segunda-feira, outubro 13, 2008

NICHO DE MERCADO


MARCUS ARANHA

De algumas décadas pra cá, a expectativa de vida no Brasil aumentou. Nos últimos dez anos saímos de 69,3 para 72,7 anos de vida. É claro que passamos a ter mais velhos, idosos, com é politicamente correto dizer.

Idoso é um ser que tem problemas que os jovens não têm. Todo idoso tem uma doença, pois a própria longevidade faz com que máquina perfeita que é o corpo humano comece a apresentar defeitos e limitações. A força física diminui, os reflexos tornam-se mais lentos, a visão e a audição também sofrem com a idade avançada.

A Paraíba tem, proporcionalmente, a segunda maior população de idosos do país.

No Brasil temos Estatuto do Idoso, Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, Conselho Estadual do Idoso, Dia Nacional do Idoso, Semana do Idoso, Secretarias de Saúde cadastrando idosos e fornecendo Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Olhando a coisa no papel o idoso está super protegido, sob a assistência integral do Estado. Ledo engano... Aqui, idoso tem sofrido mais que couro de bater fumo.

Não se trata de desqualificar aqueles que vêm lutando muito em prol dos idosos e, não fazem mais, por falta de ações efetivas por parte do Governo.

Não! É só lembrar algumas coisas ao Conselho Estadual de Idosos da Paraíba.

O pedaço maior é a falta de assistência médica. Faltam consultas especializadas, pois, geriatras no SUS, praticamente inexistem. A medicina de ponta, com tecnologia médica, exames como densitômetria óssea, cintilografia, tomografia, ressonância magnética e outros, às vezes essenciais na orientação a ser dada ao tratamento das doenças dos idosos, também não estão disponíveis para eles.

Mas, o maior problema dos idosos é o abandono em que muitos se encontram. Nas categorias de população de menos educação, os idosos são considerados um peso morto e rejeitados. Muitos deles sem filhos, são esquecidos pelos outros parentes.

Pra remendar isso aí existem umas poucas Casas de Longa Permanência, abrigos onde idosos podem levar um resto vida mais ou menos condigno. Sei bem das ações do Lar da Providência, Vila Vicentina e do “hospital” de Fabiano Vilar, mais abrigo de velhos que nosocômio. Há o “Nosso Lar”, Centro Espírita com albergue para idosos, ali no Castelo Branco. O Hospital Padre Zé, movido à fé, faz um magnífico trabalho em termos de internação de idosos carentes.

Mas ainda há muito que fazer pelos idosos. Imagine que até idosos abonados têm problemas existenciais de moradia. Uma amiga minha, já inserida na categoria idosa, mandou um e mail motivador desta coluna:

“Advogue a criação de uma pousada para pessoas da terceira idade abonadas (aqui tem uma turma em ótimas condições financeiras), para custear sua vivência, uma hospedaria chique e confortável. Muitos numa faixa avançada não desejam morar com filhos e netos para preservar a harmonia familiar. Moram sozinhos sem contar com uma assistência permanente. As domésticas não pernoitam onde trabalham; algumas são casadas, outras estudam a noite. E esses idosos, coitados, não contam com a assistência de terceiros quando mais carecem. Uma amiga minha ficou no chão das 22 de um dia, às 7hs do dia seguinte, com uma fratura no colo do fêmur, sem ter para quem apelar. É triste... Quem sabe, ao ler sua coluna os donos das Construtoras vão pensar no assunto”.

Taí... Minha amiga está sugerindo um flat para idosos endinheirados, com aparatos especiais, toda uma gama de serviços em 24 horas, a eles dirigidos.

Para atende-la não há necessidade de ação do Conselho de idosos. Basta empresários, empreiteiras e construtoras, começar a pensar nesse nicho de mercado.

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