quarta-feira, dezembro 02, 2009

Mensalão e a culinária política brasileira

José Virgolino de Alencar

Sem qualquer surpresa, o país toma conhecimento de mais um episódio da série brasileira “Serial Corruption”, agora encenado no governo do Distrito Federal, que tem à frente o conhecido personagem de outros capítulos dessa novela, o ex-senador José Roberto Arruda. Envolvido no caso do painel eletrônico do Senado, cujo sistema informatizado foi violado para descobrir os votos da cassação do senador Luis Estevão, Arruda negou de mãos e pés juntos que vira a lista dos votos, para depois confessar e renunciar como forma de evitar a cassação.

Se não bastasse o brasileiro não acreditar em político nenhum, em partido nenhum, ainda mais desacredita em Arruda, por seu passado recentíssimo. Ele permanece com a cara e a careca de pau, brilhosa pelo óleo de peroba que recebe, negando o que as imagens gravadas mostram com solar clareza, porque as câmeras foram operadas por bom profissional, até parece que em alta definição. São cenas vergonhosas, em que pese o Brasil não estranhar mais esses escândalos que acabam naquilo que todo mundo já sabe: em nada!

O interessante é que, nas justificativas dos envolvidos, sempre aparece um produto alimentar, numa original culinária da política nacional. Antes, as apurações dos escândalos, através de CPI’s ou de processos judiciais, terminavam em pizza. Com o Cartão Corporativo, acabou dando em tapioca. O mensalão brasiliense já está desenhado para terminar em panetone.

O filme “Lula, o filho do Brasil”, que já está sendo denunciado porque consta que foi financiado por empreiteiras, “por debaixo dos panos”, se realmente chegar a ser apurado, o resultado será regado a uma boa buchada, um dos pratos prediletos do presidente da República.

O espalha brasa hondurenho, Manuel Zelaya, zorrando e tramando golpe na embaixada brasileira, prepara-se para convidar o nosso mandatário a participar da comemoração da palhaçada da republiqueta centroamericana degustando a preferida iguaria hondurenha: nacatamale.

Ainda resta Cesare Battisti, que, como bom carcamano, prefere, ao final da decisão de seu destino, uma italianíssima pizza. Mas, no sujo tabuleiro da política brasileira, a pizza da corrupção está caindo de moda.

Sarney escapou da degola e foi comemorar na Ilha do Curupu, em São Luís, saboreando o delicioso Arroz de Cuchá, que não tem chá e nem......ah, deixa pra lá.

Espera-se novos e elerizantes episódios da série, tipicamente brasuca, “Serial Corruption”, onde despontarão o “Jerimum”, o “Açai”, a “Pamonha”, o “Acarajé”, o “Tutu Mineiro”, e vai por aí.

É muita comida para poucos, num país de muitos famintos.

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