quinta-feira, abril 07, 2011

A REFORMA POLÍTICA PARA NADA

Carlos Chagas

A imagem é velha, já utilizada por nós, mas merece ser repetida. Senadores e deputados integrantes das comissões especiais da reforma política mais parecem os Cavaleiros de Granada de que falava Cervantes: “alta madrugada, brandindo lança e espada, saíram em louca disparada. Para que? Para nada”...

Decidiram os senadores recomendar o voto para deputado apenas nas legendas partidárias, proibindo que o eleitor escolha pessoalmente o seu candidato. Os caciques se encarregarão de elaborar as listas dos pretendentes e a ordem de apresentação de cada um. Também optaram, os senadores, pelo financiamento público das campanhas, quer dizer, o governo destinará aos partidos recursos públicos para seus candidatos percorrerem os estados fazendo comícios, gastando em propaganda e em despesas de seus escritórios eleitorais.

A comissão da Câmara ainda não se pronunciou mas a tendência no Senado parece a de prestigiar exclusivamente as cúpulas dos partidos. Porque serão elas a elaborar as listas, evidentemente colocando-se nos primeiros lugares e elegendo-se sem fazer força. Mais ainda, caberá às direções partidárias receber os recursos do governo e destiná-los a seus candidatos, na proporção que bem entenderem.

Salta aos olhos que essas duas propostas não serão aprovadas pelos chamados grotões, ou seja, as maiorias silenciosas de deputados e senadores que pouco aparecem na mídia mas constituem o poder decisório nas duas casas. As cúpulas fazem espuma na defesa de seus interesses, mas o rumo e o ritmo da corrente é dado pela massa alijada dos grandes debates. São eles que decidem, votando os projetos.

Nenhum comentário: