domingo, fevereiro 17, 2013

Dorival

Cuido que nós, brasilíndios, habitantes dessa mui amada Terra Pindorama, vivemos ainda com o Rei na mente e no coração, para não usar a desgastada e demodé expressão no "inconsciente coletivo". Para nós, Rei é sinônimo de excelência, coisa boa, ou como diz a malta, tudo de bom. É Rei dos Parafusos pra aqui, Rei dos Galetos pra lá... acho que Freud explica. Explica mesmo? Então como justificar a derrubada do Rei no último plebiscito? Muito provavelmente por falta de educação e de informação. A seguir, uma história bem catita acontecida no ano da graça de 1992.
Desempenhava o locutor que vos fala a condição de franqueado de uma autarquia do governo da qual não citarei o nome e muito menos o santo protagonista do causo. Eram tempos de plebiscito e um dos itens a ser votado era se a monarquia deveria ser restaurada no país.

Na sucursal a qual eu me reportava havia um crioulo - sem ofensas, patrulheiros - que era a alegria personificada. O negão era a maior simpatia. Vivia cantando e sorrindo, trabalhando ou não. Fazia piada de tudo e tinha uma habilidade ímpar. Imitava o Cauby Peixoto. Porém  não imitava o Cauby cantando e sim falando. O que é bem mais difícil.

- "como vai professor..."  Era idêntico, um espanto.

Eis senão quando, de uma hora para outra, Dorival (nome fictício) começou a definhar, entristecer a cada novo dia. Emagrecera a olhos vistos. Indaguei a razão do fato inusitado. Contaram-me que seus colegas, para tirar um sarro com a cara dele inventaram que se a monarquia fosse restabelecida a escravidão iria voltar e ele seria escravizado, mas que não desesperasse, pois os seus amigos iriam fazer uma vaquinha a fim de comprar a sua alforria.

E não é que o pobre do Dorival acreditou!

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