? – repeliu ela de imediato. – Totalmente contrário de como ele é.

- E por falar nele, onde ele se encontrava na hora do crime?

- Não sei, mas ouvi dizer ao policial que estava dormindo e não percebeu coisa alguma.

- Acho que a Senhora tem alguma coisa a ver com o crime e sabe quem matou o seu patrão.

- O Senhor está me acusando?

- Desculpe. Não costumo entrar em um caso e deixa-lo sem solução.

- E está querendo que eu seja o bode expiatório?... Vou me retirar. A patroa já deve estar chegando. Sirvo-lhe outro aperitivo?

- Não, obrigado. A Senhora usa arma?

- Eu?... Não senhor.

- E por que está armada?

- É que... o Administrador tinha que sair e deixou a dele comigo.

- Sabe manusear?

- Não senhor... Não sei... Numa necessidade...

- O Administrador viaja hoje?

- Não sei não senhor. Aqui, cada um de nós guarda o seu silêncio.

- Podia fazer o favor de dizer que eu gostaria de falar com ele, agora?

Pediu licença e saiu imediatamente.

Stanley Bard se aproveitando que estava só, ligou pelo celular para o Delegado, seu amigo:

- Você sabe onde estou. Venha para aqui agora, com urgência, trazendo mandado, inquérito, viatura, guarnição, tudo. Vou lhe entregar as razões e autoria do crime. Desligo.

Não demorou muito, a sineta toucou e a Governanta foi abrir a porta.
Eram os jornalistas. Depois das apresentações foram para o salão principal, palco bem apropriado para estas reuniões.
Martha retornou do vestiário.
- Com licença. Sr. Bard – falou Martha. – Quer nos acompanhar? Prometo que não demoro.

- Espero aqui, obrigado. Respondeu Bard.

O Detetive bisbilhotou um pouco o recinto enquanto aguardava a vinda do Administrador que pouco depois adentrou ao recinto.

- Boa noite, Senhor. Com licença. Mandou me chamar?

- Sim, por favor. Gostaria de saber desde quando está na cidade.

- Aqui venho sempre, senhor. Basta que o patrão me chame.

- Você espera continuar administrando a fazenda?

- Não vai depender de mim, doutor. A patroa é quem manda agora.

- E como deveria se transformar tudo aquilo se a intenção da patroa fosse de se dedicar exclusivamente à criação

- Ela...

Bard interrompeu a resposta. – Alguém já deve ter dito para ela que você não entende nada de lavoura e animais.

- Quem disse isso?

- Estou dizendo agora. Satisfaz?

- O Senhor não me conhece!

Neste exato momento todo o pessoal que estava com Martha se retirou e foi levado à porta pelo Administrador.
Sand Bard se aproveitou para renovar o seu sentimento de admiração pelo seu porte, sua beleza.
Ela riu e foi pessoalmente preparar um drinque para ela.
Não deu tempo do Administrador sair do recinto quando a sineta toca novamente.

Era o Delegado do Inquérito e sua tropa de choque. Mandou que todos tomassem seus postos e veio cumprimentar a dona da casa.

- Então, Stanley. Vim atender o seu chamado – disse o Delegado.

- Perdão, D. Martha. Tomei a liberdade de chamar o Delegado do Inquérito, pois como me contratou, quis lhe prestar contas do trabalho. Peço que reúna nesta sala todos os empregados dos serviços domésticos.

Quando os trabalhadores da casa estavam reunidos, Stanley Bard,
falou:

- Delegado: Antes de vir para cá, passei pela Polícia Federal. Acabavam de prender um estrangeiro lider de um cartel de entorpecente e de grande influência em nosso país. Estava contando muita coisa graças a delação premiada.
Braz Luccovino fazia parte desse cartel.
Através de suas telas e molduras, o rapasse das drogas seguia uma rota imperceptível da polícia até que, certa feita, caiu numa teia e resolvera abandonar o crime. Lógico que a sua vontade não poderia prevalecer.

Foi articulado o seu desaparecimento tendo como executor o Administrador da Fazenda. Por sinal, é na fazenda onde são providenciadas todas as operações do bando. Já descobriram tudo.

O Administrador não contava com a reação do patrão e depois de atirar houve o revide e ele, num tombo em falso deixara cair o revólver. A Governanta, sua amante e partícipe, observando o ocorrido, foi apanhar a arma que no momento deve se encontrar em seu poder.

O principal Delegado, e líder absoluto de tudo, está aqui na nossa frente: D. Martha Luccovino. É membro atuante no cartel e de grande poder no mundo do crime. Ambição é a lógica para razão de sua atitude.

Martha que ouvira tudo em absoluto silêncio, chegou mais perto do detetive e sussurrou que ele fora muito burro e não soube esperar a grande noite de amor que preparara para ele.

Imagino... imagino, D. Martha. – respondeu STANLEY BARD.


211007

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Dr. Valdez degustei vosso conto como uma criança diante de uma mesa de dôces,parabens! espero vêlo novamente em ação.Abraços Edinaldo P. Chaves.

Anônimo disse...

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