
Leiam as notícias recentes abaixo e me digam se dá para ter alguma esperança. “Os otimistas”, dizia profeticamente o Millor, “não perdem por esperar”. Enquanto isso, aqui no Brasil a gente vai batendo uma bolinha, tomando uma biritinha e esperando a marolinha. Às vezes desconfio que sofremos de alienação mental coletiva. E vamos tocando a vida como se estivesse tudo bem.
Em qualquer calçada da ZS do Rio você cruza, em média, com cinco pobres diabos por quarteirão te impingindo pequenos e mal impressos volantes que oferecem desde dinheiro emprestado ou compra de ouro até consultas a búzios e tarô ou conserto de persianas. Esse fenômeno antigamente era descrito pelos economistas como “desemprego disfarçado”. Hoje ninguém mais fala nisso, porque todo mundo tem um medo pânico de ser tachado de pessimista.
“Carai, véi!”, como diz a filha adolescente de um amigo quando se depara com um fato alarmante. É a expressão que eu uso diante do que vejo. Por exemplo, está se formando aqui – e não sei se no resto do Brasil – uma bolha imobiliária gigantesca. Um apê de quarto e sala no Flamengo custa cerca de R$ 600 mil. Um de 3 quartos, em Ipanema ou Leblon, cerca de 2 milhões. Ou muito mais, dependendo de coisas como garagem, churrasqueira na varanda e outros mimos que a nova classe média a-do-ra. Quem banca esse delírio?
Cada país tem o apocalipse que merece. O nosso, além do envenenamento da água potável, do desmatamento acelerado, da violência urbana e dos acidentes rodoviários – que contabiliza, em um ano, mais mortes que a guerra do Vietnã – temos pra já um encontro com a realidade econômica, após a farra da gastança. Eu não queria estar no lugar da Dilma. Pois ela terá de pisar no freio, e a classe média quer continuar comprando muamba em Miami e carros importados aqui. Já o povo, como vive de bolsa disso, bolsa daquilo, em lhe faltando essa grana, vai agarrar no caco de vidro, ou na pistola, e cobrar isso da ex-classe média – obrigada a andar pelas ruas e a usar transporte coletivo.
Pensando bem, nosso azar é não termos um vulcãozinho, ou uma tsunamizinha, para cairmos na real. Não é não?
2 comentários:
É, Carlim, não que você não tenha razão, mas o pessimismo crônico causa úlcera, câncer, azia e unha encravada.
Como disse a Norma Benguel hoje no Globo, "se eu deixar de achar que tudo vai dar certo, eu morro".
Crica Vieira
A propósito:
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Do Blog J. P. Fontoura – O Portal:
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A Trilogia Ideológica e a Polissemia de Interesses Sociais.
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Quando critico o comportamento do político, em exercício ou não, na realidade estou criticando um ser social interagindo na sociedade que é o instituto da organização através do qual tentamos viver em harmonia. Mas este instituto atribui deveres e restringe direitos a “seres humanos” que são parte de uma natureza com leis próprias não subordinadas e contrárias às imposições da organização social.
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De nada valerá a tentativa de convivência social em harmonia sem considerar esta verdade absoluta. Não serão a imposição de deveres nem a restrição de direitos que limitarão a força do ser antropológico interagindo na natureza se ele é matéria desta...
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Embora a sociedade imponha a obrigatoriedade do “bem” o “ser antropológico” – que somos todos – tanto pode ser “anjo” quanto “demônio”, não por sua vontade, mas porque a natureza lhe impõe que seja assim... ...Isso porque as mesmas forças do que chamamos de “vida” são, também, as do que chamamos de “morte”, sem considerarmos que na “dimensão” em que vivemos “matéria não nasce nem morre”!...
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Mas o que tem nos mantido como sociedade é uma força que se constitui na essência natural do convívio social, que estabelece o equilíbrio entre as “ações” e as “reações” desse “ser”, se constituindo num instrumento a ser utilizado para a harmonia social. Eis a razão porque deveríamos exigir que o político tivesse essa compreensão e fosse o agente promotor dessa harmonia.
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Devemos nos conscientizar de que a plenitude harmônica de uma sociedade é uma utopia. Não podemos desperdiçar nosso tempo em busca do Jardim do Éden, mas sim concentrarmo-nos na busca desse tão necessário equilíbrio entre os instintos primitivos do ser antropológico títere da natureza. Mas está mais do que provado que não é privilegiando segmentos do Estado, principalmente, quando ele se constitui como uma Monarquia apelidada de Democracia, que o atingiremos.
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Na busca desse equilíbrio devemos ter em mente que a "sociedade natural" teve origens a partir da natureza orgânica do agente antropológico – o ser humano – não do ordenamento dos estados constituídos, pois estes são apenas invólucros das sociedades modernas. Os agentes gestores, desses estados, devem se subordinar à sociedade não esta a eles.
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Não podemos, em hipótese alguma, admitir a ambigüidade dominadora e obscena da trilogia ideológica: Esquerda, Centro e Direita do exercício político e esquecermos de que as “tendências às políticas de objetivos sociais” são polissêmicas apontando para todos os quadrantes desses interesses e formadora da contradição aos fundamentos naturais do desenvolvimento social... ...Enquanto este é a “base para organização e harmonia da sociedade moderna” a polissemia de interesses sociais é a natureza do ser antropológico interagindo na sociedade, mas esta interação, embora repudiando "os freios", suporta “a moderação"...
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A maioria dos pensadores sociais sempre teve grandes idéias ou “idéias grandes”, mas isoladas e com contornos personalistas, esquecida de que a sociedade natural se fundamenta em “princípios comuns”, que devem se consolidar na sociedade moderna. Foi esta distorção milenar que, até agora, abrigou os grandes equívocos da convivência social onde prevaleceu o egocentrismo do ser humano com efeito contrário ao do agregador nas tentativas que se fez e faz para consolidar essa harmonia, que só poderá ser alcançada a partir do ordenamento consuetudinário dos “instintos primitivos” do equilíbrio de forças antagônicas, que agregam e desagregam, mas que são próprias da natureza humana.
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Caberá ao Estado evoluído, representante da Sociedade Organizada, não permitir que o personalismo de seus agentes se sobreponha ao interesse social polissêmico, fundamento do equilíbrio entre as “ações e reações” dessa harmonia, que, ao se consolidar, possibilitará a paz social!...
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