Hugo Caldas
Aqui, neste mesmo espaço, alguns dias atrás, postamos uma matéria do Blog de Moacir Japiassu onde ele se referia a mais fantástica notícia da História do Brasil, a que dava contas de que nos tempos do Império os senadores trabalhavam até aos domingos!
"O dia 13 de maio de 1888, caiu em um domingo e pasmem, os senadores estavam trabalhando e terminam por aprovar o projeto abolicionista. Logo em seguida é formada uma Comissão de Senadores que leva dito projeto ao Paço da Cidade onde se encontrava a Princesa Isabel que o sanciona em nome de seu Augusto Pai, Sua Majestade o Imperador
D. Pedro II, que se encontrava em viagem ao exterior. São três horas da tarde e a escravidão estava extinta no Brasil."
Quanta diferença dos dias de hoje, não? Tanto a capacidade de trabalho dos senadores quanto as viagens do Imperador que eram integralmente pagas pelo seu próprio augusto bolso. Muito me apraz tecer estes comentários sobre um cidadão chamado: Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo, e se acharam pouco ainda ostentava a nobilíssima alcunha de "O Magnânimo." Sabiam vosmicês que ele era sobrinho de Napoleão Bonaparte pelo lado materno? Pois é.
"O Magnânimo" era muito respeitado, pela sua inteligência, pela sua nobreza de caráter, e sobretudo pelo seu equilíbrio. Não consta que teria ele sido um entusiasta por incontidas beberricações de Caninha 51, por exemplo. Quando as republiquetas desta América do Sul começavam a se digladiar seja por qualquer motivo, o "Magnânimo" era sempre chamado para mediar a questão que via de regra chegava a bom termo. Não se sabe, por exemplo, que certo dia tenha ele acordado "invocado" e dado de garra no telefone para uma descompostura em regra no Ulysses Grant, presidente dos EUA à época.
Homem ilustrado, e apaixonado pelas inovações cientificas, D. Pedro II desde muito jovem foi sócio-correspondente de dezenas de instituições científicas, entre as quais o prestigiado Instituto da França. Foi um grande entusiasta da fotografia.
Outras personalidades mantinham correspondência com ele tendo D. Pedro se encontrado com alguns deles durante suas viagens ao estrangeiro, entre os quais Nietzsche, Emerson além de outros escritores famosos, como Lewis Carrol, Júlio Verne e Victor Hugo, que disse certa vez ser ele, D. Pedro, "neto de Marco Aurélio". O poeta Lamartine chamava-o de "Príncipe filósofo." Eça de Queiroz dizia que ele demonstrava uma "rara ilustração". Camille Flammarion, um dos seus amigos e grande astrônomo da época, foi incentivado por D. Pedro a organizar e equipar o Observatório Nacional, hoje grande centro de pesquisas. Amizades convenhamos, bem mais meritórias do que as de uns e outros, desses tempos atuais. Certos Bufões de Opereta.... Minha mãe dizia: " junta-te aos bons e serás um deles. Junta-te aos maus e serás pior do que eles." Pra quem entende...
O prestígio do imperador era tal que em 1876 Pedro II e Ulysses Grant, o presidente americano abriram a Exposição Internacional da Filadélfia, em comemoração à independência dos Estados Unidos, ocasião em que Alexander Graham Bell apresentava a sua nova e miraculosa invenção: o telefone.
Ambos se cumprimentam com a alegria de amigos e D. Pedro pergunta:
- "Como vai, senhor Bell? E os surdos-mudos de Boston, como estão”?
É que os dois já haviam se encontrado antes, quando D. Pedro assistira uma aula de Bell para surdos-mudos. Bell responde e convida D. Pedro para ele dar uma olhadinha em um "aparelho elétrico, uma máquina falante". O Imperador se dirige então ao estande do telefone. A comitiva se aproxima dos aparelhos, enquanto Graham Bell fica na outra ponta do fio, a uns 150 metros de distância. Todo mundo impaciente temendo um fiasco. D. Pedro, com o fone ao ouvido, escuta nitidamente a voz de Graham Bell declamar Shakespeare:
- "To be or not to be ..." E não se contém, diante daquela maravilha:
- Meu Deus, isto fala! ("My God, it speaks!").
Consta que ele teve relevante participação na divulgação e no posterior financiamento do invento. Pedro II foi o primeiro brasileiro a usar um telefone. Ao voltar da Filadélfia logo instalou o aparelho recebido de presente de Graham Bell em seu palácio de Petrópolis, para se comunicar com o Rio de Janeiro.
Muitas passagens da vida de D. Pedro II são pouco conhecidas. Nenhuma entretanto, praza aos céus, do tipo "nunca antes na história desse país"... A Família Real não lhe ficava atrás. Saibam todos, por exemplo, que a Princesa Isabel foi a primeira "cara pintada" da história do Brasil. Mas isso já é assunto para uma outra postagem.
O coração do monarca não agüentou dois anos fora do Brasil que ele tanto amava. Morreu em 1891 aos 66 anos. Ainda no auge da vida.
Ao por na balança a importância que o país detinha, bem como a admiração e o respeito que o mundo inteiro devotava não ao "cara," mas ao Imperador do Brasil... junto com as bandalheiras que ocorrem diuturnamente "neste país", cumpre-me aqui declarar alto e em bom som:
- Sou monarquista! Hei de terminar os meus dias com o título de "Marquês de Tambaú".
hucaldas@gmail.com
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Um comentário:
Huguíssimo
Em se tratando do ditado citado no seu blog, creio que a versão atual dos nossos políticos seja:
Junta-te aos bons e corrompe-os!!!... Aline
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