sábado, maio 11, 2013

Sem deprê, com charme!

José Maria Leal Paes

Se o tempo, o entorno do mar, do vale, da montanha, da floresta, do deserto e as avezinhas frágeis insistem em cantar tristes melodias, ponho no som um concerto de Vivaldi para fagote e orquestra e o terceiro movimento do Concerto número 2, de Rachmaninoff, também para piano e orquestra. Deixo a inquietação flutuar em mim para captar inspiração – e escrever! - à mandacaru que retém água no cruel do semiárido nordestino. É assim que atravesso a ponte e me ponho na outra margem, o outro lado onde não há down, fossa, deprê, essas variações do psiqué nas quais não acredito. Tamanha ignorância a minha! Feliz ou infelizmente, é assim que sou, possível algum ou alguma leitora tendente à autocomiseração. Para mim, a mente é um imenso, enorme, inexplorado placebo inibidor de qualquer mal. A propósito de que escrevo assim, no assado do meio-dia deste sábado, que se espreguiça? Porque, inexplicavelmente, você, sutilmente, resolveu me dar colo por ser véspera do dia das mães. Descontado o golpe comercial da data, você sabe que Verônica é a onipresente, onifluente, a maior de todas as minhas musas presentes, passadas, futuras, as vivas, as mortas e, quem sabe?, as ainda por nascer. Pura curtição. Tão lógico quão inarredável, pois não? Foi ela quem me fez boiar na Terra azul, me ensinou a voar, injetou em mim o vírus da liberdade. E me chamava de José. Apenas. Só ao escrever grafava “meu filho”. Que charme.

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