Ipojuca Pontes
Bertolt Brecht - dramaturgo comunista viciado em depositar nos bancos suíços dividendos de direitos autorais que sonegava da RDA - escreveu o seguinte: “O que é assaltar um banco comparado a fundar um?”. A pergunta, permissiva, parece atiçar a amoralidade da camarilha vermelha. Mas o justo será respondê-la com outra pergunta: o que é fundar um banco comparado com a eterna ladroagem patrocinada pelo Estado intervencionista?
A pergunta vem a propósito da visita do ministro da Fazenda do governo petista, Guido “tatibitate” Mantega, ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, para tratar das ações movidas pelos investidores das cadernetas de poupança cujos rendimentos foram espoliados pelos vários “planos econômicos” dos governos Sarney/Collor e oficializados, enquanto esbulho, nas gestões de Itamar/FHC. De passagem, vale lembrar que os planos, todos lesivos, foram bolados na cabeçorra dos governantes de Brasília para combater uma inflação mórbida que eles mesmos criaram.
Em retrospecto, diga-se que o calote das cadernetas deveria ter sido quitado há pelo menos 20 anos, mas na prática isso vem sendo postergado de forma marota pelos donos do poder desde o governo FHC (que criou o Proer para favorecer um banqueiro contraparente). Outro dado curioso, considerado um acinte, é que, desde a assunção do PT, os governos de Lula e Dilma tornaram-se aliados da banca nativa, agora declarando abertamente que o resgate da dívida para com os poupadores das cadernetas pode “reduzir a oferta do crédito e prejudicar a expansão da economia nacional”.
No jogo de cena, representado em tom de ópera bufa, os agentes do governo avaliam a dívida dos bancos em R$ 149 bilhões. Mas o Instituto de Defesa do Consumidor e o advogado dos poupadores no julgamento do STF, Luiz Fernando Pereira, garantem que tudo não passa de uma mentira vergonhosa.
Segundo Pereira, o “prejuízo” dos bancos não passa de R$ 8 bilhões (cinco dos quais já resgatados), quantia três vezes menor do que o lucro anual de apenas três dos bancos da praça, entre eles o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, a maior gestora da Poupança.
Por sua vez, convém lembrar que a partir da implementação do “Plano Bresser” (era Sarney) até meados de 2008, a banca, depois de repassar às cadernetas uma rentabilidade menor que a inflação, obteve lucro superior a R$ 440 bilhões. “Lucro esse que se deu em detrimento dos poupadores” – acentua o advogado.
Diante do julgamento do STF, agora protelado para 2014, cresce a expectativa. Como o governo é, por força da ação do fisco, sócio dos banqueiros, e só quer compartilhar dos lucros, Mantega e o presidente do Bacen, Alexandre Tombini, pressionam para que o STF oficialize o calote, passando o rolo compressor por cima dos poupadores. Na refrega, enviaram até abaixo-assinado de ex-ministros da Fazenda e meia dúzia de vestais da tecnocracia financeira em favor da banca.
- “Se o julgamento for favorável aos poupadores, isso vai significar uma perda no capital dos bancos e a redução de um quarto no capital do sistema financeiro nacional, com impacto para a concessão de crédito de R$ 1 trilhão” – diz um agente do BC, Isaac Ferreira, com o propósito de aterrorizar os ministros do Supremo. E sem mencionar que é a partir da manutenção do crédito fácil (e irresponsável) que Dilma aposta suas fichas para manter-se no poder.
De fato, quem fomentou a inflação e manipulou os indexadores das cadernetas foi (é) o governo, com suas trapaças financeiras. Bem medido, faz tempo que os banqueiros deixaram de mandar na economia do mundo: eles hoje não passam de bonecos nas mãos dos donos do poder político e por eles são tratados com reservas, em particular quando se aproximam as eleições. Em tais ocasiões, os políticos que mantêm o poder manobram os bancos de tacape em punho e riso irônico na boca.
(Ademais, comunistas, socialistas e social-democratas sempre transaram bem com a banca: Lenin, por exemplo, pedia dinheiro emprestado aos banqueiros americanos e europeus e os pagava, com juros altos, na data aprazada. O próprio Fidel, mesmo com o pé na cova, segundo a “Forbes” mantém conta bilionária em banco suíço, assim como, segundo a revista, o vosso Lula).
