sábado, julho 16, 2011

Aconteceu

VALDEZ JUVAL

MEDO?

Entenda-se: susto, pavor, temor, terror e mesmo sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça.
Foi o que realmente me aconteceu. Estou chegando em casa após uma operação urgente e martirizante de uma inesperada “aderência abdominal”.

Delicadamente a enfermeira chega à cabeceira de meu leito e informa que está na hora e vou ser transportado para o centro cirúrgico porém, antes ela vai introduzir uma mangueira plástica de quase dois centímetros de diâmetro, sem anestesia, pela minha narina, até o estômago.

Já na maca para a operação, complementam o espaço estreito da “cama” com tábuas nas laterais que se abrem na parte superior para que a minha posição imite a de um crucificado. E ainda amarram meus braços! Faltava chegar o anestesista.
Bem, aconteceu muita coisa e hoje estou comemorando o primeiro mês de uma nova vida.

Não foi um caso tão alarmante assim mas, para um velho de oitenta anos ter que superar alucinações, angústia, desespero e um medo danado de morrer, não foram bons momentos que se passaram.

Posso dizer que estou agora procurando curar a minha mente de todo drama, fantasioso ou não, que ficou gravado e me tem sido relembrado nos mínimos detalhes e a quase todos os instantes.

Estou sabendo contar tudo o que se passou, vendo, ouvindo e entendendo desde o momento inicial quando não consegui mais falar nem dominar os meus membros, até a retirada da minha boca da peça que fora colocada para a intubação e a demonstração de um certo alívio das auxiliares quando os meu olhos se abriram e consegui balbuciar qualquer coisa.

Engraçado! Como realmente é engraçado o apego que enraizamos dentro de nós e que dedicamos às coisas que aqui estão!

Não sei explicar o que na verdade me ocorreu. Mas também não quero mais explicações.

Quero esquecer tudo e viver novamente. Será isso possível?

Vou tentar, pelo menos, me livrar do medo.

Um comentário:

Márcia Barcellos da Cunha disse...

Sr. Valdez Juval,
São momentos difíceis onde a intranquilidade nos incomoda.
Que Deus o ampare neste momento de restabelecimento,renovando sua saúde, confortando seu coração. Muita paz!
Grata. Márcia