José Maria Leal Paes
Se
o tempo, o entorno do mar, do vale, da montanha, da floresta, do
deserto e as avezinhas frágeis insistem em cantar tristes melodias,
ponho no som um concerto de Vivaldi para fagote e orquestra e o terceiro
movimento do Concerto número 2, de Rachmaninoff, também para piano e
orquestra. Deixo a inquietação flutuar em mim para captar inspiração – e
escrever! - à mandacaru que retém água no cruel do semiárido
nordestino. É assim que atravesso a ponte e me ponho na outra margem, o
outro lado onde não há down, fossa, deprê, essas variações do psiqué nas
quais não acredito. Tamanha ignorância a minha! Feliz ou infelizmente, é
assim que sou, possível algum ou alguma leitora tendente à
autocomiseração. Para mim, a mente é um imenso, enorme, inexplorado
placebo inibidor de qualquer mal. A propósito de que escrevo assim, no
assado do meio-dia deste sábado, que se espreguiça? Porque,
inexplicavelmente, você, sutilmente, resolveu me dar colo por ser
véspera do dia das mães. Descontado o golpe comercial da data, você sabe
que Verônica é a onipresente, onifluente, a maior de todas as minhas
musas presentes, passadas, futuras, as vivas, as mortas e, quem sabe?,
as ainda por nascer. Pura curtição. Tão lógico quão inarredável, pois
não? Foi ela quem me fez boiar na Terra azul, me ensinou a voar, injetou
em mim o vírus da liberdade. E me chamava de José. Apenas. Só ao
escrever grafava “meu filho”. Que charme.
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