quinta-feira, fevereiro 17, 2011

A trajetória do PT


Editorial - O Estado de S.Paulo - 17 de fevereiro de 2011

Quando foi fundado, o Partido dos Trabalhadores (PT) se proclamou agente das transformações políticas e sociais que, pautadas pelo rigor da ética e pelo mais genuíno sentimento de justiça social, mudariam a cara do Brasil. Trinta e um anos depois, há oito no poder, o PT pode se orgulhar de ter contribuído - os petistas acham que a obra é toda sua - para melhorar o País do ponto de vista do desenvolvimento econômico e da inclusão social. Mas nada no Brasil mudou tanto, nessas três décadas, como a cara do próprio PT. O antigo bastião de idealistas, depois de perder pelo caminho todos os mais coerentes dentre eles, transformou-se numa legenda partidária como todas as outras que antes estigmatizava, manobrada por políticos profissionais no pior sentido, e, como nem todas, submissa à vontade de um "dono", porque totalmente dependente de sua enorme popularidade. Esse é o PT de Lula 31 anos depois.

Uma vez no poder, o PT se transformou em praticamente o oposto de tudo o que sempre preconizou. O marco formal dessa mudança de rumo pode ser considerado o lançamento da Carta ao Povo Brasileiro, em junho de 2002, a quatro meses da eleição presidencial em que pela primeira vez Lula sairia vitorioso. Concebido com o claro objetivo de tranquilizar o eleitorado que ainda resistia às ideias radicais e estatizantes do PT no âmbito econômico, entre outras coisas a Carta arriou velhas bandeiras como o "fora FMI" e passou a defender o cumprimento dos contratos internacionais, banindo uma antiga obsessão do partido e da esquerda festiva: a moratória da dívida externa. Eleito, Lula fez bom uso de sua "herança maldita". Adotou sem hesitação os fundamentos da política econômico-financeira de seu antecessor, redesenhou e incrementou os programas sociais que recebeu, barganhou como sempre se fez o apoio de que precisava no Congresso e, bafejado por uma conjuntura internacional extremamente favorável, bastou manejar com habilidade os dotes populistas em que se revelou um mestre para tornar-se um presidente tão popular como nunca antes na história deste país.

E o balzaquiano PT? O partido que pretendia transformar o País passou a se transformar na negação de si mesmo. E foi a partir daí que começaram as defecções de militantes importantes, muitos deles fundadores, decepcionados com os novos rumos, principalmente com os meios e modos com que o partido se instalou no poder. O mensalão por exemplo.

Os anais da recente história política do Brasil registram enorme quantidade de depoimentos de antigos petistas que não participaram da alegre festa de 31.º aniversário do partido - na qual o grande homenageado foi, é claro, ele - porque se recusaram a percorrer os descaminhos dos seguidores de Lula. Um dos dissidentes é o jurista Hélio Bicudo, fundador do PT, ex-dirigente da legenda, ex-deputado federal, ex-vice-prefeito de São Paulo. Em depoimento à série Decanos Brasileiros, da TV Estadão, Bicudo criticou duramente os partidos políticos brasileiros, especialmente o PT: "O Brasil não tem partidos políticos. Os partidos, todos, se divorciaram de suas origens. E o PT é entre eles - digo-o tranquilamente - um partido que começou muito bem, mas está terminando muito mal, porque esqueceu sua mensagem inicial e hoje é apenas a direção nacional que comanda. Uma direção nacional comandada, por sua vez, por uma só pessoa: o ex-presidente Lula, que decide tudo, inclusive quem deve ou não ser candidato a isso ou aquilo, e ponto final".

Bicudo tem gravada na memória uma das evidências do divórcio de seu ex-partido com o idealismo de suas origens. Conta que, no início do governo Lula, quando foi lançado o Bolsa-Família, indagou do então todo-poderoso chefe da Casa Civil, José Dirceu, os objetivos do programa. Obteve uma resposta direta: "Serão 12 milhões de bolsas que poderão se converter em votos em quantidade três ou quatro vezes maior. Isso nos garantirá a reeleição de Lula".

De qualquer modo, há aspectos em que o PT é hoje, inegavelmente, um partido muito melhor do que foi: este ano, com base na contribuição compulsória de seus filiados, pretende recolher a seus cofres R$ 3,6 milhões. Apenas 700% a mais do que arrecadava antes de assumir o poder.

O PT está completamente peemedebizado.

2 comentários:

Unknown disse...

Do Blog O Portal . P.Fontoura:

O Lulismo em Dois Tempos.

I - O Lulopetismo.

O Lulismo “xiita” teve origem junto aos portões das metalúrgicas, sobre caixotes, encenado por seu preceptor Luiz Inácio da Silva soprando, megafônicamente, um surrealismo maquiavélico, que mais tarde viria a se transformar na pseudoideologia “maxistoide”, origem do PT.

