
José Virgolino de Alencar
A torcida brasileira e o grito na garganta
Pronto para ecoar com força e emoção,
Como se fosse um brado de protesto,
Nos decibéis volumosos da vuvuzelização,
Mandando o recado e pedindo semancol,
Dispara da arquibancada: “Cala a boca, Galvão”.
Galvão Bueno, em tom de oficiosa patriotada,
Enche o saco com sua babosante narração,
Comentando lances que a torcida não vê
E que nem aparecem na tela da televisão,
Por isso não dá para segurar o grito
Que pede, implorando: “Cala a boca, Galvão”.
A bola vem correndo para área do Brasil,
Rolando no gramado e a gente suando a mão,
Enquanto Galvão ufanamente esbraveja
Que o time está jogando o que ele chama de bolão,
E aí vem a vontade incontrolável de berrar,
Pelo amor de nosso Deus: “Cala a boca, Galvão”.
O Brasil jogou até agora somente duas vezes,
Mas para Galvão o time já é grande campeão,
Fato que toda a torcida deseja, e confia,
Mas não apóia essa ridícula premonição,
Pedindo ao narrador que modere a puxada
De saco, recomendando: “Cala a boca, Galvão”
Nenhum comentário:
Postar um comentário