sábado, fevereiro 04, 2012

POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA





Breno Grisi




Eis que no meio de mais de 500 mil leis da União (isso mesmo, mais de meio milhão de leis), surge agora a LEI N. 12.587, DE 3 DE JANEIRO DE 2012.
A Exma. Sra. PRESIDENTA da República: faz saber que o Congresso Nacional decreta e ela sanciona a seguinte Lei: ... e lá se vão umas 12 laudas com 25 artigos, tendo chamado particularmente minha atenção (e para ser sucinto), a Seção II, que reza em seu “Art. 5 A Política Nacional de Mobilidade Urbana está fundamentada nos seguintes princípios:

I- Acessibilidade universal;
II- Desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais;
III- Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo;
IV- Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano;
V- Gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana;
VI- Segurança nos deslocamentos das pessoas;
VII- Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços;
VIII- Equidade no uso de espaço público de circulação, vias e logradouros; e
IX- Eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana”.

Meu Deus! Isto é realmente fantástico! É PRIMEIRO MUNDO!!! Esta foi minha primeira reação ao ler todo o documento. Mas, passado o entusiástico susto, ou acordando desse sonho em plena luz do dia, comecei a pensar como tudo isso e todos os demais 24 artigos, seria posto em prática.

Fui aos poucos recobrando a consciência e sem querer ser “crítico sagaz” nem tampouco “satírico”, observei que: as expressões ACESSIBILIDADE UNIVERSAL (item I), EQUIDADE NO ACESSO... (item III) e EQUIDADE NO USO DE ESPAÇO PÚBLICO DE CIRCULAÇÃO, VIAS E LOGRADOUROS (item VIII), são de uma obviedade sui generis neste nosso planeta; enquanto outras expressões, como EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE...(nos itens IV e IX), assim como a expressão SEGURANÇA NOS DESLOCAMENTOS DAS PESSOAS (item VI), são no Brasil atual, no mínimo “fantasiosas”.

Como professor, fico preocupado em saber como nosso povo irá compreender, assimilar e usufruir dessa GESTÃO DEMOCRÁTICA E CONTROLE SOCIAL DO PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DA POLÍTICA... etc. e tal (item V); assim como usufruir do que é garantido no item VII (JUSTA DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS etc.). Por que a descrença? Porque na minha experiência de professor venho observando que:

1. A nossa educação escolar é precaríssima, não cumprindo os objetivos a que se propõe. Regulamentada que seja por outras tantas leis (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, resoluções do Conselho Nacional de Educação...), nossa escola “não funciona”! Quando fui professor de professores do ensino fundamental, em curso de pedagogia, vi e senti que para educar nosso povo será necessário um MONUMENTAL ESFORÇO DE GUERRA. Isso mesmo: armar tendas em pontos estratégicos e ensinar nossos professores a ensinar!!! Estimular a melhorarem e cobrar. E aplicar a meritocracia, com remunerações dignas. Investir maciçamente nos instrumentos necessários para se ter escolas que sejam capazes de tirar o Brasil do octogésimo oitavo lugar do “ranking” mundial da Unesco, atrás de (na América do Sul) Argentina, Chile, Uruguai e até mesmo Equador e Bolívia (sem querer ofender os patrícios latino-americanos destes dois últimos países).

2. A educação doméstica também deixa muito a desejar. “A dificuldade econômico-financeira em que vive a maioria parece puxar pra baixo este importante valor da sociedade”, condição essa agravada pela perversa distribuição de renda que caracteriza o nosso país, cujas autoridades se orgulham ao afirmar que nosso PIB superior a U$2 trilhões nos conduz à quinta posição na economia mundial. Mas ficam em silêncio com a nossa septuagésima terceira posição no IDH.

3. A valorização dos profissionais do magistério e da ciência e tecnologia não parece ter no Brasil uma consagração igual a dos “tigres asiáticos” (Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan), nem tampouco a dos “gigantes asiáticos” (China e India). Aqui os melhores contemplados trabalham no legislativo e judiciário.

Entendo que precisamos ter políticas, para tudo que diga respeito a desenvolvimento e particularmente a desenvolvimento sustentável. Mas para se auferir benefícios de políticas, por mais democráticas e úteis que possam ser, “sem EDUCAÇÃO, não dá”!!!

Nenhum comentário: