quinta-feira, dezembro 04, 2008

As regras gramaticais e Um Anúncio Feito à Maria

Valdez Juval

Desta vez não deverá haver dia do FICO nem grito às margens do rio Ipiranga, mas já é tempo de se lutar por uma independência intelectual para nos livrarmos do jugo acadêmico de regras gramaticais que, no nosso modo de pensar, complicam a cultura de um povo.

Confesso a minha total ignorância sobre a matéria a tal ponto que fui professor de português e, com sinceridade, escondi dos alunos o uso do tal trema.

E o trema está na nova reforma da ortografia mas, atentem, a eliminação somente ocorrerá nas palavras aguentar, arguido, frequente e tranquilo. E AINDA VAI SERVIR PARA MAIS ALGUMA COISA?

É apenas parte da nova reforma!

Vá lá que se estabeleçam regras mas regras necessárias.

Já observaram direitinho o que é a nossa gramática?

Não vamos longe... Uma das coisas pré estabelecidas é a pronúnica das letras e logicamente das palavras. Será que a pronúncia dos outros paises atrelados ao Brasil ou o Brasil atrelado a eles que se dizem da Lingua Portuguêsa falam e escrevem tudo direito e de acordo com os acordos? Tenham um pouquinho de paciência e escutem por um só instante como falam e vejam como escrevem os portuguêses. Igualzinho (?!) aos brasileiros, voces não acham? Ridículo! Mas, ridículo mesmo.

Para não fugir a regra do pais com o maior número de leis no mundo, vamos meter a caneta e assinar mais acordos, tratados, leis ou o que seja para se complicar ainda mais o que temos que aprender para se escrever e falar corretamente.

Preparem-se que uma nova reforma está por vir. E não vai demorar, como eles, que nunca sabemos quem são, estão apregoando. Já estive lendo que tem o h como referência. Será o Benedito?...

Lógico que não quero provocar polêmica pois não tenho intenção de voltar a estudar mas fui obrigado a recorrer a Internet. Segundo se diz, o acordo ortográfico não é matéria somente para literatos ou de qualquer casta de infalíveis. Imagine-se.

Vamos parar por aqui, por enquanto.

Uma pergunta final: Como esses b....... (quiz dizer bundões mas podem querer fazer comparativos com miss melancia e outras mais, apenas deixo os pontinhos para que não haja semelhança) vão ter que responder o já atual uso da linguagem dos internautas? E a própria indústria que ao se referir a Lingua Portuguesa destaca entre parenteses a Lingua Portuguesa do Brasil?

Sustento a minha opinião que a lingua de uma nação provém de seu povo, de sua cultura e somente pelo povo e pela cultura poderia ser modificada.

*****

Estava lendo Claudel.

Era uma tarde-noite para o dia de finados.

No quarto fechado, a temperatura quente, um mormaço irritante me excitava como que reclamando por uma leitura mais amena, sensual mesmo e que não forçasse o cérebro na busca do belo, procurando extrair palavras, ensinamentos e meditações que perturbam e cansam.

Fui devorando a leitura, ávido de um final que satisfizesse e compensasse o esforço desprendido.

A cabeça pesava mais e o cansaço aumentava.

Era a história de Violaine que agora já não era bela, jovem, mas definhada, cega e leprosa.

O beijo que dera em Canaoi foi o princípio de tudo.

E se depois tivesse que se arrepender, o momento que tivera na prática de seu desejo, compensaria a carne dilacerada, carcomida pela doença que pouco a pouco lhe levava ao fim.

Violaine morrera.

Longe, o sino da Igreja e um coro tocava e cantava o ângelus.

Terminava aqui o meu drama.

Era o fim de "L'anonce faite à Marie" (01-12-2008)


Valdez Juval da Silva é Promotor de Justiça da Paraíba (aposentado) e um dos fundadores do Teatro do Estudante da Paraíba = valdezjuval@oi.com.br

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