Breno Grisi
A força da Natureza, que é quase sempre subestimada pela maioria dos seres humanos, nos momentos em que ocorrem catástrofes, previsíveis porque hoje a ciência mostra que ocorrerão em lugares prováveis e imprevisíveis porque não se sabe quando, nos deu uma demonstração claríssima de que não a respeitamos com o cuidado que Ela merece. As iniciais maiúsculas no tratamento à Natureza são uma demonstração de que o autor destes escritos respeita-a como a Deusa Criadora.
O Japão, um dos locais por demais conhecidos de "local de risco" mostrou-nos tristemente sobre o que poderá acontecer em muitos outros lugares deste nosso planeta ainda sujeito a uma grande dinâmica de transformações naturais. Esses supostos extremos da Natureza, sempre ocorreram e pelo tempo que continuarmos fazendo parte do sistema solar, continuarão ocorrendo, em condições variadas de causa e efeito . Muita energia subterrânea vem se acumulando. Extravasou em épocas remotas, formando o Havaí e o parque Yellostone que hoje conhecemos. O círculo de fogo, do Pacífico, talvez se constitua em pontos de escape necessários para aliviar essa energia subterrânea gigantesca. Inúmeros vulcões "aguardam sua vez" de explodir. Dizem que talvez o Vesúvio seja o próximo. E inúmeros outros.
Muitos geólogos e sismólogos afirmam que se o vulcão Cumbre Vieja entrar em erupção (a última foi em 1971) a ilha La Palma, das ilhas Canárias, que o sustenta e apresenta falhas na sua estrutura, poderá sofrer um colapso e se precipitar no mar. Isso, segundo estimativas desses cientistas, poderia gerar um megatsunami de efeitos catastróficos continentais, devastando a costa leste das Américas (talvez com forte impacto no seu extremo oriental, onde nos encontramos), a costa oeste da África e do litoral europeu ocidental.
Nesses momentos de tragédia alguns gostam de lembrar as profecias de Nostradamus, principalmente a que diz respeito a de 2012. Eu prefiro relembrar o que disse Henry W. Kendall (prêmio Nobel de Física, de 1990): " Se não pararmos o crescimento populacional humano com justiça e compaixão, a Natureza o fará por nós, mas brutalmente e sem piedade, deixando um mundo arruinado". Provas recentes: o terremoto e tsunami do oceno Índico, de dezembro de 2004 (terremoto por subducção, placa tectônica da Índia mergulhando por baixo da placa da Birmânia, por isso causando tsunami), matando 230 mil pessoas e o terremoto do Haiti, de janeiro de 2010 (do tipo transcorrente, em que uma placa desliza do lado da outra, por isso causando sismo intenso local, mas não gerando tsunami), matando mais de 200 mil pessoas (alguns falam em 300 mil). Ninguém conta com precisão o número de pobres e miseráveis de nosso planeta. As profundidades em que ocorrem são muito importantes, no que diz respeito a intensidade e efeitos.
Estamos "apencados" nos litorais (bem pertinho do mar), nos sopés de morros, montanhas e vulcões, nas margens de rios (assoreados, sem vegetação nas margens) e já seremos 7 bilhões de seres humanos agora em 2011. Tudo isso sem falar na precariedade da qualidade de vida, ambiental como um todo. Nessas áreas de risco procedemos como se tudo fosse sempre estar ocorrendo normalmente. As construções são inadequadas. As rotas de fuga quando existem, estão engarrafadas, apinhadas de obstáculos mil. Por mais que "a ciência e a tecnologia sejam a resposta", relembro aqui o que disse em contra-resposta o cientista Amory Lovins: "Mas... qual é mesmo a pergunta"?!
Se fôssemos realmente povos desenvolvidos, daríamos prioridade em tudo que fazemos ao "preventivo". Neste ponto, um lembrete para nós brasileiros: "economizamos" na prevenção à tragédia das enchentes no Rio de Janeiro (em janeiro de 2011) com obras que custaram menos de 150 milhões de reais; e gastamos 2 BILHÕES de reais para "remediar" o ocorrido (em termos materiais, é claro, porque as mais de mil pessoas mortas, "ficam por conta dos parentes e amigos").
Mas teríamos um consolo: aqui não há terremotos, nem tsunamis; se não fossem as nossas catástrofes exclusivamente antrópicas: os mortos por assassinatos, "acidentes" de trânsito, em hospitais por falta de assistência, fome, ignorância... As supostas catástrofes naturais acontecidas no Rio de Janeiro e no nordeste (Pernambuco, Alagoas e Sergipe) são consequências das atitudes humanas.
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