Em suma: muita gente acha que em 2014 a justiça será favorável aos poupadores. Mas o ministro Mantega aposta que o STF não vai prejudicar o setor financeiro nem abalar o crédito oficial.
Como diria o Major Graça, em Vidas Secas, “Gunverno é gunverno!”.
sábado, novembro 30, 2013
sexta-feira, novembro 29, 2013
Saudades do Brasil
Com o firme propósito de driblar a atmosfera podre que assola Pindorama, além da leitura obrigatória de Manuel Bandeira apresentamos hoje, os "Titulares do Ritmo", grupo vocal e instrumental, cujos componentes eram todos cegos. A gravação aqui postada é de 1953 e é uma versão da "Moonlight Serenade de Glenn Miller. Bons tempos em que reinava a boa música nesta terra agora devastada. Vamos cantar? Segue a letra. HC
Serenata ao Luar
Só a esperar a esperar como é triste a demora
Enfim o amor de alguém a quem tanto se adora
Acalma a alma que estava triste a chorar
Lá na amplidão o clarão feiticeiro da Lua
Jà vem inspirar o cantor que a vagar pela rua
Amando, cantando faz serenata ao luar
A sonhar me vejo enfim contigo em um jardim
Tu és a flor, a flor do luar que o trovador
Vive a cantar
terça-feira, novembro 26, 2013
Gilvan Samico
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A simplicidade e a generosidade são as marcas fundamentais do verdadeiro artista, raramente temos a felicidade de nos deparar com um desta espécie, e mais raro ainda é reconhecer o que estas criaturas são. Agradeço muito à vida pela fortuna concedida em cruzar com mestres no meu caminho, e por compreender tais encontros como determinantes do significado do Ser artista. Aldemir Martins, Marcelo Grassmann, Octávio Araujo, Gilvan Samico, Flávio Tavares... Cada presença destas neste mundo um acontecimento único. São tão poucos, em compensação se aqui chegam não partem jamais. Ontem foi a vez de Samico nos provar isto. Mais uma pedra assentada nesta grande edificação chamada consciência humana. Viva Samico!! Obrigado por tudo!!
SL
Este sabia das coisas
domingo, novembro 24, 2013
Manuel Bandeira
Hoje acordei com esse poema de Bandeira na cabeça. Não sei exatamente a razão. Lembrei-me então que "a Pátria não está nada animadora". Não está mesmo, Guy Joseph. O caos reinante me faz deitar as barbas de molho, pois já vi esse filme e infelizmente o criminoso não era o mordomo. Nuvens negras se avizinham. A Pátria fede. Farei como nos tempos d'antanho. Vamos ler e reler o Manuel Bandeira. Ou tocar um tango argenrtino. HC
“Poema só para Jaime Ovalle"
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
“Poema só para Jaime Ovalle"
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
sábado, novembro 23, 2013
Lendas na arte
Plínio Palhano
Os artistas, geralmente, gostam de construir suas próprias lendas. Entre os exemplos internacionais, Paul Gauguin era célebre nesse aspecto. Disse-se um selvagem e que essa sua maneira de ser tinha heranças no Peru. Da sua avó materna. Seu nome era Flora Tristán (1803–1844), uma mulher revolucionária para o seu tempo. Talvez Gauguin a citasse por ser da América Latina, lugar tão distante do mundo civilizado e, provavelmente, à época, interpretado como continente ainda cheio de selvagens. Mas, quando foi para o Taiti, ele quis ser o selvagem dos selvagens. O que ficou foi o seu gênio e páginas na História da Arte.
Paul Cézanne: ninguém lhe tocava o ombro, era proibido. Ele se sentia invadido pelo simples toque. Era duro como uma pedra, passava pelas pessoas e não as cumprimentava se fossem indesejadas para o seu olhar e concepção de vida. Considerava-se um incompreendido. Um isolado. E o era. Mas tão revolucionário que influenciou toda uma geração posterior.
