domingo, julho 22, 2012

O Poeta Governador

Hugo Caldas

Ronaldo José da Cunha Lima foi um poeta e político paraibano. Como poeta ocupou a cadeira de número 14 na Academia Paraibana de Letras. Como político governou a Paraíba entre 1991 e 1994. Durante esse período cometeu uma tentativa de homicídio, disparando três tiros contra o seu antecessor Tarcísio Burity, por causa de críticas que este teria feito ao seu filho Cássio Cunha Lima, à época superintendente da Sudene. O caso se deu em um restaurante de João Pessoa, e o episódio ficou conhecido como "O Caso Gulliver".

A propósito do constrangedor incidente do Restaurante Gulliver, conta-se a seguir uma história, que a Paraíba inteira conhece e dá fé.

"Passados o devido tempo e após a poeira baixar... foi Cunha Lima chamado à presença do Senador Humberto Lucena, chefe político e Morubixaba do PMDB, para explicações:

- Ronaldo, começa decisivo o senador, você não é qualquer um. Você é o governador da Paraíba. Você não pode nem deve sair por aí dando tiros em seus desafetos...

- Tenho plena consciência disso senador, responde um cabisbaixo Ronaldo. Não sei o que me deu na cabeça. Eu errei, confesso.

- Errou sim, todo mundo já sabe! Cuide de acertar da próxima vez, seu incompetente!"

Anos depois o assisti em entrevista à TV Universitária quando instado a falar sobre o incômodo incidente, saiu-se com essa:

- "Invencionices, eu nunca matei ninguém a não ser a saudade, dedilhando o meu pinho nas noites de luar".

Um poeta em toda sua essência. Abaixo, um dos seus sonetos:


RONALDO CUNHA LIMA

Eu venho da total felicidade
onde a vida era o sonho que eu queria,
onde a rua à criança pertencia,
ideando, se muito, a minha idade.

Eu venho do florir da liberdade,
do direito ao sorriso, à alegria,
de viver, de verdade, a fantasia,
de ser da fantasia a realidade.

Venho do filme feito em branco e preto,
venho do verso vinculado à rima,
venho carpindo os erros que cometo.

Venho do ontem, que hoje me aproxima
à sublime sonância do soneto.
Venho de ser Ronaldo Cunha Lima.

Um comentário:

Maria Olindina disse...

A Realidade da Paraíba
Mergulhado na crise da
Paraíba
"Assumo o Governo da Paraíba,não me cobrem obra de pedra e cal; não me julgem;não esperem milagre,esse vamos receber de Deus."

28/09/2001
No Parque do Povo- Saudando as mulheres.

Entrevista com Fernando Cesar Mesquita:
- A diferença entre o Governo e a falta;
- O que leva você a criar? a se inspirar?
. a poesia é feita de instantes,a criatividade se associa a vivência e a emoção.
-Como conciliar a atividade política com a poesia?
.símbiose,troca e permuta com as suas atividades.O político precisa do poeta; o poeta adota sistemáticas.

No adeus a Ronaldo Cunha Lima
"Para que chorar o que passou?"
Lamentar perdidas ilusões,se o ideal que sempre nos acalentou;renascerá em outros corações.
Adeus, Ronaldo Cunha Lima!