quinta-feira, abril 07, 2011

COMPARAÇÕES

W.J. Solha

Como estou sempre envolvido com a História da Arte, frequentemente me ocorre ver alguma coisa ou algum lugar que me lembra um quadro, uma obra arquitetônica ou qualquer coisa do gênero. Quantas vezes, aguardando meu vôo no Aeroporto Guararapes, do Recife, me pilhei olhando pra pista, com o barranco ao fundo, lá na frente, vendo tudo aquilo prosseguindo no “Getsêmani” de Mantegna!...


Já o Bar Centenário, na praça com o mesmo nome, em Pombal – cidade onde vivi durante oito anos – sempre me pareceu ter “o espírito” do templo ao fundo do quadro com o casamento de Maria e José, de Rafael,... só que alargado e desprovido da cúpula...


Veja a lagoa central e o mar ao fundo, no “Jardim das Delícias” de Hieronimus Bosch, com o detalhe ampliado, à direita...
… e me diga se não o remetem à lagoa do Parque Solon de Lucena, no centro de João Pessoa, com o Atlântico ao fundo, como se aqui tivesse sido, milênios atrás, o Jardim do Éden.É impossível, pra mim, ver o Congresso Nacional e não me lembrar do quadro de Laszló Moholy-Nagy, abaixo, artista que integrou o movimento Bauhaus na Alemanha antes de Hitler.
O Hotel Tambaú, visto de cima, por outro lado, evoca-me demais a estação orbital cujo vôo ao som do Danúbio Azul começa a parte do futuro, em “2001, uma Odisséia no Espaço.”

Bem, já fui taxado de louco por ver em “A Bagaceira” uma reminiscência do “Hamlet," prefigurando em 1928 o que José Américo de Almeida – mais hamletiano ainda do que seu personagem Lúcio – faria em 30. E também porque assegurei que no Evangelho não houve Revelação, apenas aplicação frustrada, entre os judeus, do que Platão (através de seu personagem Sócrates) pregara quatrocentos anos antes entre os gregos. As fotos estão aí, confirmado que nunca há nada de novo debaixo do sol.

W.J. Solha - Escritor, Dramaturgo e Ator
wjsolha@superig.com.br

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