A Peleja da Professora contra o Dragão da Canalhice

Meus caros amigos

Hoje, um domingo ensolarado, talvez não fosse o dia e a hora apropriados para um desabafo desse gênero. Penitencio-me, mas escrevo  imbuído do mais alto sentimento de solidariedade profissional. Sou professor aposentado e lhes conto as desditas, as agruras, as aflições, para não dizer o calvário, de uma professora nesta terra de ninguém. Se a mão pesar demais desculpem, a professora, Heroína Brancaleone em questão, é minha filha.

É voz corrente que os corruptos encastelados nos nichos do poder deste pobre-rico país estão a fazer escola. É todo mundo querendo levar vantagem de todo mundo. Haja "Lei do Gerson". Mas aqui pra nós, roubar de professor é pra dizer o mínimo, uma falta de imaginação. A seguir alguns passos dessa verdadeira Via Crucis:

A minha filha foi contratada por uma faculdade de informática pela figura peçonhenta de seu diretor (sic) em 29-08-2009 para ministrar aulas em turmas de especialização, nos seguintes horários: de 8.00 as 16.00hs por quatro sábados em três disciplinas no valor de 1.200,00 por turma. Ministrou na realidade aulas no periodo de 29-08-2009, 26-09-2009, de 03-10-2009, 31-10-2009 e de 7-11-2009 a 28-11-2009. Não recebeu um centavo sequer. À vista disso resolveu, após inúmeras tentativas frustradas, requerer o devido pagamento e suas correções legais em juízo levando a dita faculdade e seu respectivo peçonhento diretor (sic) à justiça, pois quem trabalha de graça é relógio e ainda assim há que se trocar a pilha de tempos em tempos. O valor da causa foi estipulado em R$ 5.000,00. A data era 06-012010. Foi então marcada uma audiência de conciliação para o dia 17-03-2010.

Na data acima aprazada o meliante, digo, diretor valeu-se de um expediente mais manjado e mais baixo do que poleiro de pato. Não compareceu e com a sua ausência constatou-se que a citação havia sido devolvida com a informação dos Correios "Mudou-se". Pode? Pode, em Pindorama, tudo pode.  E aqui paira no ar empesteado, a fedentina da corrupção. Quem subornou quem? Ora, meus caros, sabe-se que não é nada fácil mudar de casa e levar uma família. Quanto mais uma faculdade inteira. Alguém molhou a mão de alguém. Marcada uma nova audiência para o dia 17-06-2010. Nenhum acordo. Remarcaram então para o dia 29-07-2010. Estão vendo que a tática é vencer pelo cansaço. Uma canalhice sem precedentes.

Para finalizar, já que a questão ainda não foi solucionada e se arrasta desde 2010, numa das últimas audiências foi demonstrado pelo asqueroso diretor (sic) e seus advogados de porta de cadeia, um suposto recibo de quitação assinado por minha filha que afirma nunca haver assinado coisa alguma. Lhe foi negada uma simples vista d'olhos ao nefando documento.

Convido a todos para um modesto exercício de lógica.

Ora, se esse tal "recibo" já existia qual a razão de não haver sido apresentado logo no início, na primeira audiência? Elementar, meu caro Watson, não foi apresentado porque simplesmente não existia, foi "fabricado". Conheço as "artes e manhas" dessa ralé. Fiquem certos. A professora vai exigir um exame grafológico do recibo.

Continuando na lógica...

Devem ter notado que não me referi ao nome da instituição ou do canalha que a dirige. Sei perfeitamente quem ele é, mas ele não sabe quem eu sou. Se, porventura este texto cair em suas mãos sujas, e ele se achar ofendido na sua "honra" que se enfureça, proteste, se exaspere, pois assim estará aceitando automaticamente tudo o que aqui foi denunciado.

Assumo, para os devidos fins, tudo o que aqui foi exposto. A experiência me dá a capacidade de discernir entre um homem de bem e um safado. Esse cavalheiro é um safado.

Hugo Caldas