sexta-feira, fevereiro 20, 2009

A Entrevista de Jarbas Vasconcelos


Hugo Caldas

Não sou exatamente o que se pode rotular como simpatizante deste ou daquele partido político. A bem da verdade, a atual política praticada neste país Pindorama me enoja profundamente. Dá-me ganas de vomitar como um antigo personagem de "O Pasquim", Gastão, (bleargh) o vomitador. Disse e repito: não sou partidário de seu ninguém. Entretanto, continuo a pagar os meus impostos. Sou brasileiro. Ainda não cassaram a minha sofrida cidadania. Portanto, posso e devo falar.

Uma entrevista do senador Jarbas Vasconcelos, concedida à VEJA desta semana anda me tirando do sério. Também não sou nenhum jarbista de quatro costados e tenho no mínimo uma boa razão para não simpatizar muito com o senador. Foi Jarbas, nos seus tempos de alcaide que destroçou a minha rua e em conseqüência a minha saúde, ao inventar o tal do Binário da Rua Barão de Souza Leão trazendo todo o tráfego vindo do aeroporto para um insólito desfile em frente a minha calçada. Hoje, por onde passavam duas esporádicas linhas de ônibus, passam permanentes trinta e oito. Podem vossas mercês muito bem avaliar o tanto de poluição a que estamos sujeitos. É sujeira mesmo. Uma poeira mais preta do que a consciência do deputado Genoino. À poluição sonora já nos acostumamos. Sai na urina. Viramos uma sucursal do nunca assaz execrado Minhocão. Mas, voltemos ao assunto da entrevista.

Para os mais esquecidinhos, lembro que muitas mudanças neste país, aconteceram a partir de uma entrevista prestada por alguém à um jornal, uma revista, etc.

Tomemos do fundo do baú da nossa história a famosa entrevista de José Américo de Almeida ao então jornalista Carlos Lacerda, em fevereiro de 1945, que terminou por abrir o caminho para a queda de Getulio, rompendo assim a censura à imprensa na era Vargas. O general Góis Monteiro sustentáculo do regime, havia sido designado a integrar o Comitê para a Defesa do Continente, em Montevidéu. Ao regressar ao Brasil no ano seguinte, logo tomou conhecimento da situação reinante. O velho general dava-se às carraspanas, melhor dizendo, era chegado à uma branquinha também. Peitou o Ditador, defenestrando-o. Acabou com a ditadura que ele próprio ajudara a implantar.

Vamos à um passado menos remoto:

Eu sei perfeitamente que na política o disse-me-disse anda mais solto do que refugiado italiano, mas o fato testemunhado por àqueles que prezam da intimidade, dos acontecimentos que emporcalham a ética, faz a coisa tomar uma outra dimensão. Em 1992 todo processo de impeachment de Collor se iniciou à partir da entrevista bombástica do mano Pedro. Falava-se à boca pequena, entre outras coisas, que Pedro Collor andava cabreiro porque Sua Excelência vivia com uma conversa de cerca-lourenço pra cima da sua (do Pedro) esposa. O mano Pedro Collor, arreliadíssimo, abriu o bico. Contou tudo. Deu no que deu algumas semanas, após a assopradela na embocadura do trombone.

Disse acima que não nutria grandes simpatias pelo senador Jarbas. É verdade. Porém devo, acima de tudo reconhecer a sua coragem, a sua vontade de mudar o rumo das coisas. Em conversa com amigo querido, falava-me ele que, no caso específico do senador, talvez venha a ser uma manifestação de isolamento, isto é, já que não está se locupletando das benesses do governo como todos os outros estão, daí a aparência de político sério. Não chego a tanto apesar da minha total descrença. De qualquer modo acho que o senador expressou muito bem o pensamento da maioria pensante deste país. Vamos esperar mais algumas semanas e quem sabe, o diabo esfrega o olho e nos livra de muita gente que anda a nos tirar o sono e o apetite. Principalmente o apedeuta e a sargentona. E o Amorim ah, o Amorim!

Alguns aperitivos da propalada entrevista concedida à revista VEJA desta semana:

"Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção". "A eleição de José Sarney para a presidência do Senado é um completo retrocesso". "Renan Calheiros acaba de assumir a liderança do PMDB... Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido". "O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo".

Depressa corra até a banca de revistas mais próxima. É possível ainda encontrar alguns exemplares. Leia, reflita sobre o que diz o lide da matéria:

“O Brasil precisa acompanhar muito de perto o desenrolar do depoimento que tem tudo para ser o motor de um profundo e histórico processo de limpeza da vida pública brasileira”.

hucaldas@gmail.com
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