O sindicato “Solidarność”, liderado por Lech Walesa, que em 1990 seria eleito presidente da Polonia – o primeiro operário que não deu certo –, foi o mote para o ego de Luiz Inácio da Silva, que, valendo-se das teorias de André Breton e Nicolau Maquiavel, “lançou-se” em campanha permanente para, invejando Walesa, metamorfosear-se em presidente.

Foi nesse “cadinho” que se forjou o “Lulopetismo” em que se vê exarcebado o egocentrismo do político Luis inácio da Silva, de alcunha Lula – forma hipocorística de Luís, posteriormente adicionado, oficialmente, ao seu nome através de registro civil – que, a qualquer custo, “inclusive de vidas”, conseguiu eleger-se presidente...

Mas esse “qualquer custo” foi o alto preço pago, compulsoriamente, pela sociedade, que viu sua dignidade vilipendiada e os cofres do Estado assaltados... ...Não deixaram nada de fora: miseráveis, pobres, classe média, ricos; trabalhadores, empresários, religiões, religiosos; política, e principalmente políticos. Aparelhamento que, “paradoxalmente, pragmatiza os paradigmas do fisiologismo da pseudoideologia LuloPTista” exercitada na política!...

Já como “Louis du Brésil”, inverso de visionário, auto-cópia de “Luis da França”, sentindo-se frustrado na tentativa, explícitamente implícita, do terceiro “Reich”... ...perdão, eu quiz dizer “terceiro mandato”... ...partiu para perpetuar-se no poder, usando o “lado feminino” de seu ego ao “nomear Dilma Presidenta”... ...Mas por que “nomear”?... Ora!... Porque se considera “o imperador” de um Estado democrático, que governou como se fosse um Estado autocrático sob os “leds de uma Imprensa em genuflexo”, que, em troca das benesses do Estado, deu-lhe a luz necessária para manter, indiretamente sob seu condão, o Povo incauto submetido aos seus desejos...

Unknown disse...

Do Blog O Portal - J. P. Fontoura:

O Lulismo em Dois Tempos.

II - O Neolulopetismo...

O Lulismo já foi doentio, messiânico, inconseqüente, irresponsável... ...Hoje é uma “máscara”, que apelidamos de “petismo”, atrás da qual, como se fora um covil, os guardiões saqueadores escondem um “ninho de terrorismo” onde acobertam vis e covardes crimes políticos...

Para a sociedade tentam, subliminar e sub-repticiamente, aparentar a imagem de representantes do supremo bem, mas fundamentam-se no maniqueísmo para maximizar o que apresentam como sendo suas virtudes e minimizar o que não admitem serem seus defeitos; em contrapartida “satanizam” seus adversários políticos como se fossem inimigos pessoais, destes maximizam o que atribuem serem defeitos e minimizam virtudes... ...A ponto de proporem suas extinções sumárias!...

Na prática superam o Maquiavelismo como uma horda de bárbaros em tudo que dizem e fazem, transformando a “coisa pública” no caldo de uma cultura que, como já disse, “paradoxalmente, pragmatiza os paradigmas do fisiologismo da pseudoideologia” que exercitam na política!...

Tal qual o Nazismo, nascido de “idéias psicóticas”, o “neolulopetismo” nasceu e se consolidou a partir de um fundamentalismo “psicopático”, onde se destaca a característica deformatória do egocentrismo contido no DNA de seu preceptor, que pode causar males piores do que os que já causaram e a nada se limitará.

No entanto, ninguém tem coragem de analisá-lo por esse prisma... ...Por quê? Qual o verdadeiro motivo desse estranho procedimento de parte de setores da Imprensa e de Analistas e Cientistas políticos?... Será uma síndrome semelhante a “de Stocolmo” ou o “papel moeda” vigente que os impede ou ambos?...

A redoma onde essa pseudoideologia se abriga está prestes a ser desprezada... ...então nos defrontaremos com a “terrível” realidade que é o “neolulopetismo”... ...comparável a perigos que a “ficção na arte” e a história, através dos tempos, vêm-nos “esfregando na cara”. Mas os vendilhões e os compráveis, agentes das vinditas e legatários da propinagem, tudo fazem para que os incautos não percebam ou não queiram perceber porque lhes entorpeceram as percepções e os valores morais!...

No meu caso nada disso adianta por quê:

Não emburrei, não sou burro.
Não sou cego, pois eu vi.
Não me digam que não sei.
Não digam que não entendi!...

Sei que não foi tudo o que vi.
Sei o tudo que vi e quis ver.
Sei do todo daquilo que vi.
Sei quem não vai querer ver!...

Não sabem o tanto que vi.
Não sabem quão feio é esse tanto.
Não viram, pois não quiseram.
Não quiseram aquilo que viram!...

Sei que adianta pouco dizer muito.
Sei que dizer muito pouco adianta.
Sei que querer dizer não adianta muito.
Sei que ouvir dizer mais dúvida levanta!...

Não!... Pior ainda é que sei tudo.
Sei!... Pior de tudo é o que não sei.
Não!... Pior é não saber o “quê” de tudo.
Sei!... Pior é o “quê” do tudo que suponho ser!...