Celso Japiassu
O momento de maior esplendor da Igreja em seus 2009 anos de história foi durante os séculos da Idade Média. Ela nomeava os reis, o Papa dispunha de exércitos e os povos da Terra submetiam-se a seu poder, movidos pela fé e pelo medo da excomunhão e do inferno. A Igreja queimava bruxas e hereges e quem mais desafiasse seus dogmas e seu poder. Não incorporou até hoje sequer uma prática democrática e sua organização é rigorosamente a mesma dos tempos medievais. O Sumo Pontífice reina em nome de Deus, como os reis reinavam por direito divino. E seu organograma é cheio de príncipes, condes e viscondes com os títulos de cardeais, arcebispos e bispos.
A separação da Igreja dos Estados modernos foi uma conquista que diminuiu o seu poder político e a liberdade de cultos reduziu a influência de uma única religião. Mas os novos cultos evangélicos, inspirados numa interpretação tendenciosa dos textos da Bíblia, são vetores de exploração dos humildes e do enriquecimento ilícito dos seus pastores. Em nosso país, avançam sobre a mídia e estão a se dar bem na política.
O sonho de todas as religiões é o poder político, no modelo de países como o Irã, o Afeganistão dos musjahidin e as outras repúblicas ou monarquias islâmicas.
As religiões amam o atraso.
Um comentário:
Sou cristão por mera questão geográfico-histórica. Nasci em país colonizado por cristãos. Considero-me religioso à minha maneira. Sem pertencer a esta ou aquela seita. Genial a frase com a qual fechou o texto:
"As religiões amam o atraso"!
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