sexta-feira, junho 25, 2010

“Cala a boca, Galvão”


José Virgolino de Alencar


A torcida brasileira e o grito na garganta

Pronto para ecoar com força e emoção,

Como se fosse um brado de protesto,

Nos decibéis volumosos da vuvuzelização,

Mandando o recado e pedindo semancol,

Dispara da arquibancada: “Cala a boca, Galvão”.



Galvão Bueno, em tom de oficiosa patriotada,

Enche o saco com sua babosante narração,

Comentando lances que a torcida não vê

E que nem aparecem na tela da televisão,

Por isso não dá para segurar o grito

Que pede, implorando: “Cala a boca, Galvão”.



A bola vem correndo para área do Brasil,

Rolando no gramado e a gente suando a mão,

Enquanto Galvão ufanamente esbraveja

Que o time está jogando o que ele chama de bolão,

E aí vem a vontade incontrolável de berrar,

Pelo amor de nosso Deus: “Cala a boca, Galvão”.



O Brasil jogou até agora somente duas vezes,

Mas para Galvão o time já é grande campeão,

Fato que toda a torcida deseja, e confia,

Mas não apóia essa ridícula premonição,

Pedindo ao narrador que modere a puxada

De saco, recomendando: “Cala a boca, Galvão”

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