domingo, julho 17, 2011

O golpe do terceirizado

Ipojuca Pontes

De acordo com denúncias levadas ao Ministério Público do Trabalho, o governo de Dona Dilma Rousseff vem elevando de maneira criminosa os pesados gastos com contratações irregulares do pessoal terceirizado no âmbito de 52 órgãos federais. Agora, em vez de arrebanhar gente para preencher vagas do que se considera “atividade meio”, o Planalto investe também, via “terceirização”, na ocupação ilegal do se chama no jargão oficial de “atividade fim”.

Ante a avalanche da inquestionável forma de aparelhamento do Estado, a procuradora do MPT, Daniela Marques, declarou: “É terrível que cada vez se crie mais cargos com nomes inusitados (para driblar a lei); muitas vezes até parece que está se tentando buscar brechas para poder terceirizar o que não é terceirizável”.

Na acepção mais curta, terceirizar uma atividade significa repassar a terceiros a sua realização. No plano empresarial, por exemplo, significa a contratação de terceiros para efetivar tarefas de apoio, tais como limpeza e vigilância, consideradas atividades “meio”. Deste modo, o campo fica livre para a dita empresa agilizar sua atividade “fim”, que pode ser a de produzir bens duráveis. Para o Estado brasileiro monopolizado pelo PT e aliados, no entanto, trata-se de um expediente diabólico com o objetivo de inchar a máquina pública com gente das suas hostes – gente que, como já se sabe, conforme as circunstâncias, “não tem medo de ser feliz”.

O número de funcionários públicos do governo federal já transcende, em muito, a casa do milhão. O de terceirizados ninguém sabe direito, já que as empresas prestadoras desse tipo de serviço junto ao governo ficam sempre na moita. Mas não é de admirar que ultrapasse a casa dos 900 mil servidores, detonando para o alto as já gordas folhas salariais de ministérios, fundações e autarquias. Só de janeiro a maio deste ano, segundo denúncia ao MPT, os gastos com o pessoal terceirizado já alcançaram a cifra de R$ 1, 33 bilhão, 21% a mais do que foi gasto nos últimos quatro meses do governo Lula – e isto por que Dona Dilma garantiu ao povinho escravizado que ia cortar despesas para conter a inflação!

O problema todo é que, a cada temporada, tendo em vista a tentacular expansão do Estado, em parceria com a pressão dos “companheiros de jornada”, o governo de “coalizão socialista” assegura a permanência do pessoal terceirizado na máquina pública e, depois de algum tempo, passa a contratar mais uma nova safra de terceirizados. Agora, fora do esquadro, para cargos de apoio tecnológico, gestão, suporte operacional e o que mais se inventar.

O nosso mundo de desigualdades já não se divide mais entre pobres e ricos ou entre burgueses e proletários, mas, sim, entre os que os que estão dentro e os que estão fora do Estado. Aos primeiros, tudo. Aos que estão fora, isto é, o grosso da população - o dever de sustentá-los.

Coisa assim, nem no inferno!

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