quinta-feira, novembro 25, 2010

Sobre a Pobreza da Riqueza

Hugo Caldas

Me desculpe o nobre professor/senador Cristovam Buarque. Na minha modestíssima opinião o senhor exagerou um pouco. Vamos aliviar a mão? Seu artigo foi a coisa mais intolerante, mais esquisita, indigna mesmo da sua pessoa. Conheço e respeito a sua obra inclusive seus projetos de "bolsas", no fundo um grande programa, que lhe usurparam e usaram com fins eleitoreiros desde que lhe demitiram pelo telefone, do Ministério da Educação.

Não desmereça a sua própria classe, senador. Queira ou não, como senador o senhor faz parte da elite, não diria milionária, mas quase isso, muito bem remediada. Tomando por base apenas os seus proventos de senador, entre salários e outras lambanças, mais de R$ 120.000,00 por mês. É uma quantia considerável. Sete anos de senador sem contar a Reitoria da Universidade de Brasília, ou o governo do Distrito Federal, é um razoável pé de meia.

Tudo isso faz com que Vossa Excelência freqüente restaurantes e bares para conversar sobre a miséria brasileira e depois possa se sentir seguro para uma pequena caminhada de volta para casa. Então!

Acho, sinceramente que Vossência generalizou. Colocou tudo num mesmo saco. Não tenho carta branca nem delegação para defender nem falar sobre a obra desenvolvida por alguns milionários brasileiros. Esqueceu por exemplo que as grandes almas seguem o fundamento cristão de que "o que a sua mão direita faz, sua mão esquerda não veja". Muitos fazem muito e não vivem alardeando ao mundo e ao sistema solar o quanto que fizeram. Ayrton Senna, por exemplo: mantinha uma Fundação para o amparo de crianças e nem mesmo a sua família tinha conhecimento. Chitãozinho e Xororó mantêm outra Fundação com Hospital para tratamento do câncer, de fundamental importância para a região onde foi erguido. Assim como Zezé de Camargo e Luciano, mais Fundação, Creche, Hospital etc. Antonio Ermírio de Morais mantém uma Fundação aqui no Recife com Hospital para o atendimento de pessoas carentes e com necessidade de operação de catarata, e por aí vai...

O problema da insegurança não deve nem poderá ser equacionado pelos ricos. Isso é problema de governo. Ocorre que este mesmo governo prefere enviar somas incalculáveis para o Haiti, com a manutenção de tropas, para a Bolívia, e o Paraguai sem falar nos países emergentes da África, do que cuidar do bem estar dos brasileiros.

O nobre senador já se deu ao trabalho de uma olhadela nos países árabes? Dubai et caterva? Aquilo sim, é um acinte. Mas milionário árabe pode ter essas regalias, pois não? Possuir um automóvel Rolls Royce feito inteiramente de ouro! De qualquer modo ninguém tem culpa de nascer rico, se bem que para o senhor talvez seja difícil aceitar um fato tão simples.

Pobre gosta de dinheiro e luxo já dizia o filósofo Joãozinho Trinta. Se dinheiro fosse realmente coisa do capeta como vossa mercê insinua, porque então a plebe rude faz fila na porta das Lotéricas nos fins de semana em que o prêmio está acumulado? Todo mundo quer ser rico, milionário. Os camelos podem passar pelo fiofó da agulha e os ricos, coitados, vão direto pro reino de Satã? Ganhar dinheiro e ter lucro é pecado? Estamos ainda em plena idade média onde os únicos a escapar da excomunhão da igreja (que fez um belo trabalho nesse sentido), eram os judeus bons comerciantes como sempre? Sou também professor. Aposentado, recebo uma merreca mensal, e não odeio os ricos. Apreciaria respostas convincentes às indagações acima. HC

Um comentário:

Delmar Fontoura disse...

Ganhar dinheiro.

Ganhar dinheiro não é o objetivo de todos nós? Fora os “lelés” quem rasga a mufufa? Fora os deslocados do eixo ou aqueles que se isolam por motivos vários, todos correm atrás e quanto mais capacidade tiver para ganhá-lo tanto melhor...

Caberia discutir, dissecar até acionar o MP quanto à “forma” como “essa corrente” é auferida: se legal ou ilegalmente – no caso dos congressistas me parece que ilegalmente ou, no mínimo, imoralmente –, portanto, ganhar dinheiro não é crime...

Sinto desconforto quando é necessário comparar pobres a ricos quanto aos seus valores de riqueza monetária quando se deveriam abordar as “morais”... Penso que cada vez mais se evidenciam e estimulam – no caso do Brasil nos últimos dez anos – a segregação dos “estratos sociais” ao mesmo tempo em que surgem “extratos de uma nova sociedade”!...