Van Gogh queria ser o missionário dos pobres oprimidos, mas desandou e se tornou o pai do expressionismo, com a orelha cortada. Ficou o mito de que era um dos artistas miseráveis do seu tempo, mas era sobrinho dos maiores comerciantes de arte da Europa, seu homônimo Vincent van Gogh, o tio Cent Van Gogh, só que não vendia, de fato, obra alguma através dele. O irmão do pintor, Theodorus van Gogh — o Theo das infindáveis correspondências —, agente comercial importante de uma das mais fortes galerias de arte, a Goupil & Cie, com filiais espalhadas em muitas capitais europeias, mandava-lhe uma mesada que dava para alugar uma casa, comprar comidas, tintas, pagar prostitutas, bebidas (absinto principalmente), etc. E hoje tem o maior museu dedicado a um só artista, ainda bem! A obra prevaleceu.
Sabe-se que Picasso era reconhecido como uma esponja da criação alheia, mas com classe. Havia alguns artistas que cobriam suas obras nas visitas do incontestável gênio. Não que ele copiasse, simplesmente, mas retirava a essência do outro. Ele só encontrava um concorrente forte, que era Matisse. Os dois se amavam e competiam ao mesmo tempo. A admiração era mútua. Mas quando Picasso saía do ateliê de Matisse dava alguns sinais, nas pinceladas, do francês; e Matisse, algo do espanhol. E são os dois gênios de maior repercussão na História da Arte do século XX: criaram movimentos e obras que permaneceram concretas para o olhar crítico da humanidade.
Plínio Palhano é artista plástico
Os artistas, geralmente, gostam de construir suas próprias lendas. Entre os exemplos internacionais, Paul Gauguin era célebre nesse aspecto. Disse-se um selvagem e que essa sua maneira de ser tinha heranças no Peru. Da sua avó materna. Seu nome era Flora Tristán (1803–1844), uma mulher revolucionária para o seu tempo. Talvez Gauguin a citasse por ser da América Latina, lugar tão distante do mundo civilizado e, provavelmente, à época, interpretado como continente ainda cheio de selvagens. Mas, quando foi para o Taiti, ele quis ser o selvagem dos selvagens. O que ficou foi o seu gênio e páginas na História da Arte.
Paul Cézanne: ninguém lhe tocava o ombro, era proibido. Ele se sentia invadido pelo simples toque. Era duro como uma pedra, passava pelas pessoas e não as cumprimentava se fossem indesejadas para o seu olhar e concepção de vida. Considerava-se um incompreendido. Um isolado. E o era. Mas tão revolucionário que influenciou toda uma geração posterior.
Van Gogh queria ser o missionário dos pobres oprimidos, mas desandou e se tornou o pai do expressionismo, com a orelha cortada. Ficou o mito de que era um dos artistas miseráveis do seu tempo, mas era sobrinho dos maiores comerciantes de arte da Europa, seu homônimo Vincent van Gogh, o tio Cent Van Gogh, só que não vendia, de fato, obra alguma através dele. O irmão do pintor, Theodorus van Gogh — o Theo das infindáveis correspondências —, agente comercial importante de uma das mais fortes galerias de arte, a Goupil & Cie, com filiais espalhadas em muitas capitais europeias, mandava-lhe uma mesada que dava para alugar uma casa, comprar comidas, tintas, pagar prostitutas, bebidas (absinto principalmente), etc. E hoje tem o maior museu dedicado a um só artista, ainda bem! A obra prevaleceu.
Sabe-se que Picasso era reconhecido como uma esponja da criação alheia, mas com classe. Havia alguns artistas que cobriam suas obras nas visitas do incontestável gênio. Não que ele copiasse, simplesmente, mas retirava a essência do outro. Ele só encontrava um concorrente forte, que era Matisse. Os dois se amavam e competiam ao mesmo tempo. A admiração era mútua. Mas quando Picasso saía do ateliê de Matisse dava alguns sinais, nas pinceladas, do francês; e Matisse, algo do espanhol. E são os dois gênios de maior repercussão na História da Arte do século XX: criaram movimentos e obras que permaneceram concretas para o olhar crítico da humanidade.
