O ano passou como um meteoro. Pelo que dizem os especialistas, o tempo - interior ou cronológico - está passando, sem remissão, cada vez mais rápido. O que era tido no início do século XX como o espaço de 1 hora, hoje é pressentido como algo em torno de 45 minutos, quem sabe meia hora. Sim, o tempo voa e se estreita, projetando-se com velocidade superior a de um Usain Bolt, atleta olímpico que percorreu 100 metros em menos de 10 segundos. Os cientistas justificam tal fato pela aceleração da expansão do universo, ou seja, do próprio tempo - fenômeno não apenas explicável à luz da ciência, mas que pode ser avaliado de acordo com a sensibilidade de cada um.
A aceleração do tempo, em geral, tem significado mudanças, transformações radicais, superação de obstáculos, etc. Mas no Brasil da Era do Mensalão alguns dos seus problemas mais ingentes continuam na batida do século XVIII, quando uma hora marcava, na frenética perspectiva dos tempos atuais, cerca de 120 minutos.
Vejamos, por exemplo, a questão da habitação popular. Em vosso país, em pleno século XXI, segundo o Censo de 2010, mais da metade da população (194 milhões de habitantes) convive em tugúrios, sem água, esgoto e coleta de lixo. Eles são classificados pelo IBGE, com alguma dose de hipocrisia, como “domicílios inadequados”, sinônimo de moradias precárias, barracos de taipa, cubículos, habitações lacustres, viadutos e palhoças. No Nordeste, os “domicílios inadequados” nos tempos do folclórico “Minha casa minha vida” somam mais de 70% dos lares, em geral abrigando tosca e porcamente famílias de até seis pessoas – e não vai no “tosca e porcamente” nenhuma figura de retórica, pois essa gente, mesmo com o Bolsa Família, sobrevive em meio a fezes, insetos, baratas, ratos, odores pútridos e muito lixo.
Ao todo, segundo o Censo de 2010, são 27 milhões de moradias inadequadas que abrigam mais de cem milhões de deserdados, os chamados “sub-homens” de Gorki, justamente a gente que se esfalfa e carrega o país, como escravos, nas costas.
Como na vida brasileira não existe a prática da “adoção de velhos”, boa parte deles fogem de tais abrigos e fenecem pelas ruas implorando a caridade alheia ou são imolados nos desvãos de obscuros hospícios suburbanos, olhos dementes de desesperança, aguardando o último suspiro. Calcula-se hoje em aproximados 1 milhão o número de velhos desamparados vegetando por todo território nacional. E como se anuncia que a expectativa de vida do brasileiro já ultrapassa a faixa dos 73 anos, é de se presumir que também aumente o número de velhos desamparados, como a denegrir, propositadamente, a imagem do “paraíso socialista” de Lula/Rousseff, que se proclama em luta por uma “sociedade mais justa e solidária”.

Sem ler nas entrelinhas e buscar fontes primárias, é muito difícil encontrar a informação verdadeira no Brasil mistificado de hoje. O governo do PT atua firme para controlar a imprensa, ora por meio da manipulação das verbas oficiais, ora pela ação de assessorias empenhadas em pautar a mídia com “o que interessa” ou ainda pelo emprego massivo nas redações oficiais de jornalistas militantes empenhados em “defender a causa” pela pura e simples sonegação dos fatos.
Em suma: sem fugir das fontes oficiais torna-se impossível entender a questão da habitação popular, da velhice abandonada e do próprio país.
Que fazer?
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