
José Virgolino de Alencar
No Brasil atual, embora venha de longe, fala-se muito em buracos. Nas estradas, nas pontes, nas vias públicas, nos caminhos dos metrôs; na Contas Públicas; no espaço aéreo; já tem buraco dentro de buraco. E, para completar, abre-se um buraco nas mentes dos gestores públicos, cujas ideias, velhas e esburacadas, são causadoras de todos os buracos.
Escrevi há mais de dez anos um artigo sobre os buracos do Brasil. Publiquei tempos depois, não lembro quando, porque é um tema constante no país.
Republico agora, em face da buraqueira que só aumenta, revisando alguns pontos e acrescentando as novas formas surgidas de esburacar a nação.
Conservo o título original: "Buracos do Brasil S. A. - Buracobrás"
O Brasil é o país dos buracos. Há o eterno e imenso buraco nas contas públicas, que entra governo e sai governo e ninguém tapa. As despesas são elevadas e descontroladas, mal geridas, desperdiçadas, desviadas. Tentando fechar o buraco, os governos lançam mão dos tributos, impondo uma carga de impostos, taxas, contribuições, tarifas e outros penduricalhos fiscais nas costas da sociedade contribuinte. É muita areia tributária colocada no buraco, mas não tem jeito de fechar.
As estradas e vias públicas são esburacadas e lá vem o governo de novo cobrando do contribuinte a areia para tapar os buracos das rodovias, das ruas e avenidas. Mas não tapam.
O espaço aéreo tem um buraco negro, onde as aeronaves perdem o contato com o mundo, ficam em vôo cego, os passageiros vulnerabilizados pelo perigo, os graves acidentes acontecem e destroem vidas inocentes e preciosas. O governo diz que não tem dinheiro no caixa, estende o chapéu para a sociedade e cobra mais contribuições. Mas o buraco negro não é fechado.
Obras como a de um metrô, que escavam por baixo da cidade, abrindo um buraco para os trens passar e o trânsito fluir mais rápido e menos congestionado, são trabalhadas de forma irresponsável e gananciosa pelas empresas e pelos órgãos públicos, de repente ruem e abrem um inesperado buraco na via pública, engole veículos e pessoas e lá se vão mais vidas inocentes e preciosas. E vem o governo cobrar da sociedade a despesa, mas os buracos não fecham.
Há, inda, um enorme buraco aberto na lógica das idéias, obra do velho socialismo absorvido pelas esquerdas brasileiras, uma cratera incrustada no hemisfério, certamente, oriental do cérebro dos ditos socialistas que não conseguiram acordar e ver o mundo do século XXI, em que não cabem mais ilhas ideológicas teimosas, onde se rema contra todas as marés. Um universo de informações sensatas desabam à frente dessas pessoas, mas o buraco mental não se fecha.
Nesse contexto, a estatal Buracos do Brasil S. A.-Buracobras. (S.A. aí não quer dizer Sociedade Anônima, mas Sociedade Assaltada) vai manejando suas escavadeiras, abrindo buracos de todos os tipos no país, buraco físico, moral, social, ideológico, enfim, é uma buraqueira incontrolável e sem fim.
A gente somente escapará quando Deus nos levar para o buraco final, cavado no cemitério, este, sim, natural, fatal, mas, apesar de desagradável, inexorável. Entretanto, mesmo aí, se o cidadão não tiver dinheiro para pagar as taxas de enterro, o poder público não abrirá esse buraco necessário e mandará nossa família nos jogar em outro buraco, ao relento, como um traste qualquer.
Particularmente, quando estiver morto, nem me interessa o buraco onde me coloquem, seja cemitério ou crematório.
Bota gasolina e toca fogo.
Afinal, não vou sentir nada mesmo.
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