Plínio Palhano é artista plástico
quinta-feira, novembro 21, 2013
A QUEM INTERESSAR POSSA
Meus familiares, amigos, parentes e aderentes já sabem que segunda-feira próxima, 25-11 é o aniversário deste locutor que vos fala. Tem sido, nos últimos tempos, uma praxe nos reunirmos e celebrar o aniversariante do momento com um belo almoço, comidinhas e bebidinhas. Dessa vez vou declinar de qualquer celebração. Sinto-me cansado e doente, sem uma gota de ânimo. Quem se sentir com vontade de me ver, digo que estarei em casa no próximo domingo e ficarei feliz com a visita sem contudo, nenhum compromisso de almoço e que tais. Não irá faltar hora para nos encontrarmos no dia 25 e durante a semana. Obrigado pela compreensão. Hugo
Práxis da arte no Brasil do PT
Ipojuca
Pontes
O exercício da
atividade artística no Brasil neste início de milênio transformou-se numa espécie
de simulacro, sinônimo, a uma só vez, do embuste planificado, da pura e simples
malandragem e da sistemática intrujice política/ideológica. Sem meias palavras,
o ativismo das artes trafega entre nós por força do “Estado Regulado”, de
natureza socialista, em conluio com um corporativismo de fazer inveja ao
“fascio” de Benito Mussolini, e a partir do qual se formata um rumoroso calendário
de eventos culturais para a profusão de artefatos oficialmente tidos como obras
de arte.
Falar em “Estado
Regulado” não é figura de retórica. Para o teórico comunista Antonio Gramsci,
“Il Gobbo”, impulsionar a “revolução passiva” significa empenhar o governo na administração
da cultura. E o que diabo vem a ser “administrar a cultura”? Antes de tudo, a
ocupação de todos os espaços institucionais pelos agentes do partido de classe
(“moderno Príncipe”) com o propósito de subverter o universo das relações
morais, intelectuais e históricas prevalecentes no seio da sociedade.
Segundo o
receituário do comunista italiano – cujo pai, Francesco, esteve preso cinco anos por extorsão e peculato -, cabe ao
“intelectual orgânico” bombardear corações e mentes tendo como alvo a criação de
um “novo” senso comum que desvincule o indivíduo do seu passado (identificado
criticamente, nos obscuros “cadernos” de Gramsci, como algo “velho” e
reacionário). No seu projeto demoníaco, de raiz marxista, o fanático pretende nada
menos que destruir os laços que unem o homem à civilização ocidental e, por
consequência, no plano estético, liquidar com os valores e os padrões
artísticos estabelecidos ao longo dos séculos pela humanidade - coisa hoje levada
ao pé da letra no solo tupiniquim.
No plano
religioso, para varrer a noção de Deus da face da terra, o Corcunda projeta a
verdade unidimensional do partido de classe (revolucionário) como substituto, nas
consciências, da divindade ou do imperativo categórico (lei moral), para a secularização
absoluta das instituições sócio-políticas (Estado) e da cultura.
Vale tudo no imbróglio
valorativo que toma conta do espaço cultural caboclo. Por exemplo: nas redações,
cátedras, mídia televisiva, etc., o culto do “novo”, administrado pelo “intelectual
orgânico”, procura impor ao senso comum a troca referencial de Dostoiévski por Milton
Hatoum; Dante Aleghieri por um “coletivo” de poetas de vanguarda; Picasso pela
“arte visual” de Sebastião Salgado, e a obra de Wolfgang Amadeus Mozart pela “genialidade
musical” de Chico, Caetano e Gil.
Na prática, a
formatação desta “práxis” destruidora se esgota no lançamento de magotes
de filmes engajados ou descartáveis, megashows de rock em arenas ululantes, sucessivos
espetáculos de música, teatro, dança, exposições de artes plásticas e, em escala
crescente (ainda em processo de institucionalização), nas performances de arteiros
que fazem da própria carcaça a “body art”. Tudo, é claro, sem esquecer o desempenho dos black-blocs que, no
quebra-quebra premeditado das manifestações de rua, expressam, no entender da crítica
de vanguarda, a “radical linguagem da cultura punk”.
Mas o leitor não
se engane: por trás da incessante “febre de criatividade” nativa, encarada como
transformadora, ergue-se (nem sempre de forma sutil), a vontade do Estado Regulado
empenhado em controlar, promover, selecionar, financiar, premiar e punir (pela
exclusão econômica e o silêncio) as artes
nacionais, todas submissas à gerência institucional de comissários djanovistas,
conselhos de classe e burocratas militantes da causa.
