
Crescem, cada vez mais, as preocupações quanto à competitividade do Brasil, por ocasião dos mega-eventos Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Há apreensões dentro e fora do país. Esses últimos dias exacerbam-se as criticas quanto ao atraso das obras dos estádios. Especula-se que a situação está pior do que o que ocorreu na África do Sul. Fala-se em politicagem na FIFA, mas, cá prá nós, a verdade está aí e os fatos (e fotos) não negam. Mas também, é preciso frisar que a questão não se resume aos atrasos das construções dos estádios. Há um mundo de outros itens preocupantes, que inclui: infra-estrutura viária, aeroportuária, urbana, prestação de serviços (transportes de massa, taxis, hotéis e restaurantes, segurança, assistência médica de emergência, entre outros), para receber as levas de torcedores estrangeiros. Dá vontade de fugir para bem longe, na hora do “pega...” Também, não é para menos! Uma pesquisa recentemente divulgada, pelo Fórum Econômico Mundial, dá conta de que o Brasil perde posição no ranking mundial de competitividade no setor turismo. O país ficou no 52º lugar entre os 139 países avaliados. Na pesquisa anterior (2009) ocupou o 45º posto. É o 7º destino nas Américas. Foi ultrapassado, agora, pelo México e Porto Rico, que levavam desvantagens anteriormente. Tenho andado muito lá por fora. Quem acompanha este Blog sabe do que falo. Infelizmente há uma brutal diferença entre o Brasil e os países que visitei recentemente. Até a África do Sul surpreendeu-me: aeroporto funcional e ágil (a Copa do Mundo 2010 ajudou muito), estrutura viária e serviços de atenção ao turista sem dever a qualquer outro tradicional destino turístico. Se a comparação for com países da Europa nem se fala. Mesmo alguns países bem remotos como a Nova Zelândia, que visitei recentemente, pude conferir visíveis diferenças da entrada à saída. O Brasil não dispõe de nem um aeroporto que possa receber o mega-avião Airbus 380 (dois andares e até 845 passageiros). A Nova Zelândia tem! Acho que duas coisas estão bem claras para o mundo ligado no turismo: a primeira é que a atividade se expande economicamente e em progressão geométrica na medida em que a comunicação, o marketing turístico e os meios de transportes evoluem de modo acelerado. A segunda coisa é que há um crescente interesse das pessoas – sobretudo os jovens – em correr o mundo e gozar das delicias que é se expor à novas sociedades e culturas e curtir novas paisagens. Tudo isto, sem falar no “boca-a-boca” que se faz no mundo inteiro, que é a melhor propaganda de um destino turístico. Essas coisas têm levado a que países pobres ou ricos se preparem competentemente para receber os visitantes. É um dos melhores nichos da economia globalizada, sem dúvida E o Brasil, coitado, anda capengando. Cada vez mais nos distanciamos da competência, apesar da riqueza cultural, ecológica, gastronômica, etc. Claro que há muitos estrangeiros que visitam o Brasil e volta fazendo um “boca-a-boca” positivo. Mas, há uma imensa legião que volta às origens decepcionada com o receptivo brasileiro: os aeroportos estão ultrapassados (veja foto de Guarulhos - S. Paulo) e em crescente colapso. Ninguém gosta de correr riscos de segurança e aqui é inevitável. Ninguém gosta de taxista suado e fedorento, mas tem que se submeter a esse desconforto. É difícil se comunicar, salvo por gestos e mímica, porque poucos falam inglês ou espanhol. O serviço nos restaurantes deixa a desejar. Os transportes públicos não funcionam e se, por azar, precisar de um socorro médico, corre um risco danado.

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