domingo, abril 29, 2012

TORRES

Hugo Caldas

Hoje me deu vontade de falar sobre torres.
O termo Torre, do latim turris, designa uma estrutura alta, de arquitetura ou engenharia, em que a altura é bastante superior à largura apresentando uma determinada verticalidade. Pode ser edificada para diversos fins, como defesa, comemoração, etc. De um modo geral pode ser edificada como estrutura independente ou como parte integrante de uma construção e a sua planta pode variar desde circular, quadrangular ou poligonal.

Temos no Recife, o bairro da Torre. Em João Pessoa, também. Porém, em verdade vos digo: não há nenhuma torre no bairro da Torre. Em João Pessoa existia apenas a torre de um enorme catavento reinando absoluto na casa do meu Tio Luís, que já naquela época utilizava a energia eólica, para enfrentar os famigerados apagões, da terra de Rui Carneiro, "de noite falta luz e água o dia inteiro". O bairro todo às escuras e a casa dele na maior claridade. Era a glória!

No Recife a denominação procede da antiga capela de um engenho instalado nas redondezas em priscas eras. A torre mais famosa da cidade é a Torre de Malakoff. O nome provém de uma torre defensiva perto de Sebastopol, na Ucrânia, e a sua tomada permitiu a entrada na cidade dos exércitos de Napoleão III durante a Guerra da Crimeia em 1855.

Há ainda, em Recife, as Torres Gêmeas, sim senhor! Bem alí no final da faixa que vem desde o Cabanga Iate Clube até perto do porto. Em sendo área de marinha o IBAMA não queria permitir a construção mas um certo alcaide sapecou a autorização, passando por cima de tudo e de todos e ganhou evidentemente, uns dois apartamentos. É o que dizem.


Tour Montparnasse

Tour Eiffel
Este fim de semana "Le Figaro" publicou o resultado de uma enquete que descobriu qual o prédio que os parisienses gostariam que desaparecesse para sempre da paisagem da cidade. Mais de 15 mil pessoas foram consultadas através da internet, e a grande perdedora foi a Tour Montparnasse, com cerca de 35,4% dos votos. À este funesto resultado seguiram-se comentários extravagantes tais como, "verruga de Paris" "candelabro infausto", "torre do mal", e por aí vão mais de uma dezena de epítetos nada recomendáveis à Cidade Luz. Por mim àquela horrenda Pirâmide de Vidro em frente ao Louvre também entraria no pau!

Construído em 1973, o prédio de vidro preto da Tour Montparnasse é o mais alto de Paris, com 210 metros. Como parece não haver um só cristão que se prontifique a defendê-lo o prefeito Bertrand Delanoë já se decidiu em favor de sua demolição. O único impedimento talvez seja o alto custo da árdua tarefa. O prédio que abriga inúmeros escritórios vive principalmente da vista panorâmica que oferece da cidade, mas quem quer admirar Paris do alto dificilmente abre mão da famosa Torre Eiffel.

Cena recorrente em Paris: uma foto tendo ao fundo a Torre Eiffel, que recém completou cento e vinte anos.

É claro que a Torre Eiffel é o cartão postal predileto da cidade. Como a torre é muito alta, 324 metros de altura, ficar distante dela é o único remédio para enquadrá-la no visor, já que pode ser vista de qualquer ângulo da cidade. Projetada pelo engenheiro Gustave Eiffel, foi erigida para servir de arco de entrada da Exposição Universal de 1889.

Francês tem cada uma!

Guy de Maupassant, escritor e poeta, não dava a mínima para a Torre Eiffel. De fato ele a detestava como construção que considerava uma estupenda inutilidade. Maupassant costumava, apesar da rejeição, almoçar em um dos restaurantes da Torre não por causa das suas preferências gastronômicas, mas porque lá, considerava, era o único lugar de Paris onde ele não conseguia avistar a Torre, objeto do seu desafeto.

Não é de hoje que os parisienses consideram que a cidade representa tudo para todos. Seus Museus, Teatros, O Sena, com os seus 776 quilômetros, suas Pontes, Restaurantes famosos, que fazem a alegria de qualquer gourmet. Aliás, não apenas os franceses se preocupam com a bela cidade.

Lembram do maluco Adolf Hitler que durante a Segunda Guerra Mundial, ao ensejo da perda da cidade para os aliados que se aproximavam em marcha acelerada, ordenou ao comandante da guarnição alemã que reduzisse tudo a cinzas? Felizmente o general von Choltitz, governador militar de Paris, desobedeceu as ordens do doido e em vez de destruir a cidade, achou melhor entrar para a história. As ordens diziam: "A cidade não deve cair em mãos inimigas a não ser completamente em ruínas." Dizem até que um alucinado Führer telefonava de vez em quando com a pergunta malsinada, "Brennt Paris?" ou seja, "Paris está em chamas?" O general tedesco não incendiou Paris e se entregou aos franceses que ele não era besta nem nada!

Von Choltitz morreu em sua cama em 1966. E Hollywood produziu um filme memorável sobre o episódio.

2 comentários:

Girley Brazileiro disse...

SE a torre de MOntaparnasse for abaixo, vou lamentar o fim do melhor restaurante de Paris (na minha opinião), o Ciel de Paris. A comida é muito boa. Mas, a vista é deslumbrante. É meu restauarnte predileto.
Girley Brazileiro

Anônimo disse...

Beleza, Hugo! Mas como falamos de torres e somos da Paraíba, seu texto me lembrou a história do que o tal de Belarmino, de Areia, voltou de Paris e disse: num vi vantagem de lá pra nossa cidade. Si num fosse aquela torre de televisão que tem lá, Areia seria muito mais famosa!


W. J. Solha