A realidade é uma
só. Na total ausência de produtores genuínos ou mecenas reais – todos triturados
pela ação do Estado Regulado (entre eles, a figura do falso capitalista Eike
Batista, banido pro tempore das bilionárias benesses do BNDES), – dir-se-ia que
a prática do que aqui se tem como atividade artística sobrevive acuada entre os
prazos dos editais lançados pelo comissariado e a ânsia de servir aos cânones
ideológicos oficiais na perspectiva sempre renovada de navegar no mar venturoso
da grana fácil (subtraída, por força de lei, do bolso do contribuinte).
De fato, a dependência
da clientela é total, ninguém quer ficar de fora da parasitária roda da fortuna:
“animadores culturais”, produtores do showbizz, artistas consagrados e de
“prestígio”, iniciantes, bandas musicais, grupos alternativos, empresários de
ocasião, especialistas em leis de amparo à cultura e captação de recursos, associações
de classe, sindicalistas, ongueiros, performáticos, militantes dos “movimentos
sociais” e corporações partidárias etc. – todos, formando legiões famintas, se
voltam para o patronato do Estado que os mantém (como crianças) eternamente à
mercê das tetas dos cofres públicos.
(De como a
atividade artística se abastardou nas mãos do Estado Regulado e do
supercorporativismo é assunto que abordaremos no próximo artigo).
terça-feira, novembro 19, 2013
Ninguém se perde na volta...
Finalmente estamos de retorno às atividades. Em grande estilo, suponho. É melhor rir do que chorar. Moçambique nos dá o exemplo...
domingo, novembro 03, 2013
Estação Ponte d´Uchoa
Vejam que história interessante: em 1865 foi instalada no
Recife a Empresa de Trilhos Aros Urbanos, proporcionando à cidade um moderno
sistema de transporte urbano com bondes. Os chamados de maxobambas, naquela época. Esta denominação foi derivado do inglês,
machine pump. Era um veículo de
transporte de passageiros constituído de uma pequena locomotiva, cuja cabine
não tinha coberta e puxava dois ou três vagões. Podia ter dois andares. (Vide
foto a seguir).
Foi uma novidade enorme e se constituiu no primeiro sistema de transporte sobre trilhos nas cidades brasileiras, entre as quais o Recife. Várias estações foram construídas, em pontos estratégicos da cidade, conforme naturalmente a atender as necessidades da população. Uma deles foi a de Ponte d´Uchoa, na localidade de mesmo nome, situada entre os atuais bairros da Jaqueira e das Graças. Área nobilíssima da cidade. Em 1867, a empresa passou para o controle da Brazilian Street Railway – de origem inglesa – e a estação Ponte d´Uchoa foi junto. A maxobamba circulou pela cidade até 1915. Em 1916, outra companhia inglesa fundou no Recife a Pernambuco Tramways & Power Company, introduzindo o moderníssimo bonde elétrico no transporte urbano da cidade além da geração e distribuição de energia elétrica na cidade. Vide foto a seguir.
A Estação Ponte d´Uchoa continuou como importante ponto de parada para os passageiros. Isso durou até que o sistema de bondes foi suprimido e substituído por ônibus, final da primeira metade do século passado. Novamente a estação Ponte d´Uchoa serviu de parada dos coletivos, até 2003 quando foi deslocada para facilitar o trânsito local. Restou um belo ícone da história da cidade, admirado e querido por todos. Recordo que fiz ponto de paquera das alunas do Colégio das Damas Cristãs, lá em frente. Tombado e preservado como importante patrimônio histórico-cultural da cidade. Um cartão-postal. Vide foto a seguir. Outras estações certamente existiram, mas, nem vestígios nos dias de hoje.
Ah! Antes de terminar, mais um pouco de história: andei conversando com o Professor Google e ele, que sabe de tuuuuudo, me explicou que “o nome Ponte d´Uchoa está relacionado ao Senhor de Engenho Antonio Borges Uchôa, do Engenho da Torre, que viveu no século XVII. Após a expulsão dos holandeses em 1654, para permitir acesso à outra margem do rio Capibaribe, onde moravam parentes seus, ele construiu uma ponte, que ficou conhecida como Ponte d´Uchoa, e assim ficou denominada a área adjacente à outra margem do rio que fazia ligação por ponte da sua propriedade”. Desconfio que seja a atual Ponte da Torre.
