Celso Japiassu
A presença portuguesa no Brasil depois do descobrimento não foi suficiente para, espontaneamente, impor no país a hegemonia da língua portuguesa. Até a segunda metade do Século XVIII, predominava no país a Língua Geral, o tupi, que era falada pela grande nação tupinambá. A ponto de o famoso bandeirante Fernão Dias Paes Leme, como tanta gente na época, nunca ter aprendido a falar português.
A Língua Franca, como também era chamada, foi inicialmente usada pelos jesuitas para ajudá-los na catequese. E espalhou-se pelo país com as bandeiras e as entradas pelo interior. O Marquês de Pombal a proibiu e obrigou a colonia a só falar português, mas a Língua Geral deixou remanescentes em inúmeras palavras do vocabulário brasileiro. O sotaque caipira do sul do país, com os rr de língua enrolada, é uma dessas heranças.
Apesar dos esforços dos governos das antigas colonias portuguesas, que tentam manter a unidade lusoparlante, o falar do Brasil afasta-se cada vez mais dos padrões clássicos. Um saloio português e um caipira brasileiro falam línguas diferentes, dificilmente se entenderiam.
Um comentário:
O Saloio e o Caipia.
Oh meu caro Celso Japiassu, pode ser que o falar do Brasil tenha se afastado muito dos padrões clássicos, mas a “matreirice velhaca do aldeão Português”, trazida pelas ratazanas, que atulhavam os porões das Naus Caravelas de Cabral, aqui desembarcaram sim e aqui permanecem em forma de uma espessa “nevoa sujo-escuro suja da Gênese”...
Ainda bem que aquele que se transformou em “Caipira Brasileiro” não fale a língua do “matreiro e velhaco saloio Português”, “embora o restante casca-grossa fale”!...
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