domingo, junho 09, 2013

O legado de Van Gogh

Plínio Palhano

O pintor Vincent Willem van Gogh (1853–1890) nasceu um ano após e no mesmo dia do natimorto Vincent van Gogh, começando assim sua história dramática. O Willem e o Vincent do nome do artista vêm dos dois avôs. Ele era o mais velho dos irmãos Anna Cornelia, Theodorus, Elizabeth, Wellemina e Cornellis Vincent, educados rigidamente sob a orientação protestante calvinista, pelo fato de o pai, Dorus, ser pastor e ter como base o pensamento de Calvino — “Tudo que não é dever é pecado”. A mãe, Anna, fechava o círculo familiar afirmando: “Somos moldados primeiro pela família e depois pelo mundo”. A família holandesa, à época, como a dos Van Gogh, era regida pela santíssima trindade doméstica: o dever, a decência e a solidez.

Van Gogh era uma personalidade diferenciada. Quando tentava se enquadrar na tradição familiar quanto à religião e aos princípios daquele ambiente, era um desastre. O primeiro passo foi trabalhar na galeria de arte do tio Cent van Gogh, um dos parentes, que, ironicamente, enriqueceu com a venda de obras de arte e se associou a outra grande galeria, a Goupil, de um francês chamado Adolphe Goupil, formando o nome Goupil & Cie, que invadiu o mercado de arte europeu. Mas Van Gogh não se adaptou à disciplina de vendas: foi o seu primeiro fracasso.

Depois tentou ser pastor, mas foi reprovado no teste de avaliação para exercer a função. Mesmo assim, foi mandado para a Bélgica, para as minas de carvão, em Borinage. Lá, quis ser o protetor dos explorados operários; seus superiores religiosos o demitiram porque desonrou o padrão de pastor. Então, revoltou-se contra a religião e chamou os seus dirigentes de “sepulcros caiados”, outra derrota. Entre as várias decepções por que o artista passou, houve o rompimento com a família.

A arte levou-o a libertar-se dos venenos que a serpente família inoculava sobre seu espírito. Na verdade, o artista só teve dez anos para realizar a obra genial que é reconhecida pela história. Só um irmão o acompanhou e o ajudou a realizar a sua obra. Foi Theodorus, o Theo das longas cartas, nas quais Vincent compartilhava suas experiências detalhadas como artista.

Na cidade de Arles, no sul da França, o artista expandiu a sua mente realizando obras de maior representação, foi ali que conviveu com Gauguin e onde teve também um final trágico... 

Plínio Palhano é Artista Plástico
ppalhano@hotlink.com.br

Um comentário:

Mary Caldas disse...

Maravilha!
Amigo Plínio sempre uma honra a leitura dos artistas - agora Van Gogh, através das pinceladas sensíveis do seu coração.
Grande abraço, Mary