Blog do GB
NOTA: As fotos foram obtidas no Google Imagens
Foi uma novidade enorme e se constituiu no primeiro sistema de transporte sobre trilhos nas cidades brasileiras, entre as quais o Recife. Várias estações foram construídas, em pontos estratégicos da cidade, conforme naturalmente a atender as necessidades da população. Uma deles foi a de Ponte d´Uchoa, na localidade de mesmo nome, situada entre os atuais bairros da Jaqueira e das Graças. Área nobilíssima da cidade. Em 1867, a empresa passou para o controle da Brazilian Street Railway – de origem inglesa – e a estação Ponte d´Uchoa foi junto. A maxobamba circulou pela cidade até 1915. Em 1916, outra companhia inglesa fundou no Recife a Pernambuco Tramways & Power Company, introduzindo o moderníssimo bonde elétrico no transporte urbano da cidade além da geração e distribuição de energia elétrica na cidade. Vide foto a seguir.
A Estação Ponte d´Uchoa continuou como importante ponto de parada para os passageiros. Isso durou até que o sistema de bondes foi suprimido e substituído por ônibus, final da primeira metade do século passado. Novamente a estação Ponte d´Uchoa serviu de parada dos coletivos, até 2003 quando foi deslocada para facilitar o trânsito local. Restou um belo ícone da história da cidade, admirado e querido por todos. Recordo que fiz ponto de paquera das alunas do Colégio das Damas Cristãs, lá em frente. Tombado e preservado como importante patrimônio histórico-cultural da cidade. Um cartão-postal. Vide foto a seguir. Outras estações certamente existiram, mas, nem vestígios nos dias de hoje.
Vejam, agora, que
história triste: esta semana – quase 150
anos depois de construída – a estação Ponte d´Uchoa amanheceu destruída!
A recifense foi tomado de triste surpresa. O tradicional cartão postal
da cidade foi,
praticamente, deletado, de
hora para
outra, por um imprudente motorista, filhinho mimado da mamãe, que encheu
a cara
numa farra noturna e no amanhecer, ao volante de um veiculo
“desconduzido”, colidiu com a histórica estação, derrubando-a quase que
totalmente. Acidentes
acontecem, eu sei. Muitos de forma inexplicável. Mas, quando o motivo é o
álcool na cuca, tenha paciência. E, quando toma como alvo da destruição
um
patrimônio histórico da cidade, pior. Não tem desculpas. Segundo o
noticiário,
o cara foi socorrido às pressas e se livrou do flagrante, inclusive, do
teste
de alcoolemia.
Não importa qual a explicação que seja dada. Inquirido pela
policia, jurou que não havia bebido! Dormiu ao volante? Quem sabe? Seja lá como tenha sido,
o que importa é que a história da cidade foi borrada. Num lugar onde a
preservação do patrimônio histórico é, muitas vezes, relegado a último plano,
um episódio desses é lamentável. Fala-se na recuperação da estação. Espero que
o mais rápido possível e que o autor do desastre será responsabilizado pelo
custo da restauração. Tem que ser assim, para servir de exemplo. Sem pena nem
concessões apadrinhadas. O contribuinte não deve pagar por esse abuso. É de se
esperar que a coisa não se perca nos meandros da burocracia dos poderes
constituídos e a estação corra o risco de cair no esquecimento, como tantos outros
monumentos da secular cidade foram destruídos propositalmente ou por conta do
abandono.
Ocorre-me uma ideia: colocar na estação Ponte d´Uchoa –
quando recuperada, claro – um posto permanente de controle da Lei Seca. Quero
ver bebum nenhum se atrever passar
por ali.Ah! Antes de terminar, mais um pouco de história: andei conversando com o Professor Google e ele, que sabe de tuuuuudo, me explicou que “o nome Ponte d´Uchoa está relacionado ao Senhor de Engenho Antonio Borges Uchôa, do Engenho da Torre, que viveu no século XVII. Após a expulsão dos holandeses em 1654, para permitir acesso à outra margem do rio Capibaribe, onde moravam parentes seus, ele construiu uma ponte, que ficou conhecida como Ponte d´Uchoa, e assim ficou denominada a área adjacente à outra margem do rio que fazia ligação por ponte da sua propriedade”. Desconfio que seja a atual Ponte da Torre.
Blog do GB
NOTA: As fotos foram obtidas no Google Imagens
sexta-feira, novembro 01, 2013
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