terça-feira, agosto 07, 2007

UM DIA APARECEREI, É O QUE GARANTO

Everaldo Moreira Veras, poeta e ficcionista nasceu em Parnaíba
(PI) - ou terá sido em São Luís? Tem, segundo declarações suas, exercido ao longo dos anos dois oficios: O da Razão e o da Paixão. Engenheiro por profissão, para poder se dar ao luxo de ser também psicólogo e contador de histórias. Autor de frases memoráveis, "durante a manhã me dilacero" é um belo exemplo. Diz ainda, "de literatura não se vive. Ao contrário, morre-se". Já andou passeando por este Blog há algum tempo atrás. Tem cerca de 400 contos publicados. Ninguém se perde na volta. Seja bem-vindo meu caro. H.C.

EVERALDO MOREIRA VÉRAS

Embora ao lado das pessoas amadas, não sinto que isso seja suficiente, de fato constato que me falta um monte de exigências complementares, indispensáveis. O quê? Não sei direito o quê, e me preocupo.

Admito que precise ouvir o outro, ou seja, o estranho ser, aquele que, dentro de mim, também respira junto comigo. É bom quando conversamos lado a lado, exponho-lhe as incertezas, o desejo de construir o mundo particular, no qual eu seja gente, uma criatura humana. Seria possível?

É, claro que sim, não há do que duvidar.

Obrigatoriamente, ninguém morre perdido, quando fica isolado do jeito que falo - ou melhor, do meu jeito - ainda contará com diversas alternativas. Viveremos como vizinhos, eu e a sombra, este que me compreende, o cúmplice o sabedor do motivo porque piso no chão especial, diferente. O chão que ora me acolhe, ora me rejeita. Infeliz de quem não dispõe da intuição deste perigo extraordinário.

Não me considero um sujeito escuro, solitário, desgarrado. Ao contrário, sou filho de Deus, iluminado, consigo distinguir a luz da escuridão. O Diabo pensa que me domina, mas engana-se, ninguém me dobra, aprendi a escolher o destino que me engrandece. Afinal, se o erro cometido não for corrigido de imediato, a tendência será a desordem, depois o caos. O Satanás chegou mal, fora de época, embora o maldito igualmente tenha sido criado pelo Senhor,
(Mas não é meu irmão, nem quero).

A minha casa interior é ampla, nela habitam inúmeras criaturas, as que vivem e as que já morreram. Moro aqui, ainda não morri, quero viver. Admito que os mendigos me invejam, homens ricos, homens pobres, porque cada um fará valer a sua importância no mundo. Esperem, por favor, tenho e não tenho pressa, estou indo, acontecerá amanhã, depois, não marco o tempo. Um dia aparecerei, é o que garanto, por enquanto.














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