domingo, dezembro 05, 2010

IMPASSE

W. J. Solha

Neste momento em que tenho um romance inédito – ‘DRICAS” - rejeitado entre outros 325 (trezentos e vinte e cinco) que concorreram ao grande Prémio (isso mesmo, Prémio, com acento agudo) Prémio Leya (isso mesmo: com y), de Portugal, que resolveu não dar prestígio a NENHUM dos autores de todos os povos de língua portuguesa que se inscreveram nele, alegando INSUFICIÊNCIA DE QUALIDADE, termino minha participação como ator – sob aplausos – no longa “Era uma Vez Verônica”, do grande Marcelo Gomes, depois de encerrar, um mês e meio antes, sob idêntica claque, minha contribuição a outro longa pernambucano – “O Som ao Redor”, do igualmente grande Kléber Mendonça.

O que está havendo com a literatura? O que está havendo comigo? O que está havendo com o cinema?
Quando começava os ensaios para o segundo filme recifense, a União Brasileira de Escritores, do Rio, distinguia meu outro romance – “Relato de Prócula” , já beneficiário de uma das dez bolsas da Funarte concedidas no ano anterior - com o Prêmio João Fagundes de Menezes. Isso me adiantou alguma coisa? Não: a editora A Girafa, que o lançou, transferiu todo seu estoque – em que se incluía meu romance - para a Escrituras, depois de falir.

Em 1990, sentindo que o teatro – especialmente o meu – estava num beco sem saída, eu o abandonara. Em 2004, sentindo que a pintura – especialmente a minha – estava num beco sem saída, eu a deixara. Já me decidira a fazer o mesmo com o cinema, que me deserdara há vários anos, quando fui convocado - NESTE ANO - à volta ao set pela indústria cinematográfica pernambucana.
Assim, há quatro meses não escrevo, meu tempo e atenção totalmente voltados pra interpretação cinematográfica, no Recife, o que continua, agora em dezembro, num curta de Laércio Ferreira, lá no alto sertão paraibano – “Antoninha” – e num novo trabalho de Carlos Dowling, aqui em João Pessoa – “A Arte e a Maneira de Abordar seu Chefe Imediato”.

Sabe o que é arrastão, enxurrada? Sabe o que significa Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha sua vã filosofia? É assim que, no IMPASSE, trabalho sem parar, seja lá no que for.

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